História My Romance Book - Capítulo Único

Levy McGarden era considerada a mais inteligente do seu grupinho de amigas, porém, a mais sozinha de todas. Não que invejasse os incontáveis relacionamentos de Lucy Heartfilia, o longínquo namoro de Erza com Jellal ou como Wendy conseguia milhares de seguidores em suas redes sociais por parecer anos mais nova. 

Afinal, tudo que Levy mais desejava a acompanhava para todos os lugares que ia: estavam todos dentro de seus enormes livros com uma alta quantidade de folhas e histórias mirabolantes de fantasia com mocinhos que fariam qualquer pessoa suspirar. O maior sonho da estudante de letras, além de ser uma renomada autora de fantasia, era poder viver um romance como as personagens que encantaram sua mente. 

Porém, Levy nunca seria como tais. Era baixinha, seu corpo era reto e não tinha nada curvilíneo, usava óculos de armações grossas e lentes ainda maiores, seus cabelos eram desgrenhados e nada que os deixasse alinhados. Ela era estranha e incomum, não do modo que as escritoras e adaptações mostravam; como dizia Evergreen, uma conhecida de sua família, em alguns países não sabiam o que significava “estranho” ou “incomum” então usavam a foto dela para exemplificar. 

A jovem amante da leitura já havia se apaixonado diversas vezes, não apenas por aqueles homens maravilhosos que apenas existiam nas páginas, mas por aqueles que eram reais. Laxus, Natsu, Rogue, Sting, Bickslow entre outros que passaram por sua mísera e rotineira vida, mas nenhum realmente gostou dela para tentar ter algo com ela. Talvez seja este o motivo de McGarden ser a única a ser solteira em sua roda de amizade, além de planejar frases bonitas para fotos e passeios de casais, tudo que desejava fazer caso arranje um namoro. 

Ela já estava acostumada com tudo isso, se conformando apenas com o romance que trabalharia em seu livro de fantasia sobre criaturas de diversas mitologias. Ou era isso que pensava até conhecer Gajeel, o rapaz de feições vilanescas de forta cartunizada que já tinha conhecido em sua vida, mas não era de todo ruim. 

Gajeel Redfox, estudante de mecatrônica e aspirante a cantor. Piercings, tatuagens tribais dos anos noventa, cabelos longos e emaranhados que nunca viram uma escova de cabelo na vida, roupas escuras e gastas, voz de gralha esganiçada com uma guitarra desafinada. O tipo de pessoa que Levy queria o mais longe possível, principalmente, pelo medo de contrair piolhos daqueles cabelos longos. 

Apesar disso, a vida e destino quiseram o contrário, os unindo pela força do ódio de um estagiário que acabou os inscrevendo no mesmo quarto compartilhado da faculdade; mesmo com as desavenças iniciais, Redfox protegeu Levy de um delinquente que tentou assaltá-la, fazendo empatia florescer no coração de ambos. Gajeel vivia roubando os manuscritos de McGarden para dar pitacos no enredo do livro que estava sendo produzido enquanto Levy começou a ajudá-lo a cuidar do cabelo e dos piercings; antes que pudessem perceber, estavam mais unidos do que qualquer casal oficial do campus. 

A escritora que desejava viver um romance com itinerário pronto, acabou cedendo a todos impulsos e desejos que o rapaz causava nela, desde experimentar bebidas alcoólicas fortes até perder a virgindade sem um compromisso firmado. Foi então que ela percebeu que não nasceu para ser a protagonista boazinha que todos vivem babando ovo, Levy nasceu para ser a anti-heroína que vive um relacionamento com um vilão. 

Não que um príncipe pomposo de armadura brilhante seja ruim, afinal, todos desejam estabilidade. Mas isso não tinha mais graça para Levy McGarden e Gajeel Redfox, a escritora amava ter um vilão que faria o mundo ruir por ela ou quando se transformava num monstro em busca de um prazer insaciável que a fodia até ver estrelas no teto branco qualquer. 

Gajeel foi o tipo de um vilão monstruoso que mostrou seu coração bondoso para a única pessoa que confiava, levando a inocência e coerência para longe da estudante de letras. Se Levy desejasse incendiar o mundo e ver tudo virar míseras cinzas, Redfox iria riscar os fósforos e ficaria ao lado de sua amada sorrindo. 

Afinal, o lobo mau sempre saberá comer melhor a chapeuzinho do que o caçador. Ele a escuta melhor, a vê melhor e a sente melhor do que qualquer um; romance não precisaria de um mocinhos, às vezes, um amor de vilão era melhor e mais intenso, McGarden até mesmo decidiu trilhar seu livro por este meio.