História Naïve - Único.

Yoongi suspirou, suas mãos já doíam por conta do gigantesco trabalho manuscrito que o professor fizera questão de passar logo no último semestre do ano. Será que esses caras são tão velhos ao ponto de não saberem o que é um computador ou simplesmente gostam de foder a vida dos outros?

O que mais poderia ele fazer se não escrever toda a pesquisa que fora requisitada para todos os alunos de sua sala? Sem dizer que não era uma matéria qual ia bem, então teria que fazer o que fosse possível para tirar uma boa nota.

Jimin estava sentado na cama de solteiro – por agora, já que Hoseok não demoraria a chegar – livre do quarto, quietinho como prometera que ficaria, mas isso não significava que ele não estivesse incomodando Yoongi. O Min sentia-se inquieto, e não era apenas por conta do trabalho.

Sentia o próprio coração acelerado só por estar no mesmo lugar que Jimin, e isso lhe era muito incômodo, pois ficava difícil pensar com o próprio coração martelando forte e insistentemente em suas orelhas, não deixando de fora o fato de que sua respiração parecia ficar, subitamente, ruidosa demais para o seu gosto.

Min Yoongi não sabe quando essas sensações começaram, era como se elas sempre estiveram lá, apenas esperando para serem identificadas, assim como seus sentimentos por Park jimin. Mas isso não é normal? Muitas pessoas comuns se apaixonam por seus amigos de infância, não é?

– Yoongi-hyung? — A voz de Jimin o assustou, e isso o fez voltar a atenção ao seu trabalho em mãos novamente. Não tinha tempo para pensar em seus sentimentos – ou em qualquer outra coisa – agora, afinal, quanto mais rápido acabar essa tarefa, melhor.

– De, Jimin?

– O que você pensa do Jin-hyung?

Certo, que diabos de pergunta repentina fora aquela? Será que... não, não. Se Jimin gostasse de alguém, ele lhe diria diretamente, certo? Yoongi sentiu seu coração palpitar, mas tentou ignorar a sensação que acabara de ficar ainda mais desconfortável.

– O que quer dizer com isso, Jimin-ah?

– Ah... — Jimin resmungou alguma coisa, mas o Min não pôde ouví-lo e antes que perguntasse o que era, Jimin o cortou – Deixa para lá, hyung. Eu vou descobrir por mim mesmo. — E então, sorrindo amarelo, saiu do quarto dizendo apenas um "tchau" rápido.

– O quê? Aish, esse moleque. Que diabos ele quis dizer com "descobrir por si mesmo"?

Ah, certo, agora ele parecia um louco, – ou talvez estivesse ficando velho? – resmungando para si próprio.

Retirando os olhos da porta branca sem-graça pela qual Jimin acabara de passar e ignorando a sensação de desconfiança que o invadiu, Yoongi retomou sua pesquisa.

(...)

– Yoongi-hyung?

O citado virou o rosto para onde a voz vinha, sabendo ser Namjoon, mas não fez a mínima questão de levantar a cabeça da mesa da biblioteca, ou de sequer mover um músculo.

– Sim?

– Por que você parece tão triste, hyung? — Ah, Kim Namjoon, sempre tão direto.

– Eu pareço? — Se fez de desentendido, mesmo que soubesse que suas chances de sucesso eram próximas à zero.

– Sim, parece. — Afirmou não só com palavras, mas com a cabeça também. – É o Jimin, não é? O que ele fez dessa vez?

Suspirando, Yoongi sorriu fraco para o mais novo.

– Você sempre pega tudo que está no ar, não é mesmo?

– Não tente me enrolar, hyung. Me diga logo o que Jimin fez para que eu o de uma bela bronca.

Encolhendo os ombros, Yoongi murmurou algo sobre não estar tentando enrolá-lo, o que lhe rendeu uma careta.

– Eu acho que... eu acho que Jimin está gostando do Jin-hyung.

– É o quê? — Namjoon parecia incrédulo, como se alguém tivesse acabado de falar para ele que ele era, na verdade, adotado.

– É... Jimin veio com um papo estranho sobr-.

– Não, espera. O quê? Dá onde caralhos você tirou isso?! Hyung, você realmente nunca reparou que quando você está perto, Jimin se ilumina como o maldito sol?

Oi?

– O-o-o que?

Por quê Namjoon está revirando os olhos para ele?

– Ai meu deus. — Gemendo, o mais novo se fez o mais confortável possível na cadeira dura, aquela conversa parecia que seria longa. – Isso é sério? Hyung, você conhece o Jimin desde que vocês usavam fraldas e você ainda não reparou que o que você sente por ele é recíproco? Até o Jungkook que é o mais lerdo do grupo já percebeu.

– Hm?

– Não me olhe como se eu tivesse acabado de dizer-lhe que o planeta marte é azul, hyung, essa situação é tão óbvia. Só você e o próprio Jimin não perceberam isso. É tão clichê que me dá ânsia de vômito.

Yoongi o olhava com os olhos arregalados, e seu olhar assustado se assemelhava a um cachorrinho perdido no meio do nada, o que quase fez Namjoon rir.

– Hyung, você nunca reparou que Jimin te trata como nunca trata ninguém? Você sempre vem em primeiro lugar. Mesmo se estivesse no meio de uma prova importantíssima e ele recebesse uma mensagem urgente sua, ele sairia correndo da sala de aula. Ele sempre está colado a você, mesmo que você esteja ocupado e não dê atenção a ele. Os olhos dele brilham como um céu estrelado sempre que veem você. — O Kim se interrompeu. – Eu realmente preciso continuar?

– E-eu... eu acho que não...

– Bom. Agora, por que você não vai procurar o Jimin? Aposto que ele vai gostar de ver você.

Yoongi sorriu.

– Obrigado, Nammie. — E então, saiu tão depressa que não viu o sorriso triste que tomava o rosto de Namjoon.

– Espero que você cuide bem dele, hyung. Tão bem que eu nunca sequer pense em me arrepender por ter desistido dele.

(...)

– Jimin-ah?

E assim que o citado virou para si, Yoongi o beijou. No meio do corredor da faculdade, no meio de uma multidão de pessoas. E Yoongi não se importou.

Porque Yoongi já havia esperado muito tempo para tocar aqueles lábios com os seus semelhantes; porque Yoongi queria recuperar todo o tempo que fora perdido; porque sua paciência se esgotou.

E Jimin parecia não se importar nem um pouco com todos aqueles olhos se direcionando para eles, também.

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