Meu peito ardia cruelmente, tentava me manter, apenas, firme ao lado de Baekhyun. Estava sendo uma tarefa difícil, muito difícil. Eu queria muito chorar e dizer para ele ficar mas eu não podia, há muitas coisas que não posso fazer ainda, e implorar para que ele fique é uma dessas coisas.
Parece que ele está um pouco aliviado indo de volta para casa, mesmo que esteja triste.
Cada passo apertava mais o meu coração, eu quero fazer tantas coisas ao lado dele. Sinto que minha vida tinha dado seu ponto de partida novamente ao lado dele. Eu tenho muito medo da distância nos afastar novamente.
Eu via seus olhos cintilarem, ele também estava se segurando, era notável. Eu estava pronto para me despedir e abraçar aquele corpo que emanava felicidade mesmo em momentos como esse, mas meu celular começou a tocar repetidas vezes no meu bolso. Primeiramente pensei em não atender, mas após ler o nome do contato que era exibido na tela uma raiva subiu meu peito, eu podia esperar mas eu tinha que falar o que ela merecia ouvir
Me afastei deles já com o celular na orelha, fui para longe para que ninguém ouvisse os gritos que eu ia dar com aquela pessoa.
– Channie! – fechei fortemente os olhos, tentando ao máximo me controlar, apesar de ter gostado da Momo durante muito tempo, hoje, no momento, eu só sentia raiva e desgosto quando ela vinha em minha cabeça – Quando é que você vai voltar comigo? Já tem um monte de gente falando que nós terminamos, eu não gosto quando falam disso.
– Você está ouvindo o que está falando? Não percebeu que está sendo uma idiota falando isso? Nós terminamos já tem mais de um mês. Para de ficar me ligando, nós não vamos voltar, já te disse que estou com outra pessoa e que não acho justo continuar com você quando não sinto mais nada – expliquei pela milésima vez o mais compreensivo possível para que ela entendesse que não tínhamos mais nada. Desde que terminamos ela fica me ligando, dando indiretas para reatarem o namoro. As primeiras ligações eu até me importei um pouco com ela pois ficamos muito tempo juntos, e eu entendia que estava sendo difícil para ela, mas isso já está ficando muito irritante e maçante, todas essas ligações.
– Não entendo o que você está querendo dizer... – revirei os olhos, é lógico que ela entendeu o que eu disse, ela não é tão burra – Não estou entendendo seu comportamento, ele já foi embora para bem longe, vocês não vão ter mais nada. Porque não volta comigo? – Como ela sabia sobre Baekhyun? Nunca disse que era ele, nem mesmo disse que era um homem. Olhei rapidamente para o ônibus e meus olhos imediatamente tentaram encontrar o baixinho mas ele não estava ali. Olhei as janelas e lá estava ele – Me responde. – Desliguei a chamada e corri desesperadamente em direção ao ônibus, mas quando cheguei um pouco mais perto ele deu sua partida me deixando para trás sem nem mesmo uma decente despedida.
– Droga! Droga! Droga! – me descabelei por inteiro proliferando vários palavrões – Por que a porra desse ônibus teve que sair logo agora!? Eu não devia ter atendido o telefone mas que droga! É tudo culpa minha.
– Vai com calma Chanyeol, você pode ligar para ele depois – Sehun colocou uma de suas mãos em meu ombro tentando me acalmar – lógico que não vai ser a mesma coisa, mas você pode tentar. Não fique tão mal assim.
Respirei fundo e me virei para as pessoas que estavam ali, suspirei esgotado.
– Então, você gosta mesmo do Baekhyun, Chanyeol? Que reviravolta. – Kyungsoo comentou.
– Sim. Estamos no início de um relacionamento, nos conhecendo melhor - disse fraco.
– Sempre soube que vocês ainda iam ter algo, ele só falava de você – olhei para Luhan, pois era ele que falava – Lógico que eram coisas ruins e xingamentos – sorri de canto – mas eu sentia que tinha algo por trás daquilo.
– Mesmo que odiávamos um ao outro, por dentro estávamos na verdade com corações magoados e feridos. Tive muita sorte dele me perdoar, algo que pensei que nunca faria – Olhei para Nayeon, que me olhou culpada, ela teria muitas coisas para me esclarecer. Agora seria mais fácil já que Baekhyun não está aqui.
Deitado na minha cama eu divagava sobre como eu poderia trazer Baekhyun o mais rápido possível. Há tantas pessoas que poderiam ter roubado. O que eu preciso é encontrar uma prova que me indique quem foi, só assim poderei falar com reitor.
– Chanyeol! - De repente fui acertado com um travesseiro – Eu estou falando com você - Olhei para Sehun que estava parado na porta do meu quarto.
– O que você quer?
– Você sabe que o treinador está louco, né? - respirei fundo, mais essa agora – ele só não te mata porque é o jogador principal – Eu sabia que tinha perdido o jogo, sabia que o treinador queria arrancar minha cabeça mas eu só queria passar mais tempo com Baekhyun – O que você vai fazer?
– Não se preocupe, é só falar que senti dor no meu tornozelo e preferi descansar. Simples, ele vai acreditar – ele se sentou na cama de Baekhyun e ficou me encarando – Você me acertou com o travesseiro só para me dizer isso?
– Eu vim te avisar sobre outra coisa. Nayeon, quer falar com você. Ela me pediu para você a encontrar no parque que tem atrás do prédio.
– A essa hora? Não podia ser depois? – Não custaria nada ela deixar essa conversa para amanhã.
– Ela estava meio desesperada, acho que ela nem pensou nas horas – se levantou e andou até a porta – o assunto parecia muito sério, acho melhor você ir se encontrar com ela.
Me levantei da cama a contra gosto, já era super tarde, eu tenho aula amanhã. Vai ser um inferno. Mas mesmo assim é melhor eu conversar com a Nayeon antes de qualquer coisa.
– Para onde você está indo? - Perguntei assim que vi Sehun entrar em um quarto que eu sabia que não era o dele.
– O colega de quarto do Luhan não está aqui... - sorriu meio envergonhado e eu ergui a sobrancelha – Ah! Você não sabe o que eu vou fazer, por que essa cara?
– Não falei nada! - levantei as mãos rindo, mesmo com sono eu não consigo evitar rir da cara do Sehun.
Saí do prédio e dei a volta, em meio a algumas árvores tinha mesas e em uma delas estava a menina de cabelos longos e pretos. Segurava contra o corpo seu casaco rosa para tentar se esquentar em meio ao frio da madrugada, sentei a sua frente e não falei nada até que ela erguesse o olhar.
– Eu sei que você tem muita coisa para perguntar desde que eu voltei – ela colocou as mãos em cima da mesa e me encarou profundamente – eu te chamei aqui para responder todas as suas perguntas – a encarei seriamente, não queria magoá-la, apenas, entender – eu sei que são muitas.
– Por que voltou?
– Como eu já disse uma vez, foi pura coincidência encontrar vocês aqui. Meu intercâmbio terminou, então eu voltei.
– Por que você agiu como se nada tivesse acontecido? – Eu realmente tinha muitas perguntas e não ia evitar fazê-las.
– Eu não queria que ele soubesse que eu sou a verdadeira culpada do que aconteceu com vocês – eu franzi o cenho, se ela não queria que ele soubesse não devia ter feito aquilo – Eu realmente pensei que ao longo dos anos, depois que eu fui embora que você tinha contado toda a verdade de alguma forma... – ela abaixou a cabeça e começou a dar umas fungadas – quando eu o vi todo feliz quando me viu, eu me senti perdoada, então agi como se nada tivesse acontecido.
– Então, você realmente sabe o que eu senti todos esses anos? Como você acha que eu me sentia quando o garoto que eu gostava passou a me odiar? - Aumentei o tom, eu estava sufocado. Segurando aquela história por anos.
– Me desculpa, eu era apenas uma criança que sentia ciúmes dos meus dois melhores amigos – chorava baixinho, me olhava com aqueles grandes olhos negros e cheio de lágrimas prestes a escorrer – Eu sabia que você gostava do Baekhyun, mas eu sentia ciúmes, pois eu também gostava dele. Eu não sabia que as coisas iam tomar essas proporções. Eu só fiz a maior merda da minha vida em tentar separar vocês para ficar com Baekhyun.
– Não seria mais fácil se você tivesse se declarado? Por que teve que complicar tudo? - Eu sabia que ela estava arrependida, mas não podia negar o fato que ela estava muito errada na época.
– Eu pensei que se tirasse a foto e mandasse você espalhar ao mesmo tempo que te ameaçava contar sobre seus sentimentos para seu pai eu me veria livre de você e assim Baekhyun poderia ficar comigo. Eu era muito imatura, não sabia o mal que estava fazendo com vocês. Eu também fui egoísta... – meus olhos começaram a arder e eu abaixei o rosto – Eu não pensei no que aquilo poderia causar a Baekhyun e a você que também era meu amigo.
As lembranças daquela triste semana me traziam arrependimento, apesar de muito novo eu devia ter tomado as devidas providências e não me escondido como um covarde.
Naquela época eu escrevi uma carta. Uma declaração. E coloquei na mochila do Baekhyun, Nayeon infelizmente viu. Minha melhor amiga.
A puberdade estava chegando para todos, inclusive para nós três. Eu me apaixonei por Baekhyun e ela também. Mesmo não sabendo dos sentimentos do Baekhyun eu resolvi escrever uma carta para ele.
Nayeon pegou essa carta. Ela era minha amiga, mas me ameaçou dizendo que ia contar para meu pai que eu gostava de outro garoto, eu já tinha uma ideia que aquilo era "errado" aos olhos do meu pai. Então, resolvi fazer o que ela me mandou.
Eu me arrependo por isso. Mesmo que Baekhyun já tenha me perdoado eu não me perdoei.
– Eu não sei o que tinha na minha cabeça, eu era fútil e só enxergava as coisas ao meu favor – ela cessou o choro e limpou suas lágrimas – eu realmente me sinto muito culpada por tudo que aconteceu. Então, por isso peço desculpas com todo meu coração.
– Por que não se desculpou com Baekhyun quando ele estava aqui? As coisas estariam melhores agora e você não teria que estar escondendo isso dele – falei um pouco alterado mas não tinha a intenção de assustá-la, só vi que tinha a surpreendido quando ela se encolheu – você não teria que ficar escondendo nada dele. E nem eu.
– Eu queria ter contado mas quando eu o vi tão feliz falando comigo e vi vocês tão bem juntos, eu fiquei feliz por um momento imaginando que aquilo era passado e que vocês estavam de bem, então não vi motivo para contar já que estava tudo bem. Mas meu coração ainda pesa só de imaginar a imagem do Baekhyun chorando ao meu lado por algo que eu mesma fiz. Eu fiquei com vergonha de ter feito aquilo com ele. Eu literalmente estraguei um momento especial para ele.
– Nayeon, ele devia saber, mas não por mim. Por isso não contei durante todos esses anos.
Ela apertou firmemente os olhos e suspirou.
– Eu vou contar para ele. Vai ser melhor. Para nós três, como no passado. Tudo vai voltar a ficar bem.
Voltei para meu quarto totalmente destruído, tanto fisicamente quanto psicologicamente.
Como seria nossas vidas se nada daquilo tivesse acontecido? Provavelmente seria bem mais fácil. Talvez eu e Baekhyun tivéssemos começado a namorar no ensino médio. Sorri com aquilo. Não presenciei ele na época da escola mas de uma coisa tenho certeza. Ele era a pessoa mais fofa dessa faculdade quando entrou aqui. Lembro que quando entramos na faculdade os veteranos davam notas, nem acreditei quando deram um sete para aquele baixinho de bochechas gordinhas e pele branquinha. Eu queria bater neles por serem tão cegos.
Parecia um anjo. Foi difícil ficar observando ele quase o dia todo sem ser percebido. Mas eu tinha que me aproximar dele de alguma forma, chamar a sua atenção.
Entrei para o time no primeiro trimestre, conheci a Momo. Mesmo sabendo que ela era toda mimada e cheia de 'não me toque'. Ela era fofa e tinha bochechas tão grandes como Baekhyun, eram minhas partes favoritas dela só porque me lembravam de Baekhyun.
No colegial eu saía com muitas garotas. Algumas vezes eu me lembrava, as transas eram boas mas quase todas o nome de Baekhyun vinha à minha cabeça. Nunca falei o nome dele enquanto transava com outra pessoa. Até que em uma certa noite com a Momo.
Ela me odiou. Eu fiquei mal pois estávamos no início do relacionamento e rever Baekhyun mexeu tanto com o meu coração que não pude evitar pensar nele.
Momo começou a xingar Baekhyun dias depois. Vi aí uma oportunidade de me aproximar do Baekhyun, não era a maneira mais certa de voltar a falar com alguém mas só de estar falando com ele e ouvir meu nome sair de sua boca... já era o suficiente.
Um tempo depois ele começou a trabalhar como encarregado das toalhas e água para o time. Era eu quem organizava seu material antes dos jogos. Foram três anos assim. Até a melhor coisa acontecer, ficar no mesmo quarto que ele.
Fiquei pensando nos nossos momentos desde então até pegar no sono. Um sono profundo. Ai que saudade do meu baixinho, eu mesmo não acreditando em finais felizes, espero que pelo menos uma vez essa história possa terminar tudo bem.
Assim que sai da sala de aula, como não pude nem tirar um cochilo, fui direto me deitar debaixo da tão típica árvore que eu tirava meus cochilos.
– Chanyeol! - Abri um dos olhos confirmando quem era.
– Kai, pelos céus. Não vê que estou descansando? – voltei a fechar os olhos esperando ouvir o barulho dos passos dele se afastando de mim mas não ouvi absolutamente nada então voltei a abrir os olhos – o que você quer?
– Ah! Cara... Você sabe que eu tô brigado com o Soo – afirmei, eu era seu único amigo que sabia daquele romance – Então, você sabe da história toda da Momo e daquelas fotos, mesmo eu contando a verdade para ele, ele não acreditou.
– Normal – ele franziu o cenho - também você queria o que? Você ficou com todas as líderes de torcida... tirando a Momo – ele olhou para o lado com um cara um pouco suspeito – espero que você não tenha ficado com ela.
– Eu não fiquei! Claro que não. Tá doido!? – Ele mexeu a cabeça como se afastasse os maus pensamentos – Não é isso que eu quero te dizer. Mas se você pode me ajudar a voltar com ele? – seus olhos brilharam – por favor.
– O que eu ganho com isso? – claro que eu teria que ganhar alguma coisa em troca, nada nessa vida é de graça.
– Minha gratidão - ele sorriu - e minha coleção exclusiva do One Piece – ele disse e eu nem pensei duas vezes antes de sorrir satisfeito e me levantei limpando os resquícios de grama na minha calça.
– Vamos!
Jongin definitivamente assiste filmes românticos, mais para aqueles romance adolescente ou comédia romântica. Ele é aquele cara bem clichê. Tenho quase certeza que essa ideia que ele teve ele tirou a base de algum filme besteirol.
– Eu estou com vergonha por você, Kai – disse.
– Você só fala isso porque não é uma pessoa romântica – ele retrucou.
– Dá onde que se declarar para Kyungsoo pelo rádio principal é um ato romântico? Isso é vergonhoso – ele queria passar vergonha só pode. Se o Kyungsoo negar vai ser com toda a certeza a maior gafe de toda a faculdade.
– Eu acho bem romântico - disse o novato.
– Obrigado, Sehun – Kai sorriu para Sehun que estava encostado na porta – Ah! E como foi seu pedido de namoro? Luhan aceitou?
– Eu ainda não fiz. Quero que seja um momento propício para isso – isso sim é algo legal. Quero pedir Baekhyun em namoro em um momento especial.
– Uhm... te desejo sorte! – disse Kai – agora vocês vão fazer isso aqui - Parou de escrever no papel e nos entregou – Quando vocês forem na diretoria, entreguem esse papel para Park Mingum. Ele fica na recepção, usa uns óculos fundo de garrafa e é mais magro que meu dedo mindinho – ele sabe onde fica a chave da cabine de rádio.
– Mas isso você poderia fazer sozinho!
– Não posso. Tenho que terminar de escrever minha declaração - revirei os olhos – Você! - apontou para mim – vai distrair o treinador enquanto Sehun pega a chave.
– Mingum não ia pegar?
– Ele vai falar onde a chave está exatamente, a sala é a do treinador mas eu não sei onde a chave está na sala. Mingum é mais caro que você para cobrar alguma coisa – revirei os olhos, não vai ser tão difícil só vou ter que ficar distraindo o treinador – mas enfim, como a declaração só vai ser à noite... – Ele ia continuar mas eu interrompi.
– Por que tem que ser à noite?
– Soo foi no parque de diversões com o Luhan. Eles estavam muito tristes por causa da expulsão do Baekhyun – meu peito falhou uma batida a pensar no baixinho.
– Então, Sehun vai enviar uma mensagem para o Luhan para trazer o Soo de volta. Nisso Luhan vai levá-lo ao campo, eu me declaro, ele me perdoa e então fazemos as pazes. Todos ficam felizes.
– Já contou para seu pai? – Kai me olhou – sobre seu namoro com Kyungsoo?
– Eu contei – ele suspirou – contei primeiro que era um menino com quem eu estava namorando, quando ele ia começar a falar sobre me deserdar e me tirar da linhagem para herdar a empresa, toda aquela história novamente, aí eu falei que o garoto era o Soo.
– Ele aceitou seu relacionamento? – Eu disse.
– Ele sabe muito bem quem é Do Kyungsoo. Filho único de uma das mais ricas famílias da Ásia – eu sorri, isso faz muito a cara do Sr. Kim, tão parecido com meu pai – Eu quero manter ele o mais longe possível do Soo.
– Entendo. Eu entendo completamente.
Ainda era fim de tarde, eu só estava esperando a ligação do Kai para colocar o plano em prática. Quando eu senti o celular vibrar eu logo peguei e atendi.
– Kai?
– Não, é a Sana.
– Oi... – ouvi umas fungadas do outro lado da linha. Ela estava chorando – está tudo bem?
– Eu descobri... – sua voz estava falhada – descobri quem é o verdadeiro ladrão – meu coração parou.
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