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História Nada Contra Ela (Romance Sáfico) - Nada Contra (Capítulo Único)


Escrita por: thethxodore

Notas do Autor


Última att do dia em comemoração ao meu aniversário, espero que gostem!

Boa leitura :)

Capítulo 1 - Nada Contra (Capítulo Único)


Revirei os olhos pela décima vez só naquela manhã, as risadinhas e os sons irritantes de beijo já estavam me fazendo perder a paciência. Dava até vontade de vomitar ou de gastar meu réu primário.

– Que cara é essa, Jade? – quase rolei os olhos pela décima e primeira vez, mas consegui me controlar. Bruna me fitava com seu corriqueiro sorriso pequeno e brincalhão, enquanto seu braço envolvia a cintura de Isabela. 

Isabela, por sua vez, estava praticamente sentada no colo de Bruna, quase deitada em seu colo, com aquele sorriso enjoado nos lábios.

Revirei os olhos novamente. Pela décima primeira vez. 

– Está de mal humor? –  Isabela perguntou com aquela vozinha irritante dela, apenas bufei em resposta ajeitando a mochila em minhas costas. 

– Não é nada disso, só não acho necessário vocês ficarem nessa agarração logo cedo. Ainda nem são sete da manhã! – Bruna riu me fazendo bufar ainda mais alto. Essas duas ainda me fariam cometer um crime de ódio.

– Você só está com inveja porque não tem ninguém pra ficar se agarrando! – revirei os olhos pela décima segunda vez, desse jeito iria deslocar minhas orbes. Essa menina tirou o dia pra me irritar!

– Você não deveria estar com as suas amiguinhas ao invés de ficar se atracando no meio do corredor? – a garota irritante deu um sorriso debochado e beijou Bruna de um jeito exagerado antes de finalmente ir embora. – Até que enfim!

– Não sei porque você não gosta da Isa – Bruna falou e eu apenas dou de ombros.

Bruna é minha melhor amiga, uma das únicas amigas que eu tenho. Ela tinha cabelos longos na altura dos ombros e bastante cacheados, olhos cor de amêndoas e uma pele em um tom escuro muito bonito. 

Mas o que mais chamava a atenção nela era seu sorriso, Bruna sempre tinha um sorriso leve nos lábios e quando ela ria ou simplesmente sorria com espontaneidade seu rosto ganhava um brilho diferente, que encantava qualquer um. 

É… talvez o sorriso dela me encantava mais do que deveria e talvez eu gostasse dela mais do que deveria. 

Só que tinha alguns problemas. Primeiro, Bruna estava de rolo com Isabela; e segundo, o pior de todos, Bruna e eu somos amigas desde a oitava série. E isso me irritava demais. 

Se apaixonar pela melhor amiga, jura? Que clichê, Jade! 

E o pior de tudo era saber que ela nunca sentiria o mesmo por mim. Bruna era simplesmente linda e eu era só… eu, não tinha um sorriso encantador que arrancava suspiros das pessoas, não era engraçada como ela e também não era bonita como ela. Eu era muito sem graça comparada à Bruna.

Diferente de Isabela, ela era linda — mas não tanto quanto Bruna — com os cabelos descoloridos e pintados de verde nas pontas, boca avermelhada, olhos puxados e bem escuros e pele clara. Isabela não tinha um sorriso encantador como Bruna, mas ela sabia exatamente o que dizer pra fazer qualquer um rir, ou fazer o que ela queria. E acho que foi isso que atraiu Bruna. 

Eu não chegava aos pés de Isabela, logo, não tinha a menor chance com Bruna. Pelos motivos citados acima e também por me ver só como uma amiga.  

Tudo o que eu poderia fazer era abandonar aquela paixão fadada ao nada ou me morder de ciúmes toda vez que via Isabela sentada no colo da minha melhor amiga. 

– Tenho nada contra ela, inclusive até faria – Respondi seu comentário dando de ombros. 

Realmente não tinha nada contra a Isabela, mas também não tinha nada a favor… 

– Faria? – Bruna perguntou tombando a cabeça um pouco pro lado. 

– É, faria – vendo que a garota ainda tinha um olhar confuso bufei – Não acredito que você não conhece essa música! Ela literalmente está tocando em todos os tiktoks! 

– Você sabe que eu não uso o TikTok. 

– É eu sei, mas enfim, eu não tenho nada contra a Isabela – falei já me preparando para entrar na escola, afinal, daqui a pouco daria o horário das aulas – Eu só acho desnecessário vocês se agarrando logo de manhã cedo. 

O sinal soou e logo o portão de ferro da escola abriu, Bruna riu do meu comentário enquanto entrávamos no colégio. 


• • •


Juro que não me incomodava, sério. Na maioria das vezes eu preferia apenas ignorar — era aquele ditado "ignora que passa" — mas, por mais que eu tentasse ignorar, eu não conseguia. Toda vez que Bruna beijava Isabela, ou abraçava, ou sorria para ela eu sentia meu estômago queimar e algo se quebrar dentro de mim. 

Eu não queria sentir ciúmes, não queria sentir inveja da Isabela, mas todas as vezes que eu as via juntas eu me sentia muito mal. E triste. E muito egoísta. 

Porque Bruna não tinha culpa de eu sentir o que sinto por ela e ela não sabia o que eu sentia por ela. E ela não merece passar por todo esse drama por minha culpa. 

Caminhava pelo corredor da escola com todos esses pensamentos rondando minha cabeça, tudo o que eu queria era comprar algo na cantina e me refugiar atrasada quadra. 

– Jade? – Soltei um suspiro baixo e frustrado e me virei. E lá estava ela, o motivo de eu sair correndo da sala na hora do intervalo e me esconder atrás da quadra. Bruna me de forma estranha, com o cenho franzido e com o olhar confuso – Porque você está fugindo de mim? 

– Eu não estou fugindo de você.

Na verdade eu estava sim, com o passar dos dias aquela confusão de sentimentos crescia mais e mais e tudo aquilo estava me deixando louca. Então, para evitar que eu me afundasse mais em toda essa merda, e para evitar que eu arrastasse minha melhor amiga nisso, eu decidi me afastar. 

Porém, descobri da pior forma possível que ignorar não é a melhor solução para um problema. Mesmo que eu tentasse manter distância, mesmo que eu repetisse na minha cabeça que aquilo não me afetava, era óbvio que isso me machucava. 

Machucava me afastar da minha melhor amiga, doía ver Bruna com outra garota, sorrindo para outra garota e machucava ainda mais perceber que, a cada dia que passava, eu me via cada vez mais apaixonada por ela. 

– Ah, não está? – Bruna disse me lançando um olhar acusador, bufei em resposta desviando o olhar – Você quase não conversa mais comigo, você some na hora do intervalo e eu nem te vejo mais na hora da saída! O que está acontecendo? 

Encolhi os ombros sem saber o que dizer, dava pra perceber pelo seu tom de voz o quão chateada ela estava com minha distância, mas esse era o único modo de não destruir nossa amizade. Eu não podia contar para Bruna o motivo de eu estar cada vez mais distante e não podia contar o que sentia por ela. 

Levantei os olhos encontrando o olhar de Bruna, suas sobrancelhas franzidas em uma expressão quase de súplica. 

Não conte para ela!

Ela não merece isso! 

Não destrua nossa amizade! 

– Você não deveria estar se agarrando com a Isabela em algum lugar?  – disse tentando não soar tão na defensiva, mas acabou que soei um pouco amarga.

Bruna apenas me encarou sem dizer nada, seu olhar havia abandonado a chateação que deu lugar a um brilho magoado. Me odiei por ser a responsável por aquela expressão tristonha, tudo que fiz foi desviar meu olhar para meus pés. 

– Pelo visto você não quer minha companhia… – sua voz estava baixa, mas ainda assim conseguia escutá-la. Porque mesmo com toda a barulheira dos outros alunos, a voz da Bruna sempre seria sempre a minha prioridade – Nos vemos por aí. 

Senti meu coração se afundar e quando assistia Bruna se afastar em passos rápidos, soltei um suspiro tristonho e recomecei meu trajeto até a quadra.

Não conseguia esquecer o olhar magoado que ela me lançou, eu fui a causadora daquela mágoa e me sentia dolorosamente culpada por isso. Mas acho que minha vida se tornou isso: um ciclo infinito de culpa. 

Culpa por sentir coisas que não deveria sentir pela minha melhor amiga. 

Culpa por sentir inveja de Isabela. 

Culpa por afastar Bruna cada vez mais. 

Culpa por não conseguir frear meus sentimentos por ela. 

Eu estava em um beco sem saída, não sabia qual decisão tomar e parecia que todas as opções davam em mais problemas. Se eu confessasse meus sentimentos pra Bruna, nossa amizade nunca mais seria a mesma e no final nós duas sairíamos machucadas dessa história. Se eu guardasse esse sentimento só pra mim, eu sairia machucada. 

A não ser que… eu me afastasse… 

Evitaria todo esse drama, Bruna não saberia sobre meu segredo e, consequentemente, não se machucaria. Se eu me afastasse não teria mais que olhar para ela, não iria mais sofrer fantasiando uma vida em que eu estaria beijando-a sem me preocupar com a droga de uma amizade, pois a essa altura estaríamos namorando. 

Ela não merece isso. 

Não vou envolvê-la nos meus dramas. 


• • •


Os dias se arrastaram de uma maneira quase torturante, parecia que um único dia possuía a duração de um século ou dois. 

Eu tinha tomado a decisão de me afastar de Bruna e estava seguindo essa decisão à risca. Entrava mais cedo na escola, ignorava Bruna a aula inteira, sumia na hora do intervalo e fugia o mais rápido que conseguia na hora da saída. Evitava a garota como se ela fosse a própria peste. 

Bruna, por sua vez, não deixava barato. Nos primeiros dias ela me rondou em busca de explicações, tentava falar comigo e me cercar, mas eu sempre fugia. Até que um dia, ela parou de tentar e nós finalmente nos distanciamos. 

Doía, mas era o melhor para nós duas. 

Desde então, eu sigo minha vida da forma mais miserável possível, andando — lê-se arrastando — pelos corredores da escola, me escondendo em cantos isolados e tentando desesperadamente me convencer de que tomei a decisão certa. 

O pior de tudo é que a paixão que sentia por Bruna ainda está lá, queimando no meu peito, fazendo meu coração arder dolorosamente. Eu queria tanto parar de sentir isso. 

Por favor, só quero parar de sofrer. 

Hoje era um daqueles dias frios e nublados de outono e era interessante como a paisagem combinava com meu estado de espírito — frio, melancólico e solitário —, chegava a ser um pouco engraçado se não fosse tão trágico.

Era o horário do intervalo e, como nas últimas quatro semanas, eu estava encolhida na parte de trás da quadra. Estava com um livro sobre o colo, porém já tinha perdido o interesse por sua história a muito tempo, meus olhos apenas passavam pelas palavras sem conseguir armazenar nada. 

Suspirei erguendo os olhos para o céu nublado, me sentia mal de um jeito que nunca senti antes. Sentia tanta falta de Bruna, sentia falta de conversar com ela e rir das coisas que ela me contava, sentia tanta falta de ver aquele sorriso que ela sempre me oferecia. No geral sentia falta de sua companhia. 

Era o melhor a ser feito, repetia como se fosse um mantra. 

Só precisava aguentar mais algumas semanas e então viriam as férias e eu não precisaria mais cruzar com Bruna por um bom tempo. Nesse meio tempo eu acharia uma forma de esquecê-la e então nossa distância não seria mais tão dolorosa. 

– Finalmente te achei! – pulei de susto ao ouvir a voz de Bruna, meus olhos se focaram nela e por um momento me permiti demorar meu olhar nela – Então é aqui que você se esconde todo santo dia?

– Eu… – comecei a dizer, mas logo me calei, algo no olhar dela me dizia para ficar quieta. 

Me levantei devagar um pouco hesitante, na mesma hora, Bruna pôs-se a andar na minha direção.

– Porque você está fugindo de mim? – peguei surpresa com o empurrão que levei e ainda mais surpresa quando Bruna me abraça. Sua cabeça estava apoiada em meu ombro e eu conseguia sentir o calor que exalava do seu corpo – Me diz o que eu fiz de errado pra eu poder consertar e nós voltarmos a ser amigas.

Senti meu coração afundar com aquelas palavras, Bruna achava que a culpa era dela por nossa distância e isso me fazia sentir pior do que já estava. 

Bruna ainda me segurava contra seu corpo quando respirei fundo, esse ato tão natural se mostrou um erro pois me fez sentir o perfume doce característico da minha amiga. Sentir esse perfume costumava me causar uma paz acolhedora, mas nos últimos tempos só serviu para alimentar mais meus sentimentos confusos. 

– Você nunca faz nada de errado, brubru – falei soltando um suspiro baixo, Bruna estreitou mais seu aperto.

Ao mesmo tempo que queria que ela se afastasse, eu também queria continuar naquele abraço. Aquele era o nosso primeiro contato depois de semanas. 

– Então me diz o que está acontecendo! – Bruna finalmente me soltou, porém foi apenas para começar a andar de um lado para o outro como sempre fazia quando estava nervosa – Você não fala mais comigo, não responde minhas mensagens, se esconde de mim e sequer olha na minha cara. Se eu não fiz nada de errado então porque você vem fugindo de mim?! 

O problema sou eu, era o que eu queria dizer, eu não consigo te olhar sem que meu coração acelerasse. 

Eu não consigo mais pensar em você como minha amiga. 

Eu não consigo pensar em como seria se você correspondesse meus sentimentos! 

Eu não consigo… 

– Jade… – a súplica em sua voz fez meu coração se despedaçar – Por favor, me diga o que está acontecendo. 

– Se eu disser… – falei mantendo meus olhos grudados no chão, abracei meu corpo sentindo falta do calor de Bruna. Engoli em seco e forcei meus pensamentos para outro caminho – … você vai me odiar. 

– Por que eu te odiaria? – mesmo sem olhá-la, sabia que suas sobrancelhas estavam franzidas em confusão e que sua cabeça estaria levemente tombada para o lado – O que você fez de tão grave que me daria te odiar? 

Passei as mãos pelos meus braços espantando o frio que não sentia na realidade, usava o frio como pretexto para me encolher como se, fazendo isso, eu me impedisse de falar o que não devia. Isso era quase um mecanismo de defesa que eu usava para me proteger e para proteger Bruna. 

Mas ao mesmo tempo que tentava me refrear, eu também queria tirar todo aquele peso das minhas costas. Eu vivia em uma constante luta contra mim mesma. 

Se eu contasse tudo o que sentia para Bruna, eu finalmente me livraria do peso que carregava. Se eu contasse, pelo menos assim Bruna teria um motivo para se afastar de mim e eu finalmente poderia juntar os cacos do meu coração e procurar uma maneira de esquecê-la. 

Vamos acabar logo com isso! 

– Eu gosto de você… tipo, gosto mesmo de você – disse apertando meus braços contra o corpo, minha voz era baixa e eu nem sabia se Bruna estava realmente me escutando – Eu… gosto de você faz bastante tempo e eu sei que nós somos amigas e que você está com a Isabela, mas eu não consigo deixar de me sentir desse jeito. Eu juro, eu tentei, mas não consegui! Eu pensei que se me afastasse essa… coisa que eu sinto por você iria sumir, mas a cada dia que passa parece que eu estou mais apaixonada do que antes e isso é uma droga porque não é justo te envolver nessa merda… 

A essa altura, minha voz já estava embargada e as lágrimas rolavam livremente pelo meu rosto. Mas eu não podia parar de falar, eu precisava dizer tudo que sentia antes de destruir de vez nossa amizade. 

– … Então eu me afastei, porque eu pensei que assim seria menos doloroso, que você não sairia machucada nessa história toda, mas eu não consigo parar de pensar em você, todo santo dia eu penso em como eu estraguei tudo e como eu queria que tudo fosse diferente… eu… eu… 

Me calei quando Bruna se adiantou até mim, na verdade eu me calei quando Bruna juntou sua boca à minha. Não podia chamar aquilo de beijo, nossas bocas apenas ficaram pressionadas por demorados segundos. Mesmo assim, aquele simples selar foi capaz de fazer meu estômago borbulhar. 

Quando nos separamos eu ainda estava um pouco tonta por causa daquele beijo tão repentino, quando meus olhos caíram sobre a garota vi que ela sorria de um modo tão doce que fez meu coração errar uma batida. 

– Por favor… não me beije por pena – falei em um sussurro, fechando os olhos para não encará-la – Por favor… eu não aguentaria se você me b- 

Qualquer súplica minha foi interrompida pelos lábios de Bruna que me beijou uma, duas, três vezes. Depois, ela colou nossas testas e repousou as mãos em cada lado do meu rosto. 

– Eu nunca te beijaria por pena – sua voz era suave, seus polegares deslizavam pelas minhas bochechas limpando o rastro de lágrimas. Fechei os olhos me permitindo aproveitar aquela carícia tão delicada – Por muito tempo eu senti… coisas por você. Eu ainda sinto, na verdade. Eu pensei que você não sentia o mesmo por mim, então nem tentei nada.

Não conseguia processar direito aquela confissão de Bruna. A minha melhor amiga acabou de revelar que também gosta de mim. De um jeito romântico. 

Eu estou sonhando, só pode.

– Isso… é verdade? – falei em um sussurro, ainda não acreditando que Bruna havia me beijado a instantes atrás. 

– Eu já menti pra você em algum momento? – ela rebateu e eu arqueei a sobrancelha em resposta. Bruna era muito boa em inventar mentiras bem elaboradas — ela chamava isso de tato de fanfiqueira – Eu nunca mentiria sobre algo desse tipo, você sabe, não é? 

Isso era verdade, Bruna nunca brincava com os sentimentos das pessoas. 

– M-mas e a Isabela? – pelo que me lembrava, elas ainda estavam juntas, mas tenho minhas dúvidas agora, já que Bruna rolou os olhos com a minha pergunta.

– Não estamos juntas, só foi um rolo.

– Mas ela sabe disso? – perguntei desconfiada, em resposta recebi outro revirar de olhos da minha amiga (se é que ainda posso chamá-la assim).

– Ela sabia que eu gostava de você – Bruna respondeu dando de ombros – E foi ela quem me disse onde te encontrar. 

Me recordei de alguns dias atrás quando isabela me encontrou encolhida nesse mesmo lugar, na hora nenhuma de nós disse nada e ela saiu tão rápido quanto apareceu. 

– Aquela fofoqueira! – resmunguei ganhando uma risada de Bruna, sentia tanta saudade de ouvir aquele som tão gostoso. Estava tão feliz por ser a causadora daquele riso. 

Então caímos em um silêncio confortável, Bruna ainda estava bem próxima a mim, sua testa colada na minha, nossos narizes se encostando e nossas bocas a centímetros de distância. Suas mãos ainda estavam em meu rosto e eu não queria estar em nenhum outro lugar além desse, nunca pensei que sentiria tanta falta do contato de outra pessoa. Com Bruna, era quase uma necessidade, como se eu precisasse sentir o corpo dela próximo a mim. Era uma atração muito forte, um magnetismo que fazia meu corpo inteiro queimar. 

– Nós estamos bem? – Bruna perguntou depois de um tempo e eu apenas assenti. Sua mão direita deslizou pela minha bochecha até chegar no meu queixo, seus olhos desceram para minha boca – Eu… posso te beijar de novo? 

Assenti mais uma vez sentindo uma ansiedade repentina, Bruna se aproximou devagar e colou nossos lábios levemente. Meu coração batia fortemente contra meu peito e eu sentia como se estivesse entrando em combustão, era uma sensação incrível e nova e estonteante. Quantas vezes eu imaginei como seria beijar Bruna e quantas vezes me condenei por pensar algo do tipo.

E agora eu estou aqui. Com os braços envolta da sua cintura, com os lábios pressionados nos seus e com um sorriso mal contido no rosto. 

Aquilo era melhor do que qualquer cenário que fantasiei. 


• • •


São seis da manhã! Vocês poderiam, por favor, se desgrudar? – Isabela reclamou fazendo Bruna e eu rir. Dei um último selinho na minha namorada e Isabela bufou – Vocês parecem dois polvos, não se desgrudam uma única vez! 

Sim, Bruna e eu estamos namorando. Depois de conversarmos muito sobre nossos sentimentos resolvemos namorar (eu quem fiz o pedido!) e tem sido incrível. 

– Cadê o seu namorado pra resolver esse mal humor? – provoquei recebendo um revirar de olhos exagerado da loira. 

– Primeiro, ele não é meu namorado – a loira disse levantando o dedo indicador, depois foi a vez de erguer o dedo médio – Segundo, são seis da manhã! 

Soltei uma risada e passei as mãos pela cintura de Bruna para chamar sua atenção, a garota me encarou e de imediato entendeu o que eu queria. Com um sorriso nos lábios, ela cercou meu pescoço com seus braços e se aproximou, nossas bocas se uniram em um beijo demorado que terminou em vários selinhos. 

Ao fundo ouvi Isabela bufar, mas nem me dei ao trabalho de olhar em sua direção. Só quando senti algo acertando minha cabeça que olhei na direção que antes estava a loira. Ri percebendo que o que havia me acertado era uma bolinha de papel e que Isabela já estava a uns bons passos de distância. 

– Eu pensei que vocês não se gostavam – voltei a encarar minha namorada que tinha uma sobrancelha arqueada. 

Desde que Bruna e eu começamos a namorar, minha convivência com Isabela havia se tornado bem pacífica. A verdade é que eu nunca odiei a garota de fato, tudo se resumia ao ciúmes que sentia por causa da Bruna. Depois que tudo se resolveu, Isabela e eu começamos a nos aproximar e até a desenvolver uma amizade. 

– Eu já te falei… – disse revirando os olhos, mas com um sorriso brincando nos lábios – Não tenho nada contra ela, inclusive até faria… 

– Mas acha que quem caberia bem melhor era você? – não consegui conter o sorriso meio surpreso meio encantado – Eu ouvi essa música… acho que ela não combina com a gente. 

Soltei uma risada intensificando o aperto em sua cintura, enterrei meu rosto em seu pescoço e aspirei seu perfume doce.

– Não, não tem. 

– Mas uma coisa eu tenho que concordar – resmunguei em resposta como um incentivo para que prosseguisse. 

– Você cabe bem melhor como minha namorada do que a Isa – sorri erguendo minha cabeça e beijando Bruna de um modo apaixonante e demorado. 

Não conseguia explicar o que eu sentia por Bruna, era uma paixão cultivada por muito tempo e que um dia pensei que seria o motivo para o fim da nossa amizade. Já não me lembrava desses dias em que me escondi de Bruna — seja no sentido literal e emocional —, agora era só sorrisos, encontros e muitos beijos. 

Jamais pensei que um dia eu teria a oportunidade de ter minha melhor amiga correspondendo meus sentimentos e estar, nesse exato momento, com ela em meus braços me beijando, tendo a oportunidade de chamá-la de minha namorada me trazia uma alegria arrebatadora. 

Rompi o ósculo fitando seus olhos castanhos, Bruna abriu um daqueles seus sorrisos encantadores e cheio de brilho e eu não consegui não sorrir de volta. 


- É, eu também acho isso! 



Notas Finais


Bom, essa foi uma fic que eu resolvi escrever em um surto de madrugada (como sempre acontece kkk).

Espero que tenham gostado de mais uma Oneshot :)

Alt Er Love♡♡♡


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