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História Nada planejado [+18] Eruri - Flores


Escrita por: eruristan3

Notas do Autor


olá, como estão?
muito obrigada pelos 129 favoritos, isso é incrível!! <3
agora sem enrolação...

Capítulo 18 - Flores


Sua mente está um caos. Quando seus olhos se abrem, ele descobre não estar em um carro, como da última vez que se lembra, mas sim numa sala fria, com barulhos de máquinas apitando a cada minuto e ruídos ao fundo. Ele tenta se ajeitar na cama pequena demais, sem sucesso, um braço está bom, porém o outro é tão fraco que ele duvida ser o seu mesmo, ao olhá-lo, ele entende. Uma enorme cicatriz está desenhando quase todo o seu membro superior direito, está inchada e vermelha, ainda com pontos, fresca e dolorida. Ele geme passando os dedos nela levemente. Ele suspira. Como veio parar aqui mesmo? É tudo tão confuso, ele não tem certeza.

Há tantos fios conectados ao seu corpo que ele se sente como um grande computador, um antigo, por sinal, processador lento e tudo mais. Ele suspira de novo. É um quarto comum de hospital, exceto pelas flores, são tantas e tão bonitas que, de um jeito quase inocente, deixam o local um pouco menos triste. Ele fecha os olhos. Sua última memória é Levi, mas foi uma lembrança da lembrança, ele precisa saber o que aconteceu antes. Ele não se recorda.

Ele suspira uma última vez, apertando os olhos e tentando desesperadamente se erguer, sua posição não está confortável, na verdade, toda sua coluna dói, mas ele supôs que foi o melhor para seu braço decadente. Ele vê um controle e aperta um dos botões, poucos segundos depois, uma enfermeira vem, ela parece aliviada e antes de entrar em seu quarto, chama mais dois profissionais. Uma jovem de cabelos ruivos desiguais aparece sorridente, quase esperançosa, enquanto um homem idoso mantém seu rosto numa fachada neutra. A enfermeira já começou a falar, mas ele não prestou atenção.

- Sr. Smith? – A médica pede, sua feição agora quase preocupada. Erwin olha para ela. – Como o senhor está?

- ...Eu não sei. – Ele diz, sua garganta tão seca de repente, sem nem notar, a enfermeira lhe estende um copo d’agua. Ele bebe até a última gota. – O que... o que aconteceu comigo?

- O senhor se envolveu em um acidente, esteve em coma desde então.

- Quanto tempo?

- Quase duas semanas. – Erwin sente seu peito apertar. – O senhor gostaria que nós o atualizássemos?

- Por favor.

  Foi tudo terrível, em suma. Um carro de alguém bêbado teve a infelicidade de colidir com o seu, deixando Erwin num estado pior que um acidente assim deveria deixar. Pedaços de vidros foram parar em seu abdômen e em seu rosto, superficialmente, mas um grande pedaço passou por seu braço, junto com o impacto, Erwin quase o perdeu, teria que ser cuidadoso quando voltasse a usá-lo como antes, ainda iria funcionar, como a doutora disse, reafirmando a todo instante para que ele se sentisse, talvez, um pouco aliviado. O outro médico, neurologista, lhe disse que tudo estava bem, sua cabeça não sofreu nenhum dano, com sorte. O coma foi devido ao trauma. Todavia, ele se mostrou preocupado, questionando o que levou Erwin a paralisar, não se mexer ou não ter noção de que já poderia ir, uma vez que o sinal estava aberto. Ele soube dessa informação depois.

- Eu... Estava preso em algo, eu acho.

- Acha que devo encaminhá-lo para a psiquiatria? – O loiro o escuta sussurrar para a médica.

- Não! – Ele grita, mas abaixa a voz. – Eu quis dizer que estava pensando em algo, havia sido um dia ruim, só isso, não tem essa necessidade...

  Os dois médicos se vão, após um tempo, antes, fazem alguns exames, checam suas pupilas e seus ferimentos, e pedem para mantê-lo em observação por mais um dia ou dois, Erwin não pode fazer nada além de aceitar, ele supõe que seja o melhor agora, de qualquer forma, e ele realmente sente que precisa de um descanso, mesmo que estivesse dormindo durante todos esses dias... Não foi exatamente confortável. A enfermeira continua no seu quarto, consertando sua ficha e verificando algumas coisas, o loiro suspeita que ela queira apenas lhe fazer companhia. Não é ruim.

Erwin se encosta na cama de novo. Seus pensamentos estão desesperados, ele se distraiu, apenas isso, e como se encontrar Levi para que seu dia ficasse uma merda não fosse o suficiente, ele sofre um acidente, justamente quando estava pensando no moreno. Existe esse detalhe, Erwin gostaria de poder culpá-lo por isso, por tudo isso, mas ele sabe que não pode, não inteiramente.

- Algumas pessoas vieram te visitar esses dias. – Uma voz doce o tira do seu transe. – Eles estavam bastante preocupados com o senhor. É claro, não puderam entrar, não eram da família, estúpido protocolo, não? – Ela sorri. – De qualquer forma, se quiser, posso checar se ainda estão aqui, tenho certeza de que ficaram felizes em vê-lo acordado.

- Muito obrigado. – Erwin olha ao redor mais uma vez. – Por que todas essas flores?

- Oh? – O rosto da mulher se ilumina. – Um amigo seu vem deixando todos os dias, sem exceção. Ele sempre pedia por você, mas eu não podia falar, me partia o coração. Dava para ver que ele se importava muito...

 Antes que Erwin pudesse perguntar, ela continuou.

- Seu namorado também esteve aqui algumas vezes.

Ah, certo, seu namorado, é óbvio.

- Eu irei procurá-los, tudo bem?

- Mesmo?

- Claro que sim, querido.

Ela sai e rapidamente volta com Mike e Ian, eles parecem tão ansiosos e aliviados, Erwin provavelmente estava dando muita dor de cabeça aos dois. Nenhum sinal de Levi. Ele não sabe por que pensa isso, Levi não viria, talvez nem soubesse.

- Ah, graças a Deus! – Mike lhe dá um abraço primeiro, com cuidado quando percebe sua cicatriz. – Nunca mais nos dê um susto assim.

Ian se encosta e faz menção para beijá-lo, Erwin recua, sem querer, ele não quer, francamente, ele está tão cansado, todo o seu corpo e alma doem, e ele nem entende o motivo desse último. Ele percebe o rosto dele, como uma confusão e mágoa se estabeleceu lá, mas Ian ainda o abraça e desliza a mão gentilmente em seus cabelos. Erwin precisa se desculpar, mas não agora. Ele não consegue expressar nada forçado ainda.

Os dois ficam mais um pouco com ele, porém logo vão para a casa, afinal já era de noite e uma quarta feira, Erwin descobriu isso mais tarde, Ian e Mike teriam trabalho e poderiam muito bem vir amanhã cedo e com mais calma, seria melhor afinal. O loiro ficou um pouco chocado quando seu namorado disse com toda admiração do mundo como o hospital fez questão de deixar o quarto decorado com flores, Erwin olhou para a enfermeira que desviou o olhar do seu, um leve sorriso se formando no canto dos seus lábios. Ele teria que perguntar quando estivessem sozinhos. Ele fez.

- Achei que fossem de um amigo.

- Perdão?

- As flores. – Erwin aponta. - Ele disse que foram do hospital, mas você me falou que foram de um amigo.

- E foram, sim, foram entregues todos os dias, inclusive hoje.

- Então por qual motivo...?

- Sr. Smith, posso fazer uma pergunta.... pessoal?

- Suponho que sim.

- O senhor tem um amante?

- O que? – Sua cabeça rodou. – De jeito algum, não. Por que você acha isso?

- Um garoto... Ele veio te visitar todos os dias. Ele trouxe todas essas flores, suspeito que comprava numa barraca que existe aqui na frente. – Ela checa os monitores, mas continua falando. – De qualquer modo, ele... Parecia tão preocupado com o senhor, passava horas aqui, e só saía quando seu namorado e seus amigos iam embora. No começo eu realmente achei que era apenas um amigo, mas o rosto dele... Aquela expressão, eu reconheceria em qualquer lugar, estou nesse trabalho há muito tempo para não saber. Então eu achei um pouco suspeito, porém não poderia falar nada, é claro. E ele parecia tão envergonhado de estar aqui sozinho, não tive coragem de perguntar também. – A enfermeira termina e olha para Erwin, percebendo seu rosto, começa a se explicar de novo. – Ah, mil desculpas, o senhor não o conhece? Eu achei... Oh, Deus, espero que ele não seja um stalker. – Ela diz a última frase mais para si mesma.

Erwin poderia ficar feliz, ele poderia. Sua parte – ainda – apaixonada por Levi certamente ficou, contudo... Algo pior surgiu, uma raiva. Talvez derivada de toda a dor passada, ele não tinha certeza. Parecia um jogo, uma brincadeira de mal gosto, que tipo de pessoa terminaria com você da pior forma possível e depois iria te visitar e trazer todas essas flores? Seria culpa? Pena? Levi achou que Erwin estava horrível sem ele em sua vida? Estúpido, simplesmente. Tão estúpido. E mais estúpido como ele ainda conseguiu sonhar com Levi quando finalmente adormeceu devido a medicação em seu sangue.

Quando acordou, o céu estava claro, o sol provavelmente tinha nascido há pouco tempo. A sala estava mais fria do que o normal, mas pelo menos seu braço não doía tanto, talvez fossem os remédios, ele não iria reclamar. Ian e Mike vieram vê-lo antes do trabalho, não podendo ficar muito tempo, logo se foram, dizendo que voltariam a noite ou o levariam para a casa, dependendo se Erwin já pudesse ir ou não. À tarde, lhe trouxeram comida, um pouco nojenta, porém comestível o suficiente, ele estava com tanta fome que nem se importou, na verdade. Uma hora depois, a mesma enfermeira apareceu em seu quarto, sorrindo, a mulher fechou a porta e foi examiná-lo, depois disso, ela falou.

- Ele está aqui. – Erwin demorou um pouco para raciocinar. – Ainda não falei sobre você. Aliás, são orquídeas rosas hoje... – Ela adota uma feição mais séria, talvez até apreensiva. – O senhor gostaria que eu o chamasse?

Erwin pensou. E ele viria?

- Sim, por favor.


Notas Finais


desculpem qualquer erro ;)


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