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História Nanaimo Bars - por do sol (Sunset) - Capítulo 32 - Sunset (por do sol) cp12-2


Escrita por: OLobodoUniverso

Capítulo 35 - Capítulo 32 - Sunset (por do sol) cp12-2


 “O por do sol é a morte do dia”

Caio só chegaria na sexta-feira à noite. O homem, cujo nome não se lembrava, a essa altura já não estaria mais lá, ela deixara uma boa quantidade de sangue na sala, quarto e da queda em cima do galpão para desinteressá-lo, provavelmente ele pensava que estaria morta. Então o maior perigo na verdade era Maynard acordar antes de ela voltar e ficar furioso, o tipo da coisa que resolveria só depois que fizesse 18, em Sendai, com Luna saindo para explorar a cidade ao lado de Blaise, enquanto ela exploraria outros lugares com o mais velho. Tudo para compensá-lo pelo susto. Sorriu num suspiro lembrando da noite anterior e projetando-a para daqui uma semana, sem interrupções.

Observou a praia onde no dia anterior conhecera os irmãos, agora àquela hora moleques apinhavam-se correndo e pulando na areia. Reconheceu Marco a empinar papagaio. Teve tanto desejo de falar com ele, agora que sabia que ia embora e não mais o veria. Mas não podia. Sorriu recordando que exatamente por ver o guri na praia, é que tudo havia começado. Não que fosse ruim, pelo contrário, Marco é quem a ajudara,afinal, mas agora precisava correr contra o tempo para concluir o seu ciclo.

Esgueirou-se pela viela na lateral da pequena pousada, não era todo mundo que passava por ali, porque não era todo mundo que conseguia. Então, pouca gente sabia que aquele caminho contornava toda a pracinha onde os mais velhos jogavam dominó no domingo, passando pelos fundos da mercearia do seu Valter, onde ele de vez em quando ficava sentado cochilando, ou lendo um bom livro, sossegado, se escondendo dos clientes.

A viela era estreita mas comprida, num ponto bifurcava, seguindo em frente ia dar no segundo campinho e subindo uma ladeirinha íngreme ia dar na rua de Dona Lilian, moradora veterana, com seus mais de 77 anos dedicados à comunidade. Três casas depois, indo para a direita, tem um beco, que dá numa escadaria e subindo seus quase 70 degraus, finalmente Stella chegaria a rua da sua casa. Essa era a forma mais discreta e rápida de chega lá, a pé.

Estava alcançando a escada, quando a figura masculina desceu saltando os degraus de três em três. Ela quis se virar para correr, quis mesmo, mas sabia que nunca seria mais rápida que ele. Porque já fizera o teste antes e fora assim que conhecera Rico.

- Olha só, quem tá perdida por aqui - desdenhou parando três degraus acima - que tá fazendo aqui? Não tá mais se chupando com o gringo, vadia? - odiava o Rico, não sabia como de dentro de uma mesma mãe saíram dois filhos tão diferentes como o Enrico, o Rico e o Felipe, o Filezinho. Rico era mal educado, desbocado, misógino, agressivo e tinha aquele olhar que um garoto não deveria ter. Já o Felipe era educado, gostava de ler, tratava todo mundo bem e nutria uma admiração inabalável pela garota.

- Que inveja né Rico? Sentimento feio, mas ele é bem a sua cara, sabia?

- Sua vagabunda - pulou os degraus indo par cima dela. Normalmente Stella o enfrentaria, faria um escândalo que custaria caro para ele, mas agora não tinha tempo para isso. Esquivou-se deixando-o cair no chão. Sem muito pensar, prendeu seu pescoço com os pés, algo que aprendera numa conversa casual com um samurai canadense na noite anterior.

- Eu já estou sem paciência para você e suas merdas. Sua sorte é que eu não vou contar a seu irmão. Eu faço o que eu quiser, com quem eu quiser, eu não sou nem nunca fui nada sua. Me deixe em paz, porra.

Ele grunhiu tentando dizer algo, mas ao mover-se sentia a pressão do peso dela sobre seu pescoço como se fosse parti-lo. Maynard ensinara que a frieza era fundamental. Soltou-o, que, extremamente assustado, engatinhou para longe dela.

- Vai se foder, sua puta - grunhiu com certa dificuldade arquejando como um animal abatido.

Ela sorriu vitoriosa : - Olha bem pra mim, é a última vez que você, seu merdinha, vai me ver.

- Você pode apostar que é - gemeu irado, massageando todo o local dolorido e procurando se levantar para sair dali, enquanto assistia a garota subir rapidamente os degraus de dois em dois. Outra coisa que aprendera com o canadense era nunca zombar de seu adversário. E se retirar com classe depois de uma luta, mesmo tremendo de medo.

Não podia negar que sentia uma certa tristeza agora, em frente a porta de sua casa. Gostou de ter morado ali, de ter participado das atividades da comunidade, fez bons amigos e conheceu boas pessoas. Como seria a vida no Canadá? Ou no Japão? Será que existia alguma dona Lilian com olhinhos puxados? Algum Valter da mercearia que vendia Maple Ou Geiza cuidadosa e compassiva, disposta a receber um amigo ferido tarde da noite? E haveria crianças como Marco, loucas por atenção e carinho?

Nada disso importava, porque para onde quer que fosse, iria com sua irmã. Era justamente por isso que voltara aquele lugar. Japão, Canadá, seriam maravilhosos com Luna. E com Maynard, claro.

Sorriu uma felicidade genuína, ímpar, única. Aquela que o ser humano alcança quando sonha acordado e vê seus melhores sonhos se tornarem realidade. "Eu sou real", ouviu a voz do rapaz em sua mente, repetindo o que dissera hoje mais cedo,e aquilo lhe soou a prévia de um sonho realizado.

O clique da porta a despertara, usaria aquela única chave pela última vez. Andara apressadamente para dentro da casa bagunçada, de móveis revirados, manchas de sangue e coisas estilhaçadas. Correu ate o balcão onde jaziam suas facas, panelas e louças espalhadas, mas não havia nada ali além disso. Silêncio. Contornou até pia que pingava sem parar. Nada. As cadeiras também estavam vazias. Silêncio. Olhou ao chão perscrutando cada centímetro de assoalho, onde talvez a carta pudesse ter caído. Nada. Nada! Nada!! Silêncio. Apenas quebrado por passos que congelaram sua alma. Colocou a mão sobre o mármore, buscando algo discretamente, ainda de costas para onde vinha o som.

- Está procurando isso? - o barulho de papel sendo amassado a estremeceu assim como aquela voz fúnebre e levemente vitoriosa.

- Sem dúvida - respondeu sem se virar. Sua mão alcançava uma das poucas chances que tinha de se salvar.

- Ela falou muita coisa, coisa demais, Stella…. Eu a amava,sabia? E sei que você também. E sei que amariam Verônica se tivessem se conhecido. E era só isso que eu queria fazer. Unir as três. Para mim. Será que era crime, minha querida esposa?



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