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História My New Hope - Uma Parte De Mim Faltando


Escrita por: walkerzei

Notas do Autor


Oieee
Adorei que comentaram no último capítulo, comentem de novo e me façam feliz ❤️
Espero que gostem sz

Capítulo 19 - Uma Parte De Mim Faltando


Carl estava diferente, de um jeito estranho. Parecia que estava faltando alguma coisa e mesmo estando tantos minutos com ele ainda não descobri o que era. Com certeza não era o carrinho de bebê que mudou ele. Continuo o observando, até que ele se vira pra mim. 

    ⁃    O que foi? - pergunta rindo. 

Quando ele sorriu percebi o que havia de errado, ele estava sem sua marca. 

    ⁃    Cadê o chapéu? - pergunto.

    ⁃    Não achei que precisava usar. 

Dou um sorriso. 

    ⁃    Carl Grimes mais conhecido como cabeludo valentão, sem chapéu? 

    ⁃    Carl.

Chamam ele e nos viramos, Gabriel nos encarava um pouco receoso.

    ⁃    Que foi? 

    ⁃    Você ouviu o que falei pra Deanna, sobre seu grupo.

    ⁃    O que você quer? - repete Carl.

    ⁃    Era sobre mim, não vocês, nem o grupo. - fala Gabriel agora para nós dois. - Eu quero ajudar, você tentou ajudar antes mas só agora posso aprender.

    ⁃    Acho que pode contar pra todos. 

    ⁃    Tem razão. 

Gabriel se afasta e nós fazemos o mesmo.

    ⁃    Venha pelas 3, a gente começa com o facão. 

Andamos alguns segundos em silêncio até que me pronuncio:

    ⁃    Acha isso uma boa ideia? 

    ⁃    Tenho que pagar pra ver. - ele responde. - Melhor voltarmos, Judith deve estar com fome. 

Assinto e seguimos até a casa, entrando e dando de cara com Carol que preparava alguma coisa.

    ⁃    O que é isso? - pergunto. 

    ⁃    Torta, achei que seria bom comer algo diferente. - ela diz. 

    ⁃    Vamos dar comida pra Judith, já já descemos. - avisa Carl. 

Tiro Judith do carrinho e a ajeito no meu colo. Subo as escadas parando no quarto de Rick e Carl. A coloco em uma cadeirinha.

    ⁃    Ela vai comer o quê? - pergunto.

    ⁃    Essa coisa de banana. - diz ele me estendendo um potinho. 

    ⁃    É papinha - o corrijo. - E é de maça.

Ele ri. Abro o potinho e dou uma colher a Judith.

    ⁃    Carol me dá medo. - digo. 

    ⁃    Por que? 

    ⁃    Ela se finge de boazinha tão bem, quase que eu mesma acredito. 

    ⁃    As vezes ela sabe ser bem manipuladora. 

Dou outra colher a Judith. 

    ⁃    Ela tinha uma filha certo? 

    ⁃ É, a Sophia. - diz ele. - Carol não gosta de falar dela, não a culpo. Também não gosto de falar de minha mãe. 

    ⁃    Eu gosto, principalmente de Kenna. Ela era leve sabe, sem preocupações. - mais uma colher. 

    ⁃    Acho que é porque só tinha 5 anos. - disse Carl. 

Dou uma risada. 

    ⁃    É, eu acho que é. 

Ficamos em silêncio, Judith em pouco tempo já não queria mais a papinha.

    ⁃    Acho que ela não estava com tanta fome assim. - digo.

    ⁃    Talvez meu pai tenha dado comida a ela antes de sair. - sugere ele e eu assinto. 

Tiro Judith da cadeirinha e a coloco no berço. Me sento na poltrona perto da janela, quando ouço um grito. Olhamos os dois ao mesmo tempo para a rua.

    ⁃    Invadiram. - falo um pouco em choque pela hecatombe que acontecia ali em baixo. 

    ⁃    Vamos. 

Nos levantamos rapidamente e descemos as escadas com nossas armas em mãos. 

    ⁃    Estão vindo por todos os lados. - avisa Carl a Carol.

    ⁃    Vocês vão ficar aqui, vão proteger a Judith. 

Carl assente e Carol some pela porta. Corremos até a sala e observávamos tudo pela janela. Corpos estavam esquartejados, eles passavam o sangue das vítimas na cara. Meu estômago se revira e saio de perto da janela. 

    ⁃    O que foi? - pergunta Carl.

    ⁃    Isso é o que as pessoas fazem, eu estou cansada disso. - admito. 

    ⁃ Todos estamos. - ele concorda.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, ele observava as coisas lá fora enquanto ficava de olho na porta. Um vulto agarra a maçaneta. 

    ⁃    Carl. - sussurro. 

Ele para ao meu lado e apontamos as armas para a porta. Enid entra. 

    ⁃    Oi? - diz ela. 

    ⁃    Por que você não bateu? - pergunto enquanto Carl fechava a porta. 

    ⁃    Eu tô com isso. - me entrega um molho de chaves. - Não queria que pegassem. Eu vim dizer adeus. 

Bufei. Algo em mim queria dar uma bofetada na cara dela. 

    ⁃    Vigia a porta dos fundos e avisa se estiverem vindo. - ele diz a Enid.

Seguimos para o quarto e ela vem atrás de nós. Me sento na poltrona e abraço minhas pernas

    ⁃    Não vou ficar. - diz ela.

    ⁃    Não vai a lugar nenhum, senta ai e nos ajuda a proteger a Judith. Eles não vão entrar nessa casa, eu não vou deixar. 

Carl se senta no chão e ela se senta de costas pra ele, fazendo se apoiarem um no outro. 

    ⁃    São só pessoas. - diz Enid como se não fosse nada. - Esse lugar é grande mais pra proteger. 

    ⁃    Eles entraram mas vão morrer. - fala Carl.

    ⁃    Todos eles. - concordo. 


[...]


    ⁃    O que é isso? - pergunto apontando para um bilhete, estava escrito "Apenas sobreviva de algum jeito".

    ⁃    Enid deixou pra mim. 

Bufo, passou dos limites. Desço do balcão da cozinha e saio daquela casa o mais rápido possível. Carl vem atrás de mim e segura meu pulso fazendo nossos corpos se chocarem. 

    ⁃    Fique com ela, xerife! - falo tentando me soltar.

    ⁃    Isso está me saindo um tanto ciumento. - brinca ele.

    ⁃    Só nos seus sonhos. - revido. - Podem se casar e terem 7 filhos mas me deixem fora dessa. 

Ele ri. 

    ⁃    Sua percepção das coisas me impressiona. 

Sua mão se afrouxa e eu me solto. 

    ⁃    Como assim? - pergunto. 

    ⁃    Você ainda não percebeu que eu nem sequer gosto dela?

    ⁃    Mas ela gosta de você.

    ⁃    Eu não me importo, porque eu gosto mesmo é de você.

Abro um sorriso involuntariamente e volto meu olhar para o chão.

    ⁃    Vamos. - diz Carl e passa a mão sobre meu ombro. 

Andamos até a casa e a primeira pessoa que vejo é Michonne. Eles tinham voltado! Mas o sorriso que se formou em meu rosto some quando noto que ela estava parada ao lado de Maggie e com a mão em suas costas. Maggie parecia que a qualquer momento cairia no chão e Michonne estava com o rosto distorcido em raiva e tristeza. Acelero meu passo deixando Carl pra trás. Paro perto delas. 

    ⁃    Onde está meu irmão? - pergunto.

    ⁃    Nos separamos de Nicholas e Glenn. - começa Michonne - Ele pensou em começar um incêndio para afastar os zumbis. Tentei ir no lugar dele, eu queria. O incêndio não aconteceu, precisávamos continuar. Sinto muito. 

Foi um baque, como se eu me sentisse novamente quando percebi que não tinha ninguém. Continuei encarando o nada até que ouvi a risada de Glenn em minha cabeça. Talvez eu esteja ficando louca. Antes que pudesse notar meu rosto se encheu de lágrimas e um aperto enorme invadiu meu peito. Me virei e corri o mais rápido que pude em direção ao meu quarto. Ouço Carl me chamar mas ignoro e tranco a porta. 

Meu corpo ardia, como nunca ardeu antes. Como se tivesse sido espancada em cada milímetro de minha pele, como se tudo em mim doesse. E talvez seja real. Corro para o banheiro e abro a torneira do chuveiro vendo a água cair e formar uma pequena poça na banheira. Entro com roupa e tudo e abraço minhas pernas enquanto sinto a água gelada escorrer por meu rosto e cabelo, meu corpo todo tremia e as lágrimas de meu rosto se misturavam com o líquido que saía do chuveiro. 

Meu corpo doía, meu coração doía. O que eu faria se ele não voltasse? O que seria de mim sem ele? E se "ele" não existisse mais? É tudo minha culpa, eu resolvi ficar por medo de fazer alguém sofrer e agora eu estou sofrendo. Eu não imagino um mundo sem ele, eu voltaria a ser aquela garota sem família que mais parecia um dos zumbis. Eu só queria uma vida normal pra mim e principalmente pra ele, o que eu faria agora? Um soluço escapa de minha garganta e coloco minhas mãos no rosto numa tentativa de evitar engolir água. 

Ouço gritos me chamando do lado de fora e socos sendo depositados na porta. Ignoro todos eles, eu queria ficar sozinha. Eu era melhor sozinha, pelo menos eu acho. Ouço um estrondo forte de algo caindo no chão e me assusto, envolvendo meus dedos na raiz de meu cabelo. Poucos segundos depois vejo Carl entrar pela porta já aberta do banheiro, e seu olhar desesperado pareceu se aliviar. Ele some por meio segundo e volta com uma toalha em mãos.

- Como entrou aqui? - sussurro, enquanto ele fechava a torneira acima de minha cabeça. 

- Eu... hm... arrombei a porta. - admite ele sem-graça. 

Eu poderia rir disso, mas não estava com vontade de sorrir. 

- Ah. - foi o máximo que consegui responder. 

Ele me estende a mão e eu a pego, me levantando. Minha roupa encharcada deixa rastros de água por todo o chão e me arrepio toda quando uma rajada de vento passa por mim. Ele coloca a toalha em minhas costas e antes que pudesse me mover ele me abraça. Seu cheiro invade minhas narinas e percebo o quanto gostava daquilo, de seus braços em volta de mim e de sentir sua respiração em meu pescoço.  Isso só me faz chorar mais, e um soluço escapa de minha garganta novamente. 

- Nunca mais faça isso de novo. - ele pede. 

- O que? - pergunto, com a voz falha. 

- Me assustar desse jeito. Pensei que fosse fazer alguma bobeira. 

- Na família é só o Glenn que faz isso. - brinco, ainda sentindo uma pontada quando disse seu nome. 

- Nina, eu... - ele começa 

- Você me ama. Eu sei. - digo, sorrindo e ele me aperta mais contra seu corpo. 

[...] 

Carl fez questão de ficar comigo até que estivesse completamente seca e de roupa mudada. Ele passou a tarde comigo na sacada observando o portão, poderia ter uma ótima tarde se o imbecil do meu irmão estivesse em casa e seguro. Depois de garantir que eu estava controlada o suficiente para não pensar em me matar ele foi embora, a procura de alguma informação sobre meu irmão. 

Me deito na cama e encaro o teto, precisava de esperança. E ela não vinha. 
Abraço minhas pernas tentando fazer com que tudo dentro de mim permanecesse no lugar. Por que se tudo se desmanchasse estaria acabado. Maggie apareceu, e foi uma surpresa pra mim. Nunca fomos próximas, eu gostava dela mas nunca cheguei ao ponto de vê-la como parte da família. Ela me falou sobre sua gravidez, sobre acreditar que Glenn está vivo. "Eu acredito que ele está vivo, eu não o vi. Quando o ver vou decidir se posso sorrir ou chorar" depois dessa me deu mais esperança, esperança pra continuar. Sabia que não era a única triste. 

Me deitei de barriga pra cima. Eu não quero falsas expectativas, nunca vou querer. Mas eu precisava acreditar que ele iria voltar. Precisava acreditar que daqui a pouco eu iria acordar e ver que foi tudo um pesadelo. Doía lembrar dele. Tentei livrar esses pensamentos mas foi em vão. Duas batidas na porta me fazem pular na cama.

    ⁃    Você está bem? - perguntou Carl.

    ⁃    Ah sim, estou ótima. - revidei me virando para o outro lado. 

Ouvi a porta se fechar e senti a cama afundar ao meu lado. Ele me puxou pra ele, fazendo com que minha cabeça encostasse em seu peito.

    ⁃    Ele vai voltar. - diz ele. 

Minhas lágrimas voltam a escorrer. Eu não sabia o que sentia.

    ⁃    Não, não vai. Eu devia ter insistido mais, insistido pra ir com ele. Eu podia ter ajudado. Eu disse pra ele ter cuidado com Nicholas, mas ele não me ouviu. Ele nunca ouve. Toda essa luta, sem ele, não me serviu em nada. - falo a última parte mais alto. - Eu perdi a pessoa que mais amava no mundo, a pessoa com quem passei minha vida inteira. Ele sempre me protegeu, e quando ele estava em perigo eu não o protegi. Eu nunca fui boa com sentimentos, mas com ele era diferente, com ele sempre foi diferente. Você sabe como é perder alguém pelo qual daria tudo. Agora, eu não tenho nada. Não mais. 

    ⁃    Não, você está errada. Você tem a Maggie, tem o grupo, e esse lugar. E tem a mim também. 

Sequei minhas lágrimas com a manga do moletom e me virei pra ele. Senti seu hálito em meu nariz. Fazia cócegas. Estiquei o pescoço e selei nossos lábios num selinho demorado. Quando nos separamos ele abriu um sorriso. Ele sempre me ouvia, e nunca me abandonou. Ele me fazia feliz. Seus braços apertaram mais meu corpo contra o meu. Me aconcheguei melhor e fechei os olhos. Isso precisava passar, e com ele ficaria mais fácil.


Notas Finais


Resumi na Nina tudo o que senti quando o Glenn caiu da lixeira, pânico foi pouco pra descrever
Amo o Glenn e queria ter protegido ele kkkkjjjlagrimas
Espero que tenham gostado, até terça ❤️


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