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História My Neighbor - Trust


Escrita por: whysmoldobrev

Capítulo 50 - Trust


Fanfic / Fanfiction My Neighbor - Trust

 

P.O.V. Autora

 

 

Nina engole seco sob os olhos de Ian atentos ao seu corpo. Os dedos do homem continuam enlaçados nos fios castanhos da nuca, prendendo sua cabeça com firmeza, mantendo o rosto perto do seu. Com a outra mão, ele segura o braço dela e faz menção de levantá-la, mas ela segue por vontade própria. Ao ver o quão entregue estava, tanto que ele nem precisaria fazer esforço algum, com brutalidade, empurrou o corpo da mulher contra a parede, aquela que havia ao lado da lareira. O choque elétrico foi grande quando os corpos bateram um no outro. Ian soltou um gemido animalesco, não conseguia evitar, desejava tanto aquela mulher, a quis durante tanto tempo que agora, com ela em seus braços, suspirando e murmurando seu nome, era impossível conter-se. Entrelaçou seu braço por trás, pela sua cintura, a encarrulou, e agarrou uma das pernas da mulher, entrelaçando a mesma em seu quadril. A mão inquieta ainda não contente, empurrou o vestido, o qual já era curto, ainda mais para cima, deixando a coxa de Nina à mostra. Nina sentiu os dedos dele apertando com uma força extrema sua pele, deixando a mesma esbranquiçada. As mãos que antes estavam desaparecidas entre os cabelos negros, agora descem pela nuca úmida e, com as unhas, rumam para suas costas, por dentro da camisa de botões, deixando vergões na pele branquinha. O misto de dor e prazer invadia seus corpos, os quais começam a suar, tanto pela situação, quanto pelo calor do fogo tão próximo que vinha da lareira. Sensações perigosas. Suspiros e calores. O desejo era tanto que os dois deixavam marcas um no outro, quase a ponto de se machucaram de verdade. Era como se estivessem com uma raiva acumulada e quisessem, com toda aquela pressa, acabar com todos as vontades não atendidas, todos os desejos reprimidos, tudo o que guardaram esses anos, de uma vez só.

Por enquanto, nem haviam encostado a boca na do outro, apenas se encaravam ferozmente, pressionando os corpos sem dó. Realmente queriam transformar dois em um, tinham isso como objetivo. Suas intimidades mantinham contato pela posição que estavam e isso tornava a situação ainda mais gostosa. O vestido de Nina escorregava e em segundos, ela supôs, o tecido viraria apenas retalhos nas mãos de Ian. Ele finalmente deu a entender que a beijaria, porém resolveu provocá-la e desceu a cabeça. O roçar dos dentes eriça os pêlos de seu corpo sem tardar. Ela ofega assim que sente a sucção em seu pescoço. A respiração entrecortada torna-se contínua conforme as mãos grossas e habilidosas descem pelo seu tronco, ambas estacionam em seu traseiro, e seguem o caminho proibido para baixo do tecido do vestido. Sentiu na ponta dos dedos as nádegas e sorriu ao ver a cara maliciosa que ela fazia. Nada importava, era como se apenas o corpo agisse e o cérebro, a racionalidade, tivessem dito adeus e ido embora. Uma amnésia total. Nina não ligava para suas mágoas, não se importava com nada à sua volta, não pensava nos anos que sofreu. Ian não dava a mínima no que esse ato inconsequente poderia resultar, ele sabia que o certo era ter seu perdão primeiramente, conversar, entender-se com ela e voltarem a ter uma relacionamento, porém a luxúria falava mais alto. Ela gritava. 

— Me beija... — Ian retirou os lábios da pele sensível e fitou seu rosto novamente. Ela estava corada, o semblante sério. O pedido era suplicante e não precisaria ser implorado para ser realizado. Ele encarou aquela boca, rosada e tentadora, a qual desejou beijar e matar a saudade todo esse tempo. Passou a língua pelo lábio inferior e o mordeu em seguida, sendo acompanhado pelos olhos castanhos em puro fogo. — Por favor, me...

Antes que ela pedisse mais uma vez, ele esmagou a boca na sua. Movido por todos os sentimentos mais conflitantes que podem tomar um homem, e acabar com o mesmo, a prendeu ainda mais contra parede. As bocas, famintas, foram à procura de água no meio do deserto, em busca de seus vícios. O encontro delas concedeu o prazer tão esperado. Não havia lugar mais correto para estar a não ser nos braços... Braços reconfortantes de quem se ama. Ele não imaginou, mergulhado como estava na dor de perdê-la, o quanto precisava fazer isso. As línguas travavam uma batalha e nenhuma erguia a bandeira branca como sinal de redenção. Os movimentos eram certeiros, os dois pareciam querer engolir um ao outro. Ambos sentiam os pulmões clamarem desesperadamente por ar, no entanto, não se importariam com tamanha besteira como o oxigênio, não naquele momento.

Com certo esforço, ela desgrudou os lábios dos dele, já sentindo falta do gosto que eles tinham. Fitou os sombrios olhos azuis e e mordeu com força os lábios, segurando o gemido. Ele teve medo que ela se afastasse, como até agora fez repetidamente, mas teve a certeza de que isso não aconteceria quando viu suas intenções. Nina desabotoou o primeiro botão da camisa preta e repetiu o trajeto com todos os outros em uma lentidão exagerada. O homem tentou ser mais esperto e apressá-la, mas levou uma mordida na orelha, provocante e quente, o que fez com que ele se encolhesse e respirasse com dificuldade. Mal ela sabia que bastava apenas lhe ordenar, mandar e apontar o dedo que ele faria tudo o que quisesse. Estaria aos seus pés. Ao terminar de retirar a camisa, ela moldou sua estrutura peitoral com as mãos delicadas, tanto na frente quanto nas costas. Um rastro de fogo era deixado em sua coluna de acordo com o local que os dedos dela iam passando. Ian permaneceu parado e fechou os olhos, enquanto ela acariciava os bíceps, descia pela lateral e admirava o quão forte e másculo ele estava. Extremamente bem definido, não era tão musculoso e não muito magro, mas sim na medida certíssima. A pele dele fervia sob o toque dela, o que a deixava com o ego lá em cima, acreditava que poderia tê-lo nas mãos, com isso sua mente ficava cheia de pensamentos absurbos. A mão cheia de tara acabou se deparando com o volume da calça jeans.

— Caralho, Nina... — Ele gemeu totalmente extasiado ao sentir sua mão acariciando aquele local que tanto clamava por atenção. Nervoso com a falta de comando, e também com a necessidade de tocá-la, ele prendeu seus punhos com apenas uma mão. Afastou-se, apenas o suficiente para ter a visão completa de seu corpo, e contemplou. — Você continua tão bonita... Tão gostosa e tão feita pra mim... — As palavras pegaram ela de surpresa e deixaram suas bochechas rosadas. Um gemido alto foi solto quando ele enlaçou a outra perna, fazendo com que mantivesse todo o seu peso sobre o seu apoio. Ela colaborou e circundou sua cintura com as pernas ainda mais, permitindo que ele sentisse o quão molhada estava, e com isso desse continuação a tortura.

As mãos depravadas passaram pelas canelas, as coxas, sentindo a pele morena se arrepiar com seus toques aveludados. O quadril foi tocado e a cintura acariciada, ao chegar na parte de cima do vestido foi possível escutar o barulho de pano sendo rompido. O estrago foi feito até seu umbigo, deixando-a quase seminua. Ele não desviava os olhos daquele corpo que tanto sentiu falta. Ian, encantado com o que via, subiu a mão lentamente pela barriga lisinha, acompanhando com os olhos cheios de desejo. Ao chegar no seu destino, fechou a mão sobre o seio direito, mesmo por cima do sutiã preto rendado. 

— Ah, Ian... — Gemeu ela em sua orelha, deixando-o mais satisfeito ao ouvir seu nome sendo pronunciado daquela maneira, com mais calor. 

— Eu preciso tanto de você. — Ele sussurrou sedutor em sua orelha, mordendo o cantinho da mesma como uma provocação. Nina sorria e apenas assentia ao que ele dizia.

Como resposta, ela pegou uma de suas mãos e a levou até seu cabelo, dando permissão para aquele gesto um tanto bruto dependendo do ponto de vista. Ele percebeu o que ela queria e transformou o cabelo em um rabo de cavalo, puxando o mesmo sem nenhuma delicadeza, ouvindo sua amada ofegar, gostando da dureza. Enterrou seu rosto na pele macia e sentiu o cheiro que lhe agradava e entrava por suas narinas, pressionou seus corpos, esfregando seus quadris, movendo-se para trás e para frente, insuando investidas. Ele procurava algum tipo de alívio, em busca de acabar com aquele tormento e ter novamente sua garota do modo que apenas ele podia ter. Se não fossem pelas roupas, talvez os dois estivessem no chão já. Nina enlouquecia com aquelas simulações e Ian gemia fraco, sem forças, com o rosto enterrado entre o espaço de seu ombro e pescoço. Aquele continuava sendo seu lugar favorito.

E então...

— Oh Meu Deus! — Eles ouviram um grito eufórico, o qual fez com que os dois pulassem. Edna estava com uma mão sobre o peito e a outra sobre a boca, tamanho susto que havia levado. Nina ficou vermelha e empurrou Ian. Seus cabelos totalmente bagunçados e a calcinha praticamente toda à mostra. Pegou os dois lados do vestido, já que estava rasgado ao meio, e os ergueu até estar coberta. O moreno olhava para o estrago que havia feito nela e sorria consigo mesmo, nem ligando para sua mãe no cômodo. — Me desculpem, eu... Eu posso voltar depois? — Isso soou mais como uma pergunta. A mãe olhava para o seu casal preferido com felicidade, apesar de nunca desejar tê-los pego no ato de algo assim.

— Não, Senhora Somerhalder... Imagina, essa é sua casa, eu que não deveria... — Ela gaguejava e quase não conseguia olhar nos olhos de sua ex sogra e também avó de sua filha. Pegou seu casaco e começou a vestí-lo, enquanto Ian colocava a almofada sobre a grande ereção nos países baixos. Situação mais constrangedora que essa não existia. — Droga! Me desculpe, eu não queria... Eu não....

— Nina, tudo bem! Você não cometeu nenhum pecado... Eu acho. — O tom de voz diabólico de Edna apenas aumentou a vergonha da nora. 

— Crystal está dormindo em um soninho tão bom, se não se importa, ela pode dormir aqui? Não queria acordá-la, ela fica mal humorada quando faço. — Nina mudou de assunto de uma hora para outra, tentando escapar de todo aquele constrangimento. Mas isso era quase impossível, afinal, um Ian vermelho sem fôlego e sem camisa continuava olhando-a descaradamente, a qual, sob o seu olhar, sentia-se como se ainda estivesse nua.

 — Que pergunta! Claro que sim, sabe que amo aquela menina, essa aqui é a casa dela também, pode dormir a hora que quiser! 

Nina agradeceu aquilo mentalmente, pois não queria que sua filha lhe visse daquela maneira e lhe enchesse de mais perguntas. Com o rosto pegando fogo, ela apenas assentiu e virou de costas para ir embora, mas sentiu um puxão, o que a trouxe de volta em um segundo. Seu estômago contorceu e as borboletas que ali viviam deram sinais de vida mais uma vez. Ele sempre conseguia despertá-las, ela tentava evitar e implorava para tudo permanecer tão quieto, tão em paz, porém com ele ao seu lado era impossível, em pouco tempo ele trazia elas de volta e causava um rebuliço dentro de si. Ian a juntou com seu corpo e a fez sentir o quão necessitado ainda estava.

— Ian, sua mãe... Me solta... — Ela pediu baixinho com dificuldades para respirar. 

Ele sorriu torto, daquele jeito que acaba com qualquer uma, sabe? A mão desceu do quadril até a bunda, por cima do sobretudo, apertando a mesma sem ligar se Edna olhava para aquela cena imprópria. A mulher pulou e prendeu o gemido na garganta. 

— Ainda não terminamos. — Disse ele com a voz rouca, a qual lhe causou arrepios por toda a espinha. 

Ele a soltou e com isso ela aproveitou e correu, antes que seu lado irracional tomasse conta outra vez e o agarrasse ali mesmo. 

— Eu ia perguntar como as coisas vão com a Nina, mas, pelo que acabei de ver, já tenho minha resposta, elas vão muito bem, não é? — Ian apenas riu da pergunta sugestiva da mãe.  — Quero saber tudo.

— Eu adoraria, dona Edna, fofocar sobre o quão apaixonado estou, mas... — Ele apontou para o meio das pernas e fez uma careta. — Estou com uma dor aqui e preciso dar um jeito, então...

— Tudo bem, não quero ouvir! — Ela tapou os ouvidos e saiu porta à fora.
 

(...)
 

Depois de Ian ter "dado um jeito" em sua situação, foi até seu quarto antigo, onde sua filha estava dormindo. Ele entrou e a viu atravessada na cama, toda desajeitada e com as cobertas por todos os lados menos onde deveriam estar. A impressão que tinha era que um furacão tivesse passado por ali. Ele lembrou de Nina, lembrou que era difícil dormir com ela, principalmente nas noites frenquentes que tinha pesadelos, sempre lhe dava chutes e acabava ficando descoberta por tanto se mexer e não parar quieta. Ele sentia falta até disso. Chegou perto e pegou a pequena no colo, colocando-a de lado no colchão. Ela resmungou, mas não acordou, apenas pôs as mãozinhas entre os joelhos, ficando encolhida, tremendo de frio. O pai tratou logo de pegar o cobertor e lhe cobrir, arrumando-a até deixá-la confortável para uma boa noite de sono. Observou aquele xodó e sorriu consigo mesmo ao pensar que era seu. A carinha serena, os cabelos castanhos e o pijama de bolinhas mostrava toda a sua inocência. Seu coração corria risco de parar ao pensar em ter a família completa, sua morena e sua filha.

Depois do ocorrido com Nina, o nível de esperança cresceu surpreendentemente. Ele via o quão entregue ela estava, mais do que em qualquer outro momento. Ele via a paixão, o desejo em seus olhos. Sentia pelos seus toques todos os receios dando adeus, percebia pelo seu olhar todo o medo evaporando e notava pelos seus batimentos cardíacos acelerados o amor de outrora revivendo. Era ilusão dele? Talvez, mas naquele instante, com toda aquela angústia, toda aquela dor e culpa, qualquer sinal, qualquer coisa que fosse, mesmo sendo ilusão, já era bem-vinda. 

Discou o número e colocou o celular no ouvido. 

Alô?

— Já resolveu o seu estado? Eu resolvi o meu, não do jeito que eu queria, mas... — A voz rouca despertou algo em Nina, como sempre, a qual do outro lado havia sido pega de surpresa pela falta de noção e vergonha na cara.

Esse é o seu jeito de começar uma ligação?

— Só queria saber, fiquei curioso...

Pro seu governo, não faço idéia do que está falando...

— Qual é! — Ele riu, pois mesmo através da linha telefônica, sem vê-la, já podia imaginar o lindo rubor em suas bochechas. — Não sabe o quanto foi difícil pra mim deixar você sair daqui, pensando no que a gente...

Não vamos falar disso, por favor? — Ela pigarreou, acanhada, sabendo onde ele queria chegar. — Me ligou só para isso? Me aborrecer e me deixar vermelha? Vou desligar! — A mulher ameaçou e Ian prometeu que começaria a levar ela à sério em tudo que dissesse.

— Tudo bem, tudo bem... Podemos conversar sobre o que aconteceu amanhã, apenas queria saber se há algum problema eu dormir aqui... Com Crystal? — Apesar dos dois terem sidos apresentados oficialmente, Ian não sentia-se com o direito de fazer alguma coisa, tomar qualquer decisão sobre a menina, sem a conscientização de Nina, afinal, usando as palavras da mesma, ele estava entrando em sua vida, já a mãe esteve ali desde sempre. 

Claro que não, porque a pergunta? — Ela estava tão diferente em relação à sua aproximidade com a filha. Havia percebido o quão feliz a pequenina havia ficado, mesmo ainda confusa. Aquilo faria tão bem, aos três, na verdade.

— Só achei que talvez você ainda estivesse com algum receio...

Não, só quero o melhor para ela, e eu sei o quanto você pode fazer alguém feliz quando quer, quando ama a pessoa. Não deu certo comigo, pois você não me amava de verdade, mas Crystal, vejo seus olhos sobre ela, você já a ama e quer uma segunda chance. E você pode tê-la agora, aproveite, faça o certo dessa vez e não machuque-a. Não cometa o mesmo erro que cometeu comigo.

A ligação ficou muda, o que não deu à ele tempo para responder, e mesmo que tivesse, não encontraria sua voz ou palavras à altura. Ele não se conformava que ela realmente acreditava naquelas suas palavras inúteis de anos atrás, ele não podia entender como ela realmente havia se convencido disso. Ela falava como se os dois não tivessem mais volta, mas o homem não podia crer nessa possibilidade, não depois dos beijos, dos olhares e palavras que trocaram e ainda trocariam se apenas dependesse dele. A história não podia ter acabado, um sentimento daquela imensidão não podia ser simplesmente desperdiçado.
 

(...)
 

No outro dia, Crystal havia acordado com o melhor humor possível. Ele achou que seria estranho e que ela o trataria com indiferença, porém não fora o que aconteceu. A menina levantou com toda a energia e portou-se como se fossem próximos à anos. Ela era realmente imprevisível. A manhã passou tranquilamente, Ian não viu o tempo passar e apenas brincou com sua filha, voltou a ser criança, ensinou tudo o que sabia sobre a diversão para ela. Conversa vai conversa vem e a menininha logo tocou no assunto Moke outra vez. Ela havia ficado tão apaixonado pela bola amarela, como ela mesma o apelidou, que não desgrudava mais e até havia deixado Lynx de lado, o que era um milagre. Ian sendo apaixonado por ela, não soube dizer não, fez sua vontade, pegou o carro e saiu em direção ao seu apartamento, o que não foi muito bem pensado. A vontade de recompensá-la por todos esses anos perdidos e o amor de pai que inchava no seu peito o tiravam a razão e o impossibilitaram de pensar no certo e errado. Pegou a menina, como se fosse o único a ter total responsabilidade sobre ela, e a levou até sua moradia.

Ao chegar lá, ele começou a fazer o almoço, enquanto ela sentava no balcão da cozinha, brincando com as patinhas do gato. O homem mal sabia o que estava fazendo, era péssimo na cozinha, então resolveu improvisar e fazer alguns sanduíches, afinal não tinha risco de errar, pois praticamente tudo não era preparado por suas mãos desastrosas. Crystal caiu na gargalhada quando ele foi colocar o catchup sobre o pão e acabou mirando em sua camiseta. 

— Você é horrível, tio Ian. — Ela disse ainda soltando aquela gargalhada gostosa. Ela não havia o chamado de pai, esse era um grande detalhe, mas ele não poderia cobrar tal coisa, não agora, estava muito cedo. Sua cabecinha deveria estar dando voltas e voltas. Já foi inesperado e um tanto prodigioso o fato dela ainda não ter tocado no assunto e ter simplesmente deixado para lá uma notícia tão imprescindível que lhe causava sérias dúvidas. Foi um enorme passo, não podia exigir mais do que ela poderia lhe oferecer. Ela era inteligente, sabia de certas coisas. Tinha consciência que era seu pai, então o chamaria assim que estivesse pronta.

Ele foi para o seu quarto trocar a camisa e ela foi atrás, extremamente curiosa. Ao tirar a camisa, ela tampou os olhinhos rapidamente com uma mão, e fez o mesmo com os olhos de Moke com a outra. 

— Tio Ian, eu sou menina, não pode ficar pelado na minha frente! — Ian arregalou os olhos com a capacidade da menina de pensar nisso. Ele vestiu a camisa e logo pediu explicações.

— Quem falou isso pra você? — Perguntou curioso.

— O meu dindo Paul. Ele falou que não posso ver meninos sem roupa e que os meninos não podem me ver sem roupa. — Esse é meu melhor amigo, pensou Ian orgulhoso das lições que Paul havia dado para sua menina, se continuasse dessa maneira ela não pensaria em namorar tão cedo. Ele havia acabado de ganhar uma filha e fazia questão de protegê-la de tudo, já era o maior pai ciumento com todos os direitos.

— E ele tem razão. — Ele concordou com o que ela disse, ensinando-a que o certo era privar-se de qualquer nudez. — Mas, nesse caso, não tem problema. 

— Ah sim, eu só não posso ver as outras partes que a mamãe falou. — Ian colocou a mão sobre o coração, sentindo que iria morrer jovem por um ataque cardíaco e a causa seria apenas uma menininha de cinco anos. Eu vou matar a Nina, ele a crucificou mentalmente.

— Que outras partes? — Ao mesmo tempo em que não queria perguntar pelo medo da resposta, também estava estranhamente interessado na conversa.

— O pipi que os meninos têm. Você tem também, tio? — Mesmo com a tamanha inocência de sua pergunta, o homem não pôde deixar de ficar apavorado. — Igual as meninas têm...

— Eu sei, eu sei! — Ele a interrompeu. — Mas você sabe para que os pipis servem, não é? Só para fazer xixi. — Constrangido era a palavra que o definia no momento, mas precisava saber sobre o que mais ela tinha conhecimento.

— Como você é bobinho, tio Ian, de onde você acha que vem os bebês? — Ele piscou sem parar e sem palavras ficou. Com essa idade ela já sabe de onde vêm os bebês, estou perdido no futuro!, ele estava desesperado ao ver aquela criaturinha tão inocente falar de algo tão maduro como se fosse a coisa mais natural do mundo. — Vou ensinar, é assim: O menino...

— Não, não, não! Eu já sei como funciona, muito obrigada! 

A cena era hilária, mas ele não via graça nenhuma.
 

(...)
 

— Você e a mamãe eram bem feliz! — Disse Crystal com admiração nos olhos, olhando para a foto dos dois que continuava ali. Ele se juntou á ela, observando a fotografia. Ela tinha razão, os dois tinham os sorrisos mais bonitos na época.

— Sim, nós éramos muito. — Assentiu Ian cabisbaixo, sentindo seu peito doer ao pronunciar a palavra "éramos" no verbo passado.

— Ela disse que você amava ela... Igual as pessoas nos filmes? — Talvez seja por esses tais filmes que ela aprende tanta coisa, pensou ele consigo mesmo.

— Sim, só que a diferença é que nos filmes eles ficam juntos e eu e sua mãe não tivemos essa sorte. — Graças a mim, completou em sua mente. — Eu não amava ela... Eu amo ainda, muito. — A voz falhou, mas ele segurou o choro, não iria parecer fraco mais uma vez na frente de sua filha. 

 — Porque não ficam juntos agora? Podem namorar igual os da televisão e você e o Moke vem morar com a gente. — O convite o pegou de surpresa e mexeu com seu emocional. Ela havia gostado tanto dele que estava disposta a morar ao seu lado, a deixá-lo namorar sua mãe. Ele a havia conquistado. 

— Você não sabe o quanto isso me deixaria feliz. Quisera eu que fosse tão fácil, pequena. — Sorriu triste e pegou nas pequenas mãozinhas, consolando-a. 

— Mas é.

— No seu mundo, onde tudo é brincadeira. No nosso mundo, dos adultos, as coisas são mais difíceis. — Explicou ele, tentando fazer ela entender que as coisas não se ajeitavam em um estalar de dedos, apesar que seria muito melhor desse jeito e as pessoas seriam muito mais realizadas se fosse assim mesmo que tudo funcionasse. Porém, infelizmente, há coisas que não podem ser apagadas, talvez esquecidas, mas não deletadas totalmente do cérebro. Os sentimentos não são brinquedos, as palavras são mais fortes que tapas.

— Então eu não quero crescer. — A menina fez um biquinho, na tentativa de fazê-lo rir, porém viu a tristeza na face do pai. Era seu dever fazer algo a respeito. 

Sempre sentia-se disposta a ajudar alguém a ter o sorriso de volta, era boa, generosa à esse ponto. Colocou a palma da mão sobre o rosto de Ian e ele pegou a mesma, acariciando os dedos, apreciando o toque tão inocente e puro. Ela o abraçou e ele fechou os olhos com a emoção, não podia se conter, nunca se acostumaria, ou se acharia merecedor de uma filha como ela.
 

(...)
 

A tarde dos dois foi interrompida por uma Nina, entrando no apartamento furiosa, bufando. Ela tinha ido até a casa de Edna e lá não encontrou o que esperava.

— Dona Edna, onde está Crystal? — Perguntou ela, vasculhando o lugar com os olhos já irritados.

— Eu realmente não sei, Ian não disse nada, apenas saiu com ela... 

— QUEM ELE PENSA QUE É PARA SAIR COM A MINHA FILHA? — Nina gostaria de não se exaltar e ficar numa boa com a aproximidade dos dois, mas não conseguiu, era como se cada vez que sua confiança em Ian fosse colocada em jogo, tudo voltasse, recordações que lhe mostravam o porquê de não poder mais acreditar em suas boas intenções vinham à tona. — ELE ACHA QUE PODE TUDO AGORA? SÓ PORQUE O APRESENTEI PARA ELA COMO PAI ACHA QUE PODE FAZER QUALQUER COISA SEM ME CONSULTAR? TÍPICO, TÍPICO DE IAN! BASTA DAR UM VOTO DE CONFIANÇA E ELE JÁ SE APRESSA EM FERRAR COM TUDO NOVAMENTE! — Ela gritava, estava fora de controle. Andava de um lado para o outro, não parava de pensar no quão errada estava ao deixá-lo entrar em sua vida novamente e ainda envolver Crystal no meio.

— Pare gritar, minha filha, se acalme! Ele deve ter ido dar uma volta com ela, relaxe, ele sabe o quão difícil foi pra você deixar ele ter uma relação com a filha, não botaria tudo a perder agora! Ele aprendeu com os próprios erros, Nina. — Edna lhe aconselhava com a toda a calma do mundo. Não defendia só porque era seu filho, mas porque sabia que Nina era cabeça dura também e tão cedo não iria se permitir ser feliz.

— Desculpa gritar, é uma falta de respeito, estou dentro de sua casa, não deveria... É só que, se ele pensar em tirar ela de mim, tentar ter mais autoridade sobre ela... — Ela rosnou com o pensamento e logo saiu em direção à porta, sendo seguida por Edna que não gostaria de vê-la capotando o carro pela raiva absurda. 

A primeira opção foi a casa dele, obviamente, e acertaram na mosca. O porteiro confirmou que ele estava, havia entrado ao lado de uma pequena menininha de olhos azuis. Nina suspirou com isso e saiu derrubando tudo até o elevador. Senhora Somerhalder foi junto tentando amansar a fera, mas era uma missão impossível. Ela bateu na porta com força, quase abrindo um buraco com o punho. Ian foi em direção a mesma e a abriu, com Crystal na corcunda, pendurada como se estivesse em cima de um cavalo.

— Mamãe! — Ela a recebeu com o sorriso mais bonito e caloroso que já havia visto em seu rostinho. 

— Nina... — Disse ele com um sorriso parecido, brilhando os olhos azuis ao vê-la, exatamente como a filha. O coração do homem bateu forte, assim como toda a vez que via a mulher dos cabelos cor de chocolate.

Ela sentia-se amada com os dois olhando-a daquela maneira, mas nem isso podia superar a raiva.

— Amor, vá com a sua avó, você já ficou com o tio Ian, agora é a vez da mamãe. Preciso conversar com ele. — O tom de voz fez Ian tremer e temer o que aconteceria.

— Mas, mamãe...

— Venha com a vovó, Crystal, vamos tomar um sorteve! — Ofereceu Edna percebendo que a coisa estava prestes a ficar feia.

A palavra sorvete venceu a menina, claro.

— Eu tô indo lá, tio Ian, outro dia eu volto, tá? — Deu um beijo estalado na bochecha dele e o deixou mais bobo do que já estava.

— Eu e Moke vamos esperar! — Ele avisou, devolvendo o beijo, só que em seu pequenino nariz, descendo ela de seu colo e entregando-a à sua mãe. 

Ela acenou e assim que a porta foi fechada atrás das costas de Nina, o turbilhão de xingamentos veio.

— O QUE DEU EM VOCÊ? VOCÊ ACHA QUE TEM O DIREITO DE SAIR COM A MINHA FILHA SEM ME CONSULTAR? ACHA QUE É DONO DELA, POR ACASO? QUEM PERMITIU ESSA PALHAÇADA AQUI? — Enquanto ela berrava, Ian estava pasmo, estático. Não esperava nada disso.

— Ontem você disse que... — Ele não conseguiu completar a frase, estava com medo do que ela poderia fazer, estava com medo de seu semblante enfurecido. Ele não podia subestimá-la, não mais. 

— Eu disse que estava tudo bem você tentar recuperar o tempo perdido e ter uma segunda chance com ela, não falei nada sobre ter a autorização, o poder de fazer o que quiser com minha menina. Permiti você dormir lá com ela, na casa que é na frente da minha, ao lado de sua mãe, a avó dela. — As palavras dela fizeram eco em sua mente e tudo fez sentido. Aquilo caiu como um bomba sobre ele. 

— Então, você apenas permitiu que eu ficasse, pois estava praticamente sobre a sua supervisão... Pois estávamos com a minha mãe. — Agora era compreensivo o fato dela ter aceitado tão bem a oferta. — Você não confia em mim como eu achei que confiaria quando veio me dar a notícia na cafeteria. Você não confia em mim com Crystal, tanto que enlouqueceu por eu ter saído com ela sozinho e trazido-a para cá sem te informar. — Ele concluiu uma das coisas que, infelizmente, já esperava. Nina ainda não confiava nele, ainda tinha seus receios, por mais que tivesse tomado o grande de passo de deixá-lo entrar na vida Crystal, ela ainda não via firmeza em suas palavras, não via total segurança em suas afirmações.

— E isso te surpreende? — Ela perguntou irônica, cheia de ira. 

— Na verdade, não, mas me faz lembrar de uma coisa... Precisamos conversar sério, de uma vez por todas. — Ian avisou com a certeza de que não a deixaria sair daquele apartamento até fazê-la falar a verdade sobre os seus reais sentimentos por ele. Até fazê-la ouvir tudo o que gostaria de dizer.

 

(...)


Notas Finais


ALGUÉM SEGURA ESSES DOIS, ONDE ESTÃO OS LIMITES?
O tempo passa e esse fogo continua 😂
O que falar dá Crystal praticamente querendo dar aulas de como fazer bebês para Ian? kkkkkkkkkkkkk E ele já é todo ciumento <3
Não queria dar spoiler, mas no próximo adivinha o que vai ter? Algo bem esperado, Ian e Nina vão finalmente "ficar" juntos, se é que vocês me entendem 👅🔥
Oops, foi sem querer...
Quero comentários, quanto mais comentários mais capricho no capítulo seguinte viu, até a próxima!


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