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História My salty passion - O amor tem gosto de bacon (Gijinka) - Unilateral


Escrita por: SouTapioca

Notas do Autor


Primeiro capítulo do ano, no dia Alemanha/Brasil, huh?
Porque todo dia é um 7x1 diferente.
Na história não podia ser diferente... Boa leitura :)

Capítulo 38 - Unilateral


_Baconzitos_

 

- Filho, você pode me dizer qual o problema, se quiser – minha mãe falou casualmente enquanto amassava a massa dos salgadinhos. Eu havia chegado da escola, colocado meu avental e negado o almoço, embora tivesse tentado responder a todas as perguntas que ela fazia da melhor forma possível, estava chateado. Não era algo que dava para esconder, ainda mais da pessoa que me conhecia tão bem.

Era engraçado que eu ficasse assim por causa do Doritos, já que mesmo quando estava incomodado com minha falta de amizades e com algumas pessoas me tratando mal, conseguia disfarçar bem meus sentimentos. Estava inquieto e não parava de pensar nele, embora tentasse repetir a todo custo a mim mesmo para não pensar mais nisso.

- Você está gostando de alguém? – perguntou no mesmo tom casual, rapidamente a massa já estava pronta e ela estava dividindo-a em partes para serem trabalhadas.

- Você quer que eu molde os salgadinhos? – tentei fingir que não tinha ouvido, atropelando sua frase com a pergunta.

- Filho, tire esse avental, por favor – ela usou um tom autoritário, porém gentil.

Eu desamarrei o avental e coloquei em cima da mesa.

- Tire as luvas também - mais uma vez, obedeci – agora olhe pra mim e diga o que eu ofereci pro almoço hoje.

- Lasanha? – droga, eu não lembrava mesmo.

- Não, eu ofereci macarronada. Além disso, é a sua preferida com molho branco.

- Ah...

- Você não precisa esconder nada de mim – ela usou um tom mais doce e aconchegante agora, claro que sabia que não estava bem, mas eu não queria preocupa-la.

- Eu estou bem, mãe – assenti com a cabeça, por algum motivo quando ela falava assim e eu precisava dizer que estava bem, só me dava uma vontade de chorar... que idiota.

- Mesmo? – devia ser proibido fazer essa pergunta olhando nos olhos da outra pessoa. Me segurei, respirando fundo. Resolvi contar a verdade, pelo menos uma parte dela.

- Não... eu quero muito... ver uma pessoa.

- E o que te impede? Vocês não estudam juntos? – eu balancei a cabeça, negando – então porque você não faz uma visita a essa pessoa?

- Uma visita, mãe?

- É, por que não? Se o problema for só querer ver alguém, é só ir ver essa pessoa. Eu deixo.

- Você sempre deixa – sorri, embaraçado por ser minha mãe a estar me dando apoio moral.

- Eu confio em você, você pode ir de ônibus?

- Sim – balancei a cabeça - eu vou me arrumar – resolvi.

- Melhor assim. Meus salgados iriam sair horríveis se você continuasse olhando a massa fixamente com a cara que estava - ela brincou.

- Obrigado – eu ri, indo para o banheiro.

 

 

 

O porteiro deve ter me reconhecido ou não deve ter dado muita importância para um adolescente desacompanhado, pois percebi que ele não fizera nenhuma ligação para o apartamento de Doritos, apenas abrindo o portão para mim e dizendo um "ok". Talvez também ele já estivesse acostumado com adolescentes entrando naquele apartamento; pensei se deveria pedir que ele avisasse, para não chegar assim do nada, mas... eu já estava dentro e.... não quis voltar, estava nervoso.

Que iria dizer? Me perguntava isso faz tanto tempo, eu esperava que essa tensão passasse na hora, pois de algum jeito, por mais estranho que fosse, Dori sempre conseguia me deixar calmo ao seu lado. Isso devia ser porque eu.... gosto muito dele, eu queria tantas coisas... Um dia será que vou ter coragem de admitir para mim mesmo o que quero? Eu torço para que consiga expressar pelo menos metade do que desejo. Um dia.

O elevador parecia uma breve caixa de meditação, e várias coisas passavam na minha mente enquanto eu alternava meu olhar no reflexo de mim mesmo, e nos andares passando... Quando finalmente toquei a campainha, e ouvi a sua voz, juntei minhas mãos e esperei.

- Baconzitos? – Ruffles apareceu na brecha da porta semiaberta, o que me deixou surpreso apenas o tempo de ver Dori aparecer atrás dele, com um copo de suco na mão e sem blusa.

- Baconzitos? – Dori repetiu as palavras do amigo. Três pessoas aparentemente surpresas, por motivos e talvez, sentimentos diferentes.

- Eu... – tentei dizer alguma coisa, mas o que iria dizer? Que ele havia prometido me encontrar e como não apareceu eu vim procura-lo? Poderia soar mais necessitado que isso?

- Você quer entrar? – Ruffles perguntou, tentando dar um sorriso amigável – Eu já estava de saída, Dori...

- Não, você não estava – disse sem pensar, por algum motivo Doritos não falava nada, não fazia nada, apenas olhava para nós dois. Sua falta de atitude me desapontou um pouco. Pelo visto ele só tinha atitude quando estávamos sozinhos... Era de se esperar que fosse assim, afinal.

- Como? – o loiro estranhou minha reação.

- Eu que cheguei num momento... errado. Desculpe – me virei, poderíamos falar depois, era estranho encontrar os dois juntos ali, pois lembrava de quando foi o contrário; e quando foi Ruffles que havia deixado Doritos, o laranja tinha ido atrás dele. Será que ele viria atrás de mim?

- Baconzitos – ele chamou antes que eu andasse. Saindo do apartamento e fechando a porta atrás de si. Assim, ficou claro que ele não me convidaria para ficar.

- Você sabe por que eu vim aqui? – perguntei, tentando controlar minha frustração.

- Sei, mas não esperava que você viesse.

- O que quer dizer com isso?

- Eu vou te levar até lá em baixo, tá bom? – ele falou se aproximando de mim, mas virou o rosto e foi em direção ao elevador. Eu bufei atrás dele, mas o acompanhei. Se ele queria assim, seria assim.Como sempre, ele tinha esse poder. 

Ficamos em silêncio, já que não éramos só nós dois no elevador, quando chegamos na parte externa do prédio, ele caminhou na frente para a parte que tinha um playground para crianças, mas não estava sendo utilizado. O motivo não era difícil de entender, já que estava bastante nublado e o chão ainda tinha marcas de pingos de chuva leves.

- Obrigado – ele parou e se virou de frente para mim – por se preocupar comigo de novo, mas está tudo bem, estou bem com tudo isso.

- Com tudo isso...? – perguntei baixinho, tentando esquecer que ele estava sem blusa.

- Desculpa tê-lo deixado esperando hoje mais cedo, não esqueci de você, eu só... não tive coragem de ir até você.

Como assim ele não teve coragem de ir até mim? Desde o começo quem sempre insistiu em vir até mim era ele.

- Por quê? – eu sentia e tinha receio do clima estranho que se instalava entre nós dois, eu queria sair disso, queria que ficasse tudo claro de vez, tudo bem.

- Por que você veio até aqui?

- Você me disse que sabia.

- É, eu sei, e é por isso que eu tenho mais raiva de mim mesmo.

- Não tem problema – tentei me aproximar dele – não precisa se preocupar, eu não ligo pro...

- Eu sei que você não se importa – ele disse alto, mas depois baixou o tom – mas eu me importo.

- Quem devia se importar não era eu?

- Hã? – ele piscou os olhos, aparentemente confuso.

- Eu que fiquei te esperando e você não apareceu – tentei sorrir para ele, que franziu a testa.

- Isso é um tipo de piada para descontrair?

- Se serviu, é – Dori deu um meio-sorriso, o que me deixou mais aliviado.

- Enfim, tem algo que eu queria te falar... – ele passou o cabelo na mão pela milésima vez desde o começo da nossa conversa, respirando fundo – é por me importar tanto, que eu... eu não quero que você me procure mais.

- O quê?

- Eu preciso... pensar em algumas coisas... sozinho. Na verdade, eu tenho muitas coisas para resolver.... Não é a primeira vez, nem a segunda, que você me procura ou se preocupa comigo, eu não consigo mais aceitar isso.

Levei um tempo para digerir as palavras que chegavam com dificuldade à minha mente. Doritos, com seus cabelos laranjas já assanhados pelo tanto que mexia neles, olhava para o chão e para o lado, nunca para mim. Sempre em silêncio.

- Você... não aceita minha preocupação...? ou não me aceita? – as palavras saíam a medida que meus pensamentos se formavam, sem que eu pudesse controlar – tudo sempre é sobre você, não é mesmo? Você que decide quando quer me ver, quando eu sou conveniente, e quando eu deixo de ser, você também decide por nós dois que não vai me ver mais...

Doritos parecia assustado com o que eu dizia, não sei se pelo significado, pela dificuldade com que eu pronunciava as palavras, ou talvez pelo som de choro preso que era facilmente notado pela minha voz.

- Existe um nome pra esse tipo de atitude, e é egoísmo. Você é egoísta, acha que pode decidir tudo por si mesmo, na verdade, você acha que pode tudo sozinho! Mas acho que o pior, o que mais me impressiona, é que você é um covarde. Não teve coragem de ir me ver? Então preferiu se esconder aqui no conforto do seu apartamento e esperar que EU que tivesse a coragem de vir até aqui por você? Seu... idiota!

Seu rosto estava vermelho enquanto ele me encarava, suas pernas mexiam nervosamente, não tinha mais como esconder que meu olho estava embaçado e algumas lágrimas rolavam pela minha bochecha, mas me consolei ao ver que a coloração do seu rosto também era por causa de algumas lágrimas, embora ele mantivesse uma expressão séria.

- Essa é a última vez que eu faço algo que você me pede – disse, virando-me e indo embora, dessa vez não gostaria que ele me chamasse, nem ele o fez.

O ponto de ônibus não era longe, mas resolvi andar até o ponto em que conseguisse me controlar, tinha vergonha de ser visto assim, tinha vergonha de estar assim. Naquela situação, eu não poderia voltar e encarar minha mãe com suas perguntas; se eu voltasse pior do que quando saí, só a deixaria mais preocupada.

Minha mente estava quase em branco, sentia-me tolo e imaturo, não queria ninguém para me julgar, porque já me julgava a cada segundo por ter sido tão idiota. Só havia um lugar que eu poderia ir, e agradeci mentalmente porque, claramente, amigos de infância são os únicos amigos que existem nessas horas, e tinha certeza que minha mãe deixaria eu passar a noite na casa do Fandangos se eu ligasse para pedir.


Notas Finais


Oie para todos ♥
Oie para os que me acompanham faz tempo, e para os que me acompanham faz pouco tempo!
Tudo bom? Meu domingo foi bem chato :| ....

Enfim, caso não tenha ficado claro:
Baconzitos não sabe o que aconteceu com Dori, da fofoca e tudo mais. E Dori pensa que Baconzitos sabe.
Então a conversa foi interpretada de formas diferentes pelos dois.

Coitados :<

Obrigada pelo carinho ♥
Bjus *33*


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