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História My Little Big Angel - Capítulo XIX


Escrita por: OMGomezLovato

Notas do Autor


TCHRAMM!! cara esse capítulo foi muito difícil de escrever, sério. Emocionalmente, mas também porque teve muitos detalhes e coisas para lembrar, então reparem em tudo direitinho, ok? Penúltimo capítulo.

(Quem quiser ouvir alguma dessas músicas ou ler a letra enquanto lê o capítulo, indico e considero algumas das músicas da FanFic, seriam coisas que eu escreveria se ainda não tivesse escrito.) >links nas notas finais<

Capítulo 20 - Capítulo XIX


Fanfic / Fanfiction My Little Big Angel - Capítulo XIX

(Pov Harry)

Dirigia o mais rápido que podia enquanto sentia o suor descer pelo o meu rosto e o meu coração bater forte chegando a machucar meu peito. Freei forte no estacionamento e desci indo direto para a recepção.

– Onde ela está? – respirei forte sentindo os meus olhos arregalados – Hailey. Hailey Campbell.

A recepcionista tardou a liberar a minha entrada, mas depois de muitos documentos e até fotos minhas acompanhadas de Hailey a mulher me deixou passar e apenas com alguns passos dados dei de cara com um médico um tanto jovem acompanhado de Henri. Sim, lá estava ele.

– Estou procurando por Hailey Campbell.

O homem me analisou por alguns instantes. Henri balançou a cabeça para o médico e suspirou. A minha respiração pesada deve ter denunciado a minha preocupação. O suor, o meu cansaço. Os olhos, o meu desespero.

– Me acompanhe, temos algo a conversar.

 

***

 

Acariciei o dorso de sua mão outra vez sentindo a pele macia. As veias saltadas causavam pequenas ondulações por onde passavam e eu sentia uma sensação boa ao toca-las. Suspirei passando os dedos pelo os meus olhos sentindo-os arderem. O que poderia ter passado sem que eu percebe-se? Eu ter achado que já sabia de tudo era um erro enorme. Mas como ela pôde esconder algo tão grande? Eu me sentia completamente estúpido e destruído. Tantas coisas passavam pela a minha cabeça, mas nada parecia real. Um vazio enorme estava instalado em mim e eu não conseguia sentir raiva ou arrependimento. Eu a entendia. Que porra, estava tudo errado.

Senti a sua mão se mexer abaixo da minha e procurei outro movimento que dela viesse. Os seus olhos deram leves piscadas até estarem inteiramente abertos. Brilhantes e azuis. Suspirei observando-a despertar. Quando os seus olhos me encontraram ela pareceu assustada. Sorri levemente, mas não podia deixar de franzir o cenho.

– Você..

– Sim, eu sei – sorri abaixando a cabeça para a sua mão outra vez.

Não fale, deixe-me pensar sobre isso

Como vamos consertar isso?

Como vamos desfazer toda essa dor?

Me diga, será que isso vale mesmo a pena?

Procurando um ponto positivo

Retomando o tempo que não podemos repor

 

Eu estive pensando por todo o tempo em que Hailey esteve desacordada em o que falar para ela. Ou se deveria falar. O que eu poderia dizer? Era eu que devia falar algo? Vê-la coberta de agulhas e cercada de aparelhos respiratórios e cardinais me levava a pensar o que aconteceria em seguida. A sua pele cada vez mais pálida e seus cabelos dourados dando a única cor do local. O seu corpo imóvel em cima daquela cama me deixava desolado.

– Eu nunca quis que fosse assim – declarou passando a língua em seus lábios secos e esbranquiçados.

– Eu sei.

Suspirei e olhei em seu rosto. As sobrancelhas franzidas me traziam medo. O que ela deveria ter sentido em todo aquele tempo? Sozinha. Passar por um funeral e sentir o peso da responsabilidade sobre seus ombros. E depois do sofrimento que lhe foi enviado deveria enfrentar essa doença maldita? Ela era tão corajosa.

– Eu te admiro – passei os dedos pelo o seu pulso sentindo a sua pulsação – Mas só queria que tivesse me contado.

– Eu queria, mas.. – ela soluçou e virou o rosto para a janela com a cabeça erguida – Não é justo, sabe?

Pequenas lágrimas desceram de seus olhos, mas ela não demonstrou sinais de choro. Apenas lágrimas ali, silenciosas.

Todos esses fios embramados

Apenas nos deixando cansados

Será que é muito tarde para nos trazermos de volta a vida?

– Entenda que eu nunca vou lhe deixar – sussurrei perto de seu ouvido e me sentei na cama ao seu lado abraçando o seu corpo do melhor jeito que pude.

 

 

– Ela está dormindo de novo – informei a Henri que ainda estava lá acompanhado do médico que era o que acompanhava Hailey com os tratamentos e remédios.

– São os remédios, eles a deixam cansada, mas evitam que ela sinta dor – Derek avisou, o médico parecia ser um velho amigo de Henri.

Assenti e senti o pesar de meu corpo. Ainda não havia falado com Chloe e sentia fome e cansaço. A noite havia passado rapidamente, mas apenas naquele momento eu sentia o seu peso. Era quase meio dia.

– Você pode ir, Harry. Volte quando puder.

Olhei Henri por alguns segundos. Ele esteve ali, sempre e eu nunca entendi. Estava por ela. Ele era protetor e depois daquele dia ele me fez sentir bem, o ter por perto era bom.

Saí do hospital em passos lentos tentando processar todas as informações. Percebi a faixa de pedestre no meio da rua. Pude ouvir o cantar do pássaros. Sentir a brisa gelada que Londres trazia. Consegui até reparar no céu carregado e lembrar que a metereologista alertou sobre uma chuva que se prolongaria por toda a noite. Observei uma menina se divertir na companhia de seu cachorro e também que meus cabelos estavam mais compridos que o de costume. E apenas assim notei que já havia chegado em casa.

Suspirei e desliguei o carro. Sem a capacidade de mexer um músculo sequer cravei meus olhos em qualquer coisa que estivesse em frente a eles. Descansei a cabeça no volante batendo-a contra ele. Tantas pequenas coisas que eu poderia ter notado. Tantas coisas que deixei de valorizar. Desci do veículo vários minutos depois entrando na casa. Chloe estava na sala como sempre, parecia atônita ao que passava na televisão. No segundo em que atravessei a porta ela me deu toda a sua atenção. Sem dizer nada ela acompanhou os meus movimentos pela casa até parar a sua frente. Engoli em seco pela primeira vez em anos e passei a mão pela testa cansado. Olhei em seus olhos escuros e não consegui a façanha de oferecer-lhe um sorriso se quer. Eu era o mensageiro maldito.

 

***

 

Voltando ao hospital acompanhado de Chloe entramos e imediatamente procurei Henri com os olhos, encontrando-o encostado no balcão da lanchonete com um copo de café entre os dedos. Caminhei até ele empurrando a cadeira de rodas e parei ao seu lado. Ele me olhou e suspirou.

– Dona Chloe – Henri a cumprimentou e eu estranhei aquele reconhecimento – Hailey falou muito da senhora.

Sorri de lado pensando na doce garota. Chloe pareceu se perder um pouco em seus pensamentos também. A sua única reação a notícia que levei foi pedir que eu a levasse ao hospital. Apesar de Hailey ainda não poder receber visitas logo seria encaminhada para um quarto melhor.

– Novidades?

– Derek esteve aqui a alguns minutos – Henri coçou a nuca inquieto e jogou o copo de café na lixeira logo ao seu lado, aquilo me preocupou – Ela terá que ficar internada.

Senti um arrepio ruim na boca do meu estômago e imaginei a careta que devia ter aparecido em meu rosto naquela hora. Apenas assenti e forcei uma feição mais tranquila.

– Ela será transferida para o quarto daqui algumas horas e apenas poderá receber visitas em um horário especial – concordei antes que ele pudesse terminar – E só uma pessoa poderá passar o dia e a noite com ela.

Olhei-o nos olhos tentando entender a mensagem. É claro que eu queria ser aquela pessoa. Mas Henri tinha motivos grandes para querer ficar.

– Nós podemos revezar.

– Foi o que pensei.

Assenti e saí dali levando Chloe para a sala de espera. Não sabia se ela iria querer ficar até a transferência de Hailey, mas ela não pareceu querer mover um músculo para sair dali. Sentei-me na cadeira desconfortável junto a outras poucas pessoas e tentei me entreter com o programa que passava na televisão. O que não me serviu de nada, pois os cabelos loiros da apresentadora do programa me lembraram ela. Os olhos claros do homem me lembraram ela. E até a estampa de flores no vestido de uma garota na plateia.

 

 

– Vocês podem entrar.

A voz do médico ecoou pela minha cabeça me assustando. Pisquei algumas vezes esperando despertar do sono que me rodeava e me levantei sentindo uma leve tontura. Coloquei a mão na cabeça esperando tudo voltar ao normal.

– Você comeu algo, Harry? – Henri perguntou tirando o seu paletó.

– Não estou com fome.

– Pois deveria comer – Chloe entrou na conversa se virando para mim – Ande. Hailey não merece te encontrar desse jeito.

Franzi o cenho demonstrando minha irritação. Eu não iria comer podendo estar ao lado de Hailey, sem cogitações.

– Tudo bem, Harry. Você devia ir. Quando chegar pode ficar a sós com ela.

Olhei relutante para Henri e depois para Derek parado ao seu lado observando a situação.

– Eles estão certos. Hailey não precisa se preocupar mais com nada – indicou Derek e foram aquelas palavras que me fizeram seguir o caminho da lanchonete do hospital.

Comi qualquer coisa que vendesse ali e voltei o mais rápido que pude para a sala de espera. Henri e Chloe já estavam ali e acenaram para que eu pudesse entrar. Respirei fundo algumas vezes em frente a porta do quarto 969. Era um provável número que sempre ficaria em minha mente, marcado.

Entrei no quarto em silêncio e imediatamente os meus olhos encontraram os seus. Estavam como sempre, como se não estivesse em um hospital com um câncer a ponto de mata-la.

– Pensei que não viesse.

A sua voz saiu tão suave e angelical.

– Insistiram para que eu fosse o último.

Hailey assentiu e eu caminhei até ela em passos lentos. Sentei em uma poltrona em frente a cama em que ela estava e sorri. Sorri para a mulher que tinha o meu coração e eu não lhe contara em nenhuma das oportunidades que tive. Sorri para ela que sempre foi doce e delicada. Para ela que estava a ponto de me deixar.

– Sabe, eu tinha muitas coisas pra te dizer – dei fala aos meus pensamentos.

– Me conte.

Olhei para a garota e não consegui deixar de sentir um calor no peito. Suspirei e balancei a cabeça.

– Eu só queria mais tempo – desabafei franzindo o cenho.

Quando fecho os olhos e tento dormir

Eu desmorono e fica difícil respirar

Você é o motivo, o único motivo

Apesar de minha cabeça atordoada estar entorpecida

Eu juro que meu coração nunca desistirá

Você é o motivo, o único motivo

Eu nunca ia entender o que estava acontecendo. Ou por quê. O desejo que eu tinha de que ela ficasse era tão grande, mas parecia que não era suficiente para que ela não fosse. Deixa-la ir me destruía como explosão. Me quebrava como vidro. Me rasgava como papel. Me queimava como fogo. Me paralisava como gelo. Me derrubava como a queda. Me bloqueava como pedra. Me afogava como a água. Me levava como o vento. Ter me tirado dela me fez esquecer o porque de ela ter sido arrancada de mim.

Olhei para a garota espremida na cama e seu olhar distante enquanto ela focava na janela fechada do quarto.

– Me desculpe, Hailey – toquei a sua mão que estava incrivelmente gelada e olhei-a na esperança que me respondesse.

– Por que você nunca me chama de Hay?

A sua pergunta me pegou desprevenido. Seus olhos brilhantes me encaravam outra vez e ela parecia ansiosa pela resposta.

– Acho que não gosto muito do comum – sorri chegando mais perto de seu corpo deitado – Anjo.

Beijei sua testa e depois sua bochecha. Os seus olhos imediatamente se fecharam e uma lágrima escorreu delicadamente, moldando o seu rosto. Deixei que escorresse, e por um momento quis ser aquela lágrima. Que beijava seu rosto. Ou seus cabelos que acariciam sua cabeça. Talvez seus cílios que abraçavam seus olhos. Também me contentaria com os dentes que moldavam seu sorriso.

Eu sinto você queimando sob minha pele

Juro que a vejo brilhando

Mais resplandecente que a chama dentro de seus olhos

Palavras cruéis foram ditas

Tudo está despedaçado

Nunca é tarde para nos trazermos de volta a vida

– Não importa como seja daqui pra frente, eu vou ficar com você – me sentei outra vez observando a sua feição – Prometo.

 

***

 

Haviam se passado meses desde que Hailey estava internada. Derek estava um pouco surpreso, pois não achava que ela fosse aguentar por tanto tempo. O seu primeiro palpite tinha sido algumas semanas, talvez um mês. E já estávamos no terceiro. Mas eu percebia o cansaço e sono repentino dela. Nós saímos duas ou três vezes por semana para andar pelo jardim do hospital e assistíamos filmes todos os dias. Eu passava quase todas as noites com ela, apenas deixando o restante vago para Henri. O trabalho estava ficando cada dia mais apertado, estava sendo cobrado, mas Henri sempre dava um jeito de me livrar, afinal nem ele mesmo aparecia mais. E eu acabei descobrindo que, como todos falavam, nossa chefe era mesmo uma mulher, Hailey, mas foi Henri que me deu a promoção. Talvez por saber que eu me envolvia com ela, eu não sabia.

A faculdade estava trancada, não conseguia me concentrar em qualquer outra coisa que não envolvesse Hailey.

Naquele momento eu estava outra vez no hospital vendo Derek explicando mais uma vez o quadro de Hailey para Chloe.

– Ela descobriu um câncer no seio esquerdo logo depois do acidente de sua família. Ela precisou fazer um check up por ter frequentado o psicólogo nos dois primeiros meses e ficou bem visível no ultrassom – Derek suspirou parecendo reviver tal lembrança, eu estava cansado de ter que disfarçar o meu incomodo sempre que ele precisava repetir aquela história – Fizemos a mamografia para confirmar e estava lá, um tumor maligno na mama. Já estava grande quando descobrimos, mas fizemos diversas seções de radioterapia e até quimio.

E aquele era o real motivo de Hailey ter cortado os cabelos. Eu já havia percebido que ela andava com os cabelos mais presos e depois aquele repentino corte.

– Conseguimos controlar um pouco o tamanho e ele até chegou a diminuir um pouco, mas não foi suficiente. Depois de algumas semanas ele cresceu desenfreado e eu percebi que não adiantava mais nenhum tratamento.

Quando Derek terminou de explicar, Chloe, que já havia ouvido tal história dezenas de vezes, mas que parecia que sempre havia deixado passar algo e pedia para lhe contarem de novo, voltou para o quarto de Hailey e eu resolvi sair para tomar um ar.

Andando pela a grama verde e bem aparada do jardim parei em uma certa distância a janela do já costumeiro quarto de Hailey. Observei a garota sentada na cama enquanto gargalhava com algo que Chloe falava. 

Era horrível saber que em algum momento, que eu não podia fazer ideia, ela iria. Eu ainda estava decidindo se era pior saber que iria acontecer e estar no mínimo preparado para aquilo ou simplesmente acontecer, de repente. E no final nada daquilo importava, eu só queria que por algum milagre ela ficasse, mas algo dentro de mim dizia que não estava longe. E o que eu deveria fazer? Era a pior coisa que podia estar acontecendo.

Abri a porta do quarto encontrando Chloe mostrando algo em alguma revista para Hailey que parecia apreciar aquilo. Evelyn e Samantha também estavam ali acompanhadas de Liam e Louis. Foi apenas o tempo de cumprimentar todos para Zayn e Niall passarem pela porta do quarto.

– E ai, Hay? O Harry ainda fica te importunando com aqueles filmes todo dia? – Zayn comentou assim que deixou um urso enorme que alegou ter ganhado em um jogo em cima da poltrona do quarto.

Hailey riu de Zayn, mas eu franzi o cenho para ele que adorava me provocar.

– Relaxa, a gente sabe que você é só carinhoso em excesso – Zayn passou um braço pelo o meu ombro e eu não aguentei e acabei gargalhando dele como todos no quarto.

Era completamente perceptível que tê-los lá era bom para Hailey. Ela sempre agia como se fosse a última vez que fosse vê-los, talvez não ter ideia do que pudesse acontecer com ela a cada segundo aumentava sua preocupação de sempre ter tido uma despedida válida. Eu não podia imaginar a sua dor, estava tentando entender a minha.

Eles sempre apareciam duas ou três vezes pelo hospital, com vários presentes e flores. Niall sempre conseguia variar nas cores, nunca repetiu uma sequer. Liam adorava levar besteiras para dentro do quarto, o que Hailey ficava completamente fascinada. Eu não via razão para impedi-la, nem mesmo Derek. Vê-la sorrindo o máximo que podia me aliviava e era a única parte boa dos meus dias.

Depois de algumas horas todos foram embora e eu pude conversar um pouco com a garota, mas não por muito tempo, logo escureceu. Sorri e avisei que levaria Chloe para casa e voltaria em breve. Me despedi de Hailey com um beijo suave e a deixei. Henri logo chegaria. Era a noite dele.

– Até amanhã – sorriu com suas palavras e eu acompanhei cheirando os seus cabelos por alguns instantes.

– Eu amo o seu cheiro.

Você é a imagem perfeita

Tomando banho de sol na lua

Estrelas brilhando enquanto seus olhos se iluminam

Primeiro beijo como uma droga

Estou sob a sua influência

Você toma conta de mim, é como mágica em minhas veias

Isso deve ser amor

 

Ri nasalado e desci meus dedos pela lateral de seu pescoço sentindo seu arrepio costumeiro a cada vez que tocava ali. Vendo-a ali tão vulnerável e sensível a tornava uma linda imagem. Eu com certeza estava perdido. Toquei a ponta de seus cabelos enrolando as mexas em meus dedos algumas vezes. Seus olhos perfeitamente iluminados pela luz da lâmpada acompanhavam meus movimentos, indecisos entre observa-los e tentar desvendar alguma emoção em meu rosto. Deixei um sorriso escapar quando senti minhas mãos começarem a suar e as afastei da garota.

– O que foi? – Hailey sorriu confusa.

– Só é bom estar perto de você.

Sua mão capturou a minha de surpresa e senti meu coração bater rápido. A sensação que seu toque me causava era um tanto estranha e diferente, era uma pena eu não ter podido desfrutar dela por muito tempo. Hailey pendeu a cabeça para o lado e sorriu olhando para as nossas mãos juntas.

– Está nervoso?

– Acho que você me deixa assim – respondi simplesmente deixando a garota um tanto corada, me senti mais confortável.

O som do meu coração

A batida toca, toca, toca e toca

Você faz eu me sentir tão bem

Venha até mim, venha até mim

 Ela era um mundo todo, e eu me perguntava como não havia percebido aquilo antes. Ela tinha uma vida interna enorme. Olha-la era como ter um universo inteiro para desvendar. Eu queria tanto participar de seu mundo particular. Olhando em seus olhos, a cor que eu nunca esqueceria eu me afogava sem precisar de salvamento. Eu queria ir até o fim de seu arco-íris, encontrar o prêmio que em seu fim escondia, no final de todo o caminho difícil e as armaduras. Eu havia conseguido, mas qual era o preço para aquilo?

– Você me promete uma coisa? – chamou baixinho com um olhar perdido.

– Acho que ainda não estamos nessa fase.

A garota riu e mordeu o lábio antes de continuar fazendo minha mente dar um giro procurando imaginar qualquer coisa que ela poderia estar pensando.

– Essas memórias podem ser apagadas ou esquecidas – ela começou parecendo tranquila com o que ia dizer e antes que eu pudesse intervir ela prosseguiu –  Se você tiver filhos um dia, quando eles verem as fotos por favor, diga a eles o meu nome. Diga a eles como eu espero que eles brilhem.

Um seco tão grande em toda a minha vida havia se formado em minha garganta e eu sentia um embrulho absurdo no estômago. Como eu poderia negar aquilo? Como eu poderia pensar em ter filhos com outra mulher que não fosse ela? Como eu poderia um dia sequer esquece-la? Não lembrar de todos os nossos momentos. Da sua risada, do seu cheiro, de seus modos e manias. Não lembrar uma noite sequer de seus últimos dias assim como os primeiros em que a vi. Com eu poderia seguir depois que ela se fosse?

 

Você é a luz, e eu seguirei

Você me deixa perder minha sombra

Você é o sol, a auréola brilhante

E você continua me acendendo com seu amor.

 

– Eu aproveitei o tempo da minha vida, Harry.

Suas palavras me trouxeram de volta e quando foquei outra vez em seu rosto ela sorria como eu nunca vi antes, estaria me reconfortando? Não deveria ser o contrário? Eu era um babaca.

– Não se preocupe – beijei sua testa – Você será lembrada.

 

Tudo o que eu queria dizer estava entalado em minha garganta, e foi assim que saí do quarto deixando a garota sorridente. Eu sabia muito bem que no fundo ela não estava tão feliz assim.

Chegamos na casa e eu me senti exausto no momento em que atravessei a porta, como se todo o peso daqueles longos meses estivessem se fazendo presente naquele momento.

– Eu estou orgulhosa de você, Harry.

A voz fraca de Chloe soou baixinho me fazendo olha-la parada na sala. Caminhei até ela e me sentei ao seu lado incapaz de olhar em seus olhos.

– Não deveria. Eu nem lhe dou motivo para isso – suspirei finalmente podendo olha-la.

– O que está dizendo, menino? – resmungou de forma inconformada, parecia descordar comigo completamente.

– Eu te amo, vó.

Chloe olhou-me um tanto surpresa, mas sorriu. Sorriu de forma radiante, como nunca tinha visto desde a morte de meu avô.

– Você é tudo que eu tenho – ela disse me puxando para um abraço.

Deitei a cabeça em seu colo coberto por uma manta e tive uma intensa vontade de chorar aquela porra toda. E eu fiz.

 

***

 

Acordei sobressaltado com um barulho insistente e bastou alguns segundos para que eu tateasse o meu bolso atrás do celular. Levei-o a orelha enquanto cambaleava do sofá. O céu estava escuro, mas os meus olhos estavam incomodados. Esfreguei-os ouvindo a agitação do outro lado da linha.

– Aconteceu alg..

– O coração dela parou.

 

 

No próximo capítulo...

" – Por que você tem que ir?"

"Olha-lo era tudo o que eu precisava, só."

"A lembrança sempre me manteria de pé."


Notas Finais


Simm! Esse era o maior segredo dela, fora a empresa, o Henri, a família etc. Nossa baby tem esse câncer. Vocês lembram que eu falei no primeiro capítulo -se não me engano- que essa história toda tinha sido um sonho meu? Bom, essa parte também apareceu no sonho e foi o que mais me tocou, e ao decorrer da fic eu tive realmente MUITA vontade de mudar essa parte, mas achei que se tinha começado uma coisa baseado no que vi, teria que ir até o fim, sem mudanças. E outra coisinha; para os que achavam que o Henri era aquele ex namorado dela, estava errado. Na verdade ele só ajudava ela mesmo, sempre foi amigo dela (desde pequena mesmo) e esteve lá pra ajudar ela depois que a família dela morreu e descobriu a doença. Assim, esse ex nunca vai aparecer na fanfic, ele é só o passado dela mesmo.

Até o próximo.

As músicas que aparecem ao decorrer do capítulo: The Only Reason - 5 Seconds Of Summer
Boom Clap - Charli XCX

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