História Não Posso Negar - O Julgamento

O Capitão acordou antes de Mikasa quando escutou vozes no corredor dos dormitórios. Tinha a impressão que dormiu demais e ultrapassou o horário que sempre acordava para retornar ao seu trabalho na Tropa.  Olhou para Mikasa. Ela dormia serenamente em seu peito, abraçada ao seu corpo. Se moveu devagar para sair daquela cama, sem querer acordar Mikasa de repente. Quando conseguiu, ela rolou para o outro lado, agarrando-se ao lençol e continuou a dormir. Pela primeira vez em sua vida, o Capitão Levi dormiu mais do que estava acostumado, e ao que tudo indicava, Mikasa também. Porém, não importava. Mikasa não era mais uma cadete ali dentro, quando sua gravidez foi descoberta, e nem o próprio Levi tinha deveres como Capitão no momento. 

Enquanto o corredor não esvaziava, ele pegou suas roupas do chão. Perguntava-se: Como poderia não ter atentado a esse detalhe? Ficou tão envolvido com Mikasa durante aquela noite, que nem reparou que deixou tudo largado no chão, desorganizado. Usou a banheira de Mikasa para tomar um banho rápido, pois, aquele novamente seria um longo dia com muitas coisas para resolver, e quanto antes ele se aprontasse, melhor. 

Depois, vestiu sua roupa novamente. Foi para o quarto de Mikasa e penteou os seus cabelos organizando os fios em seus devidos lugares quando encarava o espelho. Sentou na cama esperando Mikasa a acordar, o que não demorou muito, pois aquele cheiro adocicado dela preencheu todo o espaço do quarto rapidamente, se espalhando, contagiando todo o ar que respiravam. 

Mikasa abriu os olhos mexendo levemente o nariz, virando de barriga para cima. Sentia fortemente o seu cheiro, mas encontrou o Capitão Levi na espera, observando ela na beirada da cama. Ela se levantou inspirando profundamente o ar, e se sentou na cama. – Acabei usando as coisas. – Disse ele se referindo aos itens pessoais de banho. – Estava esperando o pessoal sair do dormitório e você acordar. 

–Tudo bem. –Era um pouco estranho compartilhar suas coisas com alguém, porém, deveria considerar normal agora que iria se casar com ele. – Porque não me acordou? – Indagou ela. Era muito tarde, e Mikasa acreditava que deveria ter acordado há muito tempo. 

– Por agora, você não tem nenhuma obrigação aqui dentro. Pode dormir o quanto quiser. 

– Não gosto de ficar sem fazer nada. – Disse ela. 

– Com essa gravidez, as coisas serão assim. –O Capitão Levi explicou para que Mikasa compreendesse. –E até que se resolva toda essa situação que aconteceu, vai ter que se contentar com isso. –Mikasa suspirou emburrada. Não gostava de ficar zanzando de um lado para o outro, sem realizar alguma função.  –Preciso dos seus documentos, pirralhinha.  

Mikasa saiu dos seus lençóis e caminhou de encontro ao seu roupeiro. Tirou no meio dos seus trajes dobrados a sua certidão de nascimento e entregou para ele. – É o único documento que eu tenho. 

Ele deu uma olhada verificando todos os dados e colocou no bolso do seu paletó escuro.  Segurou na mão de Mikasa e a conduziu para que sentasse na sua perna direita. Ela sentou. Eles trocaram olhares brevemente antes de se despedirem. – É bem provável que eu não irei aparecer o dia todo. Siga as recomendações da Tenente Hange. 

– Uhum. 

Ela assentiu. Mikasa colocou a mão no cabelo úmido do Capitão Levi e se aproximou do rosto dele sentindo vontade de fazer aquilo. Selaram os lábios e trocaram um beijo lento, com um roçar de línguas que acabou em alguns minutos depois. 

Mikasa deixou que o Capitão partisse para as suas obrigações do dia-a-dia. Ele tentaria uma nova audiência com o Comandante Erwin, e marcaria a data do casamento no cartório. Quando ele saiu, Mikasa também foi ao banho, porém não demorou muito. Se arrumou ainda vestindo o uniforme da Tropa. Embora não estivesse realizando nenhuma função ali dentro, permanecia dentro do Castelo, e por enquanto achava adequado continuar usando o uniforme da Divisão.  

Foi para o refeitório tomar o seu café da manhã e encontrou com Hange sentada na mesa tomando um copo de leite. Ignorou os olhares, e Mikasa se sentiu muito confortável em se sentar com a Tenente Hange naquela manhã. 

– Parece um pouco melhor. – Comentou Hange a observá-la. Deu um sorrisinho depois de uma golada da sua caneca de leite.  

– Como assim? –Ela arqueou a sobrancelha colocando os seus antebraços na mesa. 

– Não sei. Está com um aspecto mais leve, mais harmônico, alegre. 

– Não estou não, estou normal. – Replicou Mikasa, mesmo sabendo que o que Hange dizia era verdade. Ela estava se sentindo um pouco melhor depois que dormiu com o Capitão. A sensação que estava sozinha tinha desaparecido. A pressão das coisas ao seu redor, e o peso nas suas costas diminuíram bastante. Estava realmente se sentindo mais leve. 

– Tenho uma lista de recomendações para você. – Hange passou uma listinha escrita no papel. – Seu café da manhã agora são frutas frescas. 

Mikasa pegou uma listinha e deu uma olhada. Confirmou com a cabeça como sinal de entendido. Depois de um tempo em silêncio, começaram a conversar sobre outras coisas frívolas, como os pernilongos que incomodavam durante o dia e a noite, mas Hange terminou contando a Mikasa toda a situação da Tropa agora que Levi foi exonerado.

Hange evitou contar as partes mais preocupantes para não desesperar Mikasa. Partes que encorajaria ela tomar uma atitude impensada, como colocar sua DMT, pegar o cavalo e ir em direção ao perigo. Hange sabia que Mikasa faria isso, assim como o Capitão Levi que a instruiu, pedindo para que não contasse nada a ela, pois sabia que Mikasa não iria escutar ninguém, e tão pouco seguiria alguma ordem.  

–Sem o Levi liderando todo o esquadrão, as coisas não são mais as mesmas. – Confessou Hange em suspirou. – Jean vai ficar no comando agora enquanto todos vão para uma missão. 

–Que missão? – Mikasa virou de supetão, arregalando os olhos. 

–Ackerman, calma! – Hange usou uma voz serena colocando as suas mãos nos ombros da garota. – É uma missão bem simples, não tem motivos para se preocupar átoa. 

– Eles vão demorar? – Perguntou Mikasa começando a sentir um bolo na garganta. 

– Não, acredito que não. – Disse ela passando a mão levemente no ombro de Mikasa para que ela se tranquilizasse. – Na verdade eu não sei. Tudo depende dos comandos de Jean agora. 

– Quem vai?

– Todos vão. Hoje vamos ficar aqui só eu e você nesse castelo. – Hange colocou seu braço em volta do pescoço de Mikasa. Na verdade, tinha a pretensão de cuidar para que Mikasa não fosse ao lugar que Paradis estavam sofrendo um ataque. – Vamos, vai ser divertido. – Ela riu. – Podemos fazer várias coisas juntas, como amigas, sabe...

Mikasa pareceu concordar por hora, embora sentisse seu coração dar uma leve descompassada como se estivesse intuindo algo. Tinha a impressão que existia algo diferente no ar, porém, ignorou achando que fosse coisa da sua cabeça que nunca parava de pensar sequer um segundo, fazendo vários caminhos que sempre terminavam de uma maneira que ela não gostaria que terminasse.  

Mikasa foi até a cantina e recolheu algumas frutas que foram separadas para ela dentro de uma vasilha. Voltou para a mesa mordendo uma maçã verde. Ficou na dela, cumprindo o seu café da manhã, observando todos os soldados saírem após a refeição, formando um grande grupo. Todos estavam com Jean, sob a permissão do comandante Erwin, partindo imediatamente em uma missão, deixando Mikasa e Hange sozinhas no grande castelo. 

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No meio do Tribunal, Erwin procurava convencer todo o conselho e o Juiz sobre como o casamento entre os dois Ackermans poderia ser muito vantajoso. Os dois poderiam contribuir muito para a humanidade, com o nascimento desse filho, ressaltando sempre que o Clã Ackerman era uma linhagem poderosa de grandes guerreiros que sempre defenderam as pessoas a quem seguiam. Seria um desperdício se não apoiassem essa união, e deixasse que os dois continuassem na Tropa de Exploração, justamente agora que sofreram um ataque de outro titan, na madrugada, próximo ao amanhecer. 

Não foi fácil conseguir uma segunda audiência para aquele dia, quando para todos ali presentes dentro daquele Tribunal tinha tomado uma decisão sobre a situação do Capitão Levi e da Cadete Mikasa. E aquele ataque, embora fosse ruim, chegou em um momento bastante oportuno. Levi poderia mostrar o quanto era valioso para a Tropa. 

O Juiz olhou o depoimento de Mikasa Ackerman minuciosamente, palavra por palavra. Sua expressão não era das melhores, e os outros que faziam parte do conselho começaram a cochichar entre eles sobre tudo o que lhes foram apresentado. Todos ali dentro sabiam que Marley queria exterminá-los de qualquer jeito, e que toda aquela gente tinha poder sobre outros Titans, o que era uma grande desvantagem para eles de Paradis, além de tudo, possuíam um arsenal de armas completamente desconhecidas, mas letais, capaz de matar seres humanos. 

Erwin também fez questão de mencionar que o Capitão Levi sobreviveu a uma viagem de três meses fora das muralhas, em território inimigo. Ninguém conseguiria como ele conseguiu. O máximo que alguém conseguiu durar fora das muralhas, foi, no máximo, 1 hora. Continuou a destacar que o Capitão Levi e Mikasa eram muito importantes para Tropa, desde que não existiam ninguém como eles, capazes de fazer coisas que ninguém conseguia. Os Ackermans, fora o Titan de Ataque, eram os únicos poderes de "fogo" que eles tinham contra Marley, e contra todos os outros Titans.  Além de tudo, naquele exato momento metade da Tropa estava sendo abatida no campo de batalha. 

– Você pretende se casar com essa moça, Levi Ackerman? – Indagou o Juiz muito avaliativo. 

– Sim. – Confirmou ele. Pretendia de todo o jeito casar com Mikasa, com Tropa ou sem Tropa. Ele já tinha feito a escolha dele. – Consegui marcar a data do casamento daqui para três semanas. 

O Juiz coçou o queixo.  – Você ainda quer servir a Divisão de Reconhecimento?

– Claramente. 

– Sofremos um ataque novamente dentro das muralhas Maria quando todos os cidadãos estavam ocupando aquele território. Você acha que consegue resolver esse problema?

–Com toda a certeza. – Confirma o Capitão inabalável.  

–Você pode voltar a função de Capitão dentro da Tropa. Contanto que se case com essa moça, e permita que seu filho futuramente entre para algumas das divisões. Está de acordo com essa proposta, Capitão Levi Ackerman Rivaille? 

Levi confirmou com a cabeça. – Estou. 

– Ótimo. Está audiência está encerrada. – Falou o Juiz batendo o martelo calando a boca das pessoas do conselho. – Seja bem vindo de volta à Tropa, e tenha um bom casamento. 

– Obrigado. 

Todos os presentes do Tribunal se levantaram dos seus assentos e começaram a se retirar do local. O conselho não retrucou as decisões do juiz, desde que a defesa do Capitão Levi apresentou vantagens muito convincentes das razões para mantê-lo dentro da Divisão de Reconhecimento como Capitão de todo o esquadrão. Ele era o mais forte da humanidade, e teria um filho com o sangue dele, e a cadete, sua futura esposa também possuía o mesmo sangue. Acreditaram que aquele erro dentro da Divisão acabou se tornando um acerto. Quanto mais Ackermans dentro de Paradis com suas incríveis habilidades, melhor. 

O Comandante Erwin apertou a mão do Capitão Levi pela audiência bem sucedida. Não perderia o seu melhor soldado, e nem o seu melhor amigo dentro daquela equipe. 

– Tudo deu certo dessa vez. –Erwin deu um pequeno sorriso, entretanto, não tinham tempo. Teriam que resolver o outro problema.  –Agora vamos nos encontrar com o restante do grupo que foram direto para o ataque. 

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Próximo do anoitecer, Mikasa estava sentada nas escadarias da entrada do grande castelo, ao lado de Hange. O assunto de conversas frívolas já tinha se esgotado, e embora tentavam disfarçar uma para a outra a preocupação em torno do grupo de soldados que saíram sob comando do Jean, elas continuavam à espera de que todo o grupo retornasse sãos e salvos.  

O grupo apareceu depois de uma hora de espera.  Não voltaram muitas pessoas vivas, apenas um seleto grupo de pessoas, enquanto outras que foram mortas durante o confronto eram levadas dentro de uma carroça para as famílias fazerem o enterro no outro dia. 

Jean apareceu com uma perna ferida, e Eren estava sobre o apoio de Armin e Jean que carregavam o rapaz desacordado, com um dos braços decepados. 

Mikasa quis se levantar para ir de encontro com o pessoal e saber da situação de Eren, e de tudo o que tinha acontecido com eles, mas Hange colocou um braço na sua frente impedindo que a jovem ackerman corresse até lá. Hange tinha diversas razões para impedir Mikasa de falar com o pessoal agora. 

– Não precisa se preocupar. Daqui algumas horas ele vai ficar bem, e Eren sabe se virar sozinho. – Hange falou como se quisesse lembrá-la de que todo membro dele era reconstituído, sempre voltando a ficar inteiro e intacto. –Ele já tem Armin e Jean para cuidar dele. 

–Eu só quero ajudar. –Comentou Mikasa, não contentando em ficar parada, apenas olhando os feridos passarem. 

–Eles têm toda a assistência que precisam aqui dentro. –Suspirou Hange segurando o braço da moça. –Não seria bom para você ir lá agora, me entende?

–Eu não entendo. –Falou Mikasa, com uma profunda incompreensão. 

–Levi contou que Eren tem feito visitas noturnas no seu quarto. 

Logo, Mikasa compreendeu do que se tratava na verdade. Desistiu da vontade de resistir quando Hange segurava seu braço para que não fosse até lá. Ao que se pode perceber, de agora em diante, teria que mudar sua postura em relação ao Eren. 

–Não fizemos nada, só conversamos.  

–Mikasa. –Ela tomou uma atitude mais séria. –Se eu fosse você, cortava esses encontros noturnos com Eren. Falo como uma amiga. –Hange queria manter Mikasa na conversa não apenas pelo Eren, mas também para Mikasa não descobrir entre os outros soldados sobre o que tinha acontecido de verdade nessa missão, ou ela entraria no meio. Resolveu distraí-la com um bom conselho que serviria para evitar dor de cabeça mais tarde, e possíveis brigas e decepções. –  Uma hora eles dois podem acabar se desentendendo de verdade, e por sua causa. –Hange respirou fundo. Se preocupava com o seu melhor amigo. –Não magoe o Levi. Ele não merece isso. 

Hange compreendia que o Capitão Levi sempre foi sozinho para tudo. Ele nunca teve ninguém que cuidasse dele. Era sempre ele por ele, a vida toda, por todos esses anos. E agora era notável que ele estava feliz com o casamento e com a ideia de ser pai, pois, dividiria sua vida agora com outras pessoas. Era uma felicidade tão etérea, que seria uma lástima se estragassem isso dentro dele. Esperava que Mikasa amasse ele, e cuidasse dele, como uma boa esposa que todos esperavam que ela fosse, inclusive o Capitão Levi. 

Mikasa parou onde estava. Não acreditava que Hange fosse capaz de pensar algo assim dela. Também, não era por menos. Magoou o Eren quando se envolveu com o Capitão, e não duvidava que outras pessoas pensassem que também magoaria o Capitão Levi. Talvez seja por esse fato que seus amigos não falavam com ela. Ela realmente não sabia. Engravidar do Capitão quando iria se casar com outro, era um bom motivo para todos julgarem ela. Entretanto, Mikasa compreendia que agora teria uma grande responsabilidade. Cuidar de um marido e cuidar de um filho, mas não era isso que ela queria o tempo todo desde quando fez a promessa com Armin e Eren sobre se protegerem dos ataques dos titans? 

Mikasa esperou que os rapazes passassem na escadaria para irem direto à enfermaria e deixou que Hange os acompanhasse para tratar dos feridos. Ficou apenas observando, parada em seu lugar. Entretanto, logo atrás vinha o Capitão Levi acompanhado do Comandante Erwin. Os dois estavam com seus equipamentos de manobras, mas Levi ainda trajava roupas sociais.  

Não pode escutar o conteúdo da conversa dos dois, pois, quando se aproximaram,  eles ficaram em silêncio. Obviamente, se metade do grupo que saiu pela manhã foi massacrado na missão e o Capitão com o Comandante chegaram junto do grupo, é porque algo muito sério tinha acontecido. Mikasa ficou agoniada, se perturbando com aquilo. 

–O que aconteceu? – Mikasa indagou  em um tom de voz exigente e preocupado, para os dois homens que pararam na sua frente. Mikasa estava tensa. Era assim que ficava quando sentia que algo estava acontecendo. 

–Foi só uma missão como todas as outras. – Respondeu Erwin com calma, demonstrando normalidade.  

–Já resolvemos. – Reforçou o Capitão Levi quando percebeu que Mikasa estava desconfiada e começando a se preocupar. Erwin também percebeu e preferiu trocar de assunto. 

–Levi tem notícias para você, cadete Ackerman. 

–Notícias?–Mikasa cruzou os braços voltando o seu olhar para o Capitão. 

Ele se aproximou de Mikasa pegando as duas mãos dela. Mikasa ficou esperando que ele dissesse alguma coisa. 

–Vou continuar dentro da Divisão de Reconhecimento...  –Ele continuou calmamente procurando tornar o momento mais agradável e sereno possível. –E o casamento acontecerá daqui a três semanas. 

–Uma boa notícia, afinal. –Mikasa se permitiu um sorriso terno, com a sua atenção desviada para ele. Ficou feliz que as coisas para ele estavam realmente boas. 

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À noite, Eren continuava na enfermaria, desacordado na cama, com o seu braço sendo reconstituído pouco a pouco. Os soldados que trataram dos seus ferimentos e tiveram cortes bastante superficiais, preencheram o refeitório para encherem seus estômagos repletos de fome. 

Mikasa pegou sua refeição que era diferente das outras, e não deixou de ser alvo de olhares por conta disso. Embora estivesse grávida, Mikasa estava comendo muito melhor que todo mundo ali. Ela estava comendo coisas deliciosas, como carnes graúdas, e isso causava uma pequena discórdia nas outras pessoas. 

Novamente, ela desviou da mesa do seus amigos e se sentou sozinha em um canto vago de uma mesa. Armin ainda acenou com a mão para ela. Mikasa apenas fez um sinal com a cabeça, mas não encostou. 

Se alimentou direitinho ignorando a presença de todos, sem olhar para os lados. Não importava, Mikasa começava a se acostumar com aquilo, contudo, o Capitão Levi estava presente no refeitório naquela noite, assim como Erwin e Hange. 

Ele notou que Mikasa não se sentou com o seu grupinho de amigos que era habituada a sentar. Achou estranho, cogitando que tinha alguma coisa errada, pois, as pessoas que diziam suas amigas ignoravam a presença dela ao lado, menos Armin. O Capitão Levi levantou o dedo pedindo um instante para Hange e Erwin que conversavam com ele sobre o dia de hoje. O Capitão se levantou da mesa e foi até a mesa de Mikasa, despertando a atenção da mesa. Mikasa olhou para ele, buscando saber do que se tratava. 

–O que foi, Capitão?

–Levanta-se, você vai sentar comigo na mesa, junto com os oficiais da Tropa. 

Mikasa ficou pensativa. Não queria ficar sozinha no meio de tanta gente que deixava-lhe deslocada. Pegou o seu pratinho, e segurou na mão do Capitão, que este cruzou os dedos na sua mão, segurando. 

Atravessaram o centro do refeitório, deixando todos em silêncio com a cabeça baixa quando faziam suas refeições. Entretanto, notaram que o Capitão e a Cadette realmente estavam juntos para valer, quando o anel de noivado de Mikasa foi refletido pela luz dos Lampiões em todo o lugar. Sasha foi a primeira a notar. Eles estavam de mãos dadas, e com um anel de compromisso que brilhava na mão de Mikasa. O que tudo comprovava, era que assumiram uma relação amorosa muito séria. 

Para todos os presentes, estranhamente aquele era um casal que dava medo, porque eram Ackermans. Pessoas com sangue forte e poderoso, com uma força fora do comum. Alguns ali sabiam que o Capitão Levi tinha ganhado no Tribunal, e que a sua relação com Mikasa dentro do quartel foi completamente aprovada. Além de tudo, foi ele que resolveu a situação com o Titan Blindado e Colossal que apareceu do nada, pela segunda vez, dentro das muralhas Maria. Se não fosse por ele, todo o esquadrão teria sido esmagado, e Eren, comido. 

– Não se importe com eles, pirralha. – Disse o Capitão ao olhar para ela. –Você não está sozinha, está comigo agora.