História My unbrekable stigma - Powers on

Stigma:

Narrador:

Sn foliava as páginas de um livro silenciosamente, parecia desinteressada e bocejava vez outra, seus olhos castanhos passivavam entre as letras e a janela, suas pernas estavam dormentes por estar deitada a tanto tempo e seu corpo dolorido porque a maca do hospital não era nada confortável.

Seus pensamentos, ao contrário do exterior, estavam caóticos, ela se lembrava de como o sangue escorria por todo o banheiro, e também se lembrava da escuridão, tudo aquilo fazia ela se arrepiar por completo. Os médicos diziam que a mente dela havia inventado tudo aquilo, disseram que era estresse, porém, Sn não parecia muito convencida, sendo a pessoa que viveu tudo aquilo, algo em seu coração teimava em dizer que tudo era real.

A garota sempre foi muito medrosa, desde de pequena não suportava o escuro e tinha medo da própria sombra, sombras, pensar em sombras fazia com que ela se lembrasse dos sonhos que teve enquanto dormia, eles também pareciam muito reais. Como flashes que passavam por sua cabeça ela via tudo como se estivesse acontecendo diante de seus olhos, espadas, guerra, sangue, medo e sombras.

Sn estava começando a se preocupar com sua sanidade mental, sua cabeça latejava a modo que rostos desconhecidos cortavam por sua mente fazendo seus pensamentos ficarem confusos e seu coração estremecer com forme as cenas findavam.

Morte, ela tinha certeza que sentiu o desespero da garota em seus sonhos, era como se sentisse tudo o que ela sentisse, e isso estava começando a assusta-la mais do que todo o resto. Começou a hiperventilar colocando a mão no coração e apertando a roupa com força, viu o livro cair de suas mãos e fechar-se ao pousar no chão.

Abaixou a cabeça segurando-a com força, ouviu um chiado e seus olhos rolavam de lá para cá sem entender de onde vinha toda essa dor, fechou os olhos com força esperando passar e se encolheu no canto.

De longe jurou ouvir alguém lhe chamando, mas não deu atenção e continuou com os olhos fechados espremendo-se ainda mais, contudo, a voz ficou cada vez mais alta até que sentiu alguém chacoalhar seu corpo frio.

- Sn! – A voz gritou fazendo com que ela abrisse seus olhos.

- Tae? – Olhou surpresa para a figura ao seu lado que a olhava preocupado.

- O que aconteceu? Está sentindo dor? – Taehyung perguntou segurando sua mão.

- Eu não sei dizer, minha cabeça está confusa.

- Confusa?

- Você me acharia maluca. – Falou sem graça, mas Tae somente riu revirando os olhos.

- Acredite, eu sei de coisas muito mais malucas.

- Eu estive tendo sonhos. – Disse provocando uma coloração vermelha nas bochechas de Taehyung, que se lembrará da última vez que ela lhe contou de um sonho. – Esses sonhos, são sempre sobre uma batalha e pessoas que eu não conheço.

- Batalhas? – Perguntou surpreso.

- Doido né? Estou ficando maluca com essas visões, e elas me dão muita dor de cabeça. – Sn pôs a mão em seus cabelos, mostrando o lugar que doía.

- Visões! – Tae arregalou os olhos. – O que mais você vê? – Disse preocupado.

- Bem, eu vejo sombras, muitas sombras, e eu vejo morte. – Sn falava como se fosse algo rotineiro, fazendo com que Taehyung sentisse ainda mais a gravidade da situação, pensava na possibilidade dos poderes dela estarem despertando. – E o mais estranho, é que eu vejo asas, mas não quaisquer asas, asas de anjo!

- Como é? – Tae a olhou descrente.

- Sim! Eu sei que é muita maluquice, mas foi exatamente isso que eu vi! – Olhou para Taehyung a procura de alguma reação.

- Isso te assusta? – Perguntou olhando para a janela, fazendo ela se virar e olhar para a mesma direção, observavam o céu juntos.

- Às vezes, me assusto ainda mais quando a garota morre.

- Ela morre?

- Eu digo que sim, mas não sei ao certo, me sentia como se todas as forças estivessem sendo sugadas para fora do meu corpo, e depois era como se eu flutuasse. – Disse, seus olhos ainda estavam pregados no céu. – Como acha que é morrer Tae?

A pergunta pegou-o de surpresa, ele olhou para seu rosto pensando no questionamento e ao mesmo tempo lembrava do dia que sua vida tinha acabado, pensava que era bem irônico Sn lhe perguntar isso, porque melhor do que ninguém nesse mundo ele saberia dizer como era morrer, sendo o morto vivo que é.

Flashback:

7 anos atrás:

Os policiais agarravam o seu braço com força e levavam o corpo inerte de Tae até a viatura, o mesmo olhava para sua casa sendo deixada de lado e o velho conversando com as autoridades, também viu quando Chanyeol chegou indo até o corpo de Yamin, que estava sendo posto em um grande saco preto.

Chanyeol chorava e abraçava o cadáver implorando por coisas que nunca iriam acontecer, aquela cena deixava tudo pior para Kim Taehyung, que se sentia incapaz de derramar mais lágrimas.

- Para onde estão me levando? – Perguntou com o resto de forças que tinha.

- Para onde acha que vai garoto? – Um dos policiais disse rindo. – Com certeza não é para o paraíso.

Sentiu seu corpo ser jogado dentro do veículo, com o som das portas se fechando e do carro sendo ligado, ele começou a pensar em quão desastroso seria o seu futuro, isso era bem obvio, o que mais poderia se esperar de uma pessoa como Kim Taehyung?

O Kim se sentia sufocado, queria ser libertado, queria achar sua irmã e seus amigos, queria não se sentir tão impotente diante daquela situação, entretanto, tudo estava arruinado e sabia muito bem disso.

Olhava para a janela do carro enquanto passava pelas ruas cheias de carros e de construções brilhantes, que eram como estrelas que iluminavam a escuridão da noite. Tae tinha todos os tipos de pensamentos mórbidos rolando por sua cabeça e confundindo sua consciência, como sombras que tampavam a clareza da razão.

Sentia os olhos lacrimejarem ao observar o volante, sua mente cada vez mais decidida, ele suspirou ao observar vários veículos passando e passando, essa era a perfeita oportunidade, talvez fosse um pouco egoísta, mas ele já fez pior.

Se levantou de repente assustando os policiais, os mesmos pediam para que ele se sentasse, mas Kim não deu ouvidos e com todo a força que tinha, chutou a porta do carro, fazendo com que está se abrisse, em um movimento rápido jogou seu corpo para fora do veículo.

Sua figura rodou pela rua parando no meio de onde os carros estavam passando, ele sentiu sua respiração prender ao ver a luz dos faróis caminhando com rapidez até si. Fechou os olhos com força ao sentir seu corpo ser arremessado e sua consciência voar para longe daquele mundo.

Fim de Flashback:

- Tae? – Ouviu uma voz suave lhe chamar.

- Sim?

- Está tudo bem? – Perguntou olhando para ele, que assentiu tentando dar um sorriso, que foi retribuído, ficaram em silencio por alguns instantes até que Tae começou a sentir uma certa incomodação.

- Sn.

- O que foi?

- Está ouvindo esse barulho? – Taehyung olhou para os lados a procura do ruído que ouvira a poucos segundos atrás.

- Que baru...? – Antes que pudesse completar um som estrondoso rondou pelas paredes brancas. – O que foi isso? – Se levantou em um salto.

- Você ouviu também. – Afirmou observando o lugar a procura de algum sinal de perigo. – Deve ter sido alguém lá de fora. – Tentou-se convencer disso, porém um barulho ainda maior foi ouvido.

- Não acho que isso esteja vindo lá de fora, Taehyung. – Sn arregalou os olhos sentindo aquele frio familiar. – Está acontecendo de novo.

- O que isso quer dizer? Como assim de novo? – Perguntou pegando o abajur da escrivaninha para se defender.

- No banheiro, aquele dia, senti esse mesmo frio, e esse cheiro podre de...

- Sangue! – O Kim gritou apontando para as paredes brancas cheias de liquido vermelho.

- Não pode ser, isso está mesmo acontecendo! – Sn gritou em meio a uma ventania, que dificultava ela a permanecer em pé. – Estamos sendo assombrados por um fantasma?

- Acho que é pior que isso! – Tae gritou vendo os objetos voando para lá e para cá.

- Taehyung, cuidado! – Ela gritou horrorizada ao ver uma sombra se formar logo atrás do Kim, a mesma se materializava soltando rugidos enormes e provocando terremotos.

- Meu deus! – Tae arregalou os olhos segurando com mais força o abajur. – Isso é mesmo real!

A sombra rugiu se aproximando de Taehyung e o pegando com suas enormes mãos negras, provocando arrepios pela pele de Tae.

- Me solta! – O Kim gritou desesperado, queria tentar fazer alguma coisa, mas aquele monstro era muito forte e seus poderes não tinham sido mostrados até agora, deixando tudo pior.

- Tae! – Sn estava desesperada, não conseguia processar bem tudo aquilo, mas sentia que era sua obrigação fazer alguma coisa e isso estava deixando a mais maluca. – Larga ele!

O monstro não fez como pedido e apertou o corpo de Taehyung ainda mais, fazendo o mesmo sentir todas as suas energias se esvaindo e seus olhos pesando. A garota começou a gritar ao ver cena, era um misto muito ruim de confusão, desespero e raiva.

- Eu falei que era para larga-lo! – Gritou com mais força, suas mãos tremendo, sentiu algo quente saindo delas, ela olhou para baixo percebendo uma luz brilhante que vinha dela ir até o monstro, atingindo-o de certa forma que o fez soltar o Kim.

A figura negra começou a se contorcer e a inchar, e como quando se soltam os fogos de artificio, explodiu soltando faíscas que caiam no chão, provocavam pequenas chamas azuis que logo desapareceram.

Tae se levantou mancando, suas mãos em seus peitos e os olhos vidrados, ele olhava para a cena perplexo e levou alguns segundos para entender o que tinha acabado de acontecer, seus olhos se arregalaram ainda mais olhando para a figura de Sn estática, que observava as próprias mãos sem entender nada.

- Tae, o que foi que eu fiz?