Independentemente do que tenha acontecido, dos erros que foram cometidos, o que verdadeiramente importa é que sempre existe uma nova oportunidade para recomeçar. Pessoas especiais surgem em nossas vidas quando menos esperamos. Consideramo-nos verdadeiramente sortudos quando temos a incrível oportunidade de encontrar alguém que nos faça sentir vivos novamente. Alguém que nos faça sentir completamente bem, tão bem quanto uma luz no meio da escuridão. Alguém com quem as coisas fluem tão facilmente e naturalmente quanto respirar... E é esse tipo de pessoa que devemos lutar para manter em nossas vidas.
Piper estacionou o carro com destreza na garagem do prédio, os faróis cortando a escuridão da manhã de quinta-feira enquanto ela desligava o motor. Com um suspiro de antecipação, ela pegou suas coisas do banco de trás: sua câmera profissional, cuidadosamente protegida em sua bolsa acolchoada, um tripé robusto e uma sacola de croissants recém-saídos do forno que comprara no pitoresco café no caminho para casa.
Era um horário desafiador, o céu ainda tingido de tons de azul profundo e preto quando Piper e Dayanara partiram para sua excursão fotográfica pela marina de Nova York ao amanhecer. A escolha meticulosa do horário não era por acaso. Era o momento em que a luz matinal pintava o cenário com uma delicadeza especial, tornando os contornos suaves e as cores mais vivas do que nunca. Era um espetáculo efêmero e mágico que só poderia ser capturado nas primeiras horas do dia, antes que o sol subisse alto demais no céu. O plano meticuloso exigia que Piper despertasse às quatro da manhã, deixando sua namorada ainda envolta em sono na cama quente e aconchegante.
Sim, Alex Vause agora era oficialmente a namorada de Piper Chapman. A decisão foi selada uma semana após uma memorável celebração em uma boate local, e ambas se sentiam incrivelmente sortudas por isso.
Na noite anterior à excursão fotográfica, Alex ofereceu-se para se juntar a Piper e Daya na marina. No entanto, Piper recusou gentilmente, consciente do cansaço de Alex devido ao trabalho árduo que enfrentava diariamente. Optando por não privá-la de preciosas horas de sono, Piper assegurou à sua amada que não precisava acompanhá-las, fazendo-a prometer que estaria na cama quando Piper voltasse para casa. Foi um gesto de cuidado e amor, uma maneira de garantir que Alex descansasse adequadamente, mesmo que isso significasse desfrutar da aventura matinal sem ela.
A difícil tarefa de Piper em se desvencilhar da cama revelou-se recompensadora, pois capturou registros incríveis durante toda a excursão, registros estes que seriam incluídos em sua próxima exposição. Cada clique da câmera era uma vitória sobre a preguiça matinal, e cada imagem capturada alimentava sua paixão pela arte da fotografia. Permaneceram na marina até as seis da manhã, testemunhando o espetáculo único do nascer do sol sobre a água calma, antes de finalmente arrumarem suas coisas e partirem. Após deixar Dayanara em seu apartamento, Piper dirigiu-se à cafeteria favorita de Alex, que afortunadamente já estava aberta. Lá, ela adquiriu os croissants que sabia serem os favoritos da morena, antecipando a reação calorosa que teriam ao compartilhar o café da manhã juntas. Ao destrancar a porta de seu apartamento, Piper largou a sacola de croissants na mesa da cozinha com cuidado, sentindo o aroma tentador se espalhar pelo ambiente. Com um suspiro de cansaço e contentamento, ela dispôs seus equipamentos no sofá, pronto para revisar as preciosas imagens capturadas mais tarde. Esgotada, seu único desejo naquele momento era voltar para a cama e se aconchegar no calor reconfortante de seu amor.
Ao abrir a porta do quarto em silêncio, Piper foi recebida pela visão reconfortante de sua namorada adormecida em sua cama, vestindo sua camisa de escritório e um short emprestado. A beleza serena da morena era de uma grandeza sobrenatural, e Piper se viu momentaneamente cativada pela tranquilidade de seu sono.
Uma ideia brilhante cruzou a mente de Piper, e ela sorriu ao se lembrar de algo. Voltou à sala de estar para pegar sua câmera, sentindo a empolgação crescer dentro dela. Ao retornar ao quarto, posicionou cuidadosamente a câmera pelo batente da porta, garantindo que capturaria a imagem perfeita de Alex. Com um toque de artista em sua alma, ela ajustou o enquadramento e, com o coração batendo mais rápido de excitação, clicou no botão do obturador, congelando aquele momento de serenidade em uma fotografia.
O som do obturador fez a morena se mexer, e ela abriu os olhos segundos depois, revelando seu olhar sonolento e adorável.
— Pipes? — Ela perguntou com a voz rouca, avistando Piper de pé pelo quadro da porta. — O que você está fazendo?
Piper sorriu, sentindo-se como uma criança travessa.
— Apreciando a vista.
Sentando-se, Alex encostou as costas na moldura da cama, esfregando o sono dos olhos. Pegou seus óculos na mesinha ao lado da cama, notando o que estava nas mãos de sua namorada.
— Você está fazendo o que eu acho que está fazendo? — Ela perguntou, erguendo uma sobrancelha com curiosidade.
— Sim. Você é tão linda quando dorme, eu não pude resistir. — Confessou Piper, com um sorriso travesso nos lábios.
— Pervertida! — Brincou Alex, enquanto ajustava seus óculos.
— Eu tenho que admitir, querida, você fica perfeita na minha cama. — Disse Piper com satisfação, apreciando a expressão sonolenta e adorável de Alex.
Alex revirou os olhos para ela, mas não pôde conter o sorriso que se formou em seus lábios.
— Volte para a cama. — Convidou Alex, acariciando o espaço ao seu lado. Piper não hesitou, tirando sua jaqueta enquanto se dirigia para o leito.
Alex a puxou para um beijo suave e a abraçou com firmeza quando ela estava perto o suficiente.
A jornalista tinha o hábito constante de abraçar Piper apertado, como se nunca quisesse deixá-la ir, como se estivesse temendo que ela pudesse desaparecer a qualquer momento. Ela geralmente fazia isso quando estavam separadas por um momento, e Piper adorava isso. Era um gesto que a fazia sentir-se amada, segura e cuidada, um lembrete reconfortante do vínculo profundo que compartilhavam.
Amadas. Estavam namorando há apenas um mês, mas ambas sabiam, sem sombra de dúvida, que estavam apaixonadas. Cada pequeno gesto e peculiaridade da outra as fascinavam continuamente. Como Alex rolava os olhos sempre que ouvia algo remotamente idiota de Piper. Ou como Piper mordia o lábio inferior quando estava concentrada. E, é claro, como ambas se entregavam de corpo e alma aos beijos intensos que trocavam.
— Como foi? — Alex perguntou enquanto Piper se acomodava ao seu lado na cama.
— Ótimo, consegui alguns registros incríveis. Estou cansada — Piper murmurou contra o pescoço de Alex. — e senti sua falta.
— Eu também senti sua falta. Por que você não volta a dormir? — Alex sugeriu, beijando o topo da cabeça de Piper com ternura.
Piper balançou a cabeça, desafiadoramente.
— Eu não quero, você sairá em breve. — Disse Piper, resistindo à ideia de voltar a dormir.
— Eu não vou. Liguei para o jornal e pedi para enviarem ao meu e-mail os artigos que eu tinha que editar, para que eu pudesse trabalhar hoje em casa. Ou posso ficar, se você quiser me manter aqui hoje. — Alex respondeu, com um sorriso nos lábios.
— Mesmo? — Piper perguntou, excitada com a perspectiva de ter Alex por perto o dia todo. — Eu gostaria de te manter aqui.
— Tudo bem, eu estarei aqui quando você acordar. Volte a dormir, Pipes. — disse Alex, acariciando gentilmente o rosto de Piper.
— Tudo bem. — concordou Piper, sentindo-se satisfeita com a promessa de ter Alex ao seu lado ao acordar. Aconchegou-se ainda mais com ela e logo adormeceu ao som suave dos toques de Alex.
Acordou mais tarde com os raios de sol suaves inundando o quarto, acariciando sua pele como um afago caloroso. Ao se espreguiçar na cama, Piper notou a ausência de Alex ao seu lado. Uma sensação momentânea de solidão a invadiu antes que ela percebesse os vestígios da presença da namorada no quarto: os sapatos de Alex arrumados cuidadosamente no canto, seu blazer e calça pendurados na cadeira ao lado da janela. Um sorriso brotou nos lábios de Piper, dissipando qualquer vestígio de preocupação.
Deslizando os pés pelo chão de madeira, Piper seguiu o aroma tentador de café fresco até a cozinha. Lá encontrou Alex, imersa na leitura do jornal enquanto saboreava o café da manhã. Seus cabelos pretos estavam presos em um coque bagunçado, uma visão tão familiar e reconfortante para Piper.
— Bom dia! — Cumprimentou Piper com entusiasmo ao entrar na cozinha. Alex dobrou o jornal, ajustando os óculos para olhar para ela. Seus olhos verdes brilhavam com a luz do sol que inundava a sala, dando-lhe um brilho cativante. — Alguém está maravilhosa em toda a glória desta manhã.
— Eu acredito que já estamos na tarde, Chapman. — Alex apontou para o relógio com um sorriso brincalhão, dando um último gole de café.
— Tudo bem, ignora mesmo o meu elogio. — Piper disse, fingindo um biquinho de desapontamento, e foi até a geladeira, derramando suco de laranja em um copo. Absorta na tarefa, não percebeu que Alex já estava de pé do seu assento e caminhava silenciosamente na direção dela, até que a loira sentiu os braços da outra envolverem sua cintura.
— Você também está maravilhosa, querida. — Alex sussurrou, colocando um beijo gentil no pescoço de Piper, que a fez estremecer levemente. A loira sorriu, colocando suas mãos sobre as de Alex em volta de sua cintura, apreciando o toque reconfortante da namorada.
— Você tem certeza que não terá problemas por não ir ao jornal hoje? — Piper perguntou com um sorriso, apreciando a confiança e a determinação de Alex.
— Na verdade não. Eu sou a editora-chefe, eu que dou as ordens. O que eles vão fazer se eu decidir trabalhar em casa? Nada. — Alex se gabou com um brilho travesso nos olhos, e Piper não pôde deixar de rir, sabendo que ela estava apenas brincando. — Mas sério, Pipes, não se preocupe. Eu já trabalhei em casa algumas vezes. — Alex depositou mais alguns beijos no pescoço de Piper, que fechou os olhos, apreciando a sensação de ter a namorada tão perto. A fotógrafa se entregava com esses pequenos momentos em que Alex era carinhosa e doce para ela; segurando sua mão, beijando suavemente sua bochecha, acariciando seu rosto quando acordavam de manhã, dando-lhe beijos longos... ela amava a sensação de que Alex fazia isso somente para ela e que estavam juntas.
— Fico feliz por você ficar. — Piper disse, girando para encará-la, seus olhos azuis brilhando com ternura.
— Eu também. — Alex inclinou-se para beijá-la, seus lábios encontrando-se suavemente em um gesto cheio de carinho e amor.
Elas desfrutaram dos croissants que Piper comprara naquela manhã, saboreando o café no sofá enquanto assistiam descontraídas "Como Se Fosse a Primeira Vez" no laptop da loira.
— Eu prefiro “Afinado no Amor” a este. — Brincou Alex nos primeiros dez minutos do filme.
— O cabelo da Drew está muito melhor neste. — Observou Piper com atenção, seus olhos azuis cintilando de diversão.
— Acho que os penteados de todos estão melhores neste filme.
Piper riu, concordando.
— Afinado no Amor foi em 1998; os penteados pareciam mais legais naquela época. Drew agora tem melhores habilidades de atuação.
— Bem, eu ainda acho que ET é o melhor filme dela, de qualquer forma.
Piper virou-se para encará-la, e Alex, tentando conter o riso, mordia o interior de sua bochecha.
— Al, cala a boca. — Alex riu e inclinou-se para beijá-la. A morena pegou Piper de surpresa, mas ela correspondeu logo em seguida. Os lábios se encontraram em um beijo apaixonado, e Alex segurou suavemente as bochechas da loira, aprofundando o contato, enquanto Piper se entregava ao toque com uma mistura de ternura e desejo.
Elas se entregaram ao beijo, suas línguas dançando em uma coreografia sensual. Piper parecia estar em sincronia com o corpo da morena, deslizando as mãos dentro de sua camisa, acariciando o comprimento de suas costas com as palmas das mãos, sentindo a textura suave da pele de Alex sob seus dedos.
E Alex esperava por esse momento, que finalmente dessem o passo que ela desejava; fazerem amor. O desejo que a morena sentia chegava a doer no íntimo. Mas quando as coisas ficavam intensas com os beijos, Piper sempre interrompia e se afastava para assistir televisão ou qualquer coisa, evitando aprofundar o momento. Piper sabia que Alex queria avançar mais rápido, mas a loira mal sabia que a morena estava à beira de perder o controle com todas as provocações. O desejo carnal que ela sentia a levava a tomar banhos frios para apagar o fogo que Piper acendia profundamente em seus ossos.
Apenas três dias atrás, trocavam carícias e beijos no estúdio de Piper, e Alex pensou que finalmente poderiam seguir adiante. O celular da loira tocou, e, embora Piper parecesse hesitante, ela se afastou de Alex pedindo desculpas e o atendeu. No caso de Alex, ela não se importaria se o mundo estivesse aos estilhaços, pois ter Piper Chapman nua e entregue totalmente ao seu amor, era um desejo que ultrapassava qualquer outro.
Quando a morena movia-se para depositar beijos no pescoço dela, sentiu uma pressão sobre seus ombros. Alex inclinou-se para ver as mãos de Piper empurrando-a de volta, não permitindo que a morena aprofundasse. Ambas estavam com a respiração quente de excitação e o clima carregado de desejo pairava entre elas.
— Al, podemos voltar a assistir? — Ela perguntou timidamente, mordendo o lábio.
— Ah. — Os ombros da morena caíram imediatamente. Você deveria saber, Alex. — Certo, desculpe... — Ela disse, recostando-se no sofá, tentando esconder sua decepção, como quando sempre acontecia.
Aparentemente, desta vez Alex não escondeu muito bem, pois Piper disse seu nome com urgência, segurando suas duas mãos nas dela, puxando-as até que a morena a olhasse corretamente.
— Alex, por favor, não pense nisso de maneira errada. — Piper pediu, sua voz transmitindo um pouco de pânico, com o medo de Alex não acreditar nela. O olhar da loira procurava desesperadamente o entendimento nos olhos de Alex, ansiosa para dissipar qualquer dúvida que pudesse pairar entre elas, como se temesse que um mal-entendido pudesse desestabilizar o delicado equilíbrio emocional entre as duas.
— Desculpa, é só que... — Alex passou a mão pelos cabelos, sua expressão revelando um misto de vulnerabilidade e receio. Seus olhos percorreram as feições preocupadas de Piper antes de descerem para as mãos entrelaçadas delas. — Às vezes me faz pensar que você não me quer dessa maneira. — Respondeu com a voz baixa e mais rouca, como se estivesse revelando um temor profundo que a assombrava. A atmosfera entre elas tornou-se densa.
— Não Al, isso não é verdade. Eu quero você em todos os sentidos, mais que tudo. — Os olhos verdes de Alex cresceram diante das palavras. O de Piper revelava a sinceridade e intensidade de seus sentimentos. Um sorriso terno surgiu nos lábios da loira, enquanto apertava suavemente as mãos de Alex. — Não fique tão chocada, Vause. Você sabe o quão irresistível é para mim.
Alex se permitiu dar um pequeno sorriso, seus olhos transmitindo gratidão e alívio.
— Você não está pronta? Você poderia me dizer, Pipes, e eu retardaria. — Alex ofereceu, sua preocupação evidente em cada palavra.
Piper sorriu abertamente, sentindo-se envolvida pelo carinho de Alex. O breve beijo entre elas foi repleto de uma paixão silenciosa, destacando a conexão especial que compartilhavam. A loira sentia-se mais apaixonada, pela consideração e respeito que a morena demonstrava a cada instante.
— Eu não estava, mas acho que... não, eu sei, sei que estou pronta agora. Mas eu tenho que te dizer algo primeiro.
— Dizer o quê? — Alex perguntou com curiosidade, seus olhos fixos nos de Piper, buscando entender o que ela queria compartilhar.
— É melhor se eu mostrar para você.
Alex estava envolta por uma sensação aguçada de curiosidade e suspense, deixando-se levar pelo silêncio enquanto Piper dirigia, conduzindo-as até o destino que tinha em mente.
Uma leve brisa balançava as folhas das árvores ao longo da estrada, enquanto o som do motor ecoava suavemente no interior do veículo. Um olhar entre ela e Piper foi trocado antes de Alex se libertar do cinto de segurança e sair do veículo.
— Vamos. — Piper disse, estendendo sua mão em direção à namorada. Juntas, caminharam pelas alamedas ladeadas por túmulos altos, muitos deles desgastados pelo tempo. Não houve perguntas sobre o porquê de estarem ali ou a quem pretendiam visitar; era uma compreensão mútua, um conhecimento implícito do destino final da jornada.
Uma leve brisa balançava as folhas das árvores ao longo da estrada, enquanto o som do motor ecoava suavemente no interior do veículo. Alex sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto observava as lápides ao redor, cada uma contando uma história silenciosa de vidas passadas. Um olhar entre ela e Piper foi trocado. A loira desligou o motor e, em um gesto silencioso, saiu do carro. Alex seguiu-a, deixando-se guiar por um misto de curiosidade e respeito diante daquele lugar sagrado para tantas pessoas.
— Vamos. — Piper disse suavemente, estendendo sua mão em direção à namorada. Juntas, caminharam pelas alamedas ladeadas por túmulos altos, muitos deles desgastados pelo tempo. O solo irregular sob seus pés emitia um leve ruído enquanto avançavam, criando uma trilha sonora sombria para sua jornada.
Piper desacelerou e parou diante de uma cruz de aparência resistida, com cerca de três metros de altura. Alex direcionou seu olhar para as inscrições no marcador da sepultura ao pé da cruz:
Alice Abraham Bloom
"Um único ser nos falta, e fica tudo deserto.
Segura nas tranquilas restaurações do passado.
N: 15 de Março de 1985
M: 20 de Setembro de 2013."
— Ei, Lice. — Piper disse suavemente, seu tom era como se ela falasse com uma velha amiga. A loira olhou para Alex, transmitindo uma mistura de sentimentos profundos.
— Quem é ela? — Ela perguntou suavemente, sentindo-se tocada pela atmosfera solene do local.
— Alice foi minha namorada por três anos até morrer há quatro anos. — Piper registrou surpresa no rosto de Alex com sua revelação, compartilhando uma parte íntima de sua vida. — Nós nos conhecemos quando eu comecei a universidade.
Alex balançou a cabeça gentilmente, absorvendo as informações com respeito.
— Ela também estava no seu curso?
— Sim, ela era o destaque de lá e eu tinha que manter as minhas notas boas, aí ela se ofereceu para ajudar e nos aproximamos. — Piper sorriu lembrando-se, revivendo momentos de sua juventude.
— Como ela faleceu?
— Acidente de carro, foi repentino. Minha mãe conheceu sua família um tempo depois, sem saber que tínhamos um relacionamento. Ela era irmã de Larry Bloom, homem que minha mãe até hoje julga ser o certo para mim. Quando Larry soube da nossa relação e das intenções de minha mãe em relação a nós dois, ele foi correndo para contar a ela. — Piper prendeu a respiração lembrando-se, mas soltou, levando um tempo para continuar. Alex apertou sua mão, oferecendo apoio silencioso. — Foi um alvoroço. Minha mãe enlouqueceu, foi até sua casa e a proibiu de me ver. E me proibiu de vê-la. Larry foi agressivo com ela também porque ele me queria. E no mesmo dia eu combinei de nos encontrarmos, pois estava decidida a fugir o mais longe possível daquelas pessoas com ela. Estava indo ao meu encontro quando seu carro foi atingido por um caminhão. Ela faleceu no local.
Alex acenou com a cabeça, incentivando Piper a continuar, enquanto seu coração apertava com a intensidade da história que se desenrolava diante dela. A dor, a tristeza e a coragem que Piper exibia em suas palavras eram tão palpáveis que era como se estivesse revivendo cada momento junto com ela.
— Quando soube, foi como se o chão se abrisse sob meus pés. Não conseguia comer, dormir... Porra, cheguei tão perto de desistir, sempre me culpando pela morte dela. Parei de frequentar a faculdade por um semestre, simplesmente não conseguia lidar com isso. — Piper engoliu em seco algumas vezes antes de continuar. — Todos estavam preocupados comigo, eu me afundava em álcool todos os dias. Me tranquei no quarto, recusando-me a sair, a falar com alguém, porque cada coisa me remetia a ela, à dor de perdê-la para sempre. Mas depois de seis meses nesse inferno, Cal finalmente conseguiu me fazer abrir os olhos. Percebi que Alice não iria querer que eu me autodestruísse. Então, retomei meus estudos e fui aperfeiçoá-los em Roma.
As palavras de Piper ecoavam pelo ar, carregadas de uma dor profunda e uma angústia que Alex podia sentir reverberando em seu próprio coração. Ela engoliu em seco, lutando para conter as próprias emoções diante da confissão tão íntima de sua namorada. A mente de Alex mergulhou nas sombras do passado de Piper, imaginando a tormenta emocional que ela havia enfrentado sozinha. Ela se viu refletida nas palavras de Piper, compreendendo a sensação de desolação que parecia consumir tudo ao redor.
Alex sentiu um nó se formar em sua garganta.
— Piper... — A voz de Alex falhou por um momento, as palavras lutando para encontrar seu caminho através da turbulência de suas próprias emoções. — Eu... Eu não sei o que dizer. Você deve ter a amado muito, Pipes.
Seus olhos encontraram os de Piper, buscando conforto e conexão naquele momento de vulnerabilidade mútua. Ela assentiu, seus olhos azuis refletindo a tristeza.
— Eu pensava que passaria o resto da minha vida ao lado dela, sabe? Talvez teria sido assim, se ela não tivesse partido. — Um sorriso triste tingiu suas bochechas.
Mesmo que fosse doloroso imaginar um universo onde Alice ainda estivesse viva e onde Alex nunca tivesse entrado em sua vida, a ideia de segurá-la novamente, de senti-la, era difícil e doloroso de imaginar.
— Desde então, evitei qualquer tipo de relacionamento, apenas ficava, sem envolvimento físico. Nunca permiti que alguém me tocasse profundamente depois de perdê-la. Eu me sentia tão frágil, tão vulnerável. Não encontrei alguém em quem pudesse confiar completamente, até você aparecer. — Alex engoliu em seco, sentindo o peso da confissão de Piper. Seus olhos se encontraram com os profundos e perigosamente belos olhos azuis dela. Segurou a mão de Piper firmemente, transmitindo silenciosamente seu apoio e compreensão diante da carga emocional que acabara de compartilhar.
— Eu não vou deixar que nada te quebre, Pipes. Estarei aqui para cuidar de você.
— Eu sei.
A morena envolveu suavemente Piper pela cintura, seus dedos desenhando círculos reconfortantes enquanto seus olhares se encontravam ternamente. Nos olhos de Alex, havia uma promessa silenciosa de estar presente, apoiar e proteger.
— Obrigada por compartilhar isso comigo, eu sei que não é fácil. — Alex murmurou com ternura, sua expressão refletindo um profundo respeito pela coragem de Piper.
Piper assentiu, sentindo-se ainda mais conectada àquela mulher que compreendia suas cicatrizes e aceitava cada pedaço dela.
— Você merece saber, Al. Você ganhou meu coração. — Um sorriso triste, mas cheio de gratidão, iluminou o rosto de Piper.
— Você é uma pessoa incrível.
Piper piscou, surpresa com o elogio inesperado. Um sorriso confuso adornou seus lábios enquanto ela olhava nos olhos intensos de Alex, sempre belos e brilhantes para ela.
— Eu sou? — Questionou, buscando compreender a profundidade das palavras de sua namorada.
— Sim, você é. — Alex afirmou com convicção, seus olhos refletindo admiração genuína. Um sorriso iluminou o rosto da loira, e ela se inclinou para Alex, entregando-lhe um beijo suave, repleto de carinho e gratidão.
Elas partiram do lugar carregando consigo algo vital entre ambas; o relacionamento delas estava agora imbuído de uma nova camada de compreensão e fortalecimento. Uma conexão que transcendia o físico. Era como se, naquele momento, tivessem descoberto uma nova dimensão do amor que compartilhavam, um amor que podia suportar não apenas a paixão, mas também a dor e a vulnerabilidade. Juntas, caminhavam em direção ao futuro, fortalecidas pelo entendimento mútuo que tinham alcançado.
— Eu quero que você adiante o seu trabalho e venha para cá de volta esta noite. — Piper disse com firmeza enquanto caminhavam na frente do apartamento da loira. Seu pedido carregava consigo a urgência do desejo, e a proposta enviou uma onda de emoções percorrendo as veias de ambas. O olhar intenso de Piper encontrou os olhos de Alex, comunicando silenciosamente a intensidade do que compartilhavam.
— Eu estarei aqui. — A resposta de Alex foi sussurrada, sua voz carregada de uma promessa silenciosa. Em seguida, ela se inclinou para beijar Piper, um beijo que transcendia o físico, transmitindo a antecipação do que estava por vir e a promessa de uma noite repleta de significado e conexão profunda. — Esta noite. — Sussurrou contra seus lábios.
— Esta noite. — Piper concordou, mordendo levemente o lábio inferior da morena antes de se afastar. Seus olhos expressavam a expectativa e a antecipação do que estava por vir.
Como disse Martha Medeiros: "Você não ama outras pessoas pelas qualidades que elas têm. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Você se apaixona pelos detalhes, pela fragilidade que se revela quando menos se espera."
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