História Na Calada da Noite - A Última Esperança - O que foi que eu fiz...

Abro meus olhos abruptamente e me encontro em um lugar completamente escuro, só há preto. Olho em volta, mas não há nada além de escuridão.

_ Você merece ficar sozinho... – sussurra.

Drogo: o que? – sussurro atônito ao ouvir isso.

_ Ela nunca irá te perdoar.

(Mas o que é isso?)

_ Você é um idiota que destrói vidas... merece a morte...

Drogo: pare! – digo tentando parecer autoritário.

A voz que tanto me assombra ri da minha tentativa.

_ Mesmo tentando, nunca conseguirá me intimidar ou me dar ordens... eu sou o medo, a escuridão... e a morte...

Drogo: que besteiras estás a falar.

_ não digo besteiras... apenas a verdade...

Drogo: chega... pare com isso, por favor...

_ Filho do diabo pedindo por favor... essa é nova...

Drogo: não sou filho do diabo!

_ É fruto de quem fez pacto com o diabo...

Drogo: isso é mentira! Vampiros não são frutos disso!

_ Em que conto de fadas vive... meu caro...

Drogo: Viktor não fez pacto com o diabo!!

_ Claro, ele é o próprio diabo...

Drogo: não! Não é!!

_ PARE DE ME CONTRARIAR!!!

Sinto algo morder meus dois pulsos, e quando olho há... duas serpentes vermelhas (ele... ele é o diabo).

Uma risada maléfica alcança meus ouvidos, o que me faz estremecer dos pés à cabeça.

_ Só agora que percebeu? – diz diabolicamente, então ouço passos se aproximarem de mim.

Seus olhos vermelhos brilham nesta imensa escuridão, e seu corpo se esconde no meio do escuro. É um homem... não é como muitos falam, um ser horrendo.

_ És inútil... desprezível... onde passa um coração destrói. És assim por causa da morte de uma simples mulher!! Há muitas outras, ainda melhores do que ela... porquê não aproveita...

Drogo: nunca irei trair minha mulher!! – digo enraivecido.

_ SUA MULHER ESTÁ MORTA!!! ACORDE PARA A VIDA MISERÁVEL!!!

Drogo: se eu não quiser, não irei acordar, não será você que me obrigará a fazer isso – digo transbordando ódio. 

_ És tão ingênuo...

Drogo: cale a merda da tua boca infeliz...

_ Já que não te obrigo a nada, você também não tem esse direito...

Drogo: o que quer comigo? Diga de uma vez!

_ Apenas tua desgraça – ri diabólico.

Suspiro frustrado e fico a encarar o chão.

_ Quem disse que pode olhar para o chão?

Drogo: até isso você quer controlar...

_ Não apenas isso... como tudo...

Quando me preparo para refuta-lo, minhas pernas falham me fazendo ajoelhar sobre o chão, e quatro dentes pontiagudos, perfuram meus ombros (claro... mais serpentes). Ainda encaro o chão, não serei obrigado a obedecer um ser como ele.

_ Que tal fazer o que faço de melhor? – diz maléfico.

Sinto algo extremamente afiado perfurar a parte de trás da minha cabeça, conseguindo rachar meu crânio, e acertar em cheio meu cérebro, tirando de meus lábios um grito de dor e sofrimento. Lágrimas de dor escorrem de meus olhos.

_ Que gracinha, estas a chorar... mas acho bom que saiba que minhas vítimas fizeram o dobro que isso...

Mais três coisas pontiagudas e afiadas, perfuram minhas costas, uma delas acerta meu coração, outra em meu pulmão direito e a terceira na minha coluna óssea.

Meu choro se torna alto, alto o suficiente para tirar gargalhadas dele. Meu sofrimento é tamanho, que a vontade de morrer me consome. Sinto o veneno das serpentes invadirem meu corpo, o que me causa uma imensa agonia.

_ Isso!! Continue! Ouça sua consciência...

Minha consciência diz que sou um imprestável, inútil e desprezível ser, que mereço morrer do que habitar no mundo e trazer desgraça à vida das pessoas.

Estes pensamentos me consomem de uma tal maneira, que me parecem ser o caminho certo a ser seguido. Mas meu coração grita para que pare, que eu vença essa consciência maldita.

Meu corpo luta bravamente contra ele mesmo. Meu coração contra minha mente.

_ Já que está enrolando de mais, vamos ao que realmente interessa...

Uma névoa vermelha surge, e me rodeia. Nela parecem passar minhas memórias com a Kiara. Porém param em nossa última memória juntos, o dia de sua morte.

Kiara: a culpa é sua...

As lágrimas tomam meu rosto novamente, e meu corpo se agonia após ouvir isso.

Drogo: eu sou um inútil... não mereço viver...

_ Muito bem garoto... está quase lá... pegue isso, te ajudará no processo...

Uma faca aparece em minha frente, e as correntes e serpentes se desvencilham de mim. Pego a faca, já tremendo de tanto chorar. Minha tristeza consome meu coração, que já não tenta mais lutar.

A culpa faz minha cabeça pulsar de dor, e a morte me faz um convite irrecusável. Aponto a faca em meu coração e respiro fundo.

_ Nos veremos em breve garoto...

A faca aos poucos adentra meu peito e...

_ NÃO!!! – grita uma voz feminina, fazendo com que a escuridão se vá, deixando o local totalmente branco – Drogo largue essa faca...

Congelo no mesmo segundo.

Drogo: Ki... Kiara...

Kiara: sou eu meu amor, está tudo bem... mas por favor, largue essa faca...

Suas palavras são como ordens ao meu psicológico, que logo, ordena ao meu corpo. A faca cai no chão e então sinto pequenos braços me envolverem em um caloroso abraço.

Kiara: está tudo bem... – sussurra em minha orelha – eu não te culpo de nada meu amor... eu te amo mais do que tudo... não dê ouvidos ao diabo, suas palavras sempre são sem nexo, mas podem causar um enorme estrago.

Drogo: satanás... certo?

Kiara: sim... ele que estava falando contigo... Mas eu não poderia deixar que ele te manipulasse, és único meu amor, e não merece morrer – diz acariciando minha bochecha.

Drogo: como está aqui?

Kiara: Deus permitiu que eu viesse... – sorri.

Drogo: ele tirou você de mim!

Kiara: mas ele tem um propósito Drogo...

Drogo: Não! Não tem!

Kiara: fique calmo, não precisa se exaltar, eu estou aqui para você... calminha... – diz e logo cola nossos lábios em um selinho cheio de paixão e saudade.

Drogo: eu senti tanto a sua falta...

Kiara: mas eu sempre estive contigo...

Drogo: naquela noite... foi você que me fez dormir?...

Kiara: sim... – sorri.

Drogo: por favor, leve-me contigo, não consigo mais viver sem ti...

Kiara: eu não posso meu amor... seu trabalho na terra ainda não terminou...

Drogo: Kiara...

Kiara: vai ficar tudo bem... você precisa relaxar meu amor...

Drogo: como queres que eu faça isso? – pergunto incrédulo.

Ela sorri brincalhona. Com o estralo de seus dedos, nos encontramos na cabana nesse momento.

Kiara: deita... – aponta para a cama atrás de mim.

Obedeço o que ela pede, e a mesma imita meu ato. Suas mãos vão ao meu abdômen, onde ela faz uma pequena massagem.

Kiara: está tão tenso meu amor...

Drogo: esses últimos dias não foram dos melhores...

Kiara: imagino... – se coloca encima de mim, e passa à acariciar meu peito.

Olhar para ela é tão extasiante, sentir ela me tocar com suas mãozinhas delicadas, me faz suspirar. Minha expressão é de puro prazer com apenas seu toque.

Suas mãos fazem mais pressão em meu abdômen, conseguindo de alguma maneira me deixar excitado. Involuntariamente meus gemidos saem manhosos, o que tira pequenas risadas dela.

Ela acaricia minhas bochechas e me olha com tanto carinho, que me pergunto se há tamanha ternura nesse mundo. Seus lábios tomam os meus em um beijo viciante, envolvendo sua língua à minha. Seus toques agora se tornam mais necessitados, o que retira de mim gemidos de puro prazer.

Não aguentando mais, começo a despi-la desesperadamente. Porém um tremor na cabana me para de imediato. Kiara olha para mim cheia de tristeza.

O tremor volta a acontecer, só que dessa vez mais forte.

Drogo: Kiara o que está acontecendo? – pergunto preocupado, e a mesma suspira.

Kiara: sua consciência está sendo tomada por sentimentos ruins, estão querendo me expulsar de sua mente, mas eu quero que saiba, que vai ficar tudo bem, ok?

Drogo: não... não me deixa de novo, por favor...

Kiara: fica calmo... vai ficar tudo bem, confia em mim...

Os tremores se tornam extremamente fortes, sendo capazes de destruir tudo a nossa volta. Tudo volta a ser branco, a cama desapareceu, assim como a cabana. Kiara começa a ficar transparente, e então meu desespero aumenta.

Drogo: não!! Por favor não vai, eu preciso de você!! – digo já permitindo que as lágrimas desçam.

Kiara: fique calmo, vai ficar tudo bem...

Drogo: não sem você!!!

Seu corpo a cada tremor, se torna mais transparente.

Kiara: eu te peço Drogo, não dê ouvidos ao diabo...

Drogo: eu não darei, mas por favor fique!!

Kiara: eu não posso – as lágrimas começam a me tomar – mas isso não é... um adeus...

Seu corpo some, e tudo a minha volta fica uma bagunça. Uma ventania toma conta do lugar, vozes obscuras soam pelo local, me chamando de nomes horríveis. Meu coração palpita e minha respiração se descontrola.

Eu não sei o que fazer a não ser gritar de desespero e sofrimento.

_ ACORDA!!!

Grito novamente, sentido em seguida um impacto contra algo duro, gelado e desconfortável. É... eu caí no chão.

_ Ô MISÉRIA!!! QUER ME MATAR DO CORAÇÃO!!! – grita indignado.

Drogo: se seu coração batesse eu ficaria quieto... – refuto.

Nicolae: muito engraçado... toma! – joga papéis em minha cara.

Drogo: o que é isso?

Nicolae: contas a pagar do conserto do seu carro, do carro que acertou, e ainda do hospital que te atendeu – diz sorrindo cínico.

Drogo: primeiro de tudo, o que aconteceu?

Nicolae: bem simples... por um motivo completamente insignificante, você saiu correndo da Universidade e em alta velocidade... e adivinha, bateu em um carro porquê ESTAVA NA CONTRA MÃO!!! – grita ainda mais alto.

Drogo: NÃO ERA UM MOTIVO INSIGNIFICANTE!!!

Nicolae: para mim inveja é um motivo insignificante...

Drogo: e de quem eu teria inveja, exatamente?

Nicolae: talvez de mim, do Peter e do Aron – diz debochado.

Dou o meu sorriso mais arrogante.

Drogo: e porquê eu teria inveja de vocês? – pergunto já de pé, o encarando com deboche.

Nicolae: talvez, porquê nós somos casados, e você... viúvo – sorri para mim, destruindo meu sorriso – foi tão fofo você chorando de inveja.

Desvio meu olhar com sua primeira fala, (o que deu nele?)

Nicolae: ai maninho, você mesmo tentando... nunca passará por cima de mim... – caminha em direção à porta do meu quarto, mas para e olha para mim por cima dos ombros – sabe, devia dar uma chance a babá – pausa – ela parece ser melhor do que a Kiara...

Isso já foi o suficiente para eu agarrar seu cospley de Rapunzel, fazendo-o urrar de dor. Entrelaço minha mão em seu cabelo e aproximo meus lábios de sua orelha.

Drogo: é ai que se engana meu caro... – sorrio diabólico – Kiara era mil vezes melhor do que a sua lindinha é hoje – provoco.

Em fração de segundos Nicolae se desvencilha de mim e leva seu punho cerrado ao meu rosto com uma velocidade sobre humana. Mas algo que ele esqueceu é que sou muito mais ágil que ele.

Seguro seu pulso firmemente, o fazendo gemer.

Drogo: mesmo sendo o mais velho e experiente, ainda é o mais lento de nós – aumento o aperto – é você que nunca passará por cima mim...

Nicolae: estás me subestimando?

Drogo: se além de lerdo sendo vampiro é lerdo intelectualmente, não posso fazer nada... – digo com meu ar arrogante que sempre tive.

Ele vem para cima de mim, mas o empurro contra a parede com tanta força, que provavelmente um buraco se formou na mesma. Seus olhos já se encontram vermelhos e suas presas para fora, assim como eu.

Com sua velocidade ele desfere um soco em meu rosto e eu logo revido em seu estômago. Dou-lhe uma rasteira e subo encima dele, desferindo em seguida, inúmeros socos em seu rosto, não permitindo que ele revide. Sua suplica por piedade é música para meus ouvidos (ele pediu por isso... ).

Cesso a violência e aproximo minha mão de seu peito, cravando meus dedos no local, o fazendo gemer de desespero.

Drogo: não devias falar da minha mulher daquele jeito.... – digo com o olhar sombrio e cheio de desgosto – bons sonhos maninho...

Quando estava prestes a puxar seu coração, uma voz estridente grita.

_ PARE SEU DESGRAÇADO!!!! – sinto meu corpo ser tirado de cima do Nicolae e em seguida jogado para o outro lado do quarto.

Olho para a pessoa, e vejo Aurora aos prantos.

Aurora: seu miserável, idiota, RIDÍCULO!!! EU TE ODEIO!!! – se aproxima e começa a me bater fortemente, enquanto suas lágrimas descem sem parar.

Não me defendo, até porquê a ficha me caiu agora, eu ia matar o meu próprio irmão...

Aurora: não desconte sua raiva em quem não tem nada haver com o seu sofrimento!!! – grita novamente.

Talvez pelo calor do momento, ou pela raiva, Aurora mordeu meu braço esquerdo, no qual tentei usar para me defender.

Aurora: isso será para você aprender a não mexer com quem está quieto...

Drogo: como se o Nicolae fosse um santo que nunca cutuca ninguém... foi ele quem provocou a minha ira, então gracinha, pense bem nas coisas que fala, antes de analisar a situação – digo sério, tentando disfarçar a dor em meu braço.

Ela olha por breves minutos seu amado e santo Nicolae, e o mesmo abaixa o olhar. Sua atenção volta à mim, seus olhos possuem um toque de arrependimento.

Aurora: não importa, nada justificaria você tentar matar o próprio irmão... vou chamar a Sarah... ela cuidará de você... – diz dando as costas e ajudando o Nicolae a se levantar.

Os dois se retiram, me deixando sozinho apenas com os meus pensamentos. Um longo suspiro frustrado e arrependido escapa de meus lábios.

Drogo: merda, o que foi que eu fiz...