História Namorada de Aluguel - Capítulo 69

    POV Narrador

Ao abrir os olhos, vagarosamente, America deparou-se com o teto branco do hospital, Por Deus! Por quê aquele lugar era tão familiar à ela? 

Quando tentou realizar um mísero movimento, sentiu lancinante em suas costas, como alerta a pôr-se de forma correta em seu lugar novamente. 

Correu os olhos pelo quarto, vendo que sua mãe estava deitada no sofá de visitas ao lado do leito, com os olhos completamente inchados pelo choro. Do outro lado do cômodo, Amberly estava no mesmo estado, de fronte para a cama onde Maxon repousava, com Ahren deitado - também dormindo -, em seu colo. 

Maxon, Eadlyn e Ahren estavam vivos. 

O coração de America saltou em seu peito quando os encontrou sãos e salvos, e, aparentemente, bem. 

- Mãe? - a jovem chamou por ela, ainda sem fazer nenhum movimento brusco. 

- America, minha filha! - Magda exclamou, feliz por sua filha, é claro, estar viva, devido ás circunstâncias. 

- Como Maxon está? - foi a primeira coisa que saiu de sua boca. Sua mãe fez um breve silêncio antes de lhe dar a resposta, enquanto isso, apenas o som dos batimentos cardíacos que a máquina reproduzia ecoavam no leito. 

- Fizeram uma operação para a retirada da bala e ele acordou há alguns minutos. - tranquilizou-a. - Perguntou por você, e pelo pai. - a mãe de America murmurou a última parte hesitante, temendo que a notícia seria dada por ela. 

- O que está acontecendo, mãe? - a ruiva perguntou, estranhando as expressões incomuns e indecisas de Magda. - Por que está agindo assim?

- Por favor, querida, não se desespere... - ela pediu, sentando-se ao lado da filha na cama. 

- Você está me dando medo. - confessou, enrugando a testa, enquanto tentava posicionar seu corpo confortavelmente. - O que está acontecendo? - repetiu, pessimista. 

- Você passou por muita coisa, minha filha, preciso que fique calma. - ela juntou suas mãos às de America, e se esforçou para não chorar. - Me prometa irá ficar. - não posso perdê-la também; acrescentou mentalmente. 

- Eu tentarei. - aflita,  America respondeu, respirando fundo. 

- Como você sabe, em todas as manhãs de segunda-feira ocorrem os congressos. - Magda começou a falar, com certeza monotonia em sua voz. - No meio da apresentação de alguns associados, três homens invadiram a sala de reuniões. Armados. - ela desviou seus olhos dos da filha, afastando, e impedindo que as lágrimas caíssem. - Foi horrível, em uma hora, nós só ouvíamos as vozes dos rapazes que falavam sobre suas propostas, em outra, eram somente gritos e tiros. Aqueles indivíduos eram desumanos, cruéis. Como uma pessoa poderia ser capaz de ter feito tal impiedosidade? - enquanto as palavras saíam de sua boca, a senhora lembrava-se da cena deplorável da manhã do mesmo dia, e das pessoas caindo inconscientes e até mesmo mortas no chão do cômodo. 

A primeira pessoa que veio à cabeça de America foi seu irmão. 

- Aconteceu alguma coisa com Kota? - questionou, preocupada, pensando nas milhares de formas de tortura e assassinato que poderiam realizar com o rapaz.

- Ele levou um tiro de raspão na perna. - Magda murmurou, dolorosamente. - Mas passa bem. 

- E quanto ao meu p... - antes que pudesse terminar sua pergunta, America percebeu a expressão de sua mãe se tornar ainda mais triste, enquanto duas lágrimas teimosas caíam de seus olhos. - Isso não é possível. - sussurrou, para si mesma, deixando levar-se pelo choro. - Meu pai... ele está morto? -  a jovem balançava a cabeça de um lado para o outro diversas vezes, se negando a acreditar na notícia. - Não, não, não. 

Foi afundando-se em suas próprias lágrimas, e, fortemente abraçada com sua mãe, que uma das poucas lembranças da infância, voltaram-lhe à mente. 

 ♣ Flashback ON ♣ 

- Papai! - com apenas cinco anos, America corria até Shalom, com as mãos postas sobre seus cabelos ruivos e suados. - Eu caí. 

As lágrimas inundavam o rosto rosado da pequena, que, já estava no colo do pai. 

- Está tudo bem. - a deixou na mesma altura que ele, e observou-a, enxugando suas bochechas.  - O que aconteceu, minha gatinha? 

- Eu tropecei na bola. - ela choramingou, fazendo biquinho. - Minha cabeça tá doendo, papai. 

Shalom deu um beijinho no local indicado por ela.

- Melhorou? - ele questionou, sorrindo para a filha, que assentiu. - Você promete nunca crescer? 

- Só se você sempre brincar comigo. - a garotinha deu uma gargalhada gostosa, e pegou a mão do pai, levando-o para se divertir com ela.

♣ Flashback OFF ♣ 

- Como ele conseguiu sair da cadeia? - questionou, enxugando as lágrimas de seu rosto, e deixando escapar um solução.

- Ele? Quem? - Magda franziu o cenho, confusa. 

- O homem que atirou em nós dois - ela apontou para si mesma, e depois para Maxon. - foi um dos que nos sequestraram. 

- Uau. - balbuciou, boquiaberta. 

- Eu acho... que ele também atirou em James. - America suspirou, espantando os colapsos de memória que insistiam em fazê-la lembrar-se do corpo do rapaz.

- Minha nossa! Ele está bem? - ela exclamou, e sua filha negou com a cabeça, em resposta. 

- Ele está morto. - grunhiu, cansada de tantas tragédias em um mesmo dia. - James morreu nos meus braços. - encarou as próprias mãos, trêmulas. - E, eu sei que meu pai e ele não foram os únicos. Então... quem mais? 

- Clarkson Schreave, Anthony Grayson... - foi o suficiente que America conseguiu ouvir, e repreendeu-se imensamente por ter feito aquela pergunta, sabendo que iria se arrepender de sua resposta. 

- Alguma coisa pior aconteceu? -  deixou que as lágrimas novamente inundassem seu rosto, afinal, a única coisa que a jovem podia fazer, era chorar. 

- Na verdade... sim. - Magda lamentou, acariciando os cabelos da filha, que a olhou com seus olhos lacrimosos. 

- O que foi desta vez? - não responda, por favor!; ela gritava, em sua mente. 

- Querida, você sofreu um aborto.