História My Lost Memories - Capítulo 15

Depois que Brick me levou para a sala e eu me sentei no sofá, ele me trouxe um copo d'água o qual eu bebi rapidamente. 
Buttercup estava lá também; sentada no braço do sofá enquanto me observava sem desviar por um segundo sequer.

Eu contei o que tinha 'visto' em meu 'sonho', e Buttercup, ainda sem desviar o olhar, me escutava junto com Brick.

- Então... - Começou ela. - Você se lembrou dessa briga?

- Não sei se lembrar é o termo correto, mas... Sim. Eu vi, Butter! O papai estava tão nervoso, e ele não era mais o grande homem que nos criou, ele era...

- Um imbecil. - Brick murmurou e Buttercup o olhou irritada. - Desculpe.

- Bom, como eu ia dizendo: o papai era um completo desconhecido que só se importava com o trabalho e com o dinheiro que iria ganhar.

- Ele ficou assim, Blossom. Depois que você começou a namorar o ruivinho aí, o pai mudou completamente. Sabe durante anos você era a única que o ajudava em tudo. Fora que muitas vezes servia como uma espécie de... - Ela parou, parecia que tinha receio de me contar.

- Uma espécie de? - Tentei encoraja-la a falar.

- O pai estava experimento esse soro que curaria todos os tipos de doenças que atingem o sistema neurológico do ser humano e, mesmo você não estando donte ele testava os soros em você. Muitas vezes você voltava com marcas roxas nos braços ou manchas vermelhar no rosto. Mas você nunca reclamou. É por isso que você sempre foi a... - Buttercup engoliu em seco. - Favorita dele.

Me surpreendi. Me senti suja... Mas ao mesmo tempo parecia o tipo de coisa que eu faria. No fundo eu já sentia que talvez seria isso, mas ouvir da boca da minha irmã que meu pai era isso...

Tossi algumas vezes antes de falar e Brick deu leves tapinhas em minha costas.

- Você não parece triste com isso. - Diz ele.

- Eu... Não sei o dizer, talvez não esteja triste porque ainda não caiu a fixa. - Apertei o copo (agora vazio) de água com força. - Eu estou tão exausta! Sabe, o tempo odo que estive aqui... Pensei que estivesse em algum tipo de transe ou sonho maluco, mas com o passar do tempo fui percebendo que essa é a minha vida agora. Tudo mudou e eu não consigo me acostumar com isso! - Me levantei nervosa e comecei a andar pela sala lentamente. - E agora tem mais essa! Okay! Isso parece o tipo de coisa que eu faria, realmente parece,

- Você não deixava ninguém mais ajudar o professor, dizia que isso era o você tinha que fazer. - Buttercup tentou se aproximar de mim, porém eu me afastei antes. - Bubbles diz que você tentava nos proteger. Eu nunca entendi do que. O professor sempre foi incrível com nós! Amoroso, mesmo depois de perder a grande chance que tinha ele continuava o mesmo comigo e com Bubbles. Mas com você... Bom, a relação de vocês piorou muito desde que você, Blossom, se recusou a ir com ele.

- Desde que ela decidiu que iria ficar comigo. - Brick estava de cabeça abaixada, ainda sentado na poltrona.

- Exatamente. - A morena concordou. - O pai continuou a falar comigo e com a Bubbles normalmente. - Ela respirou fundo e continuou:
A verdade é uns cinco anos atrás, e o Brick pode confirmar, ele tentou se aproximar de você e dos seus filhos, mas como pode imaginar... Não deu certo. Então nos últimos dois anos ele sumiu de vista ninguém mais o viu... Até que ele veio aqu alguns meses atrás e levou você e as crianças.

Arregalei os olhos, era exatamente o tempo que Ballet tinha me dito! 

Suei frio e parei de andar pela sala, minha visão ficou turva e escura. Minhas pernas ficaram moles, eu senti que ia cair, mas Brick se levantou como um raio e me segurou.

- Blossom, tudo bem? - Perguntou e me levou até o sofá, onde eu deitei no colo dele.

- Eu já sei aonde vocês querem chegar. - Falei baixo, tinha medo que minha voz falhasse.

- É, é exatamente o que você está pensando. - Buttercup disse. Ela ficou de joelhos no chão ao meu lado no sofá.

O que eu pensei? Ah... 

Meu pai fez isso comigo, agora eu sei! Como eu pude deixar que ele me usasse como cobaia? Eu não sei! Acho que eu queria proteger as minhas irmãs do meu próprio pai! Eu não consigo imaginar como o meu pai, o meu papai que sempre me ajudou e me amou... A pessoa que me criou... Ele foi um monstro! O pior vilão de todos, aquele que queria prejudicar a própria filha. Que quer me separar da pessoa que eu mais amo na vida.

As lágrimas quentes deslizaram dos meus olhos para o colo do Brick. Virei me rosto e comecei a chorar.

Como ele fez isso? Por que ele fez isso? Não me amava mais? Me odiava?

Ele deve ter começado a me odiar depois que eu recusei ir com ele!

Não... Não pode ter sido por isso... Se fosse por que ele me usaria para os experimentos? 
Nada disso faz sentido. Eu achava que entendi alguma coisa, mas na verdade eu não entendo.

- Amor, olha eu sei como é. Passou por isso uma vez e me dói saber vai ter que passar mais uma. - Ele acariciou meu cabelo delicadamente. - Eu estou aqui com você, como sempre estive.

- Nem sempre, Brick. - Ri de leve e ele também.

- O que vamos fazer?

Meu filhos! Como eu pude quase me esquecer deles? Se meu pai era o monstro que eu pensava ele não podia ficar perto dos meus filhos. Se ele foi capaz de fazer tudo aquilo comigo, me usar, o que ele seria capaz de fazer com quatro crianças...

- Nossos filhos! Temos que resgatar ele, Brick! Por favor vamos logo. - Me levantei rápido e quase caí.

- Calma aí, Bloss. Não se esqueça de que você está grávida! - Buttercup me avisou.

- Vamos logo.

Continua...