História Não jogue o Dylan - Capítulo Único;

Hoje não é quarta-feira, mas essa minha mania de escrever sem ter pregado os olhos ainda me acompanha, isso significa que você vai ter que aturar meus textos que podem variar de melancólicos a dramáticos demais em segundos.

Eu, na verdade, queria falar sobre mim, como sempre faço, - mesmo sem querer - mas você provavelmente vai ficar puto e tacar meus discos do Dylan do terraço que é pra não correr o risco deles saírem inteiros da queda; então eu vou poupá-lo de mais um dos meus monólogos infinitos e do quanto eu queria que fosse eu ao invés dos pobres discos, mas isso não significa que eu vá falar sobre alguma coisa interessante também, - como por exemplo aquele festival maneiro que a gente foi semana passada e do cheiro da erva que ainda tá nas minhas roupas. - queria mesmo era falar sobre você, Namjoon.

Porque cara, eu cansei de fingir que gosto daquelas músicas dos The Byrds que você me recomenda, mas que te lembram aquela mina que vacilou com você; pô cara, supera e esquece, só não faz eu ficar sabendo que tu sente falta dela, ou do sexo com ela, que seja.

Às vezes eu me pergunto se você é tão burro assim, pra persistir nesse erro imbecil, porque cara, não importa se ela é bonita ou "gostosa" demais, seu coração que tá em jogo na parada e você aí brincando, daqui a pouco tu enfia a mão na fogueira e é certeza que vai queimar.

Na realidade isso aqui nem era pra ser sobre você, mas olha só, eu ainda não aprendi a não escrever sobre você; é incrível como você está em tudo que eu vejo, faço ou penso. Qual foi a droga do feitiço que tu usou dessa vez hein cara?

Mas poxa, eu tava ouvindo Buffalo Springfield, logo aquela música que você vive dizendo ser clichê, - como a maioria dos meus folks - e cara, eu não precisei nem de bolar um pra decidir que sim, eu gosto de você seu babaca; e eu não vou dizer que isso foi culpa da música, também não vou dizer que peguei o seu amado Moby Grape e chorei ouvindo Seeing porque você iria tirar uma com a minha cara até a minha quinta geração, mas é, foi exatamente isso que aconteceu; porque eu percebi que, porra, eu gosto mesmo de você, seu babaca.

É horrível, sabe, esse lance de ouvir esses discos ruins e lembrar de você, de ver seus rasbicos no meu bloco de notas e pensar que, porra, como eu queria que você lembrasse de mim ouvindo The Byrds; É Namjoon, eu sou um fodido mesmo.

O engraçado é que toda aquela minha filosofia hippie de desapego não vale de nada pra quando se está apaixonado por você, porque eu penso em ser só seu toda hora, mesmo que eu não seja desses, e você sabe que eu realmente não sou. Mas poxa, sei lá, eu sinto vontade sim, não dá mais pra negar isso, né? Você mesmo me disse que eu tava te olhando esquisito esses dias, a gente tava naquele observatório fumando um, e você já devia estar em outro planeta, mas cara eu não consigo mais disfarçar, já tá na cara mesmo, tanto faz.

Então se você desconfiava, tá aqui a prova de que eu tô gostando de um fodido como eu, eu tô gostando de você Namjoon.

Mas não é como se você fosse fazer algo pra mudar isso né, não vai ser em mim que você vai pensar quando tocar All I Really Want To Do, e eu já tô mais ou menos conformado pra falar a verdade; mas se você quiser saber, eu ainda queria saber como é beijar essa sua boca, porque, porra, deve ser divino; mas acho que isso eu posso resolver no festival de Agosto. Você não me escapa Namjoon, nem que seja pra dar só uns beijinhos.

Aliás, esse é o jeito para eu não morrer de vez não é? Tô mesmo tentado a pular do décimo andar, mas não precisa se preocupar porque eu sei que você não vai fazer nada pra ajudar, Nam.

Pode fazer o que quiser comigo, só não joga meus discos do Dylan.