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História Naruto Segundo O Sharingan - Olhar Não Arranca Pedaço


Escrita por: AlascaPurple e Salt-Novak

Capítulo 2 - Olhar Não Arranca Pedaço


Naruto

Chegamos a uma clareira, onde iríamos treinar. Eu estava deveras animado, era muito mais produtivo treinar com alguém e, mesmo sendo doloroso admitir, era bom poder praticar com  alguém talentoso como Sasuke. Mas ele não precisava saber disso.

ㅡ E então, Sasuke, o que vamos fazer?

Ele parou em frente a uma árvore, parecendo pensar. Circundou o tronco e olhou bosque adentro.

ㅡ Eu ando treinando um novo jutsu, como sabe. ㅡ desviou sua atenção para mim, com aquele olhar superior de sempre. Provavelmente orgulhoso de ter criado uma nova técnica. Nah, ele sempre foi orgulhoso. 

ㅡ Oe, e qual é mesmo? ㅡ cocei minha cabeça, um pouco sem graça por já ter esquecido, no entanto, minha empolgação era notável, me fazendo saltar sobre meus pés. 

ㅡ São shurikens com chakra. ㅡ com o peito estufado, como um pavão, ele continua, depois de um leve revirar de olhos. ㅡ Eu me inspirei no jutsu de transferência da mente da Ino. Assim, colocamos chakra nas shurikens e transferimos parte da mente através dele, conseguindo guiá-las para o alvo, mesmo em curva.

ㅡ Muito legal, Sasuke! Vamos, quero aprender! ㅡ posiciono minha shuriken e antes de conseguir fazer qualquer coisa, sou interrompido.

Baka, me deixe mostrar primeiro. ㅡ revirou os olhos e eu mostro a língua. No tempo em que ele falava, já poderia ter me ensinado e agora eu estaria praticando.

ㅡ Olhe e aprenda. ㅡ ele retira suas shurikens da bolsinha pendurada em sua cintura, e as coloca em posição. ㅡ Vou acertar aquela árvore. ㅡ aponta para o bosque. Protejo os olhos do sol com a mão, vendo que indicava a terceira árvore a partir dessa em sua frente. ㅡ Irei desviar das outras até atingir meu alvo.

ㅡ Duvido que vai conseguir. ㅡ eu, Naruto, não perdia a oportunidade de cutucar alguém para deixá-lo irritado. Mas, ao invés disso, Sasuke apenas abre um sorriso presunçoso e volta sua concentração para a árvore.

A shuriken em sua mão adquire o tom azul do chakra ao seu redor. Sasuke fecha os olhos e lança o objeto. Acompanho sua trajetória e fico surpreso quando ela desvia rapidamente da primeira árvore, da segunda e…

ㅡ V-você acertou! ㅡ aponto, assombrado, para a árvore que ele disse que acertaria, e lá estava, a shuriken fincada no centro do tronco.

ㅡ Eu falei, Dobe. Agora é sua vez. ㅡ se afasta calmamente, dando-me espaço, seu rosto satisfeito. Mais uma massagem no seu ego já infinitamente inflado.  

ㅡ Isso é fácil! Se você conseguiu eu também consigo. ㅡ marchei, decidido, parando no lugar em que ele estivera anteriormente.

ㅡ Você acha que iguala a mim, Usuratonkachi? ㅡ de sua voz escorria deboche.

ㅡ Eu sou tão bom quanto você. ㅡ sorrio abertamente, vendo sua cara se fechar. Encosto em um dos meus maiores orgulhos: a bandana de Konoha, que recebi quando me graduei na academia. ㅡ Mas do meu jeito ninja.

Baka. ㅡ ouço a sua resposta automática às minhas provocações.

Ignorando-o, pego a shuriken e faço o chakra fluir pelo meu braço, chegar na mão e envolver o objeto que eu segurava. Fecho os olhos, buscando a concentração necessária para transferir parte de minha mente através do chakra. Isso era mais difícil do que parecia, porém, sou conhecido por não desistir fácil.

ㅡ Você está demorando demais. ㅡ a voz entediada de Sasuke ferra minha, finalmente conquistada, concentração.

ㅡ Se você não calar a boca é claro que não vou conseguir! ㅡ grito, não me dando ao trabalho de encará-lo.

Escuto um bufo de escárnio, entretanto, ele permanece em silêncio. Ótimo. Voltei ao que fazia, esvaziando minha mente. Visualizei em pensamento a árvore que queria acertar, e atirei a shuriken…

ㅡ Você tem que fazer ela desviar dos obstáculos, Usuratonkachi

Abri os olhos, constatando que a shuriken cravou-se na primeira árvore. Sasuke caminhou até mim e parou-se ao meu lado, pegando uma shuriken na mão. Aquilo não tinha sido nada, quase nunca as coisas dão certo na primeira tentativa.

ㅡ Precisa visualizar o caminho até o alvo, desviando dos obstáculos, para que ela chegue e cumpra o objetivo. ㅡ Sasuke fez novamente uma demonstração, mais rápida que a anterior.

ㅡ Eu irei. ㅡ afirmo, confiante.

ㅡ Fique tentando, vou lanchar enquanto isso. ㅡ sua postura era a desinteressada de sempre, enquanto soltava um bocejo. Era outro jeito de debochar de mim, quando não estava me chamando de Usuratonkachi, Dobe ou baka.

ㅡ Pode trazer para mim? 

Seu olhar me percorre de cima a baixo, e vislumbro algo passar rápido demais em suas orbes negras antes de conseguir identificar. 

ㅡ Por que eu faria isso? 

ㅡ Porque somos amigos. ㅡ digo, num tom óbvio.

Sua expressão se torna indecifrável.

ㅡ Vou pensar no seu caso.

ㅡ Você é mal, Sasuke. ㅡ resmungo, mas ele parece não ouvir.

Dá de costas e volta pelo caminho que viemos do centro da vila, deixando-me sozinho na clareira para treinar. Logo volto ao que fazia, me empenhando em acertar o alvo. Esse jutsu envolvia concentração de seu usuário, e isso era perigoso em uma batalha. Enquanto focamos em completá-lo, algum oponente poderia aproveitar nossa guarda baixa e atacar. Por esse motivo, era necessário treinar bastante, ao ponto de quase se tornar instintivo, e não nos deixar vulneráveis. E praticar não seria um problema, afinal, dominei o Rasengan em uma semana.

Não se passou muito tempo, quando sinto a presença de Sasuke novamente, e me viro para encontrá-lo indo se sentar à sombra de uma árvore, com um… pote de lámen em sua mão! 

ㅡ Oe, você trouxe para mim, não é Sasuke? ㅡ grito, com água na boca em expectativa. Corro até ele, a tempo de vê-lo comer uma grande quantidade de lámen.

ㅡ Claro que não, Dobe. ㅡ mastigava vagarosamente, como se apreciasse o sabor e eu, que estava parado em sua frente, era torturado por essa visão.

ㅡ Como assim você não trouxe para mim, Teme! ㅡ berro, apontando o dedo em sua cara, que sequer mudou. O olhar de quem adorava me ver nessa situação permanecia.

ㅡ Você precisa treinar, não tem tempo para comer. 

ㅡ Eu não consigo treinar de estômago vazio! ㅡ choramingo, passando a mão pela barriga que roncava. ㅡ Não pode me dar, pelo menos um pouquinho?

ㅡ Opa, já acabou! ㅡ colocou com vontade o resto do lámen em sua boca.

Indignação e irritação escorria pelos meus poros, quando um sorriso maléfico surgiu em seus lábios. 

ㅡ Você é um baka! ㅡ xingo. ㅡ Vai me pagar por isso. Eu nunca vou te perdoar! 

Sasuke levanta-se, sereno, tirando algumas folhas que grudaram em seu uniforme de Jounin. 

ㅡ Era só comida, Dobe. Pare de ser irritante.

ㅡ Não era comida! Era lámen, você sabe que lámen é sagrado para mim e mesmo assim fez isso! ㅡ vocifero.

Ele simplesmente finge que não existo e se dirige para outra árvore, a duas de distância da minha, de modo a ficar de costas para mim enquanto treina. Eu esperaria o momento certo para pegá-lo desprevenido e fazê-lo pagar. Retorno ao treino, seguindo as instruções que Sasuke me passou, mas sentindo-me estranhamente observado. 

Passou-se um tempo, em que essa situação me incomodava e eu resolvi olhar para Sasuke, que volta sua concentração mais rápido que um raio para o bosque. Ele atira uma shuriken, que pela primeira vez, erra seu alvo. Quem me observava era o Teme, sem dúvidas. E isso em seguida me faz pensar em um modo de usar isso contra ele, já que aposto que estava só deliciando-se com meu fracasso. 

Depois do ocorrido, Sasuke parece ficar distraído e rapidamente, bem baixinho, crio um clone meu e o faço se postar como uma sombra atrás dele. Ele não percebe, o que levanta uma rápida curiosidade sobre qual era o pensamento que deixava Sasuke ficar avoado desse jeito, mas logo isso é esquecido quando volto a praticar. Previa que ia conseguir finalmente esse jutsu.

O momento em que a minha primeira shuriken com chakra atinge o alvo parece passar em câmera lenta, ao mesmo tempo em que, ao fundo, consigo escutar meu clone gritar:

ㅡ Eu sabia que você estava me olhando!

***

Sasuke

Confesso que só havia comprado aquele lámen para irritar Naruto. Eu sequer gostava de lámen. Porém, quando passei na frente do Ichiraku, para ir buscar algo que fosse mais do meu gosto em outro lugar, a ideia de irritar Naruto pareceu convidativa. Eu quase podia escutar o diabinho sussurrar que era o que eu deveria fazer, enquanto o anjinho concordava veementemente. A expressão no rosto de Naruto quando se sentia bravo ou indignado era uma das melhores. As sobrancelhas claras iam de encontro uma a outra e seus lábios se curvavam involuntariamente para baixo.

Quando éramos crianças, ainda genins, aquelas expressões de Naruto só me faziam pensar que ele era meramente idiota. Que tipo de ninja sério e digno fazia aquela expressão? A frase "Só o Naruto faz isso" havia começado a se tornar constante em minha mente, antes de forma desdenhosa, depois com curiosidade e, no fim, com alguma ternura. Perceber coisas que só ele fazia, tornou-se um passatempo. Só Naruto sorria tão abertamente, só Naruto fazia bicos involuntários quando se irritava daquela forma, só Naruto protegia desconhecidos com o mesmo amor que protegeria seus melhores amigos.

No fim das contas, eu estava feliz por ele ter me importunado para ensiná-lo o jutsu. Cautelosamente, eu o observei lançar as shurikens: a forma como só o seu corpo se tensionava tanto quando estava concentrado e seus dedos, aparentemente ásperos por manejar armas ninja, tocavam as shurikens com leveza. As minhas orelhas queimavam e minha respiração se tornava difícil quando eu o observava. Que merda eu estava fazendo com a minha vida?!

Mas era impossível não olhar. Não quando eu tinha tão poucas chances de vê-lo treinar sem que isso fosse notado. E eu guardaria aquelas imagens na minha mente como eu guardava a foto no guarda-roupa.

Quando Naruto finalmente conseguiu acertar a árvore certa, só tive um instante para me sentir orgulhoso e apreciar aquele feito, porque, no momento seguinte, uma exclamação veio de trás de mim, quase me matando instantaneamente. Um clone de Naruto estava parado bem ali, tão perto que eu não conseguia acreditar que não havia percebido. A expressão no rosto dele era de irritação, mas havia um misto de curiosidade e surpresa ali.

— É óbvio que eu estava. — Pensei rápido, controlando minhas emoções e expressões tão bem quanto poderia. Contudo, ainda tinha medo do rubor que costumava pintar minhas orelhas. — Eu tinha que ter certeza que você não se mataria com uma shuriken ou algo assim. Desajeitado como é, não poderia esperar nada melhor.

Antes que pudesse responder, o clone desapareceu em uma nuvem de fumaça e eu me voltei para o verdadeiro Naruto, parado a alguns metros na clareira. A expressão que tomou conta do seu rosto quando as lembranças do clone se tornaram parte dele, fez eu me sentir constrangido. Ele parecia verdadeiramente surpreso e aquilo me fez temer que tivesse notado mais do que deveria.

— Eu sou um Chunin, Teme! Não um garoto da academia que mal saiu das fraldas! — Ele estava fazendo aquela cara de novo, com os lábios curvados para baixo. Naruto era tão fofo quanto irritante. — De qualquer forma, eu acertei a árvore e você viu! Eu disse que aprenderia rápido, não disse? — Sua cara de triunfo era outra coisa bastante "Naruto".

— Hm, não se ache tanto. — Bufei, aproximando-me. — Você ainda precisa treinar muito, Usuratonkachi. Até um garoto da academia ninja conseguiria lançar uma shuriken teleguiada depois de tantas tentativas.

— Você está com inveja porque eu aprendo rápido, Dattebayo! — Seus punhos se fecharam apertados, sendo outro indício de que estava ficando realmente irritado. De repente, sua expressão se suavizou e ele sorriu. O "sorriso aberto do Naruto". — Mas você parecia bem hipnotizado quando estava olhando. Impressionado com as minhas habilidades, eu sei!

Um choque percorreu meu corpo por um momento e eu engoli em seco. Merda.

— Vá sonhando. — Resmunguei, não conseguindo pensar em nada melhor para dizer. Eu estava sendo muito, mas muito descuidado mesmo. Daqui a pouco ele estaria me questionando sobre eu estar olhando para ele hipnotizado e, ainda hipnotizado, eu diria que era porque ele era gostoso e ainda continuaria com a mesma cara.

— Aonde você vai? — Eu comecei a sair da clareira e Naruto veio atrás.

— Tenho que falar com o Hokage.

— Já terminamos?

— Já terminamos.

— Então eu vou ir falar com o Hokage também. — Naruto deu uma risadinha e saiu na minha frente, com uma provável competição unilateral de quem chegaria primeiro. Até parece que eu participaria de algo tão infantil. Eu só fiquei o observando à distância, esperando o meu coração se acalmar.

— Por que eu fico fazendo isso comigo mesmo? — Pressionei as têmporas, irritado.

Antes mesmo de chegar à sala do Hokage, ouvi a voz de Naruto do corredor, choramingando lá dentro. Não importava quem fosse o Hokage, Naruto sempre reclamava das missões que não achava que estavam a sua altura. Ele tinha sido assim com o Sandaime Hokage, com a Godaime Hokage e não seria diferente com o Rokudaime, mesmo ele sendo nosso antigo sensei.

— Kakashi Sensei, não tem mais nenhuma missão? Essa missão é ranking D, nem os genins mais experientes gostam de missões desse ranking! — Kakashi voltou os olhos para mim, quando entrei na sala. Naruto estava com ambas as mãos apoiadas na mesa, completamente revoltado. Na verdade, eu não tirava sua razão, se o Rokudaime estava tentando empurrar uma missão nível D para ele.

— Naruto, eu não tenho missões de outros níveis no momento. Se quer uma missão, tenho essa. — O nosso ex-sensei parecia entediado. O posto de Hokage de fato não combinava muito com Kakashi, mas, se Naruto continuasse a evoluir como estava fazendo, aquele posto estaria ocupado por ele em breve.

— A paz no mundo não deveria te entediar, Naruto. — Comentei, aproximando-me da mesa também. — Porém, Kakashi, dar uma missão de nível D a um Chunin é vergonhoso. — Meu tom era seco, mas Kakashi estreitou os olhos por cima da máscara que sempre usava.

— Eu estava pensando, vocês são velhos companheiros de equipe, talvez eu deva enviá-los juntos para essa missão, já que o Sasuke está tão solidário às dores dos amigos. — Kakashi pegou alguns papéis e, pelo movimento da caneta, notei que escrevia meu nome. Meu queixo caiu.

— Isso é uma piada? — Uma coisa era Naruto ser enviado para uma missão nível D, outra era eu ser enviado. — Uma missão de ranking D? E ainda com esse Usuratonkachi?!

— Oe! Você é o único inútil aqui!

— Que eu saiba eu sou Jounin.

— Já acabaram de brigar? Eu tenho uns papéis aqui para analisar e claramente vocês precisam de um trabalho em equipe, se têm tanto tempo livre para discutir. Boa sorte com a missão. — O Hokage disse tudo aquilo ainda com um ar impassível e entediado, o que nos fez ficar ainda mais indignados.

— Mas, Kakashi Sensei...

— Vamos ir logo fazer isso, Naruto. Quando mais rápido fizermos, mais rápido termina. — Resmunguei, encarando Kakashi com um olhar afiado. Ele apenas sorriu com os olhos e deu um tchauzinho, enquanto eu empurrava Naruto para fora da sala, ainda sob protestos.

— Isso é tão injusto! — Naruto se descabelava do lado de fora do prédio, dando pulos como se quisesse esmagar o chão e fazendo bicos de diferentes intensidades. Eu estava encostado contra a parede, esperando que terminasse com seu show.

— Está melhor? — Ergui as sobrancelhas, impaciente.

— Eu pensei que tivesse me livrado de todas as missões ranking D quando me tornei chunin. Isso é tão constrangedor! — Ele encostou a testa na parede. Eu estava tão decepcionado quanto Naruto, mas não demonstrava com tanto fervor. As emoções dele, fossem boas ou ruins, borbulhavam para fora ao menor sinal de instabilidade.

Era tão óbvio cada coisa que ele sentia, que me frustrava. Se Naruto era sincero com seus sentimentos, então ele não sentia nada mais por mim do que demonstrava. Por mais que eu tivesse dito para mim mesmo que não me importava por ser unilateral, eu acabava nutrindo alguma esperança, no fim.

— Você está com uma expressão estranha. — Naruto me olhava, com o rosto subitamente grave, ainda com a lateral da cabeça encostada na parede ao meu lado. Eu gostava dos sorrisos e expressões de descontentamento, mas aquele rosto simplesmente contemplativo e sério mexia comigo. Meus lábios entreabriram-se, em uma expressão boba, por um instante.

— É você quem está. — Rebati, fechando a cara. Naruto fez o mesmo. Que o Rikudou Sennin me ajude nessas provações.



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