História My Neighbor - Dream

P.O.V. Nina Dobrev

Ao fechar a porta, encostei minhas costas no sólido frio, pousei a mão sobre meu rosto tentando desfazer o nó que havia se formado em minha mente. Respirei fundo, tentando pensar no certo e errado, no que eu queria e no que eu tinha que fazer, coisas totalmente diferentes. Eu queria voltar pra lá e me jogar nos braços de Ian novamente, pedir que ele me fizesse sua mais uma vez, que me beijasse, que dissesse o que eu queria ouvir, mas isso não era o certo. O certo era seguir em frente. Ter a consciência que isso era minha melhor decisão, mesmo não sendo meu verdadeiro desejo.

Entrei em casa e percebi que mamãe ainda devia estar dormindo, pois ainda era de manhã cedo, quase na hora de estar na escola e eu ainda não estava pronta. Corri escada a cima e tomei um banho rápido, vesti um roupa qualquer, uma calça colada, blusa azul e uma bota, perdendo o meu desastrasoso e bagunçado cabelo em um coque

Escutei batidas na porta. Um arrepio subiu por minhas costas. Não podia ser Ian, certo? Ele não viria até aqui atrás de mim. Fiquei em silêncio, pensando comigo mesma.

— Abra, Nina. Sou eu. — Disse Alex. Suspirei de alivio.

Abri a porta, mas virei de costas, nem o olhando apenas ignorando como se ele realmente não estivesse no mesmo quarto que eu. Olhei para o espelho, pondo meus brincos, me arrumando sem o dar atenção. Ele me olhava atentamente e suas mãos estavam na nuca, sinal que ele estava procurando o que dizer.

— Eu ouvi a porta e...Fiquei preocupado com você, passou a noite fora com quem? — Ficou curioso e a preocupação era evidente em sua face, sua postura de irmão mais velho.

— Não te devo satisfação. — Respondi curta e grossa.

— Eu apenas queria saber se você está bem, pelo menos isso.

— Sim, Alex, eu estou muito bem, quer saber o porquê? Bom, o cara que eu estou apaixonada não sente nada por mim, meu irmão é um idiota com problemas... Eu poderia estar mais feliz? — Ironizei ao falar do quanto a minha vida estava uma beleza.

— Está apaixonada, é? — Brincou tentando mudar o rumo do assunto, mas apenas bufei e não mostrei meus dentes, não deixaria as coisas fáceis pra ele. O sorriso em  seu rosto desapareceu e ele respirou fundo. — Tudo bem, não precisa falar nada sobre isso se não quiser, mas precisamos conversar...

— Você já não disse e fez o suficiente aquela noite? — Ralhei, pegando minha bolsa e descendo as escadas, enquanto ele me seguia em passos rápidos.

— Nina, apenas pare um pouco e me escute! — Ele pediu e fechei meus olhos, vencida, virando-me e encarando meu irmão. — Eu sinto muito. Eu não lembro exatamente o que eu disse aquela noite pra você, mas...

— Ah, você apenas me chamou de vadia, na verdade, a irmã mais vadia do mundo, disse que não queria melhorar, que mamãe e eu éramos idiotas...Nada demais, não é? — Usando o sarcasmo para disfarçar a dor, sempre! Era o melhor remédio na hora, mas depois... Só era pior de conviver com aquilo e ver o que você estava se tornando.

— MAS... — Deu ênfase, continuando o que estava dizendo antes. — Não era eu falando e sim o álcool. Neens, eu juro, se você me der mais uma chance... Eu vou melhorar e isso nunca mais acontecer!

— MAIS UMA CHANCE, ALEX? — Me exaltei e acabei gritando. Lembrei que mamãe estava dormindo, então abaixei o tom, pois não queria que ela acordasse e se deparasse comigo e Alex, seus dois filhos, brigando. — Foi isso dá ultima vez, lembra? Você prometeu que não aconteceria mais e olha só onde chegamos!  — Lembrei ele entre dentes.

— Eu sei, eu sei, mas por favor, só mais uma chance? — Disse fazendo aquela carinha manhosa a qual ele sabia que eu não resistia. Ele sorriu e aquele sorriso simplesmente me derreteu. Eu só queria vê-lo bem afinal de contas. Vencida e derrotada, chamei ele.

— Vem aqui, garoto! — Abri meus braços. Ele riu e correu até mim, me pegando em um abraço de urso e erguendo meu corpo  pra cima. Sorri retribuindo seu abraço da mesma maneira sufocante.  — Ok, ok, Alex, chega!

Ele encheu minhas bochechas de beijos carinhosos.

— Obrigado, eu achei que você não iria me perdoar! — Sorriu de orelha á orelha.

— Tudo bem, mas escuta aqui, você vai se cuidar, ok? E cumprir sua promessa! Eu não quero nunca mais vê-lo daquele jeito. — Dei uma de durona, bancando a autoritária... Agindo como se fosse a irmã mais velha.

— Sim, senhora!

P.O.V. Autora

Nina seguiu caminho para escola depois de ter se entendido com Alex, o que a fez sentir-se melhor, mas não completamente. Ela viu apenas Paul no local, o que havia estranhado. Candice, Kat e Ian não estavam presentes e ela realmente queria saber qual a razão de suas amigas terem faltado, mas não sabia se tinha o mesmo direito em relação á Ian. Sentia-se perdida no meio de todos, como se todas as vozes ao seu arredor soassem falsas e desconhecidas, como se ela não pudesse cofiar em ninguém além de si mesmo. Sentia-se sozinha. E esse sentimento presente dentro de si, não conseguia entender, afinal, tinha grandes amigos,  um irmão e uma mãe que a amava... Mas, ainda faltava algo. Algo que definitivamente a completaria e ela sabia o que era. Um certo rapaz de pele clara e olhos incrivelmente azuis.

Seu sentimento pelo tal rapaz, seu vizinho, era algo incompreensível. Quando estavam juntos, era como se uma explosão de sentimentos ocorresse em sua volta. Era como fogo e gasolina. O ódio que sentiram desde o começo, podia ser apenas implicância na vista de algumas pessoas, mas, na verdade, agora Nina realmente sabia o que significava. O ódio permanecia, mas totalmente diferente, o ódio que nutrem é por fazerem o outro sentir-se de uma maneira que ambos nunca tiverem o privilégio de saber como é. Por darem um ao outro o conhecimento daquele sentimento estranho e único, que machuca e às vezes cura... O amor. A paixão os dominava, os faziam esquecer de qualquer briga que tiveram há semanas ou segundos atrás. Era surreal. Nina pensava em como tudo isso pode ter ido por água abaixo e que talvez, em sua cabeça, nunca mais voltaria acontecer.

Porém, isso é o que ela pensara... Ian já tinha outros pensamentos.

P.O.V. Nina Dobrev

Tentei ligar várias vezes para Candice, mas seu celular apenas dava como desligado. Isso já estava me preocupando.

Ao sair da escola, resolvi ir direto pra casa, afinal, eu havia dormido pouco essa noite, estava em um cansaço só.

Também! Passei a noite inteira fazendo... 

Opa! No que eu havia me tornado? Pensando em safadezas e coisas pra maiores de dezoito anos? Balancei a  cabeça afastando os pensamentos inapropriados do momento. Precisava e tinha que clarear minha mente urgentemente!

 Destranquei a porta e joguei minha bolsa em qualquer lugar, subindo as escadas igual um zumbi. Atirei-me em minha cama e acabei adormecendo antes mesmo de sequer poder pensar em algo, apenas fechei meus olhos e suspirei fundo, esperando que toda essa tempestade fosse passageira e logo passasse.

(...)

Ele olhava fixamente para nossas mãos que se encontravam. Sua outra mão circulava minha cintura, a minha pousava sobre seu ombro, e eu admirava seus lindos fios de cabelos negros... Seus olhos me hipnotizavam. Parecia que eu olhava diretamente para o oceano, um oceano incrivelmente admirável. Eles se remexiam nas órbitas, observando cada pedacinho de meu rosto, como se o mesmo fosse uma obra-de-arte que ele tentasse decifrar ou até mesmo decorar cada detalhe e guardar em sua mente. Desejei saber o que passava em seus pensamentos no momento, desejei saber se ele me queria, se me amasse do mesmo jeito que eu sentia. Eu sentia isso, sentia mesmo, era algo tão forte que chegava a machucar. 

Deitei minha cabeça em seu ombro e pressionei meus lábios contra seu pescoço, vendo-o se arrepiar.

And your heart's against my chest

Your lips pressed in my neck

I'm falling for your eyes

But they don't know me yet

And with a feeling I'll forget

I'm in love now

Nossos corpos moviam-se lentamente conforme a lentidão da música que tocava pra nós. A sala encontrava-se quieta, apenas o som de nossas respirações aceleradas misturando-se. Seu hálito batia em meu rosto, deixando-me bêbada e tonta com aquele odor viciante. Meu coração galopeava em meu peito tão forte... Até desconfiava que ele podia ouvi-lo.

Sua boca foi para meu ouvido e ali depositou uma mordidinha, fazendo-me suspirar e soltar um leve gemido. Seus lábios passaram lentamente de uma maneira torturante de meu maxilar ao ouvido novamente, causando arrepios e sensações incríveis por meu corpo.

— Nina... — Ian sussurrou com a voz totalmente rouca e quebrada. Fraca. — Me beije! — Ele pediu como se necessitasse disso como necessita de oxigênio. Como se sua vida dependesse de um beijo meu.

Kiss me like you wanna be love

You wanna be loved

You wanna be loved

This feels like falling in love

Falling in love

We're falling in love

Ergui meu rosto e avancei o beijando com selvageria e volúpia. Seus lábios entre abriram assim como os meus, nossas línguas encontrando-se em movimentos quentes, acariciando uma á outra e se enroscando de um jeito erótico. Seu beijo me deixava fraca e parecia que isso nunca mudaria. Seus braços me apertaram contra si, como se não tivesse o suficiente e quisesse nos fundir um ao outro. 

Espaço era algo que não existia entre nós.

I was made to keep your body warm

But I'm cold as the wind blows so hold me in your arms

[...]

Ele quebrou o beijo e continuei de olhos fechados, ofegante, sorrindo igual uma boba. Ele acariciou minhas bochechas coradas, olhando dentro de meus olhos e respirando fundo. Era tão profundo que ele parecia ver minha alma e devia ser algo admirável, algo incrível devido ao encantamento e deslumbramento em seu olhar.

— Eu amo você... Tanto! — Respirou  tão pesado como se não pudesse segurar ou aguentar esse sentimento dentro de si e, na verdade, eu o entendia. O amor era tão grande que parecia não caber mais dentro do peito. Tinha a impressão que explodiria a qualquer momento.

Yeah I've been feeling everything

From hate to love from love to lust

From lust to truth I guess that's how I know you

So I hold you close to help you give it up

De ódio ao amor, do amor á luxúria, é assim que sempre funcionaríamos.

TRIMMMMMMMMMMMMMMM

Acordei no pulo com o celular de casa tocando desesperadamente. Minha respiração estava acelerada... Não conseguia controlar. Meus olhos ardiam com as lágrimas teimosas que queriam cair. É claro que foi tudo um sonho, Ian nunca me amaria... Ele nunca sentiria nada mais que desejo por mim.

Nunca iríamos ter um momento como esse do sonho. Era apenas imaginação...

P.O.V. Ian Somerhalder

— Vamos, Candy! Saia desse telefone! 

— Espere, seu idiota! — Ela me disse rugindo, me olhando com fúria nos olhos, tapando o celular para a outra pessoa, sei lá quem, não ouvir.

Ela ria e soltava risos apaixonados no telefone, devia estar falando com aquela cara que não lembro o nome. Tudo o que me importava no momento e ocupava a minha mente era apenas uma pessoa, apenas um nome: Nina. Eu não desistiria, teria que lutar... Acredito em nós. Só queria vê-la sorrir, bem, feliz, satisfeita, e, a propósito, eu sabia que ela podia ser tudo isso ao meu lado. Eu concederia tudo isso á ela.

— Pronto, seu chato! Podia, ao menos, me deixar ficar no celular em paz, não é? Colabore ou eu não te ajudo em mais nada! — Esbravejou. Ergui as mãos pra cima.

— Calma, nervosinha! Desculpa, mas e aí, quem era? 

— Joseph. Ele me disse que vai voltar logo logo, talvez na próxima semana. Sua irmã já está bem, graças á Deus!  Está sã e salva! —  Deu pulinhos de felicidade junto com Kat.

— Hmmm... — Murmurei. — E quando ele virá, ele...Vai trazer alguém junto? — Perguntei tentando parecer discreto e nada ciumento, mas Candice devia saber sobre o que eu falava... Ela me conhecia!

— Você quer saber se Nate virá, senhor ciumento! Eu não sei, talvez sim, talvez não... — Provocou.

— Não estou com ciúmes! — Nem eu acreditava nessa mentira!

— Ok, vamos voltar para o plano Operação Nian! 

— Operação o quê?

— É um nome que botamos em vocês, ué! Agora de volta ao trabalho.

Céus, quem diabos passaria a tarde com essas duas apenas por uma garota?! Eu, mais conhecido como o idiota do ano.

Faça isso por ela, aguente tudo por Nina, ela é tudo o que importa!

Pensei comigo mesmo, tomando fôlego para continuar. 

(...)