História Nada será como antes ( camren version) - Todos temos escolhas

É tão bom quando você sente que o outro entende o que você está sentindo, pelo que você está passando, e não chega pra questionar ou subtrair, apenas multiplicar. [contagioverbal]

- Mas hoje não é sábado? - falo enquanto desligo o despertador.

- SÁBADO DO MEU ANIVERSÁRIO.

- O que eu tenho com isso?

- Tem que se eu não ficar feliz e contente hoje...

- Ela acaba com sua vida. - diz Louise entrando em meu quarto. - Bom dia. FELIZ ANIVERSÁRIO DINAH.

- Isso mesmo. - diz sorridente. - Bom dia. Obrigada, projeto Grey's.

- Bom dia. - digo em meio a bocejos. - Feliz....

- CALA A BOCA - Dinah berra

- O que foi sua louca?

- Você vai me parabenizar em minha festa surpresa.

- Que festa? - questiono realmente confusa.

- A que você vai fazer. - diz simplesmente.

- Eu? Por que eu?

- Por que a Louise vai estar de plantão. Você deveria se sentir honrada.

- Belíssima honra. Mas como vai ser "surpresa" se você ja sabe?

- Não sei de nada.

- Oi?

- Até. - Dinah deixa o recinto fechando a porta em seguida

- Sério, essa garota tem algum problema. Ela quer mesmo que eu faça uma festa pra ela? - direciono a pergunta para Louise.

- Sim. Todos os anos nós escolhemos quem vai fazer sua festa surpresa. Ano passado foi eu. Este ano é sua vez; novata.

- Como e vou planejar uma festa surpresa em um dia?

- Se vira, Dinah leva suas festas de aniversário muito a sério. Que os jogos comecem... - Louise diz, por fim rodopia e encosta a cabeça na parede.

- Lou. Hey. Você esta bem? - digo me levantando e indo até ela.

- Estou, foi só uma tontura... Meudeusachoquevouvomit.... - Louise não completa sua fala e corre ao banheiro, vou atrás e há encontro debruçada sobre o vaso. Depois do ocorrido nos olhamos então tive certeza de algo que já suspeitava. Não era a primeira vez que seu mal estar acontecia.

- Quanto tempo?

-3 semanas.

- Otávio já sabe?

- Não.

- Quando você descobriu?

- Semana passada. Quando eu passei mal pela 4º vez. Eu sabia que não era normal. Fiz o teste na manha seguinte. - diz sentando-se no chão.

- E o que você vai fazer?

- Vou ter..

- Você sabe que tem opções, não é?

- Não tenho Camila.

- Sempre temos. Não estou te dizendo para você abortar o seu filho. Estou dizendo que você pode fazer isso se não estiver preparada, se não estiver preparada o suficiente, se não estiver pronta, tudo bem. Da mesma forma que você pode escolher ter este bebe se você se sente preparada, se você sentir que pode. Você pode Lou? - ela apenas sorri e assente enquanto lágrimas escorrem pelo seu rosto.

- Gabriel não vai acreditar. Ele sempre falou o quanto queria ter um filho, o quanto faria diferente de seus pais....

- Ele fala sobre os pais?

- Não falava muito, principalmente no início quando nos conhecemos. Hoje também não fala muito. Ele diz que teve pelo menos uma coisa boa em ser abandonado. Mas nunca disse o que. Também nunca perguntei. Acho que quando ele estiver pronto eu vou saber - ela responde minhas perguntas antes que eu possa perguntar.

- Você sabe que pode contar comigo pra tudo não é?

- Sei sim. E isso é incrível. Você é incrível.

- Isso já está muito gay. - digo fazendo-a rir e acabo rindo junto. - Mas me fala, como devo organizar esse aniversário?

- Acho que isso não é uma conversa pra se ter em um banheiro. Muito menos comigo neste momento. Inclusive estou super atrasada.

- Sério?

- Super. Fala com sua amiguinha, Keana. - diz debochada.

- Louise Maria, isso é ciumes?

- Claro que não, você só me trocou pela versão menos gostosa de mim.

rimos

- Mas eu gosto do que vocês estão tendo..

- Nós não estamos tendo nada.

- Eu entendo. Mesmo. Você faz bem a ela. Eu gosto disso. Mas tenham cuidado... As vezes a queda dói mais do que a felicidade dura.

- Somos só amigas. Não seria justo com ela, nem comigo.

...........................

Pov Narrador

- Ela vai te matar. Dinha odeia amarelo.

- Problema dela. Pode passar. - diz ao atendente

- Depois não coloque a culpa em mim.

- Não precisarei.

- Ai, desculpa.

- Por que você esta me encarando?

- Porque você me fez rodar o cetro inteiro e não me comprou um sorvete.

- Você reclama demais, meu deus.

- Ah sim, você só queria me usar mesmo. - fala cruzando os braços e fazendo bico.

- Mas é uma criança mesmo. Vem criança, vou te comprar um sorvete.

- Gloria a deus.

Após guardarem todas as compras no carro seguem para sorveteria mais próxima.

- Boa tarde. - diz o rapaz que as atende, com um belo sorriso ao rosto. - O que desejam?

- Boa tarde. Hummm. Eu vou querer sorvete de morango. - dito isso ela se vira para mais nova esperando que ela respondesse mas ela estava em outro mundo. - Ela quer o mesmo.

Após o belo jovem se retirar com os pedidos e voltar mais rápido ainda. Keana aproveita esse tempo pra analisar a garota a sua frente. De fato Camila era uma bela moça, olhos castanhos indecifraveis, pele macia como a de uma criança, corpo desejado, e um carisma cativante... mas naqueles dois minutos entre a escolha de sabores da sobremesa e a chegada da golozeima, Keana daria de tudo para saber o que se passava na cabeça da moça.

- Uma jujuba pelo seu pensamento. - diz sapeca.

- Nada de mais...

-Fala, você sabe que eu sou curiosa.

- É que faz 3 anos que não tomo sorvete ou qualquer coisa que contenha morango.

- Que crime. Morango é vida. Me fala o por que dessa tortura.

- Lauren. - silencio. - Ela era alérgica, então meio que eu evitava.

- Entendo..

- Você ficou chateada? - pergunta receosa.

- Não. Por que ficaria?

- Ah, não sei...

- Eu acho bonito como você fala dela. Como se ela fosse alguém por quem você faria tudo e mais um pouco. Mesmo depois dela ter te quebrado em pequenos cacos, cacos estes que te cortam até hoje. Mesmo te machucando ela te tem fácil, e você ainda continua ali pra ela, independente da situação.

- Acho que qualquer pessoa que é grande em amar é pequenina em se despedir. Independentemente do que acontecesse em nossas vidas, eu me imaginava ao fim do dia deitado na cama ao lado dela, nós duas abraçadas enquanto conversávamos e ríamos, perdidos nos braços uma da outra. Mas veja no que deu.

Mesmo com os autos e baixos, idas e vindas, não adianta. Tem pessoas que sempre vão nos pertencer, independente do fim ou recomeço. Algo sempre te marca; te toca; te desmonta; te trás de volta, ou nunca mais te devolve. A gente reclama que as coisas nos magoam mas somos nós  que dá esse poder a elas.

- Alô, sim. Estou indo. Não deixa ela sair, e não fala nada pra mais ninguém.

- Quem era?

- Dinah. Louise passou mal no hospital.

...........

- Dinah, eu te mandei não contar pra ninguém. - diz Keana entrando na sala e vendo que todos estavam la, seu Geraldo, Thiago e claro, Gabriel.

- É a Dinah, nem você estaria aqui se não fosse por ela.

- Cala a boca que eu ainda não falei com você. 

- Então Keana, o que minha netinha tem? - seu Geraldo aflito pergunta. Ao olhar a ficha de sua irmã a medica deixa uma lágrima de emoção cair, em seguida se aproxima de sua irmã e sorri, como quem perguntasse. "Posso contar eu mesma este presente que você ganhou da vida?" em resposta tem um sorriso mais largo e mais feliz que ja recebeu de alguém.

- Não é grave não, não é? - Gabriel não continha a ansiedade.

- Não Gabriel, não é grave. - todos os olhos e ouvidos estavam voltados para a moça de olhos marejados. - Parabéns Gabriel Otávio. Você vai ser papai.

- Meu Deus, eu não tenho idade pra ser tio. - diz Eduardo ao entrar. O silencio se estala no recinto novamente. 

- Quando você chegou? - Louise diz imediatamente.

- Hoje cedo, vim fazer uma visita  e soube que minha sobrinha favorita esta no meu hospital e não é trabalhando.

- Tio, pega leve, ela não aguenta tanta bajulação. - Thiago fala fingindo sussurrar.

- Podem nos dar um minuto a sós? - Todos acenam com a cabeça e se retiram. - Eu não vou demorar na cidade, você sempre sabe que eu nunca fico muito tempo, Louise Maria. Pode desamarrar essa carranca feia.

- O que você veio fazer aqui? Eu sei que não foi apenas me ver.

- Saber como você está. Eu chego no hospital e tudo que escuto é que minha sobrinha esta passando mal pelos corredores e sendo examinada. Logo me preocupei.

- Engraçado. Você ainda não respondeu minha pergunta

- Eu vim resolver negócios, como sempre.

- Tem certeza? Porque eu acho que você está aqui evitando seu irmão.

- Eu não estou evitando seu pai, só estou evitando problemas.

- Aham, sei.

- Sabe sim, eu que não sei porque você não gosta do Edgar.

- Ah sei lá, deve ser porque eu   lembro muito bem de ouvir ele dizer: "Não lutarei por ela. Pode ficar com sua filha.", também não vamos nos esquecer dos ultimos 14 anos que passei sendo ignorada.

- Você, você não sabe de nada não é? Acho que ele nunca te contou nada.

- Ele nunca conversou comigo,bom, nada além de oferecer dinheiro e querer me mandar pro exterior.

- Você  não é mais uma criança, Louise, sabe que tudo tem seus devidos motivos. Seu pai queria sua guarda, dês do momento que foi informado que sua mãe estava grávida.

- Queria tanto que não foi capaz de lutar por mim e me deixou ver aquilo tudo sozinha.

- Ele não fazia ideia, Louise Maria. Você não pode  julga-lo por simplesmente não saber. Ele não te julga por odia-lo, mesmo que você não saiba de muita coisa sobre a nossa família. - Louise permanece em silêncio. - Eu não quero tomar partido, você é minha menininha, e Edgar é o meu irmão mais velho. Você sabe que eu sempre busco ser justo. Sempre.

- Eu sei. Então me conta por favor o que eu não sei, porque Edgar nunca irá fazê-lo.

- Eu conheci sua mãe muito nova.

- Minha mãe?

- Sim. Éramos jovens.  Sua mãe  e eu estavamos noivos. - Louise faz um "O" com a boca. -  Mamãe nunca gostou disso, sua mãe era humilde, não era alguem com quem eu deveria me casar. Então ela me golpeou, eu era menor de idade, ela ainda controlava minha vida, então me mandou estudar longe. Seu pai a trouxe para cá, deu-lhe um emprego, e incrivelmente fizeram uma bela amizade. Uma ótima amizade pra ser mais específico. Sua mãe era doce, gentil e acima de tudo bondosa. Em outras palavras, dificilmente alguém iria odia-la. Depois de alguns anos, Edgar teve uma briga estrondosa com Clarice. Antonela e Edgar estavam bêbados. E em uma noite qualquer cometeram o maior erro de suas vidas. Ou quem sabe o único acerto.

Louise nunca ouvira tanto sobre usa mãe. Não que lhe fosse omitido sobre seus atos e ações, mas era doloroso pra ela ouvir tudo aquilo e somente imaginariar o quão incrível era. Parecia que todos haviam passado mais tempo com a mesma do que a própria filha.

- Você disse que minha mãe e você estavam noivos, como? Onde vocês se conheceram?

- Eu não consigo falar sobre isso no momento, eu não me sinto preparado pra relembrar. Eu só te peço um pouco mais de paciência. Tudo está confuso, mas sei que você irá entender.

- Um dia eu irei entender porque ela se matou? Por que eu e meu vô víamos ela definhar em uma depressão?

- Um dia.

- Desculpe senhor, mas eu estou louco pra conversar com a minha mulher e comemorar com ela. - Gabriel diz ao retornar a sala juntamente com os demais amigos e familiares.

- Tudo bem. Agora ela está em boas mãos. Se cuida.

- Você sabe que está sendo desvalorizada quando uma criança rouba a atenção que deveria ser sua. - Dinah faz todos irem a gargalhadas. Seu jeito era único. Amiga para todas as horas. Louise teria com quem segurar as pontas. Gravidez não é fácil. Ser mãe também não é fácil. Fácil é falar. E falar todo mundo fala.