[POV] MIGUEL ARANGO
- O que? – Subi até o quarto de Alma e Franco pra dar o recado de que Marina, pro meu desespero, estava ali pra falar com Mia, me doeu fundo na alma quando vi sua reação, ela se soltou de Roberta e Josy, o brilho de seus olhos sumiram, me sentia impotente – Papai o que vamos fazer? Eu não posso ir falar com ela sozinha!
- Mia, vai indo na frente, seu pai e eu já vamos descer, você não vai estar sozinha prometo! – Alma a confortou afagando seus cabelos.
- Vai filha, estaremos logo atrás, fique tranquila! – Franco lhe deu um beijo na testa, e ela passou por mim atravessando a porta, Roberta, Josy e eu a seguimos e paramos no pé da escada principal.
- Oi, o que faz aqui? – Assim que ouvimos a voz dela, descemos pela escada que dava pra sala dos fundos e pro jardim, corremos pro corredor da sala, principal parando atrás do sofá. Mia estava de braços cruzados há alguns metros atrás de Marina.
- Filha, como foi de viagem? – Marina se virou indo na direção de Mia, mas ela por sua vez recuou se afastando, cerrei os punhos nervoso e senti Roberta segurar meu braço.
- Bem, muito bem. – Mia respondeu com a voz firme, demonstrando claramente que estava brava, e ouvimos Franco e Alma descerem.
- Olá Franco, creio que nesse momento nossa filha já saiba de tudo, e como sempre, você encheu a cabeça dela de porcarias contra mim! – Marina encarava Franco como se fosse atacá-lo, olhei pra Mia e ela chorava em silêncio sem deixar de encarar a mãe.
- Marina, que prazer em vê-la! – Franco respondeu com um sorriso irônico.
- Você realmente não conhece sua filha não é? – Alma se pôs entre ela e Mia, puxei o ar pra falar, e senti Roberta e Josy colocando as mãos firmes em meus ombros pra me deter.
- Alma, você não é a mãe dela! – Marina cruzou os braços e soltou um riso irônico.
- Tem razão, eu não sou a mãe, mas a amo como uma filha, e convivi muito mais com a Mia do que você, conheço todos os seus sonhos, suas vontades, seus medos. E sei com absoluta certeza de que Mia não precisa de ninguém que a diga como agir ou como pensar, tem uma personalidade muito forte, e única, é uma garota sensível, carinhosa, e não é nada justo, que você arranque tudo dela de uma vez! – Mia puxou o braço de Alma para contê-la, e ouvi Roberta sussurrar baixinho pra mim “Miguel se acalma, não chora”.
- Franco, creio que meus advogados ainda entrarão em contato com você, mas está aqui a carta da audiência com o juíz que está marcada pra amanhã... – Esticou o braço entregando a carta a Franco e meu coração gelou.
- EU NÃO VOU A LUGAR NENHUM COM VOCÊ! – Mia aumentou o tom de voz. – SE VOCÊ QUER SER A MINHA MÃE, SEJA, MAS SEM INTERROMPER A MINHA VIDA, VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO, A MINHA CASA E A MINHA FAMÍLIA ESTÃO AQUI, E É AQUI QUE EU VOU FICAR!
- Meu amor, você não se deu nem a oportunidade de passarmos um tempo juntas, de sermos uma família eu e você... – Se aproximou de Mia tentando pegar sua mão, respirei fundo, trincando os dentes, Roberta e Josy sentiram meu nervoso e apertaram meus ombros mais forte.
- NÃO ENCOSTA EM MIM! – Mia recuou - EU VOU FICAR COM MEU PAI E A ALMA, E NÃO É VOCÊ E NENHUM JUÍZ QUE VÃO ME DIZER O QUE EU DEVO FAZER!
- MIA! – Marina levantou o tom de voz e no impulso dei dois passos pra frente e senti Diego e Téo que acabavam de chegar me deterem – Para de agir como uma menina mimada, você não sabe o que está falando...
- OLHA SERÁ QUE DÁ PRA VOCÊ TER NOÇÃO DE COMO FALA COM ELA? – Roberta se pôs entre Mia e Marina e passou o braço em volta de Mia que chorava ainda encarando Marina friamente. – ELA É SUA FILHA, SERÁ QUE NÃO PERCEBE QUE AQUI É O LUGAR DELA?
- Garota escuta... – Marina tentou replicar mas foi interrompida antes de concluir.
- NÃO! ESCUTA VOCÊ! ELA É MINHA IRMÃ, E O LUGAR DELA É AQUI, DO LADO DO PAI DELA, DA MINHA MÃE, DE MIM, DA JOSY, E DO MIGUEL, VOCÊ CHEGOU TARDE AINDA NÃO ENTENDEU QUE ELA JÁ TEM UMA HISTÓRIA ANTES DE VOCÊ RESOLVER FAZER PARTE DA VIDA DELA? – Roberta soltou Mia apontando o dedo intimidando Marina, quando terminou de falar, passou o braço pela cintura de Mia e a puxou com ela – Vem Mia!
Antes de passarem por mim e se retirarem, Marina continuou.
- É melhor repensar no que disse Mia, você pode até não ir comigo, mas se você se negar a decisão do juiz, o seu pai... Vai preso! – Mia ao ouvir aquilo levantou o olhar agora sério, a encarou e saiu, seguida por Roberta, Josy, Téo e Diego. Ficamos, Franco, Alma, Marina e eu na sala.
- Você só pode ter ficado louca, não está em seu juízo perfeito! – Franco respondeu nervoso.
- Não Franco, só estou lutando pelo lugar que sempre me foi de direito!
- E O QUE É SEU DIREITO? – Não me aguentei e falei com um tom de voz alto e claro – ACABAR COM A FELICIDADE DA SUA FILHA COMO SE FOSSE NADA? TIRAR A MIA DE TUDO O QUE ELA CONHECE E AMA E A FORÇAR A CONVIVER COM VOCÊ POR PURO EGOÍSMO? – As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e senti Alma apertar meu braço na tentativa de me conter – QUEM A ABANDONOU FOI VOCÊ, SÓ ESTÁ PENSANDO NO SEU LADO DA HISTÓRIA SERÁ QUE NÃO PERCEBE QUE É DA VIDA DELA QUE ESTAMOS FALANDO?
- Miguel, você é só um garoto, o que sabe sobre a vida? Quem garante que o namoro bobo de vocês dois não passe disso? E...
- EU MARINA, EU GARANTO! VOCÊ NÃO VAI FALAR ASSIM COM O MIGUEL, VOCÊ ESTÁ NA MINHA CASA E AQUI NÃO PODE FAZER O QUE BEM ENTENDE. VOCÊ NÃO SABE UM TERÇO DE TUDO O QUE MIGUEL FEZ POR MIA! – Franco se irritou e a interrompeu, e se pôs entre eu e Marina a encarando duro.
- Franco você não muda, ninguém vive de amor, por Deus! – Marina ironizou e sem pensar avancei alguns passos em sua direção.
- VOCÊ NÃO VAI TIRAR A MIA DE MIM! NEM QUE ISSO SEJA A ÚLTIMA COISA QUE EU FAÇA, EU VOU ATÉ O FIM DO MUNDO POR ELA! – Marina me encarou e sai.
[POV] ROBERTA (PARDO) REVERTE REY
- Não é sério, essa mulher ficou louca, desculpa Mia eu sei que é sua mãe, mas não entendo, me tira do sério é...Ahhh – Estávamos Mia, eu, Josy, Téo, Diego, Lupita, e Santos que encontramos no corredor quando saímos da sala principal reunidos na sala de visitas, Mia e eu sentávamos no chão encostadas no sofá, e eu a abraçava tentando acalmá-la.
- Mia, o Santos me contou o que houve, por favor, se acalma, precisa agir de cabeça fria agora! – Lupita lhe deu um beijo na cabeça e lhe envolveu no seu abraço.
- Não entendo, não entendo, pra que isso agora meu Deus? Marina não entende que não envolve só a vida dela e da Mia? Tem muito mais gente que pode sair machucada dessa história. – Diego estava sentado no braço do sofá atrás de mim.
- Gente, calma ok? Ficar falando essas coisas pra Mia agora só vai deixá-la mais nervosa! – Josy sentou-se com a gente e pegou a mão de Mia.
- Olha, não sei quais são seus motivos, suas razões, mas mesmo sendo mãe, acho radical demais ela querer levar a Mia assim! – Téo cruzou os braços relutando e escutamos um bater de porta muito alto.
- MIGUEL! – Mia tentou se levantar, mas Lupita e eu a impedimos.
- NÃO, NÃO MIA! Você fica aqui, ele tá muito nervoso agora, espera ele se acalmar, por favor, se não vocês vão acabar brigando! – A segurei pelos ombros a sentando de volta no chão.
- Eu... Eu vou lá falar com ele! – Santos se levantou e saiu antes que disséssemos algo.
Ficamos em silêncio, e depois de algum tempo consegui fazer Mia se acalmar e parar de chorar, tinha vontade de voltar lá e dizer tudo o que queria mas sabia que aquilo não seria bem vindo num momento como aquele, a essa altura sabíamos que irritar Marina era perigoso, Josy e eu nos entreolhamos com medo, mas evitamos transpassar isso a Mia.
[POV] MIGUEL ARANGO
Saí da sala principal mais nervoso do que nunca, minha vontade era descontar toda minha raiva em Marina, não queria vê-la nunca mais, meu coração palpitava, sentia meus músculos rígidos. Escutei a voz de Lupita acalmando Mia na sala em frente ao meu quarto, e parei alguns centímetros atrás da porta que estava aberta, senti o olhar de Santos me encarar e sai antes que Mia percebesse que eu estava ali. Bati a porta do quarto com força, sentia raiva, ódio, medo.
Toc..Toc
- MIGUEL? – A voz de Santos me chamava do outro lado da porta – Abre a porta, eu sei que você tá ai dentro!
- Santos, na boa vai embora, eu quero ficar sozinho! –Apoiei a mão na soleira da porta trancada, tentava manter a voz baixa pra que mais ninguém viesse atrás de mim.
- Miguel – Santos falava num tom de suplica – por favor, você precisa manter a calma... Olha, não vai fazer nenhuma besteira tá? Por favor.
Não respondi, caminhei arrancando a camiseta, e bati com força a porta do banheiro, precisava me acalmar, e a única alternativa que pensei foi tomar uma ducha quente. Deixei a água cair por meu corpo, mas não parava um segundo de pensar em Mia, Marina e todo o medo que tinha dentro de mim de perdê-la, perdi a noção de quanto tempo fiquei lá dentro. Quando dei por mim, meus dedos estavam enrugados, e já não tinha mais forças pra chorar. Saí do banho ainda tenso, abri a porta puxando a maçaneta com raiva.
- MIGUEL – a voz tensa de Mia me assustou – você não escutou o Santos, mas vai me escutar!
Respirei fundo ainda com raiva, tentando não encara-la.
- Mia volta outra hora, eu to de cueca, preciso me trocar! – Tentei passar por Mia e chegar até o armário mas, agarrou meus braços me empurrando pra trás.
- Não Miguel! Não é a primeira vez que te vejo assim, não usa isso como desculpa, – ela cruzou os braços e me encarou, estava séria, imponente, de nada parecia com a Mia frágil que conheci – você vai ficar me evitando até quando? Você não podia ter perdido o controle com a minha mãe daquele jeito, atiçar a raiva dela agora pode dificultar tudo Miguel!!!
- TÁ ME DESCULPA! – Soquei a parede com raiva - VOCÊ QUERIA QUE EU FIZESSE O QUE? APLAUDISSE A ATITUDE DELA? – Respondi Mia só me dando conta do meu tom de voz quando terminei de falar, me sentei na cama de costas pra Mia, senti meu rosto quente e não contive o choro. – Desculpa, não queria gritar!
Mia ficou em silêncio, senti ela subir na cama ajoelhando-se atrás de mim e me beijou o ombro.
- Eu tenho medo tanto quanto você, mas nós dois sabemos que temos que estar preparados pro pior! – Ela falava baixinho, tentando me acalmar, me abraçou os ombros e afundou o rosto em meu pescoço, suspirei de olhos fechados, sentindo minha pele arrepiar com um beijo.
- Eu sei! – funguei antes de me virar a ela – Você está sendo forte por nós dois, to orgulhoso de você! – Ela me soltou abaixando o olhar, e sorriu com os lábios.
- Acho que... – ela suspirou – aprendi isso com você!
- Eu não quero parecer frágil mas, tenho medo de imaginar o que vai ser da minha vida sem você! – Coloquei a mão em seu rosto e ela fechou os olhos sentindo meu toque.
- O que importa agora é que estamos aqui, juntos! – abriu os olhos e enxugou algumas lágrimas minhas com os dedos – Só, tenta manter a calma tá? Por mim!
Beijei a palma de sua mão e fiz que sim com a cabeça. Me deu um beijo na testa e se encostou nos travesseiros me deitando em seu peito. Ficamos em silêncio, Mia me fazia cafuné e consegui relaxar em seus braços. Levantei o tronco apoiando me no cotovelo para lhe dar um beijo, ela correspondeu deitando no meu abraço em seguida, a abracei, e tentei esquecer de tudo imaginando que nada nem ninguém poderia tirar ela de mim.
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