História My Obsession - Capítulo oito

O pequeno corpo do Park tremia.
Encontrava-se sentado no chão escorado ao roupeiro, abraçando os próprios joelhos e lágrimas espessas pendiam de seus cílios.
Estava apavorado com as hipóteses do que poderiam vir a acontecer, realmente apavorado.
Os olhos de Yoongi transbordavam superioridade e raiva. Maxilar travado e os pulsos serrados.
-Eu não lhe devo satisfações, Jin- Vociferou o dono dos pesadelos de Jimin. Não era mais Suga ali, infelizmente, "Min Yoongi iria ter que resolver as coisas".
-Até porque é super normal ter um garoto chorando baixinho trancado no seu quarto- Ironiza Jin, com desgosto podendo ser palpável sobre suas palavras.
Namjoon, que até então permanecia alheio a situação, chegou de ímpeto ao quarto, chocado ao deparar-se com o menor todo encolhido, chorando baixinho e com hematomas em seus pulsos.
-Que merda você fez aqui Suga?!- O recém chegado questiona, incrédulo.
-Eu já disse que não é da conta de ninguém! Podem por favor sair daqui?- Yoongi balbuciou, massageando as têmporas doloridas ao começo de uma dor de cabeça.
-Nós precisamos conversar sobre isso Suga, então... Prometemos que vamos ficar calados e escutar o que você tem para dizer, o que acha?- NamJoon sugere, dessa vez mais calmo.
Jimin pode sentir o gosto metálico do sangue, cortesia do mal hábito de morder os lábios quando nervoso.
As lagrimas que insistiam em cair já não vinham mais a tona. Era como se toda a água existente em seu corpo houvesse esvaido-se naquele momento.
Apenas os soluços baixinhos com o medo do que seu sequestrador poderia fazer, era o que podia-se ser ouvido vindo do pequeno Park.
-Enquanto vocês conversam, posso levar ele até a sala para secar o cabelo dele e cuidar destes cortes?- Pergunta o aluno de enfermagem.
Depois de alguns minutos de receio, Suga autoriza Jin a partir com Jimin até a sala de jantar, onde o mesmo cuidaria de seu prisioneiro.
Seu amado e doce prisioneiro.
Jimin tremeu involuntariamente quando Jin aproximou-se se seu corpo encolhido no canto do quarto.
Jin estendeu as mãos para o mesmo, que aceitou o apoio ainda receoso.
Um silencio cortante se estabeleceu no quarto até que Jin levasse o ruivo apoiado em seus ombros, para fora do cômodo.
-Tudo bem, agora pode explicar isto?
-Vou tentar- Suga ri fraco, e NamJoon permanece com sua expressão rígida e inmoldável de desgosto- Bom, tudo começou quando eu entrei para a mesma escola de Jimin. Eu o vi pela primeira vez no laboratório; terceiro ano, sala nove, aula de biologia- O garoto diz com um sorriso tímido, como se estivesse feliz e envergonhado de lembrar sobre a primeira vez em que havia posto os olhos em seu amado.
-Me poupe dos detalhes...
-Tudo bem... Bom, naquele dia eu já comecei a nutrir certo interesse pelo rapaz, mas até aí tudo bem, só que- Suga da uma pausa, suspirando pesadamente antes de continuar- Com o passar das semanas, a cada dia, eu me pegava pensando nele. Tinha ciúmes de qualquer um que chegasse perto dele, ficava o tempo todo olhando para ele no intervalo, e até desenhava caricaturas dele em meus cadernos, por mais bobo que possa parecer.
-É, realmente parece muito bobo.
-Qual a parte do "Prometo ficar calado e escutar o que você tem a dizer" que você não consegue cumprir?- Yoongi irrita-se.
-Ah fala sério Suga, você desenhava o rosto do menino no seu caderno, que meigo!- Namjoon ri, mesmo estando deveras bravo com seu amigo, a situação era de fato, muito propicia para tirar sarro com a cara de Suga.
-Continuando...- Yoongi o olha insinuativo- Eu me mudei da casa dos meus pais para um apartamento e, de verdade, foi mesmo coincidência ter sido no mesmo prédio no qual Jimin morava. A janela de seu quarto dava de frente com o meu, e eu ficava horas e horas o observando enquanto ele dormia.

"Meu Deus, isso soou tão doentio e obsessivo"

-Logo, o meu ultimo ano na escola acabou e fui para a faculdade. Jimin foi dois anos depois, mas infelizmente não para a mesma na qual eu estava.
Um certo dia, mais precisamente na terça, depois de passar meses planejando isso, eu o trouxe para cá- Finalizou a historia como se fosse algo muito simples- Alguma pergunta?
-Várias perguntas!- Namjoon ri em nervosismo- Deixe-me tentar entender... Você amava o menino, e então o sequestrou?!
-Exatamente- Suga da de ombros, ajeitando o cabelo para que não caísse sobre seus olhos.
-Mas, você pelo menos pensou em como a família dele vai reagir? E a faculdade? E...Tudo! Suga isso é loucura- Namjoon dizia rapidamente e em tom desesperado.
Pôs as mãos de forma amigável nos ombros do mais baixo, e apertou de leve o local- Pelo amor de Deus Suga, pense bem no que você está fazendo, isso é algo muito sério, você passou dos limites desta vez.
-Pare de ser tão perfeitinho e responsável uma vez na vida? Eu já liguei para seus amigos e tranquei a faculdade sem problemas, isso não vem ao caso- O loiro suspira cansado- Então, mais alguma pergunta?
O que você vai fazer com o garoto? Sabe, a longo prazo? – Perguntou. – Você pretende deixa-lo trancado aqui pelo resto da vida?
-Ele vai se apaixonar por mim, Namjoon- Suga falou, simplesmente. – Um dia ele vai, e eu vou poder liberta-lo aos poucos, porque ele vai continuar comigo, porém, por vontade própria. – Sorriu, mas o amigo parecia preocupado com sua sanidade mental.
-E, bom... E se ele não se apaixonar? Acha que um dia você vai se cansar desta coisa toda e vai deixa-lo ir?- O amigo pergunta receoso.
-Eu não posso simplesmente deixa-lo ir algum dia, teria que mata-lo então...- Suga responde com o semblante serio- Mas isso não vai acontecer Nam, ele vai se apaixonar por mim, sei disso- Sorriu, e desta vez, NamJoon tentou retribuir, mesmo que um pouco.
Entraram então em uma longa conversa sobre toda a situação, onde de leve, Namjoon tentava o aconselhar a pensar melhor sobre a situação.
Na sala, Jin terminava silenciosamente de secar os cabelos molhados do mais novo.
Assim que desligou o aparelho, um alivio percorreu o corpo do Park, que sem dúvidas já não aguentava mais o barulho ensurdecedor que o mesmo fazia.
-Então... Está mais calmo?- Jin pergunta pela primeira vez quebrando o silêncio.
-Acho que sim- Jimin balbucia, olhando para baixo enquanto brincava com os próprios dedos.
-Como é seu nome?- SeokJin pergunta, ajeitando de modo carinhoso a franja ruiva do mais novo.
-Park Jimin.
-Olá Jimin, eu sou o Jin- O loiro responde, e Jimin sorri fraco- Não precisa ter medo de mim, certo? Eu não posso denunciar o Suga, ajudar você a escapar ou algo assim, ele é o meu melhor amigo- Jin sorri amargurado, tentando convencer a sí mesmo- Mas, eu vou tentar te ajudar no que estiver ao meu alcance, certo?-
Essas falas destruíram toda e qualquer esperança que Jimin possuía de se ver livre daquele lugar.

"Mas é claro que eles não iriam se indispor com o Yoongi para me ajudar, que tolo eu"

-Tudo bem, eu entendo- Jimin suspirou pesadamente- Mas só... Tente aconselhar o Yoongi de que isso é muito errado, eu não aguento mais- Jimin fita o cão- Hoje completa cinco dias que estou aqui e, por Deus, estou enlouquecendo Jin!
-Eu te entendo, deve ser bem difícil manter a calma nesta situação- Jin coça a nuca, em dúvida de como ajeitar as coisas- O Suga não é uma pessoa má, ele só estava desesperado por um pouquinho da sua atenção, tente ter paciência com ele.
-Eu tento mas não dá... Eu tenho medo dele, as vezes raiva- Jimin suspira frustrado e apoia os cotovelos em seus joelhos, assim cobrindo o rosto com as mãos.
-Hey, calma... As coisas vão melhor um pouco- Jin tenta o consolar- Talvez Namjoon consiga o convencer de desistir desta loucura...
-Tomara- Diz o menor, as palavras saindo abafadas por suas mãos- Sabe, eu sempre sonhei em viver uma história de amor surpreendente, digna de um filme de Hollywood- O garoto ri amargurado- Mas não um maníaco que me sequestra.
-Avida tem dessas coisas... Eu nem sei o que te dizer- Jin abaixa o olhos, envergonhado.

"Vou mesmo deixar ele aqui para não magoar o Suga?"

O loiro estava confuso, mas não queria destruir sua amizade com Yoongi. Sabia que no final o amigo faria a coisa certa, ou pelo menos rezava por isso.
-Voltamos- Namjoon anuncia ao lado de Yoongi enquanto os mesmos adentram a sala.
Jimin se encolhe no sofá ao ver Suga chegando perto de sí e sentando ao seu lado.
-Acho que vamos indo agora, se fizer alguma besteira, eu juro que ignoro o carinho e respeito que tenho por você e levo o Jimin daqui- Jin ameaça o amigo, que ri fraco e assente.
-Vou ser bonzinho, prometo- Yoongi levanta os braços em sinal de rendição.
-Então... Acho que é isso- NamJoon se despede pelos dois, e Jin sai do local batendo o pé, nervoso.
Tinha medo de que ao virarem as costas, Suga pudesse cometer alguma loucura, mas a única coisa que podia fazer no momento, era torcer para que o amigo tivesse algum senso de compaixão para com Jimin.
Assim que o carro do casal já não pode mais ser visto, Yoongi puxa Jimin para seu colo e abraça o mesmo pela cintura.
-Hey meu príncipe, calma- Diz o mais velho acariciando os cabelos do Park- Não foi totalmente culpa sua, não vou lhe fazer nenhum mal.
Jimin agarra o garoto a sua frente com força, escondendo o rosto no peito do menor e chorando baixinho.
Estava chorando por Suga, enquanto era consolado por Suga.
Não havia sentido naquilo, era apenas um garoto carente e desesperado precisando chorar algumas lágrimas.
-Pronto, calma... Já passou, eu não vou te machucar Baby- Yoongi faz carinho nas costas do garoto em seu colo, e afaga seus cabelos de modo protetor.
Suga sabia que Jimin era um garoto extremamente frágil e doce. Sabia que ele não era do tipo que iria se rebelar o tempo todo, e sim chorar e se sentir indefeso, mas tudo o que Suga queria era poder proteger seu garoto daquele mundo cruel.
Queria poder cuidar dele, o tapar de madrugada quando ele se virasse tanto na cama que suas cobertas caíssem, fazer um chazinho para ele quando estivesse doente, fazer amor com ele quando se sentisse pronto, poder beija-lo quando se sentisse sozinho, dar palavras de carinho a ele quando estivesse triste por sua família...
Queria poder ama-lo e ser amado por ele.
Suga só queria uma chance de ser feliz.
-Vem, está tarde- O maior leva o garoto ainda em seu colo, e o repousa com cuidado na cama. Tapa o mesmo com as cobertas quentinhas e deita ao seu lado.
-Eu posso te perguntar uma coisa?- Suga sussurra, acariciando a cintura de Jimin.
O ruivo sentiu-se sujo por ter de admitir a sí mesmo que sentia algo quando o mais velho o tocava daquela forma.
Mesmo com dezessete anos, ele nunca havia dado mais que um beijo em matéria de relacionamentos.
-Claro.
-Você me odeia?
-É difícil explicar Suga. Eu me sinto estranho em relação a isso. Essa situação está me deixando louco, se fosse antes eu jamais gritaria com alguém ou sentiria raiva como eu sinto de você as vezes... Ao mesmo tempo que eu sinto raiva eu sinto medo e não sei como agir. Eu tentei fazer você me odiar, mas eu estou tão apavorado e com medo- Um lágrima cai solitária pelo delicado rosto de Jimin- Eu sinto falta da minha casa, falta dos meus amigos e da minha vida.
-Eu sei e me sinto tão mal com isso, você não tem noção- Suga segura uma de suas mãos- Quando eu te trouxe para cá eu apenas queria passar um tempo com você. Pensei mesmo que podia ser feliz contigo, mas... Você me trata tão mal e isso acaba comigo aos poucos. Nos primeiros dias você foi frio, petulante e tentou me agredir e agora, bom... Você me olha com medo, você treme quando eu estou perto de você. Isso está machucando meu coração, mas eu não posso te culpar por isso.
-Me desculpe, eu não queria ter tentado te agredir... Bom, eu queria, mas não estava pensando direito.
-Eu sei, te intendo- Suga da de ombros- Mas, sabe o que mais me machuca? Ontem a noite você me abraçou enquanto  dormia, você se aconchegou nos meus braços e parecia que ales eram o lugar mais seguro do mundo... Isso me matou por dentro, porque só dormindo você consegue chegar perto de mim.
-Me desculpe por aquilo também...
-E ainda teve agora ali na sala, você me abraçou- Yoongi sorrio- Você me abraçou sem estar sendo forcado a isso, mas eu sei que era porque estava com medo. Medo de mim e, por minha culpa, eu sou a única pessoa para quem você pode correr se estiver com medo-
Jimin engoliu em seco, sem saber o que falar.
Não podia negar que sentia algo quando estava perto do mais velho, se sentia protegido e ao mesmo tempo sentia medo, e isso o deixava confuso.
-Boa noite, Suga.