História My Obsession - 2

    Por fim cumprimentei a mãe de Georg que como sempre estava muito sorridente e esbanjando simpatia, e ver que ela veio de Hamburgo para preparar minha comida preferida só me fazia gostar ainda mais dela como se fosse uma segunda mãe. Assim que ela disse que o jantar seria servido todos os meninos foram para a mesa e eu os acompanhei, tentei sentar o mais longe possível de Tom, que para minha infelicidade se sentou bem a minha frente. Eu ignorava cada olhar que ele me lançava, cada sorrindo que ele esboçava e cada palavra que ele falava. Já sabia que não seria fácil revê-lo, mesmo depois de tanto tempo não teve um dia que eu não batalhei contra mim mesma para esquecê-lo.

     Tentei parecer confortável naquela mesa, porém meus pensamentos estavam longes enquanto eu ouvia Bill e Georg engatarem em uma conversa qualquer e via Gustav acompanhando a mãe de Georg na cozinha para buscar mais algumas coisas. Os únicos que estavam em silêncio naquele instante era Tom e eu.

 — Quando foi que você passou a ser tão quieta? - Bill me vez voltar para o mundo real.

 — Oi? - olhei para ele no mesmo instante.

 — Tá vendo, nem escutou o que a gente estava falando - fiquei envergonhada ao ouvir aquilo.

 — Então me atualizem, do que vocês estavam falando? - respondi rápido.

 — Sobre você é claro - Georg me respondeu tão rápido quanto.

 — E o que vocês estavam falando sobre mim? - acabei rindo.

 — A gente quer saber o que aconteceu com você na Itália, você se formou em arquitetura? Você namorou ou casou com algum italiano? O que te aconteceu nesses seis anos? - perguntava Bill e eu podia sentir o olhar de Tom sobre mim.

 — Calma devagar - ergui as mãos para que ele acalmasse - Bom então lá vai, sim eu me formei em arquitetura, sim eu namorei, e não eu não me casei com um italiano - acabei rindo e fazendo com todos exceto Tom risse - E acho que muitas coisas aconteceram nesses seis anos - passei meus olhos sobre Tom que ainda me olhava.

 — Namorou por quanto tempo? - finalmente ouvi sua voz na conversa.

 — Dois anos Tom - respondi o mais normal possível.

 — Hum - ele bebeu um gole da cerveja que estava em sua frente.

 — Ah, e estávamos falando também que nós vamos à praia amanhã porque nós lembramos o quanto você gostava de ir lá - Georg disse animado.

 — Praia? - eu respondi sem demonstrar reação e percebi que quem demonstrou foi Tom que tossiu com o gole de cerveja que havia tomado.

     Tudo menos praia, minha melhor e consequentemente minha pior lembrança vinha de lá. Porque foi na praia que Tom e eu demos o nosso primeiro beijo e foi na praia que finalmente nós ficamos juntos.

                                                                             ****
                                                                             SEIS ANOS ATRÁS

     Eu tinha aceitado de uma vez por todas que eu estava perdidamente apaixonada por Tom Kaulitz, justo aquele que fica com mais de cinco mulheres em uma noite, aquele que trata todas elas como um objeto, aquele que quebra o coração de cada uma delas assim que o sol nasce. Eu me sentia péssima aceitando que aquilo era verdade. Eu nem ao menos tinha coragem de contar para ninguém, pois eu só conseguia pensar no que as pessoas pensariam quando eu contasse. Tom e eu juntos? Nós éramos quatro anos de diferença e eu só o via saindo com mulheres mais velhas que ele, então certamente ele me via ainda como uma criança e o que me restava era guardar todos aqueles pensamentos e sentimentos somente para mim.

    E eu pensava que nada mudaria, até que um dia o mesmo Georg deu a mesma ideia de irmos à praia para passarmos a virada do ano... Mal sabia eu que aquela era a pior ideia possível, porém eu aceitei ir com eles. E foi então que eu passei de menina apaixonada para menina iludida.

 
                                                                                           ****

  — Eu estou sabendo que tem um parque novo aqui em Berlim, a gente podia ir lá ao invés da praia - continuei falando quando percebi que eles estavam me olhando.

 — O que a Itália te fez? Desde quando você recusa ir para praia? - Bill falou sorrindo.

 — A Itália... A Itália não me fez nada - olhei pra Tom que agora desviava o olhar.

 — Se ela quer ir ao parque levem-a ao parque - por fim ele falou algo.

 — Qual é Tom, a Ria adora a praia, leve-a também para que a Liesel conheça a sua namorada - assim que Georg terminou de falar meus olhos encontraram fixamente os de Tom e tanto eu quanto ele ficamos sem reação alguma.

       Naquele momento tudo que eu conseguia lembrar era da voz de Tom me dizendo que jamais ele se apaixonaria por alguém e tudo que ele queria era diversão. Mas agora lá estava ele namorando. A palavra fidelidade e Tom Kaulitz não se encaixavam em uma mesma frase então eu não conseguia vê-lo comprometido com alguém. Durante todo tempo que eu passei longe deles eu nunca consegui pesquisar nada relacionado ao Tokio Hotel justamente para não saber nada do Tom então confesso que aquela notícia havia me deixado surpresa.

 — A Ria vai pra Paris amanhã de manhã - Tom finalmente falou alguma coisa quando ele viu que eu fiquei sem palavras.

 — E porque ela não veio com você? - questionou Georg.

 — Ela estava com dor de cabeça - percebi nitidamente que ele mentia - Na verdade eu disse que dormiria na casa dela hoje para levá-la ao aeroporto, então eu já vou indo. Fala pra sua mãe que eu só vim receber a Liesel - ele olhou pra mim e sorriu - E que a gente janta outro dia.

 — Obrigada Tom - foi tudo que eu consegui dizer.

 — Ah, se vocês forem à praia me avisem, eu adorarei voltar lá - ele ainda me olhava e eu apenas assenti.

    Georg o levou até a porta e eu continuei ali com Bill.

 — Gostou de rever o Tom? - naquele momento senti o meu corpo gelar.

 — Porque eu não iria gostar de vê-lo? - minha frase saiu mais segura que eu pensei que sairia.

 — Eu sei de tudo que aconteceu entre vocês Liesel - e então eu senti minha boca se abrir e minha voz não sair.

 — O jantar finalmente será servido - a mãe de Georg voltou para nos avisar.

 — Ótimo, diferentemente do meu irmão que quis ir embora eu estou morrendo de fome - Bill estava sorrindo enquanto eu ainda estava estática.

     Ninguém soube o que aconteceu entre Tom e eu, nem mesmo Georg. E foi por opção do Tom porque se tivesse sido por mim todos saberiam. Porém agora eu agradecia que ninguém soubesse. Mas como se eu acordasse de um sonho e voltasse a dormir e tivesse um pesadelo o Bill sabia de tudo e eu não sabia o que falar.