História My Love - Parte I - Im sure that youre still breaking hearts...

Olhando envolta daquele quarto, com um doce cheiro de perfume e uma organização estranhamente não típica de homens, pensei no quanto fiz o certo vindo para cá. Nem um pouco a fim de ser a próxima a parar num hospital por dirigir enquanto chora, fui para a casa de James e quando finalmente caí em seus braços, me agarrei a sua camisa com uma frase engraçadinha e chorei ainda mais. Ele não disse nada. Eu até tentei, mas a única palavra que saia da minha boca era o nome dela, entre soluços e mais soluços.

É estranho estar em sua cama agora, mas fico menos assustada quando percebo que dormi sozinha. James me deixou em sua cama – como quando somos crianças, dormimos no sofá e acordamos magicamente em nossas camas – e dormiu no sofá desconfortável da sala, por mim. Ontem, chorei em seus braços por causa do amor da minha vida, que me expulso de forma rápida e direta, e mesmo assim estou coberta por edredons pesados dele, com a cabeça apoiada em seu travesseiro.

O cheiro dele está por toda a parte. Aproximo o edredom do rosto e aspiro o cheiro único, doce e reconfortante que ele tem. Por um segundo, talvez até menos, imaginei como seria acordar e ver ele aqui, me olhando e sorrindo de um jeitinho bobo, dizendo: “Já passou da hora de você levantar, sua folgada”. Seria muito menos complicado me apaixonar perdidamente por James.

De repente, Jay entra no quarto. Semicerro os olhos, fingindo que ainda dormia. Percebo que entra hesitante, por estar sem camisa – isso é bem a cara dele – e não tira os olhos de mim enquanto anda pelo quarto. Pega sua bota preta, a que sempre usa com seu macacão, e se senta sobre a cama.

Tentando não fazer muitos movimentos, me levanto e fico de joelhos sobre a cama. É claro que Jay nota, me olhando por cima do ombro.

- Como você é idiota.

Ele me diz sorrindo. Passo a mão pelo cabelo e sorrio também.

- Você é bem idiota também.

- Então somos dois idiotas

Ele da de ombros e volta a colocar suas botas. Não consigo evitar e deixo meus olhos percorrerem por suas costas. O simples movimentos que seus braços faziam para apertar o cadarço, aquele movimentozinho de nada, me fez prender o lábio inferior entre os dentes. Deus, Jay é maravilhoso ou como Selena diria, Jay é muito gostoso. Balanço a cabeça e me levanto de sua cama.

- Você é mais idiota ainda. Digo olhando em volta. – Me deixou aqui, na sua cama, enquanto dormiu no sofá.

- E quem disse que eu dormi no sofá?

Tá, aquilo quase fez meu coração pular para fora do peito. Rapidamente sinto meu rosto começar a se avermelhar. Jay olha para mim, sem sorriso ou nada de desmentisse que não havíamos dormido juntos.

- Meu sofá pode virar uma cama também, então eu dormi no sofá-cama.

Atirei o travesseiro próximo a mim diretamente em seu rosto. Jay resmungou e rindo, se levantou da cama.

- Que horas são?

- Sete e dezenove. Vai trabalhar hoje?

Fixo meus olhos nos seus, para não tentar admirar as tatuagens em seu braço e nem seu porte físico tão atrativo. Por que ele me deixa tão nervosa assim quando fica sem camisa?

- Hoje eu... Sim. Deveria ter voltado muito antes.

- Não deveria não. Se só agora você se sente confortável pra voltar, não tem porque ficar se lamentando.

Jay cruza os braços. Uma brisa gelada logo percorre seu quarto, o que me faz cruzar os meus também. Olho para a janela. Frio, mas nada de chuva. Amém!

- Não começa com um discursinho que me faça sentir menos culpada.

Jay sorri.

- Não acha que tá muito frio pra ficar perdida por ai sem uma blusa?

Olho para os pelos eriçados do braço e me lembro de coisas que não gostaria de lembrar.

- Talvez eu deva ir pra casa agora... É loucura estar ajoelhada na cama do garoto que eu beijei há poucos dias atrás, mas estar pensando na garota que deixei no hospital, atirando todas as coisas possíveis de serem atiradas pelo quarto. Me sinto errada ao lado dela. Me sinto errada ao lado dele. Não sei mais o que posso fazer. – Hoje o dia será longo.

- Eu... Jay da alguns passos em direção à cama. Sua aproximação ainda sim nos deixou a uma distancia confortável. – Não vai agora. Eu fiz um café-da-manhã incrível e eu não costumo fazer cafés-da-manhã incríveis pra ninguém.

Não lhe oferecer um sorriso completamente encantado seria inevitável.

- Mas é claro.

Minha cabeça está tão desarrumada quanto à gaveta de meias de Joe.

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Max ficou muito contente em me ver, até mesmo convidou Selena e eu para almoçarmos num restaurante de escolha dele. Não pude aceitar por motivos de necessidade, preciso ir até a oficina conversar com Joe, saber o que houve ontem depois da minha ida.

Era bom estar trabalhando novamente. Não conseguia tempo pra pensar e como ando pensando demais, foi uma ótima forma de distração. Selena estava quieta do outro lado da sala, organizando papeis, reorganizando outros e organizando novamente os que já tinha organizado. Ela quer me contar alguma coisa, sem dúvidas, mas eu não quero ouvir – pelo menos não da boca dela.

Antes mesmo de entrarmos no escritório fiz questão de deixar bem claro que não quero nem ao menos ouvir o nome “Miley” hoje. Mas sinto que deveria perguntar o porquê de tanto silêncio, mesmo sabendo que pode ser em relação a ela.

- Demi.

- O que foi, Selena?

Pergunto com os olhos vidrados no computador.

- Esse celular tocando, ele é seu. Pode atender de uma vez?

Levanto os olhos para Selena. Nossa, ela está brava comigo como se eu tivesse feito algo ruim. Retiro meu celular de cima da mesa e quando vejo quem liga, levanto e saio do escritório, atraindo o olhar curioso de Selena.

- Oi Lilo.

Escuto ela sorrir do outro lado da linha.

- Te pedi pra me ligar quando a Miley acordasse e você não fez isso.

Olho para cima quando noto a pequena fresta de sol entre as nuvens escuras no céu. Ainda bem, chega de chuva!

- Me desculpa, foi uma confusão e tanto quando ela acordou.

- Posso imaginar. Não fui até aí ver ela, por... Você sabe.

Olho para o chão. Ela não veio vê-la por minha causa, mas é educada demais para me xingar de todos os nomes terríveis e possíveis.

- Por que você fez isso? Se foi por minha causa, é sério, eu realmente me sinto péssima por tudo o que aconteceu, eu nunca tive intenção nenhuma de separar vocês. Jay é precioso para mim e você se tornou preciosa para mim também, eu jamais...

- Demi, para. Fico em silêncio e respiro fundo. – Tá tudo bem, eu não tô te culpando e nem brigando com você. Olha, você também se tonou alguém muito especial pra mim, quer dizer, olha só pra você. Seus amigos são errados. Eu sou toda errada também. Sua namorada é completamente errada e você não é. Alguém como você merece muito mais do que uma vida repleta de erros. Não tô dizendo que você precisa de um namorado legal e certinho, mas já passou da hora de você arrumar sua vida.

- Lindsay, por favor... Eu sou tão errada quanto todas as pessoas a minha volta.

- Não, você foi tão errada quanto todas às pessoas a sua volta. Quantas vezes não fiquei fora do sério por ver Miley discutindo com você, só por causa de um simples aviso de que talvez ela não devesse beber tanto? O jeito possesso que ela fica quando vê você e Jay conversando. A quantidade de vezes que sai, mesmo em dias de semana... Miley nunca te tratou do jeito certo e também nunca fez questão de tentar.

- E aonde você quer chegar com isso?

Pergunto com muita aflição. Nunca pensei que Lindsay se sentisse assim em relação à Miley e eu.

- A vida tá te dando uma chance tão incrível de ser feliz de verdade. Aceita essa chance.

- Isso é ridículo!

- Demi, eu só liguei pra te lembrar disso. Você sabe que é verdade e todo mundo sabe que você quer tentar.

Ao invés de dizer alguma coisa de imediato, olho para a porta e vejo Selena parada no batente, me olhando também. A única vontade que sinto é de desabar aqui e agora mesmo. Não vou aguentar esse drama Jay-Miley, Miley-Jay por muito tempo.

- Quando é que eu vou poder te ver de novo?

- Quando quiser. Você sabe onde eu moro.

Assinto, mesmo sabendo que ela não verá isso e talvez nunca mais volte a ver ela.

- Bem, não deveria te ligar agora, mas...

- Você pode me ligar quando quiser.

Digo um pouco rápido demais. Lindsay ri.

- Tchau, Demi.

PUF! Acabou a segunda ligação mais agoniante da minha vida – não posso tirar a ligação de James me falando sobre o acidente de Miley da lista. Guardo o celular no bolso e Selena sorri para mim, se aproximando e me abraçando.

- Você é a única pessoa que não me disse que ficar com ela é errado.

Selena me aperta um pouco mais em seus braços.

- Você tem vinte anos, sabe muito bem diferenciar o certo do errado. Olho para ela e a única vontade que sinto é a de voltar para casa. – Mas ainda acho que você deveria fazer o que eu te sugeri.

- Mas é disso que eu ando me esquecendo. Digo saindo dos braços de Selena. – Miley não muda! Ela vai continuar a fazer tudo o que fazia antes, quando se recuperar dessa cirurgia e eu não vou aturar isso!

- E você acha que vai conseguir ficar afastada dela por causa disso? Hesito por saber que não. Jamais consegui me afastar dela por muito tempo. Droga! – Falando em você-sabe-quem, já que você me proibiu falar dela hoje, acho melhor você dar uma passadinha no hospital mais tarde.

- Tô proibida de ir até lá.

- Não precisa se preocupar em relação a isso, Demi. Apenas vai lá.

Semicerro os olhos e Selena da de ombros.

- Tudo bem então.

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Saí do carro apressada e percorri o estacionamento até Nicholas. Provavelmente hoje é seu dia de folga. Ele não estava de uniforme e nem segurava aquela típica prancheta, sempre tão organizada. Quando notou minha aproximação fechou a porta de seu esportivo e cruzou os braços, com um sorriso muito convidativo no rosto.

- Você por aqui?

- Pois é, - olho impaciente para o chão – alguém tinha que pedir desculpas por ontem.

Nicholas ri.

- Tudo bem, ontem foi difícil, mas...

- O que aconteceu exatamente ontem? Quando eu fui embora?

- Bem... Nicholas passa a mão pela nuca. – Foi difícil. Miley praticamente destruiu tudo o que tinha pra destruir e depois chorou a noite toda. As enfermeiras ficaram eufóricas quando ela foi embora.

Chorou? Foi embora? Meu estômago embrulha.

- O que?

O sorriso no rosto de Nicholas se desfaz.

- Como assim o que? Você não sabia que ela foi embora?

- Mas embora? Pra onde?

Praticamente grito. Claro que isso chama a atenção de algumas pessoas em volta, mas quem disse que eu ligo?

- A mãe dela decidiu que queria ela em casa e eu não posso prender paciente nenhum aqui.

- Mas pra isso é preciso de um tempo! Você nem ao menos chegou a falar quando ela voltaria pra casa!

Nicholas se aproximou e colocou as mãos em meus braços.

- Eu disse pra mãe dela que não era lá tão recomendado tirar um paciente do hospital que sofreu um acidente gravíssimo e que acabou de acordar de um coma, mas Miley não parava de chorar. Ele levemente franze os lábios. – Só você consegue domar essa garota teimosa e você não tava aqui ontem, Demi.

Balanço a cabeça negativamente, achando suas palavras engraçadas.

- Miley jamais será domada por ninguém.

- E é aí que eu discordo. Ela ficaria de joelhos por você, loirinha. Loirinha. Não faz nem um mês que mudei a cor do cabelo e já parece que se passaram anos. – Foi como quando ela acordou, não parou de repetir seu nome.

Assenti e Nicholas retirou suas mãos de mim. Que droga, desde ontem Miley está em casa e eu estava fora, na casa de Jay. Espero sinceramente que ela não tenha me procurado, realmente espero.

- Sei que não tenho nada a ver com isso, mas, no dia do acidente, Miley estava com duas alianças nos dedos, aliás, Miley resgatou essas alianças ontem. Acho que foi a única coisa, além do celular, que pudemos devolver inteira pra ela. Notei que uma dessas alianças tinha o seu nome e me lembrei no dia da praia. Ela é o “cara” que eu chamei discretamente de idiota?

Não consigo evitar rir. Pensei que Nicholas jamais fosse me perguntar, tudo estava óbvio demais. Assenti.

- Pois é.

- Mas e aquele outro...

- Aquele outro é o Joe, só somos velhos amigos.

Nicholas engole em seco e sorri nervoso.

- Sempre pensei que ela simplesmente não gostasse de mim. Agora sim entendo o porquê. Eu também faria a mesma coisa. Deve ser ótimo e ao mesmo tempo terrível namorar alguém tão encantadora quanto você.

Rio novamente, olhando rapidamente em volta.

- Tenho que voltar pro trabalho.

Nicholas assentiu e, como no dia em que nos conhecemos, me impede de ir embora mais cedo.

- Tive a sorte de te encontrar solteira, mas não tão solta.

- Pois é. Mas você continua sendo um cara legal, Nicholas.

Ele sorri.

- E será que eu mereço outro beijo por isso? Levo a mão ao queixo pensativa. – No rosto?

E eu me aproximo e beijo o rosto de Nicholas, com muita sutileza. Sou grata a ele até o final dos meus dias, por tudo o que ele fez por Miley e por mim também.

- Muito obrigado, doutor.

- Eu só fiz o meu trabalho.

Balanço a cabeça negativamente.

- Você fez muito mais que isso.

Tinha tempo o suficiente para voltar até o escritório. Enquanto esperava o farol abrir, retirei meu celular de cima do banco e vi que Jay tinha respondido a minha mensagem de desculpas por não poder aparecer por lá hoje. Como sempre, ele foi muito além de compreensível, mas o que me chamou atenção foi o conteúdo da que me mandou quase em seguida.

Ia te perguntar isso quando nos víssemos, mas já que
você não vai aparecer por aqui... Que tal nos perdermos juntos por Los Angeles hoje à noite?

Pensei em Miley e tentei imagina-la encolhida, se sentindo péssima por ter me expulsado de seu quarto e indiretamente de sua vida também. Mesmo ouvindo aquilo de Nicholas não acho que ela tenha chorado pela minha ida e sim, por saber que está perdendo os tais “pontos” para Jay. Miley Cyrus não gosta de perder e eu não vou permitir que ela me trate como um troféu.

Seria uma honra me perder em L.A. com você.

Respondi James, mandei uma rápida mensagem para Selena contando sobre – faço questão de que ela saiba que terei um encontro hoje com Jay McGuiness –, jogo o celular no banco e com um enorme e gratificante sorriso, piso mais fundo que de costume no acelerador.