História My Type. - Capítulo Único - O tipo ideal dele.

Não era surpresa pra ninguém que Akutagawa era na verdade um garoto introvertido e que por acaso era amigo do garoto mais amável daquela escola.

Atsushi, no entanto, o enxergava apenas como o seu melhor amigo que tinha vários sentimentos (e Atsushi por acaso tinha uma quedinha pelo garoto).

E por Deus, como ele não teria? Akutagawa era maravilhoso! não tinha tantos músculos quantos os outros, e isso não importava, Atsushi nem ao menos se sentia atraído por músculos, mas tinha um tipo de personalidade maravilhosa e talvez ele fosse o ovelha negra da família, que pinta a unha de preto e largaria o que quer que estivesse fazendo por você, o tipo de garoto que as garotas realmente queriam.

Porém ele também tinha toda aquela personalidade introvertida e as vezes grossa que era amável apenas com Atsushi e isso fazia o Nakajima se sentir tão especial quanto qualquer outra coisa.

Segundo seus amigos, Akutagawa tinha algo a mais, que os outros garotos não tinham, e que parecia gostar de Atsushi mais do que ele conseguia demonstrar.

E aqui eles estavam, na casa de Akutagawa, ouvindo Too Close de Sir Chloe, a música favorita deles, e lendo alguns gibis brasileiros (que foram traduzidos pro japonês) chamado Turma da Mônica.

— eu não acredito que a mônica trocou um homem bonito, fofo, estiloso, gentil e compreensivo por um homem com nome de um vegetal. — a voz de Atsushi ecoou pelo quarto junto da música alta, e Akutagawa riu alto com aquilo.

‐ Pelo menos ela não trocou ele pelo Attônio, Tsu. 

— Os dois são farinha do mesmo saco! a única diferença é que o Toni não se chama Cebola, e talvez o Cebola não seja tããão machista quanto o Antônio.

— Ei! Porque vocês estão com os meus gibis?! — a voz de Gin chegou até eles, que apenas fecharam todos os gibis e entregaram à ela novamente.

— A gente não tinha nada pra fazer, poxa. — ambos deitaram no chão, agora aproveitando da voz de sua banda favorita, Mother Mother.

— Pois vão caçar outra coisa pra fazer! — ela saiu do quarto, indo para o seu próprio e fechando a porta do quarto de seu irmão, logo indo fazer companhia para sua namorada, Higuchi.

Bem, de qualquer forma, era uma mistura estranha você ler um gibi ouvindo uma música que dizia "meu pai tem uma arma, melhor você correr". Mas era uma sensação única que ambos adoravam aproveitar quando estavam na companhia do outro.

Akutagawa lambeu os lábios, antes de começar a pensar em alguma forma de puxar conversar com o albino e quem sabe ele conseguisse se declarar, no fim de tudo?

— Ryuu? — a voz de Atsushi o chamou suavemente, seu nome pareceu ter sido feito pra ser chamado por ele, e era incrível como ele ficava bem falando seu nome, seu apelido.

— Sim?

— Qual é o seu tipo ideal? — Atsushi mordeu o lábio inferior, esperando a resposta do outro ansiosamente.

Fazia tanto tempo que queria perguntar aquilo, ah, parecia que ele iria ter um colapso de ansiedade.

— Uhm, bem... eu gosto de garotos amáveis, gentis, e que se mostram mais extrovertidos do que todos pensam que eles são. Todos pensam que eles são animados, mas às vezes eles só querem relaxar um pouco.

— E você está... apaixonado? 

— Talvez.

— E como ele é? — o garoto sabia que a resposta provavelmente o faria querer chorar, mas apesar de Atsushi amar Akutagawa mais do que qualquer coisa, ele queria ver o outro feliz, mesmo que não fosse consigo.

— Uhm... bem, ele é menor do que eu, às vezes ele usa uns suspensórios e uma calça que vai até metade da canela dele. Ele é bastante pálido também. ele ama bolo de morango, chocolate branco e os filmes do estúdio ghibli. Eu acho ele adorável, em cada pequeno detalhe. — ele riu baixo, brincando com as teclas do controle antes de mudar a música para Amour Plastique do Videoclub, logo se sentando na frente de Atsushi. — Ele geralmente parece bastante animado com os outros, mas quando ele está comigo ele muda de um jeito incrível e se abre mais, sabe? Eu acho que no fim eu realmente amo ele. Esses detalhes dele que ele deixa só eu ver fazem eu me sentir especial.

— E os olhos dele? – a pergunta saiu quase que sem querer, enquanto Atsushi olhava nos olhos de Ryuunosuke fixamente. Rle sabia de quem o outro gostava agora.

— Eles são lindos. Parecem uma obra de arte, sabe? Uma mistura de duas cores que muitos dizem que não combina, mas que nele fica incrível. E sempre que ele me olha... Parece que eu obedeceria qualquer coisa que ele me dissesse, a intensidade do olhar dele, tudo nele faz com que eu queira beijar ele, à qualquer momento. É como se estivesse escrito nos olhos dele que ele é meu, e eu sou dele.

— E por que você não beija ele agora?

— Porque eu não sei como ele se sentiria se eu fizesse isso. Eu tenho medo de que ele não sinta o mesmo por mim. — Atsushi colocou sua mão no pescoço do outro, acariciando-o levemente.

— Talvez você só saiba quando o fizer. — Puxou-o para perto levemente, colando sua boca à sua semelhante, e novamente ele teve um surto de coragem, abraçando seu pescoço e fazendo seus corpos se espremerem, enquanto o outro retribuia o abraço, apertando-o sem o machucar.

Akutagawa já não sabia o que eles estavam fazendo, ambos apenas começaram a agir de acordo com tudo o que haviam prendido durante todo esse tempo, tudo o que sentiam estava sendo libertado aos poucos, sem pressa.

Akutagawa sorriu ao fim do beijo, dando um selinho nos lábios do Nakajima com um sentimento de felicidade incrivelmente grande dentro de si.

Eles caíram na cama de Akutagawa abraçando-se com força, com sorrisos tão grandes quanto o de uma criança que ganhou um brinquedo novo.

As mãos de unhas pintadas em preto rodeavam seu quadril com delicadeza, e talvez fosse isso que fizesse tudo ficar melhor. Talvez fosse isso que tivesse feito Atsushi rir de forma boba enquanto escondia seu rosto no pescoço de Akutagawa, dando um beijinho inocente ali, qual fez o Ryuunosuke soltar um riso leve.

— Atsu? — chamou-o.

— O que foi, ryuu? — ambos respiravam ofegantemente, e agora tocava Pretty Girl da Clairo, e era tão único quanto aquela cena toda.

— Qual seu tipo ideal? 

— Uhm… Eu gosto de garotos que são um pouco mais altos que eu, que usam preto o tempo todo mesmo que tenham um fraco por cores pastéis e que amam doces. — riu nasalmente antes de continuar. — Eu comecei a gostar de um garoto ultimamente.

— E como ele é?

— Ele é lindo. Algumas pessoas tem medo dele, mas eu não as julgo porque eu também tinha medo dele. Ele só veste preto, pinta as unhas de preto e eu até coloquei um daqueles desenhinhos de hello kitty nas unhas dele enquanto ele dormia, foi incrível! — Deu uma gargalhada gostosa, a qual também fez Akutagawa rir ao se lembrar daquele dia. — às vezes ele veste um sobretudo 'mó bizarro, parece até um daqueles vilões de anime, mas não era por isso que eu tinha medo dele… 

— Então, por que tinha medo dele?

— Porque ele sempre parecia inalcançável, sempre estava afastado dos outros e olhava para todos como se todos fossem insetos. Tinha medo dele não gostar de mim. Mas no fim, ele era muito diferente do que eu imaginei. Ele não demonstrava o que sentia por pura timidez e medo de que os outros não gostassem dele por ele ser tão fechado.

— Algo mais? — perguntou, ouvindo o outro atentamente, mesmo sabendo de quem ele falava.

— Eu amo o jeito que ele olha pra mim. Ele olha para os outros como se tivesse raiva deles, mas quando ele está comigo ele parece virar outra pessoa e… E isso faz eu me sentir tão… Especial. Ultimamente, desde que eu conheci ele, eu só consigo pensar nele e no quão bom seria pedir ele em namoro e não ter que esconder que eu amo ele.

— E por que você não pede ele em namoro agora?

— Talvez eu esteja com medo de olhar pros olhos dele, que fizeram eu virar uma garotinha apaixonada de mangá shoujo e talvez eu tenha mais medo ainda de dizer… Akutagawa, sei que isso não é como você se via quando aceitou sentar comigo no ano passado  mas eu acabei me apaixonando por seus detalhes, seu estilo musical, visual, tudo em você me encanta e eu queria saber se você gostaria de… Ser meu namorado? — falou, deitado em cima do outro e olhando em seus olhos de forma apaixonada.

– E se esse tal… Akutagawa, aceitar? — perguntou, com um sorriso sincero no rosto e o coração batendo rápido. 

— Então eu seria o cara mais sortudo do mundo. — Atsushi riu abobado, enquanto Akutagawa cobria ambos com o cobertor grande e felpudo.

— Sabe… Eu acho que ele aceitou, hein?

— Por que?

— Talvez ele também esteja tão apaixonado por você que começou a lembrar de você por causa das estrelas, por causa da My Melody, por causa da Clairo… Talvez você seja o único por quem ele daria a vida. — Akutagawa sorriu, dando um selinho no seu novo namorado, antes de caírem no sono juntos.