História Não era pra acontecer - Capítulo 9

Trouxe minha mãe pra morar comigo para não ficar sozinha na casa dela e para temos nossos últimos momentos juntas. Já fazem dois dias que só consigo chorar ao me imaginar sem minha mãe, meu porto seguro está se desmoronando a cada dia. Ontem à noite liguei para Gisele informando a infeliz situação que nos encontramos, nós duas choramos pelo telefone tentando conforta a outra da melhor maneira possível e Gisele decidiu que pediria licença na faculdade por um tempo e viria para casa me ajudar cuidar de mamãe, eu insisti para que ela continuasse lá, mas depois desisti quando ela contestou que a mãe é nossa e não só minha, provavelmente ela chegará amanhã de manhã. Também conversei com algumas pessoas da empresa dizendo que faria tudo de casa para poder ficar mais perto de mamãe.

Nanda também vem me ajudando no que pode, porém ela também tem emprego e não posso pedir pra ela me ajudar 24 horas por dia, eu tenho 27 anos de idade, posso cuidar da minha mãe sozinha.

Por hoje já deu de trabalhar, olho no relógio e já está tarde da noite, fecho meu notebook e me viro na cama pegando no sono.

Acordo de madrugada ouvindo barulhos, me levanto um pouco assustada, vou em direção ao barulho que está na sala e vejo minha mãe andando de camisola pela sala de um lado para o outro resmungando algo que não consigo ouvir, me aproximo lentamente dela para tentar acalma-la.

- .... ele não deveria ter feito isso comigo, não comigo que dei tudo o que ele precisava...

- mãe? - ela vira o rosto assustada ao perceber que também estou na sala com ela, vejo seus molhado de lágrimas, tento assimilar o que ela dizia até entender que se tratava de meu pai.

- ele me largou Marcela, por uma prostituta - meus olhos se enchem de lágrimas, ela está sofrendo pelo mesmo motivo que havia sofrido 19 anos atrás e eu não aguento vê-la assim de novo - por que ele fez isso? Por que ele fez isso comigo? - a puxo para meus braços passando minha mão por sua cabeça para acalma-la, suas lágrimas molham minha camisola. Vê-la assim me faz sentir mais ódio ainda daquele cretino.

- Marcela?

- sim, mãe? Estou aqui - minha voz sai tremula

- cadê o José? Ele disse que estaria comigo hoje - minhas lágrimas escorrem pelo meu rosto mistirando minha preocupação com a raiva de lembrar de tudo que ele fez a gente passar. Engulo em seco pensando na melhor forma de não machuca-la aunda mais.

- ele... ele morreu mamãe, não se lembra?

- ah, é verdade... foi melhor assim, não é? - nos ajoelhamos no chão e eu puxo sua cabeça ainda mais fundo em meu peito, issa situação me machuca tanto, pensei que ela já havia superado tudo isso mas parece que tudo veio à tona com o câncer.

Levo a para o quarto de hóspedes lhe arrumando na cama, lhe dou um beijo na testa lhe dando boa noite, sento em uma poltrona perto da cama para olha-la e garantir que estarei mais perto caso aconteca novamente.