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História My sweet winter cherry blossom - Uma aula de astronomia e astrologia


Escrita por: mysunandstars_

Capítulo 13 - Uma aula de astronomia e astrologia


Os dois continuaram ali no telhado por algum tempo, sem fazer nada além de falar sobre coisas aleatórias. No momento estavam deitados lado a lado olhando as estrelas, enquanto ela estudava o mapa que ele havia desenhado e o comparava com mapas online de constelações.

-Você errou feio com a localização dessa aqui. – Disse ela, soando como uma professora desapontada.

-Errei onde?! Olha só o desenho! É igualzinho.

-Igualzinho?! – Ela virou o rosto para olhar para ele. De novo aquele impulso idiota de o olhar, para encontrar apenas um uniforme. Enquanto ele estava deitado daquele jeito, parecia até que o uniforme era uma concha vazia, sem nada dentro, e que ela estava falando com um monte de pano como uma louca. Suspirou e voltou seus olhos para o céu noturno mais uma vez. –Essa máscara deve estar obscurecendo sua visão. – Ela apontou para celular e, em seguida, para o vasto espaço sobre eles. –Olha só. Algo sobre observar as estrelas é que é fácil se confundir se não prestarmos atenção.

-Eu não quero virar um nerd estelar como você.

-Nerd estelar? Meu Deus. – Ela respondeu, rindo. –Você disse que eu te inspirei a olhar as estrelas!

-Sim, mas só um pouquinho! Só sei que elas são brilhantes. E que estão mortas. Certo? As estrelas que brilham assim e que conseguimos ver estão mortas. Para quê aprender o nome delas, então?

-Sim, estão mortas, assim como seus neurônios... Parecem tão brilhantes às vezes, beeeem de longe, por causa do ar misterioso ao seu redor. Mas na verdade já desapareceram faz séculos.

-Mas você gosta delas. Então quer dizer que também gosta dos meus neurônios, que parecem brilhantes de longe, mesmo estando mortos? – Questionou, brincalhão, se virando para ficar deitado de lado e apoiar a mão no próprio queixo, a observando. Ela pareceu tentar conter um sorriso, mas não conseguiu. Seu sorriso era brilhante e ela tentava escondê-lo toda vez que ouvia uma piada ruim, mas sempre parecia ter dificuldade com isso. Sorrir parecia fazer parte da natureza dela, algo que ela devia fazer com a mesma frequência que respirava em algum momento durante seu passado. Ele se perguntava se estava certo. E se estava, quando e porque isso havia mudado.

-Você é um idiota. – Ela respondeu, ainda sorrindo.

-Você devia sorrir mais vezes.

-Está tentando me dizer o que fazer, é?

-Não, mas sorrir faz bem, sabia? Faz bem para a saúde. Você parece muito séria. Está sempre com essa cara de preocupada e durona, parece uma parede. Pode ser um pouco assustador. Ainda mais com essa sua altura.

-Primeiramente, eu não sou muito séria. E o que tem minha altura?!

-Você é bem alta. E aí fica séria o tempo todo e todos falam que tem medo de falar com você.

-Você é que é baixinho!

-Eu e praticamente todos os outros esportistas?

-Sim! E quem é que fala isso de mim?

-Até os lutadores tem medo de falar com você.

-Como sabe dessas coisas se ninguém fala com você também?

-Eu ouço por aí. Estão falando que somos um casal bizarro, porque ninguém sabe nada sobre nós. Acho que logo logo vão estar escrevendo histórias macabras sobre a gente. Quem sabe não ganhamos algum dinheiro com esse tipo de coisa?

-Todo mundo sabe muita coisa sobre mim.

-Tipo o que?

-Meu nome, como é meu rosto... Ao contrário de certas pessoas.

-O que mais?

-Que sou estrangeira e de onde eu vim.

-Certo, mas você nunca sai com ninguém, nem participa de eventos recreativos, vive faltando do nada sem explicação, ninguém sabe o que faz aqui - na Coréia OU na arena - e não sabem como você conseguiu entrar para a equipe, nem o que faz fora daqui.

-A minha pergunta é... como você sabe tudo isso? Saiu pesquisando por aí para alimentar sua obsessão, foi?

-Não existe obsessão aqui. E ouvi as pessoas comentando. Assim como você ouviu de mim.

-E por que você decidiu pegar logo no meu pé, hein? – Ele pensou por um tempo sobre o motivo de ter sentido vontade de se aproximar dela e respondeu o que veio à mente primeiro.

-Porque também sou um estrangeiro. Eu sei como é isso. Sei como é ter pessoas bisbilhotando o tempo todo e falando pelas suas costas, e mesmo assim se sentir sozinho.

-Vai dizer o que agora, que quer me ajudar?

-Sabe, não acredito muito em acasos na vida. Acho que conhecemos pessoas porque devemos conhecê-las. Só quero dizer que te encontrar aqui de vez em quando e jogar conversa fora me distrai e me sinto bem por estar conversando com alguém que não fica me cobrando mais do que quero oferecer. Percebi que me sinto bem conversando com você, sem que você tente bisbilhotar. Só duas pessoas jogando conversa fora. E temos muito em comum, ambos mantendo alguns segredos.

-Caramba, você é realmente muito maluco.

-Ei, eu estou aqui me abrindo com você! E é isso que me diz? Saiba que muitas pessoas gostariam de conversar assim comigo.

-Então vá conversar com elas! Tsc, totalmente doido. – Helena disse, balançando a cabeça.

-O que você acha que eu sou? Digo, provavelmente você já pensou sobre isso. Criou alguma teoria ao meu respeito.

-Você criou alguma sobre mim?

-Mas é claro que sim. Eu perguntei primeiro, vai, trate de responder. E então vou falar sobre o que pensei sobre você.

-Hm... O que eu acho é que você deve ser filho de alguém bem rico. Um empresário, talvez. Deve ser algum herdeiro revoltado. Isso explicaria porque você fala de viagens ao exterior, porque seu treinador vive beijando seu traseiro. – Jackson riu de sua teoria.

-É o melhor que consegue fazer?

-Você disse que é estrangeiro e então eu pensei “será que ele se revoltou com a família por ter sido obrigado a vir morar aqui?”. Ou talvez... Seus pais sejam separados e sua mãe seja estrangeira, então sua família não a aceitou e te arrancaram dela, te trouxeram para cá! Você tem algum avô carrasco?

-Você anda assistindo dramas coreanos demais.

-Se soubessem que você anda comigo, me ofereceriam dinheiro e jogariam água na minha cara? Olha, se oferecerem dinheiro, eu aceito na hora.

-Que garota sem vergonha!

-Se isso é um drama, saiba que não sou a mocinha.

-Você é a vilã?

-Não, eu sou a esperta.

-E então, porque você acha que eu escondo meu rosto? – De repente, ela ficou séria, calada. –Pode falar, não vou me importar.

-Eu pensei que talvez... – Ela falou em um tom baixo, cauteloso. –Pensei que talvez algo tivesse acontecido com você. Com o seu rosto. – Seu olhar pareceu distante por algum tempo, como se ela estivesse pensando em alguma situação do passado. -Que fosse doloroso para você o tipo de coisa que as pessoas poderiam falar.

-Já disse que nunca ninguém reclamou da minha aparência. – Ele respondeu para quebrar o gelo. Ela pareceu retornar ao presente e deu de ombros.

-Então todas as minhas teorias estão erradas.

-Sim. Você disse que quer saber mais sobre mim... Não posso te mostrar meu rosto, mas posso te contar algumas coisas. Primeiramente, eu vim a esse país com um sonho. Minha família é humilde e sempre foi muito unida, sempre os amei muito. Meus pais... meu irmão... meus avós... Foi muito difícil deixá-los para trás, mas eu sentia que precisava fazer isso. Eu era bom na escola, e era muito bom na esgrima. Tinha um futuro promissor na minha terra, mas então uma proposta surgiu e mudou tudo.

-Valeu a pena?

-Gosto de acreditar que sim. Consegui conquistar meus sonhos, tenho pessoas incríveis ao meu lado, pude honrar minha família. Mas às vezes há uma voz na minha mente, lá no fundo, se questionando sobre o que poderia ter sido e se eu fiz a escolha certa. É como uma sombra.

-Independente da escolha que fazemos, sempre há esse sentimento. Se tivesse ficado, sentiria o mesmo. Não sei muito sobre você, mas parece estar se dando bem por tudo o que disse. Quantos anos você tem, afinal? Às vezes, parece ter 5. Mas tem momentos em que você fala como se fosse a alma mais velha do mundo.

-Nasci em 1994. Faça as contas, já que gosta tanto de matemática que faz o possível para evitar contas complexas.

-Quem te disse que não gosto? – De repente ele se conteve. Sua conversa sobre matemática tinha sido, para ela, com outra pessoa. Não com J, mas com Jackson. Ele devia ser mais cuidadoso.

-Você tem cara de quem não gosta. De qualquer forma, qual é a sua idade?

-Eu nasci em 1995.

-Olha só, agora que já sabemos disso, pode começar a me chamar de oppa.

-Nem por cima do meu cadáver. – Ela respondeu, revirando os olhos.

-Vai, repete comigo: J oppaaaaaa! – Ele disse em uma voz mais fina e animada.

-Você é doente, nem em coreano estamos conversando. – Ela replicou, mais uma vez incapaz de conter um sorriso. –Agora pára de me enrolar e me diz quais são as suas teorias sobre mim.

-Bom... Você dá uma de durona como um mecanismo de auto-defesa. Alguém provavelmente te machucou, alguém próximo. Talvez mais de uma pessoa. Acho que você veio para cá para começar do zero, ter uma nova chance. Parece ser alguém que trabalha duro para ter as coisas e que não gosta de demonstrar fraquezas. É uma pessoa bem-humorada e gentil, mas tem medo de deixar alguém se aproximar o bastante porque é muito sensível e não sabe superar perdas muito bem. Você parece ser leal e honesta.

-Mas que monte de baboseiras, parece algo genérico saído de uma revista barata de astrologia ou da boca de alguma cigana que engana seus clientes com leituras de mãos ruins e vagas. Todo mundo já se machucou com alguém próximo, todo mundo quer ouvir elogios sobre sua personalidade. Tente ser mais criativo e imaginar algo mais concreto da próxima vez. – Ela respondeu, se sentando e olhando para a tela do celular novamente, que estava abaixado e esquecido em uma de suas mãos há vários minutos. –Já está tarde e eu tenho que ir embora agora. Tchau, esgrimista fantasma. – Ela ficou em pé e andou até a escada, o deixando para trás como da última vez.

Ele ficou pensando, enquanto olhava o céu noturno por mais algum tempo e sentia o vento noturno em seu rosto, se tinha passado dos limites com aquela análise, se ainda era muito cedo. De qualquer forma, foi uma análise sincera e ele apostava que estava certo. E mais ainda, esperava que ela pudesse se curar do que estava a machucando.



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