Pelas ruas vazias Doris caminhava em direção ao local que foi premeditado da mensagem que recebera a algumas horas atrás.
- haja paciência, será que eles não sabem que a madrugada foi feita para dormir?! – resmungava Doris – Frio-frio-frio-frio-frio! eu quero minha cama de volta – choramingava como uma menininha – sou uma pobre mulher indefesa e solitária... - apoia as mãos na cabeça dramatizando - que destino..
- Ei! – alguém a surpreende pelas sombras lhe dando um baita susto.
Rapidamente Doris toma posição de luta, saca seu velho punhal ameaçando contra parede o suspeito.
- D-Doris sou e-eu! - o sujeito eleva as mão para cima em sinal de paz, a luz do poste ilumina seu rosto anunciando sua identidade.
- Daryl?
- Não imagina! É a Neide do BTS! Agora me larga! – diz irritado.
- Foi mal imprestável, não sabia que era você – Doris libera aos poucos a camisa de Daryl.
- você tem que parar com essa mania de apontar esse punhal para cara das pessoas! – massageia o pescoço pensando no pior que poderia acontecer – Isso vai acabar mal fedorenta.
- A CULPA É SUA! QUEM MANDA ANDAR POR AI SE ESCANTIANDO COMO SE FOSSE UM VERME! – vira o rosto emburrada.
- E VOCÊ ? PODERIA TENTAR SE COMPORTAR COMO UMA MULHER PELO MENOS, ANIMAL!
- FO-DA-SE!
- TA QUERENDO CONFUSÃO É? CAI PRA CIMA! – Daryl a convida com as mãos para que chegue mais perto.
- TA PENSANDO SÓ PORQUE EU SOU MULHER QUE EU NÃO SEI SOCAR UMA CARA FEIA? – Doris arregaça as mangas.
- O que é que está acontecendo aqui? – Ryan surpreende Doris pelas costas, a desarmando sem nem ao menos tocá-la. Com o susto, ela escorrega e cai aos seus pés.
A aura que ele emite é intimidante e controladora.
Os lábios de Daryl balbucia algo, nada que fosse possível ouvir.
- isso vai ficar comigo por enquanto mocinha - As mãos de Ryan protegidas por luvas examinavam a arma branca. – Por favor Jake, guarde para mim.
- Sim senhor. – Jake faz reverência.
- Não senhor! Esse punhal é meu! Devolve.
- Senhorita Doris, conversaremos mais tarde sobre isso, por hora, vamos nos acalmar e nos apressar para a reunião, levante-se. – Diz Ryan com uma calmaria confiável.
Doris ergue a mão em direção a Ryan para que ele a ajude a levantar-se.
Ryan da um passo para trás, evitando o contato, o gesto lhe fez sentir pavor, mas sua expressão continua a mesma, ele olha em direção a Jake, sinalizando para ajudá-la em seu lugar.
- Estou indo Jake, e já bem atrasado por sinal. vocês, por favor, respeitem o horário, as pessoas estão dormindo, sem gritos, sem brigas. – Ryan segue para o carro e se vai.
Daryl começa rir descontroladamente.
- Qual a graça idiota? – Doris já de pé, limpa seus joelhos.
- Você viu a cara dele? com moh nojo de te tocar! Você tem que acreditar mais em mim quando eu te digo que você fede! Hehehehe.
- SEUUUU!! – Doris cerra os dentes.
Jake olha sério para os dois.
- Ele falou sem brigas e sem gritos... vocês são piores que novela mexicana.
- ta, mas... eu não estou fedendo né? – Doris cheira sua roupa.
- não senhorita, desculpe a atitude do senhor Ryan, não é nada pessoal, eu lhe asseguro, ele só fica um pouco incomodado com o contato físico em algumas ocasiões.
- Um encantado que cuja maior poder é justamente curar, tem receio de tocar nas pessoas, que contraditório. – Daryl refleti sorrindo – Bom, eu vou saindo fora, tchauzinho.
- A reunião é para aquele lado Daryl – diz Jake.
- Quem disse que eu vou? Não tenho nada haver com vocês e esses papos de aliança – responde Daryl dando de ombros.
- Vem cá – Doris se refere à Jake – Ele vai me devolver o meu punhal não é?
Jake suspira fechando os olhos.
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Leiry desperta atordoada e percebe que está sozinha. Era a primeira noite em um ambiente desconhecido e a adaptação a cama não estava sendo tão fácil como imaginou que seria.
Sentou-se no colchão e descobriu que seus lençóis estavam molhados de suor, pressentiu ter febre, procurou no banheiro um termômetro para confirmar.
Temperatura 39,7°C. febre confirmada.
- sede... – murmurava baixo em um estado de desanimo, enquanto se apoia nas paredes.
Apressou-se a caminho da geladeira.
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A reunião secreta começou.
O local era um galpão no estilo anfiteatro. Já havia algumas pessoas presentes, sentadas em lugares aleatórios, era possível observar a grande falta de união entre elas, estarem próximos uns aos outros parecia ser complicado.
- Hoje iremos falar sobre possessão – Ryan deu inicio a discussão abrindo um grande livro de capa velha.
- Mas... acho que todos aqui já sabem um pouco sobre isso, não? É um conhecimento básico – perguntou Gabriel sem muito interesse.
- Do modo que fomos notificados, achei que seria algo mais urgente, vamos ter uma aula é isso? – falou Drogo erguendo as sobrancelhas.
Todos ficaram alvoroçados falando ao mesmo tempo. Serem convocados em plena madrugada para uma simples aula, era uma piada de mal gosto.
- GENTE! – Sarah tentava acalmar o grupo – Vamos deixar ele terminar de falar, por favor...
- Obrigado Sarah – Ryan agradecia – Bem, hoje não iremos falar sobre uma possessão qualquer, não é algo que se possa controlar ou forçar regresso. E nenhum tipo de ritual ou exorcismo como é conhecido popularmente, pode reverter o processo neste caso.
- Eu ainda quero a minha cama – Doris sussurrava para si mesma.
- Impossível! Nenhum ser pode habitar o corpo de outro sem a permissão do mesmo e ainda tomá-lo para si, como se fosse seu, é mais inacreditável ainda! – opinou Lisa.
- Nem sempre – Collin respondeu.
- Concordo, mas essa prática foi banida há muito tempo, nem mesmo se sabe mais como se faz – completou Cassidy, cerrando as unhas.
- Se aconteceu alguma coisa do tipo, tenho certeza que foram esses dois, não são o Collin e Cassidy que sempre fazem esse tipo de coisa? – disse Lorie.
- Sou uma succubus, não um demônio pirralha, ainda tenho meu orgulho, não me sujeitaria a roubar o corpo de ninguém.
- Pra mim, dá no mesmo, demônios, succubus, inccubus, vocês devem ter um péssimo gosto – retruca novamente Lorie.
- isso não é possível, se eu ou a Cassidy voltássemos a nos alimentar por este tipo de energia, você estaria vendo asas em nós agora, não teria como esconder – Collin responde.
- Eu achava que os Kitsumes eram os mestres em possessão – falou Matt.
- Que piada, não há mais Kitsumes – Gabriel fala sorrindo com tamanha certeza.
- A Lisa é uma Kitsume – respondeu Mark.
- Nossa, temos um fóssil presente senhoras e senhores! – Cassidy vira-se para encarar Lisa. – As guardiãs das bestas de caudas, diz ai Lisa, como é tentar esconder nove caudas?
- Isso me fez lembrar aquele desenho do garoto com cabelo amarelo, que fica gritando “Tô certo” o tempo inteiro. – Lorie tentava se lembrar do nome.
- Não tem nenhuma graça Lorie – Lisa emburrou-se.
- Ninguém ta rindo fofa.
- Novamente, DEIXEM O RYAN fa-lar... – suplica Sarah.
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- Água, água... preciso de mais água – Leiry já havia esvaziado todas as garrafas da geladeira, mas, entranhadamente sua sede não cessou.
Em passos cambaleados e a visão turva, voltou para o banheiro e se deixou encharcar pelo chuveiro, bebendo o máximo que podia da água corrente.
- hihi – ouviu risos.
- D-doris? É você? – falou inspirando o ar.
As luzes dos outros cômodos se apagaram, só restou apenas a do banheiro que agora, piscava um pouco fraca.
Somente o barulho da água escorrendo pelo ralo preenchia o espaço silencioso.
- Leiry... está me ouvindo querida? – uma voz macia lhe chamava.
- Não, não... – colocou as mãos nos ouvidos, lágrimas quentes escorregavam sobre seu rosto. – Por que essas coisas estão acontecendo comigo? – se encolheu no chão do Box.
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- Não é uma possessão fluídica, onde se pode alimentar-se da energia como fazem os vampiros e os succubus, nem corpórea no caso da possessão demoníaca, estou falando de uma possessão de alma.- Ryan continua.
Todos estão atentos as suas palavras.
- Todos nascemos com energia positiva e negativa juntas, como se fossem uma só, isso é o que chamam de “alma/ espírito/sopro da vida”, no presente caso, a causa desta possessão é que o individuo nasce com as energias separadas, o destino desta pessoa é servir de receptáculo.
- como se a alma estivesse dividida ao meio, com uma parte vazia – Mark conclui, espantado.
- Sim, sendo possível possuí-la, apoderando-se desta parte.
- por isso é irreversível? – pergunta Petter.
- Pode-se dizer que sim, se completo o processo, é impossível retroceder, pois duas energias acopladas é claramente mais forte que uma metade.
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- Leiry querida – em um tom doce, a voz fantasmagórica parece entoar em um eco constante.
- Sai de perto de mim!! Me deixa em paz! Você não existe-você-não-existe! – Leiry soluça.
- Coitadinha, está assustada, mas eu prometo fazer o melhor por nos duas, hehe...
- O que você fez comigo? – além das náuseas, Leiry agora sente um queimor intenso no peito que ia se alastrando pelo restante de seu corpo.
- hehe, sua sede? É minha sede, sua agonia? É minha agonia, sua dor? É a minha dor.
- alguém me-me a-ajude...
Leiry sentia-se apagar aos poucos.
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- Yuki-onna a Bruxa da Neve, ela é o problema – assim quando Ryan termina frase, uma atmosfera silenciosa recai sobre todos – Se encontrarmos a metade encarnada dela, as coisas se resolveriam.
- Você quer dizer, matar? – Pergunta Petter receoso.
- Sim, infelizmente vai nos dar mais tempo de prever outras maneiras de prendê-la definitivamente, vai custar um período até que o ciclo recomece.
- Vamos matar uma pessoa que talvez nem saiba o que é de verdade? – Lisa se levanta decidida – E o que houve com “respeite os humanos, priorize a vida”?
- Isso é um momento decisivo, é diferente Lisa.
- Ah ta, agora que é vantagem para nós, as coisas mudam? – ela olha para os demais – E vocês não vão dizer nada? – todos fogem do seu olhar - São pessoas...
- Calma ai Loirinha, é apenas uma pessoa e tecnicamente só é metade humana – Cassidy discuti.
- Mas é uma vida!
- Cassidy tem razão Lisa – Sarah concorda – É melhor do que um novo conflito entre as raças, não quero perder mais ninguém. - entristece.
- Mas lembre-se Sarah que você também é metade humana e nem por isso estamos discutindo se você deve morrer ou não. – Sarah não consegue encarar o olhar de Lisa sobre ela.
- Eu posso mordê-la? – Pergunta Lorie com um brilho nos olhos.
- Não, não pode Lorie – Petter revira os olhos.
- Não percebe que muitos de nos morremos para que ela pudesse ser presa e mesmo assim, falhamos e agora ela está por ai, prestes a voltar e causar imensos problemas, é a morte de uma pessoa que salvará a de muitos, inclusive as dos humanos. – Jake complementa.
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Ao abrir os olhos, Leiry se vê em total escuridão.
- onde estou? – coloca as mãos para os lados na tentativa de achar as paredes.
- Estamos dentro de você... – a voz responde.
- Quem é você?
- Eu sou você... e você sou eu...
- Você é a mulher do Kimono?
- Está tão perto...
- O que? O que está perto?
- Seu aniversario... ao amanhacer.
- Como sabe?
- Eu sei tudo sobre você...
- O que quer comigo? – Leiry se sentia incrivelmente calma, apesar de odiar a escuridão.
- Quero erradicar a mentira desse mundo apodrecido.
- Vai ferir alguém?
- Talvez...
- eu não vou deixar!!
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- Está decidido, quero que fiquem alertas para qualquer mudança repentina aos sinais de possessão, febre alta, mudanças de humor, sede excessiva e pessoas que completem maior idade este mês, qualquer estudante com esses requisitos devem ser levados até mim, imediatamente – Ryan conclui.
- Como podemos saber se ela está nesse Campus? ou até nesta cidade? – Mark diz.
- Conto com a melhor Bruxa da aliança, Sarah por favor, contamos com você.
- Pode deixar Ryan.
- De resto, está terminada esta reunião, liberados.
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- Sabe, faz um tempo essa nossa briga para saber quem tomara o controle? estou começando a me cansar...
- Eu não vou permitir, não vou perder pra você!
- Vou te contar um segredinho Leiry... só por consideração... Em todas as nossas vidas e nossas disputas anteriores, eu nunca perdi.
De repente correntes brancas começaram a se prender nas pernas e braços de Leiry, e cada vez ficam mais apertadas.
- Você será minha... – disse a mulher do kimono Branco.
- Quem é você?
- Yuki-onna.
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