História My Way to Happiness - Chapter 1

"  Senti meu telefone vibrar embaixo da minha barriga, abri meus olhos com dificuldade para encarar a claridade que vinha da janela e tive de forçar a visão que ainda focalizava um pouco melhor a imagem distorcida do meu quarto. O telefone vibrou novamente embaixo de mim e então enfiei a mão em baixo das cobertas para pega-lo. Puxei-o à altura de meus olhos , era meu Pai me ligando, apenas rejeitei a ligação prometendo a mim mesma que ligaria para ele mais tarde, e então voltei a afundar minha cara no travesseiro quente. Com os olhos cerrados comecei a imaginar coisas impossíveis , viajar em sonhos ainda acordada, e a cada cena que aparecia na minha cabeça ia caindo em um sonho , dormindo em devaneios profundos que eu nem me lembrarei quando acordar."
Em um pulo levantei da cama pontualmente as seis da manha quando ouvi meu despertador tocando, cambaleei até o armário enfiando minha cara lá a procura do uniforme, peguei a blusa azul e desbotada da escola e uma calça jeans qualquer que caiu na minha mão. Me arrumei , penteei meus cabelos pretos que decidiram que não seriam nem lisos e nem  enrolados, ficando um meio termo entre os dois que eu particularmente não gosto nada. Passei pelo meu quarto mais uma vez pegando a mochila e as coisas da escola, enfiei um tênis no pé e desci as escadas para encontrar minha mãe a minha espera.
-Bom dia filha - ela sorriu olhando na minha direção com a cara sonolenta.
- Bom dia - respondi forçando um sorriso e fui andando para a cozinha, tomei um copo de suco e peguei uns biscoitos para levar para a escola, já que não costumo ter apetite para comer ás seis da manhã.
 Passei andando em frente a minha mãe que cochilava no sofá enquanto me esperava. Fui ao banheiro , coloquei pasta na escova e escovei os dentes, depois tive que molhar minhas mãos na pia , pude sentir meus ossos doerem quando a minha pele entrou em contato com a água gelada que saia da torneira. Peguei a toalha e enxuguei minhas mãos ás enfiando nos bolsos do agasalho para esquenta-las. Saí do banheiro e peguei minha mochila que estava em cima do sofá jogada ao lado de minha mãe que já estava até roncando, puxei a mochila com delicadeza e coloquei nas costas , cutuquei minha mãe algumas vezes , mas ela decidiu não acordar. Saí da casa e peguei minha bicicleta nos fundos.
Comecei a pedalar em direção a escola , senti o vento frio em contato com a minha pele que se arrepiava a cada brisa mais forte. Ótimo, minha mãe escolhera um ótimo dia para dormir , com certeza é o dia mais frio que eu já se teve desde que me mudei para São Paulo.  Pedalei todos os vinte e sente quarteirões e meio até a escola, entrei pela porta dos fundos onde se tem lugar para deixar uma bicicleta , passei o cadeado e saí andando em direção ao prédio onde fica minha sala. Achei uma pedrinha no caminho , e fui distraída chutando-a até a porta da sala , entrei no ambiente mais quente e finalmente suspirei aliviada sentindo o calor tomar conta do meu corpo.   
- Oi - ouvi uma voz atrás de mim , e alguém bateu os joelhos na parte de trás das minha pernas me fazendo bambear os joelhos e quase cair no chão.
- Oi Lucy - disse me virando e olhando para a menina ruiva e pálida que me encarava com aqueles olhos pretos que pareciam tomados pela escuridão.
- Se atrasou hoje , o que aconteceu? - Lucy perguntou enquanto andávamos até a minha carteira para nos sentarmos.
- Minha mãe acabou dormindo , e tive de pedalar para chegar aqui - expliquei enquanto nos sentávamos, eu na minha cadeira e Lucy na dela que ficava logo atrás da minha.
- Mas está muito frio - ela se abraçou em seu agasalho - além do mais acho muito perigoso você vir assim para a escola , São Paulo não é uma cidade calma como a que você morava antes.
- Eu sei , eu sei Lucy - passei a mão no meu nariz que estava um pouco dolorido e gelado - aí meu deus ! 
- O que foi Mell ? - Lucy indagou desesperada ao ver minha cara branca - o que aconteceu? - ela perguntou novamente, e eu levantei meu rosto mostrando a ela o que havia acontecido , embora nem eu soubesse direito - seu nariz! - exclamou a garota- está sangrando.
- Eu sei - mostrei a mão que havia passado no nariz toda ensanguentada  - vou no banheiro lavar , já volto - saí andando com a mão no rosto para não perceberem o ocorrido - avise ao professor que já venho - me virei e saí da sala antes que Lucy respondesse. 
Andei pelo corredor , desci as escadas e entrei no banheiro, abri a torneira da pia que liberava novamente aquela água gelada. Enfiei minha mão na água para tirar o sangue , depois passei a mão no rosto o que pareceu só lambuzar mais a minha cara, peguei umas folhas de papel para tirar o excesso de sangue , passei água com sabão novamente , e meu rosto estava finalmente limpo e livre de sangue. Saí do banheiro com o rosto gelado, minhas mãos já estavam mais quentes pois se encontravam nos meus bolsos, mas minhas bochechas estavam tão geladas que não consegui nem senti-las , estavam dormentes como se eu tivesse tomado uma anestesia. 
Subi as escadas de volta a sala de aula , enrolando o máximo que eu podia no caminho, cheguei no ultimo degrau suspirando e me conformando com a aula que me aguardava. Senti uma batida em meu ombro esquerdo , que me jogou no chão com tudo , fechei os olhos e coloquei as mãos no rosto como reflexo para me proteger, e depois de alguns segundos intendi que o idiota do Doug estava correndo no corredor e trombou comigo. O Doug não é da minha sala , ele é mais velho e consideravelmente interessante, tem cabelo loiro e olhos claros , ah sim,  e ele é bem forte já que frequenta a academia quase todos os dias da semana.  
- Me desculpe - ouvi ele dizer - é que estou atrasado.
- Tudo bem Doug , foi só um esbarrão - ele me encarou como se algo estivesse muito errado comigo - o que foi menino ?
- Seu nariz esta sangrando - ele apontou para o meu nariz que me fez ficar imediatamente vesga.
- Ah que saco ! - resmunguei - tinha conseguido fazer isso parar , e agora vou ter que descer as escadas novamente.
- Eu te acompanho - já dei meu melhor olhar de reprovação - nem adianta me olhar assim , eu fiz isso e o mínimo que posso fazer é te ajudar.
- Tudo bem - me dei por vencida - mas vamos logo que não quero perder a aula - peguei a mão dele e saí puxando escada abaixo, chegamos na porta do banheiro e ele foi entrando atrás de mim - tem certeza de que quer entrar aqui ? Quer dizer, é o banheiro feminino.
- Verdade - ele olhou a plaquinha analisando a menina de vestido vermelho que indicava o banheiro feminino - vou esperar na porta.
Entrei no banheiro e repeti o processo para limpar o sangue , sequei as mãos e já peguei um pouco de papel para limpar o nariz caso sangrasse novamente. Fui andando até a porta, e não pude deixar de pensar no Doug lindo me esperando lá fora , tudo bem que ele é um idiota e fez meu nariz sangrar, mas ele é tão bonito que o resto é detalhe. Saí do banheiro e o vi encostado na parede com os braços cruzados , o observei por alguns segundos, seus braços fortes e definidos por baixo do moletom preto, o cabelo loiro arrepiado sem contar aqueles olhos verdes.