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História Não Deixe Ir - Cidade Nova


Escrita por: zack-uchiha

Notas do Autor


Ohayo mina!!!
Mais uma fanfic pronta, quer dizer tenho duas já na mão. Essa vai sair 4 cap, a outra +-10 cap. Meu Kami, sumi por quase meio ano escrevendo esses e uma porrada de one-shots não concluídas ainda. Peço desculpas para a galera q esperava a continuação das primeiras fics. Praticamente minha cabeça está explodindo de idéias e as vezes até eu não consigo acompanhar. Confesso q estou em estado d ansiedade e nervosismo misturado com o trabalho (o q gente normal faz para s sustentar e tals).

Bom chega e vamos ao q interessa, boa leitura e até lá em baixo kkkk...

Capítulo 1 - Cidade Nova


Fanfic / Fanfiction Não Deixe Ir - Cidade Nova

Há poucas semanas que Sakura vivia na cidade. Era uma nova etapa, novas sensações, novas caras que a esperavam naquele lugar que conhecia apenas como visitante ocasional. Nos primeiros dias, se alojou num pequeno hotel e gastará bastante tempo a procura uma casa onde se instalar.

Depois de visitar alguns apartamentos, se decidiu por um pequeno estúdio na parte velha da cidade, muito perto das ruas acopladas em pedra que a atravessavam, ruas estreitas e acolhedoras nas quais se encontravam algumas das pequenas galerias de arte mais antigas, oficinas artesanais e pequenos salões de chá, lugares agradáveis onde podia recolher-se a ler ou a tagarelar com um amigo.

Embora se tratasse de um espaço pequeno, Sakura conseguia transformá-lo num local acolhedor. Pintara de novo as paredes e o decorou com plantas e quadros que ela mesma havia pintado há algum tempo.

Não conhecia ninguém na cidade, mas para ela isso não constituía problema, pois o seu caráter independente fazia com que aquela situação lhe produzisse uma agradável sensação de excitação e liberdade que nem ela própria sabia definir. Conseguira um posto importante na cidade como tradutora-interprete. Era um novo desafio e Sakura estava disposta a tirar partido disso.

Naquela manhã de sábado, decidira ficar em casa e pôr em ordem algumas de suas anotações e cadernos de trabalho. Sentia-se suficientemente animada para dedicar um pouco de tempo às suas tarefas e deixar uma folga para mais tarde. Mas antes de lançar mãos à obra, decidiu fazer algumas compras e comer tranquilamente o seu almoço. Assim, vestiu-se rapidamente, prendeu o cabelo com um gancho e desceu as escadas. Tinha dado apenas alguns passos quando ouviu uma voz tímida e interrogativa a chamá-la pelo nome.

???:_ Sakura?

Ela virou-se de imediato, um tanto surpreendida pelo caráter familiar daquela voz.

Sakura:_ Sai?

Sai:_ Que surpresa, Sakura! Te garanto que não esperava me encontrar com ninguém, mas você... Diga-me, como vai? O que faz por aqui?

Sakura:_ Bem... – ela não consegue dissimular o seu espanto – Estou bem, obrigada. Vivo muito perto daqui. Cheguei há poucas semanas. Consegui um trabalho na cidade.

Sai:_ Concluiu o seu curso de intérprete?

Sakura:_ Hai, terminei. Há um mês, me falaram de uma vaga num centro cultural, pelo que enviei o meu currículo e fui aceita. Me encontro em fase de adaptação. E você? Vive agora na cidade?

Sai:_ Não, vim apenas em trabalho. Tinha de visitar uns clientes e agora ia para o meu hotel recolher o equipamento e volto ainda hoje para casa. Que pena não ter tempo nem para tomar um café comigo. Gostava muito de conversar contigo tranquilamente. Há tanto tempo que não nos víamos.

Sakura:_ Sim, é uma pena, mas não te preocupes. Não perca mais tempo. Fico muito contente por te ver.

Sai:_ Eu também, Sakura. Te desejo muita sorte e nos voltemos a ver em breve.

Sai despediu-se carinhosamente e partiu correndo, perdendo-se a toda velocidade entre a multidão.

Sakura quase se alegrou por ter encontrado Sai naquelas circunstâncias. A verdade é que não desejava passar mais tempo com o ele. Há anos que não se viam e possivelmente a conversa não passaria de recordar os anos em que tiveram de compartilhar bons e maus momentos e ela sentia que não desejava passar tempo a recordar uma época da vida que queria ver o mais distante possível, pela tristeza com que estava irremediavelmente impregnada.

Regressou a casa e preparou um rápido almoço. A determinação de começar a trabalhar com que havia iniciado o dia arriscava-se a desaparecer, pois aquele encontro modificara o seu estado de espírito e embora no fundo não tivesse muita importância, pois sentia muito carinho por Sai e alegrava-se por o ter visto, a ligação que ele tinha com o seu passado a fez regressar de imediato a outros momentos da sua vida.

Com uma xícara de chá, sentou-se no sofá situado diante da janela. Pouco a pouco, habituava-se à sua nova casa e por agora aquele prometia ser o seu recanto preferido. Desde de que se instalara, era talvez onde passava mais tempo, lendo, escrevendo ou simplesmente fitando o pedaço de céu que dali se via. Aquela janela tinha algo de especial, era um portal para o exterior pelo qual entrava a luz que iluminava durante grande parte do dia a sala e estava virada para um pátio interior para onde davam outras tantas janelas de outras casas. Outras vidas de outras gentes desconhecidas, com as quais compartilhava aquele pequeno pedaço comum, aquele recanto da cidade, onde seres anônimos mostravam, uns com mais pudor que outros, retalhos das suas vidas.

Sem mal se dar conta, Sakura já não pertencia completamente ao seu presente. A sua mente viajava ao passado e recordava momento agradáveis vividos junto de Sai e Shin, seu grande amigo e irmão de criação de Sai. Jantares que se prolongavam até de madrugada, fins de semana especiais quando, estando na praia, Sai os visitava. Durante o tempo que ele permaneceu com eles, Shin conseguia esquecer-se das obrigações e compromissos.

Aquela viagem ao passado que acaba de iniciar começava a arrastá-la em demasia, não desejava continuar e Sakura decidiu interrompe-la para procurar trabalhar tal como prévia. Espreguiçou o corpo e afastou da cara uma madeixa de cabelo, como que procurando dispersar uma sombra imaginada à sua frente. De um sorvo, acabou o chá e se pôs de pé, disposta a tomar uma ducha. Olhou para o céu e viu umas nuvens carregadas que começavam a cobri-lo, deixando no quarto uma luz mais fraca.

Sakura:_ É bem capaz que daqui a pouco chova – pensou.

Ao sair do chuveiro, se pôs diante do espelho. No rosto molhado, ressaltavam ainda mais a pele rosada, os olhos jade e os seus curtos cabelos de um rosa excêntrico. A tristeza se apoderou do seu olhar. Diante do espelho, ficou ausente ante sua imagem, procurando no fundo dos seus olhos e mal se podia ver, pois o seu reflexo parecia nublar-se. Começou a secar com a toalha as gotas de água que lhe salpicavam o rosto, lentamente e, à medida que fazia, o seu olhar inundava-se de um brilho húmido, quis conter as lágrimas, mas ao fechar os olhos elas deslizavam pelo rosto até caírem. Bruscamente, escondeu a cara na toalha.

Sakura:_ Vamos Sakura, Deixe-o.

Vestiu um roupão e aproximou-se da janela. Com a toalha secava com cuidado os cabelos, esfregando-os lentamente com suavidade. Depois, fitou com tristeza as mãos, olhar fixo, absorto o pensamento. Um rito amargo desenhou-se no rosto e um brilho repentino apoderou-se de novo do seu olhar. Não conseguia se afastar da tristeza, da sua tragédia. Apareceram as recordações daquele instante e dos dias posteriores, também as lembrança daquele homem desconhecido em quem tantas vezes havia pensado. Conhecia a sua imagem por uns recortes de jornal que tinha escondido entre as suas coisas, um dos seus segredos mais bem guardados. Mal se atrevera a comentar que há anos vivia presa em uma fantasia, da imagem daquele homem a quem ligava o episódio mais triste da sua vida, e um sentimento que não conseguira jamais descrever.

Começou a pentear os cabelos sem deixar de olhar pela janela. Uns vizinhos tinham um gato em casa e este passeava agora pelo parapeito, silencioso, com sutil elegância, como se desejasse não ser descoberto. Desviou o olhar para outro lugar, não muito longe, um homem aproximava-se da janela e contemplava o céu, que continuava a cobrir-se de nuvens.

De repente, a sua respiração deteve-se, se afastou bruscamente e fechou os olhos.

Sakura:_ Sakura, vamos o que te aconteceu? Se acalme – mais uma vez pensava.

Ela ficou com a sensação de já ter visto aquele homem. Alguém muito parecido devia viver naquela casa, mas era evidente que o fato de ter voltado a pensar nele poucos minutos antes fizera com que a fantasia disparasse. Mesmo assim, analisando a sua reação, sentia-se profundamente alterada.

 

Sasuke acabava de se levantar. Na véspera, deitou tarde e não lhe fora fácil conciliar o sono. Depois do jantar com aquele cliente, a mente fervilhava com ideias e novos projetos. Acabava de preparar uma xícara de café bem forte. Pôs um pouco de música e aproximou-se da janela e olhou para o céu.

Sasuke:_ Parece que vai chover.

Dirigiu o olhar para as casas da frente e mal teve tempo de ver uma sombra de uma mulher que se retirava bruscamente da janela. Pensou que talvez ela estivesse a observar e sentira vergonha de ser descoberta. Sorriu porque lhe pareceu divertido. Devia ser uma nova inquilina, pois não reparara nela.

Sasuke era um homem muito atraente e aos vinte e sete anos possuía o charme da maturidade. Nessa época, começava a ganhar um certo renome no âmbito da sua profissão, a arquitetura. Era um homem independente e muito solitário que gostava de refúgio no trabalho. Um ano antes, dedicara passar uma temporada naquela cidade que, pela sua boa localização, lhe permitia se deslocar com facilidade e rapidez para diferentes lugares estratégicos para o seu trabalho. Se encontrava ali por gosto embora sem saber durante quanto tempo mais permaneceria, pois o seu caráter irrequieto levava-o a mudar de residência com bastante frequência. Em todo o caso, a improvisação não era problema para si, mas sim uma boa companheira. Naquele instante o celular toca.

Sasuke:_ Sim?

???:_ Olá Sasuke, sou eu Karin

Sasuke:_ Oi, o que você quer? – questionou seco.

Karin:_ Acho que não é a melhor maneira de se dirigir sua ex-mulher.

Sasuke:_ Vamos Karin, não começa. Diga-me o que quer e terminamos essa conversa.

Karin:_ Por estranho que pareça, telefonei para saber com esta.

Sasuke:_ Não, você nunca me telefona para saber como estou. Há sempre algo de mais substancial por trás de uma conversa com você.

Karin:_ Está bem Sasuke. Hoje não é seu dia. Ligo depois, se cuida.

Sasuke já não sabia se por trás das palavras de Karin havia sinceridade ou cinismo. O seu divórcio o deixou esgotado. O casamento com Karin fora repleto de episódios desagradáveis, que em muitas ocasiões haviam terminado em batalhas verbais carregadas de ódio e incompreensões, que quase nunca  chegaram a resolver. Sasuke quis divorciar-se de Karin quando descobriu que ela tinha um amante há um ano. Foi uma descoberta dolorosa que o deixou abatido e cheio de amargura. Desde então, fugira de qualquer relação e deixara de acreditar que pudesse haver um amor verdadeiro.

Naquela tarde, ele decidiu regressar pra casa dando um passeio. O seu estúdio não ficava muito longe e, depois da chuva, as ruas ficavam impregnadas de um encanto especial entre o melancólico e o acolhedor, que convidava a percorrê-las com tranquilamente, com solo molhado a desprender um cheiro agradável, próprio do outono, que tanto lhe agradava. Ao passar diante de uma pequena galeria de arte perto de casa, deteve-se à porta para ler o cartaz que anunciava a nova exposição de pintura, que permaneceria duas semanas. Tratava-se é um jovem pintor galês que apresentava uma série de óleos dedicados ao outono, muito apropriado para a época. A inauguração fora no dia anterior e, embora apenas faltassem trinta minutos para a galeria fechar, decidiu entrar e visitar. No interior, só havia três pessoas, sendo uma delas, Sakura, que também se sentira atraída pelo cartaz e havia entrado minutos antes. Ela estava completamente absorta diante de um óleo que representava uma folha escarlate que, caída da árvore, flutuava no ar prestes a tombar na água de um rio talvez e, ao cair, a correnteza arrastaria e a afastaria do seu bosque, até chegar a algum lugar ou talvez até ao mar.

Sasuke também se deteve diante daquele óleo, um dos melhores da exposição, sem dúvida. Colocou-se por de trás de Sakura. A sua altura permitia-lhe observar sem dificuldade a pintura por cima da sua cabeça. Ela nem sequer dera por ele, continuava a pensar no percurso daquela folha arrastada pela suava corrente que lhe fazia pensar nas correntes que arrastam os seres humanos e os levam a locais insuspeitos, a lugares não desejados que acabam por ser um lar. Pensava na corrente que a arrastava, pensava na cidade onde acabava de se instalar e sentia-se identificada com aquela folha que, sem vontade, simplesmente decidira cair da árvore, cansada já após o verão, consciente do termo da sua vida ali, e se deixara cair entregue ao destino, confiada. Ao cair, aquela folha saberia que o vento a arrastaria para a água?

Sakura deu meia volta para continuar a ver a exposição, mas ao fazê-lo tropeçou em Sasuke que se encontrava mesmo atrás de si.

Sakura:_ Desculpe. Te machuquei?

Sasuke:_ Não, não se preocupe, deu-me apenas uma grande pisada – ela fitava-o aflita.

Sakura:_ Lamento muito, lamento de verdade – e dirigiu-se rapidamente para a saída.

Sasuke:_ Menina, espere, estava brincando. Não foi nada...

Mas Sakura já se encontrava na rua. Sasuke estava surpreso, não compreendia a reação daquela mulher. Observou até ela desaparecer na esquina e então nesse momento, ao ver desvanecer-se a silhueta de um fantasma, Sasuke percebeu que se tratava da mulher que vira nesse mesmo dia pela sua janela.

 

Dia pós dia, Sakura ia se adaptando ao seu novo trabalho. O seu horário era imprevisível, pois estava sujeito aos atos que se celebravam no centro, de modo que tanto podia ficar com um dia livre no meio da semana como ter um sábado ocupado. De momento, isso não constituía problema , adaptava-se bem a essa flexibilidade e isso permitia-lhe dispor a seu bel prazer do tempo livre que lhe ficava durante a semana. Começava a simpatizar com alguns colegas e sentia-se definitivamente à vontade. Depois do dia encontro com aquele rapaz na galeria, a pensar nele amiúde, praticamente não lhe restavam quaisquer dúvidas de que se tratava e, embora a maior parte do tempo a sua mente andasse ocupada, a ideia de que o destino brincara deste modo com as suas vidas inquietava-a. Em certa ocasião estreitara através da janela à espera de receber respostas, atraída por uma espécie de força que nem ela própria conseguia explicar, uma força vizinha do mistério, da curiosidade, da vertigem. Certa noite virá luz na casa dele, mas não a sua figura através da vidraça. Quase preferira que fosse assim.

Naquele dia, Sakura não trabalhava até às quatro da tarde. Apesar disso, acordara cedo e, sentada na cama, escrevia no seu diário sensações que desejava conservar. Era um hábito que não apreciava mas que não conseguia evitar, sempre que pegava no seu diário, feliz algumas páginas escritas meses antes a até anos atrás. Detivera-se em algumas linhas escritas depois de um dia junto de sua grande amiga Ino, há muito tempo já desde o seu último encontro e sentia falta de falar com ela. O toque do telefone fixo sobressaltou-a.

Sakura:_ Hai?

???:_ Sakura?

Sakura:_ Sou eu, quem é?

???:_ Não me diga que já não me conhece mais.

Sakura:_ Ino!!! Que surpresa, é incrível! Estava agora mesmo pensando em você. Como tem passado? Onde está?

Ino:_ Calma, calma, não consigo responder a tudo ao mesmo tempo. Para já, obrigada por me ter dito que se mudou de cidade. Por sorte, me lembrei de telefonar aos seus pais que me deram o seu número fixo.

Sakura:_ Tentei te falar do meu novo emprego, mas te liguei pela escola e me disseram que estaria ausente durante todo o mês, nuns seminários ou coisa assim do gênero.

Ino:_ Sim, verdade. Há só uma semana que estou aqui. Quando os seus pais disseram que vivia aqui, nem queria acreditar. Tenho de me dirigir à cidade, para passar aí uma semana e gosto de saber que não se importa que fique contigo. Que te parece?

Sakura:_ Que excelente notícia! Finalmente podemos nos ver. Quando chega?

Ino:_ Tenho de acabar uns assuntos relacionados com o trabalho, mas pensava sair dentro de quatro dias e ficar até quinta-feira seguinte. Vou de trem e logo que comprar o bilhete te ligo e digo a que horas chego. Te parece bom?

Sakura:_ Genial...

Ino:_ Desculpe Sakura, estão me chamando na outra linha e tenho que desligar. Te ligo quarta-feira, o mais tardar. Um grande beijo. Morro de saudades para te abraçar. Bye.

Sakura:_ Tchau, eu também... Ino?

Ino já não estava no outro lado da linha, sempre atarefada. Era assim, uma mulher ocupada, uma espécie de tornado, inquieta e otimista. Sakura sorria com o auscultador ainda na mão. O dia começara com uma surpresa. Ela se sentia feliz, pois há muito tempo que não via a amiga e em todo caso há anos que não passavam um dia juntas. A ideia de compartilhar uma semana com ela encheu-a de alegria.

Dirigiu-se ao quarto e procurou entre as suas coisas até encontrar uma caixa onde guardava fotografias e cartas da amiga. Surgiram alguns instantâneos de momentos passados, com a juga Barbie, na sua juventude e uma mão cheia de cartas que guardava atadas com um laço, como quem guarda um pequeno tesouro. Começou a folheá-las até se decidir por abrir uma e começar a ler. Era uma carta que Ino lhe escreverá após uma viagem realizada juntas:

 

Querida Sakura

 

Preciso te escrever hoje, quando ainda não há muitas horas me despedi de você na estação. Sinto a sua falta. Já sabia que ia ser assim. Pouco a pouco, reparo como me vou adaptando de novo a este meu mundo. Me sinto um tanto perdida, como se não fosse eu quem partiu há uns dias e os mesmo tempo tenho de ultrapassar uma rotina que entendo. Pouco a pouco, confronto com as responsabilidades que outra pessoa me deixou há uma semana. As pessoas me falam em demasia depressa para eu compreender. Ainda estou à procura de um caminho, ainda não o assimilei e já querem (é já quero) que tenha o coração livre.

Sabe? Há muito tempo que não me sentia tão feliz. Tenho medo. Quero que não me abandone está estranha satisfação que me embarga. Sorrio sem esforço e não me custa nada ser agradável com as pessoas. Sinto-me tão realizada! Por isso, quero te escrever agora. Tenho medo que dentro de dias as coisas mudem, se turvem as recordações e sobretudo a sensação de fantasia e de perfeição que cada uma das nossas experiências conjuntas encerrem.

Testa de Marquise, não quero te perder nunca, não posso te perder. Se você tivesse cruzado antes o meu caminho, teria poupado muita solidão, muita frustração. Neste momento, sinto que as coisas não podem ficar assim, que juntas podemos chegar aonde nós propomos, que somos imparáveis, incansáveis, imprevisíveis... ilimitadas. Temos de nos manter sempre unidas e te garanto que, mesmo sem saber o que o futuro nos reserva , desejo que continuemos livres, como nesta viagem.

 

Sakura recordava perfeitamente aquela viagem, tinham então apenas dezesseis anos as duas. Conheciam-se há apenas um ano, o primeiro na Escola de Arte. O romantismo daquela carta refletia o carinho que se criara entre as duas, a par da ilusão de compartilharem juntas a vida. O tempo as distanciara um pouco, cada uma seguira um caminho diferente, mas finalmente puderam voltar a encontrar a sintonia que as ligou desses o momento em que se conheceram.

A campainha da porta tocou e ela foi abrir.

???:_ Bom dia. Trago as suas revistas.

Era o carteiro. Sakura era assinante de algumas revistas de arte. Claro, era a primeira vez que as recebia no seu novo endereço.

Sakura:_ Ah, sim. Muito obrigada.

Carteiro:_ Importasse de assinar aqui? É necessário, como prova de que as recebeu.

Sakura:_ Sim, eu sei claro... Oh! A caneta não escreve. Um momento, vou buscar outra.

Ela regressou com uma esferográfica e assinou o papel.

Sakura:_ Muito obrigada.

Carteiro:_ De nada. Adeus, até a próxima.

Sakura:_ Tchau.

???:_ Espere um momento, por favor!

Sakura não acreditava no que via. Não podia crer que se encontrava de novo com aquele homem. Um calafrio percorreu o seu corpo.

Sakura:_ Sim?

???:_ Desculpe, mas no outro dia nos cruzamos acidentalmente na galeria de arte. Queira me desculpar por ter brincado consigo e a ter incomodado com isso. Acredite que não era minha intenção...

Sakura:_ Não, não se preocupe. Estava apenas distraída e vi que era muito tarde e foi por isso que sai depressa dali. Acho que não tem muita importância isso.

???:_ Bem, se é assim, fico mais aliviado. Me chamo Sasuke – disse estendendo a mão.

Sakura:_ E eu Sakura – ela estendeu-lhe a mão e durante alguns segundos permaneceram agarrados. Para romper o silêncio, Sakura perguntou com mal disfarçada curiosidade – Vive aqui?

Sasuke:_ Não – retorquiu – Sou da rua de trás. Um amigo dos meus pais vive no piso de cima e de vez em quando faço uma visita.

Sakura:_ Ah, entendo. Encantada em conhecer. Certamente veremos a nos ver.

Sasuke:_ Espero que sim. Foi um prazer.

Nesse momento, o celular de Sasuke tocou e ele, com um gesto de surpresa e desculpa, despediu-se de Sakura. Enquanto fechava a porta, a rósea não pode deixar de escutar a conversa.

Sasuke:_ Hinata, minha querida, onde está? Sim, verdade? Morro de saudades de te ver. Sim, sim, claro...

Até que a sua voz se perdeu escadas abaixo. Sakura estava alterada, aquele homem produzia em si numerosas sensações contraditórias. Era um homem extremamente atraente, a sua voz grave e o seu olhar profundo haviam-na prendido de forma evidente. Custava a crer que o destino brincasse desse modo com suas vidas. Parecia impossível pensar que de fato haviam convergido para a mesma cidade, para ruas paralelas, em janelas fronteiras uma à outra. No dia em que o viu através da janela, pensou que se tratava de uma espécie de visão, relacionada com as recordações que, depois do encontro com Sai, haviam de novo aflorado à sua mente, mas após o encontro na galeria e agora à porta de sua casa não lhe restavam quaisquer dúvidas. Chamava-se Sasuke, isso já ela sabia.

Sasuke encontrava-se na rua, acabava de desligar o aparelho e um sorriu desenhou-se no rosto motivado pela feliz ideia do seu próximo encontro com Hinata.

Sasuke:_ Sakura – mentalizou – Que mulher tão misteriosa e tão bela.

Ele tão pouco conseguia deixar de pensar nela. Despertara nele uma curiosidade invencível, o desejo de a conhecer mais. A sua atitude intrigava-o, suspeitava que a sua falsa timidez funcionasse como máscara e que por trás daquele rosto tão belo se encontrava um mundo intrigante, que já começava a atraí-lo. Subiu as escadas de casa e, ao entrar, aproximou-se de forma automática da janela e dirigiu o olhar para a casa de Sakura.

Sasuke:_ Acho que Sakura sabe que sou a pessoa que ela descobriu da sua janela. Tenho quase a certeza de que me identificou, contudo, dissimulou e deu a entender que não sabia. É misteriosa e tenho a sensação de que esconde algo. Talvez não tenha querido revelar-se por vergonha, certamente não sabe que a descobri e que consegui identificá-la após o encontro na galeria de arte. De qualquer maneira, tenho a impressão de a conhecer, de a ter visto em alguma outra parte, mas não sou capaz de recordar em que situação. Mas também não tem importância nenhuma – pensava abertamente.

Nessa noite, Sasuke sonhou com Sakura. Ao despertar, não foi capaz de recordar o que sucedia nos seus sonhos, apenas sabia que aquela mulher inundara os seus pensamentos de fantasias e durante todo o dia não conseguiu deixar de pensar nela. Os seus olhos jade, os seus curtos cabelos róseos, a pele corada, as suas miúdas mãos, a figura de Sakura apresentava-se à sua frente como a de um espectro, delgada, sutil, ágil e escorregadia. Os lábios, também recordava dos seus lábios da cor do rubor, que contrastava com o seu rosto luminoso.

Sakura, que mistério esconde aquela mulher.


Notas Finais


Então o que acharam hn, hn, hn???


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