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História Naruto Segundo O Sharingan - Quando Crescer, Vai Entender


Escrita por: AlascaPurple e Salt-Novak

Capítulo 23 - Quando Crescer, Vai Entender


Naruto

Eu sentia calor em volta do corpo e a princípio, pensei ser a coberta, entretanto quando a sonolência se dissipou um pouco, eu constatei que cobertas não apertavam tanto. Abri os olhos, confuso, e fiquei ainda mais quando dei de cara com um peitoral definido, capaz de se ver pela camisa do pijama levemente transparente. Tive o súbito pensamento de me afastar do contato, porque, era no mínimo estranho acordar sendo abraçado. 

Finalmente, encarei um rosto que não era estranho. Não, aquele rosto me perseguia até quando eu não queria. Era o Teme do Sasuke! O que ele fazia me abraçando? Me sentia enjoado só de respirar o mesmo ar que esse arrogante, agora estava entrando em desespero por essa proximidade entre nós. 

Sem ligar se iria acordá-lo ou não, eu saí às pressas da cama, ficando embolado nas cobertas que eu puxei de cima dele e quase caí no chão, não fosse pela mão que segurou meu braço. Encarei o gesto com olhos arregalados, não entendendo porcaria nenhuma. O que ele fazia aqui? Ele parecia mais velho? Por que acordamos abraçados na mesma cama?

ㅡ Por que você gosta tanto do chão do meu quarto? ㅡ Sasuke me questiona, parecendo mais desperto do que eu imaginei que estaria. Se pudesse dar um palpite, aposto que acordou antes de mim e riu da minha situação. Afinal, somos rivais.

ㅡ O que? Me larga! ㅡ rapidamente me livrei de sua mão, encarando-o com raiva. ㅡ Como assim eu gosto do chão do seu quarto? E por que acordamos abraçados? 

Ele não falou nada, apenas subiu o olhar pelo meu corpo, e vi quando suas sobrancelhas se ergueram e um brilho de compressão reluziu em sua íris. Seus lábios comprimiram e Sasuke respirou fundo, batendo na cama, na frente dele. 

ㅡ Não vou sentar com você!

ㅡ Vou contar, ou melhor, te fazer lembrar do que está acontecendo. Mas vai ter que fazer o que pedi. 

Soltei resmungos incompreensíveis e com um bico muito irritado, eu sentei. Só deixando claro, não tive escolha.

ㅡ Qual a sua idade? 

Baka, não vê que eu tenho onze anos? ㅡ Sasuke não parecia ser ele mesmo, porque não gritou ou fez qualquer coisa que eu esperava. Será que a situação era tão bizarra que alguém havia feito um clone do Sasuke e me sequestrado, só porque sabia da admiração secreta que eu tinha por ele e…

ㅡ Ei, preste atenção no que estou falando! ㅡ dedos foram estalados em frente ao meu rosto, quebrando a linha de pensamentos caóticos que eu criava. ㅡ Naruto, você tem onze anos agora. Lembra de alguma coisa da noite passada?

ㅡ Não… ㅡ Sasuke bufou de tédio e apoiou o rosto na mão, como se dissesse "pare de ser teimoso e ande logo com isso". Sem vontade, eu tentei acalmar a confusão que corria solta nos meus pensamentos, flashes da minha infância e Sasuke cuidando de mim. Epa, espera aí. Cuidando de mim? 

Certamente, minha expressão deveria ser uma mistura de incredulidade e pontos de interrogação, tanto que ele riu enquanto dizia:

ㅡ Estou vendo sair fumacinha do seu cérebro. Não precisa se esforçar tanto. Só escute o que eu vou dizer sem me interromper, ok?

ㅡ Não me sinto muito afim de fazer isso não…

ㅡ Quer saber o que está acontecendo?

ㅡ Eu te odeio. ㅡ "é recíproco". Sasuke deveria ter dito. Por que não disse?

ㅡ Vou tentar resumir a situação. Você foi transformado em criança e conforme o tempo passa, vai voltando à sua idade atual. ㅡ ele se interrompe quando vê que eu só fingia entender, mas a realidade era que eu não entendia nada. ㅡ Pensando bem, com dezessete anos sua cabeça de coxinha conseguia compreender, apesar da diferença ser mínima, as coisas melhor que agora. Enfim, eu estou cuidando de você até ser capaz de fazer isso por si mesmo.

ㅡ Você explica muito mal, Sasuke.

ㅡ Você que é burro, Naruto!

ㅡ Então eu vou recobrando minhas lembranças conforme cresço? Isso é confuso demais… 

ㅡ Parabéns, você tem um cérebro! ㅡ recebo um tapão de "felicitações" que quase expulsou minha alma pra fora. 

ㅡ Mas por que você está cuidando de mim? ㅡ olhei ameaçador para seu braço, que ele recolheu imediatamente. 

Sasuke não respondeu logo, parecendo refletir sobre o que falaria. Parecia nervoso? 

ㅡ Quando crescer, vai entender. ㅡ esperava que fosse algo mais inspirador do tão aclamado gênio Uchiha. Não ajudou nada. ㅡ Vamos tomar café. Itachi deve estar preparando-o. 

ㅡ Itachi? Seu irmão?

Sasuke me pegou pela mão, puxando até a porta.

ㅡ Vamos explicar mais lá embaixo.

***

ㅡ Sasuke… nós não somos amigos… mas eu tenho outros amigos. ㅡ forcei ele a parar e virar para mim. Seu rosto estava completamente sério. No meio de uma rua de Konoha, uma lembrança apareceu. Uma lembrança que fazia meu coração aquecer de felicidade. ㅡ Shikamaru, Sakura, Neji, Chouji, Hinata, Kiba, Lee, Ino e um cara estranho… ah, o Shino! Eu tenho todos eles! ㅡ eu sorri tão alegre e aliviado quanto me sentia. O Uchiha apertou minha mão, parecendo um pouco abalado, não sei qual o motivo.

ㅡ Nós somos amigos, só não descobrimos ainda. ㅡ falou, baixinho, mirando o chão. Então no futuro, finalmente nos entendemos? Isso me deixa ainda mais feliz e não me segurei em afirmar isso ao Sasuke. Ele se animou e assentiu. Espero que esse futuro chegue logo. 

ㅡ Eu lembrei da pescaria. 

ㅡ Sério? 

Arrastei meu colega até um banco, debaixo de uma árvore. Aquele dia, sem dúvidas, se tornou uma memória especial.

ㅡ Você lembra como foi, Sasuke? Porque eu me lembro de todos os detalhes. ㅡ fechei os olhos, escorei a nuca no banco e me permiti reviver tudo novamente.


"Naquele dia, Iruka-sensei nos deu uma missão. Meio idiota, sendo sincero, porque não tem graça nenhuma em pescar peixes.  As meninas pareciam concordar comigo, já que não paravam de reclamar dos mosquitos que poderiam ter e que preferiam colher flores na floresta. Ele berrou para os alunos fazerem uma fila e, de má vontade, eu fui. 

ㅡ Vocês vão pescar peixes hoje, para dar aos aldeões que quiserem. É preciso paciência e silêncio, habilidades que todos aqui precisam treinar. ㅡ aposto que o Teme do Sasuke estava zombando internamente dessa ordem, porque se achava superior a tudo e todos. Mas eu mostraria pra ele que conseguia pescar mais peixes!

ㅡ Que saco. ㅡ Shikamaru suspirou, parado na fila, atrás de mim.

ㅡ Aqueles que tentarem escapar da missão, vão ser punidos, e não vamos pegar leve! ㅡ o sensei analisou cada um, dando impacto ao que acabou de dizer. ㅡ Isto é um treino e os professores não vão ir junto. Será como uma missão de nível baixo, vocês vão ser responsáveis pelo sucesso dela.

ㅡ E como vão saber se alguém fugiu da missão? ㅡ Chouji, atrás do Shikamaru, perguntou.

Iruka-sensei sorriu de uma forma levemente assustadora e respondeu:

ㅡ Nós vamos ter nossos meios.

ㅡ Eu vou ter que ir mesmo, então. ㅡ escutei novamente o suspiro do Nara. 

O sensei nos guiou até o rio onde íamos pescar e explicou que seria o dia todo. Seríamos obrigados a assar peixes, além de pescá-los, porque ninguém traria comida para nós. Os professores estavam inspirados esses dias, era notável. Entregaram varas de pescar, deixaram potes cheios de minhocas e grandes cesto para colocar os peixes. Eu nunca tinha pescado, preferia ficar aprontando por aí.

ㅡ Eca, eu não vou pegar minhocas! ㅡ Ino berrou, encarando com nojo o pote perto dela. 

ㅡ Vamos, você consegue! ㅡ Iruka-sensei motivou. ㅡ No final do dia, vamos ver quem pegou mais peixes e ganhou mais nota. 

ㅡ Eu não vou fazer isso por nota, não é, Akamaru? Eu e você treinamos há um tempo atrás. Vão perder para nós. ㅡ Kiba se gabou, acariciando o cachorro companheiro. 

ㅡ Ah, o Sasuke-kun já começou! ㅡ a voz de Sakura gritou de algum lugar e procurei ver se era verdade. Encontrei o Uchiha sentado em uma pedra, imóvel, empunhando a vara de pescar com confiança e apreciando a água.

Apertei minha vara e marchei até seu lado, determinado a ganhar dele. Ele sequer deu sinal de reconhecer minha presença e continuou observando a correnteza. 

ㅡ Até mais, alunos. ㅡ o sensei se despediu e foi embora. 

Alguns seguiram nosso exemplo e começaram a pescar, outros sentaram na grama e ficaram nos assistindo, Shikamaru e Chouji entre eles. Eu seguiria o exemplo da dupla se o Sasuke não me irritasse tanto com essa pose de superior.

Coloquei a minhoca no anzol e joguei no rio. Esperei, esperei, esperei… meu rival ia enchendo o cesto com seus peixes e nada vinha para mim. Continuei esperando, até perder a paciência e erguer o anzol. A minhoca havia sumido! Só podia ser um peixe e eu não o peguei. Todos estavam pescando peixes, até alguns que antes estavam matando tempo. As meninas superaram seus medos e sentaram na borda do rio, segurando suas varas. Kiba e Akamaru estavam do outro lado do rio, onde era mais fechado, tentando pegar os peixes sem anzol e eles também estavam conseguindo.

Muito irritado, eu decidi ir para a margem oposta, onde teria mais chances de conseguir alguma coisa. Não era meio-dia ainda, podia ganhar do Sasuke. Me posicionei antes de Akamaru e Kiba no sentido do rio, jogando o anzol com esperança renovada. A sombra das árvores desse lado também me salvavam do calor que fazia, conforme o dia avançava. Prestava tanta atenção na água, que meus olhos chegavam a lacrimejar pela luz batendo na superfície. Vamos, peixinhos, venham.

ㅡ Mas que merda! ㅡ gritei, puxando, revoltado e espumando, o anzol que de novo se encontrava vazio. Aquela foi uma péssima ação. 

O ganchinho bateu num galho de árvore e de alguma forma, praticamente inacreditável, perfurou a pele do meu pescoço e ficou cravado ali. ㅡ Ai, porra! ㅡ coloquei a mão sobre ele, não querendo mexer muito, sem conseguir ver realmente a situação. Meus colegas vieram ver a comoção que eu criei, exceto Sasuke, que ficou contemplando de longe.

ㅡ Como assim você conseguiu enfiar um anzol no seu pescoço, Naruto? ㅡ Ino balançava a cabeça, como se estivesse decepcionada. 

ㅡ Foi um acidente, e isso não é engraçado! Está doendo e eu não consigo tirar! ㅡ xingo os presentes que estavam rindo, e eles se calam.

ㅡ Realmente, não é engraçado, mas você podia ser mais cuidadoso. ㅡ Sakura, a menina bonita de cabelos rosas, apareceu do meu lado. ㅡ Vou ver o que posso fazer. ㅡ se agachou e tirou minha mão do ferimento, estudando a gravidade. ㅡ Não está muito fundo, vamos tirar ele e colocar um curativo, deve bastar.

Era a primeira vez que estavam sendo gentis comigo, e isso me deixou chocado e constrangido. Não sabia como reagir a isso, visto que sempre fui um pária em nossa turma. 

ㅡ E-eu posso ajudar. ㅡ quase não escutamos a voz da pessoa que se ofereceu. A tímida Hinata chegou perto, com um kit de primeiros socorros nas mãos. 

ㅡ Obrigada! ㅡ Sakura agradeceu e puxou a garota para ajudá-la. Eu também elogiei a gentileza dela, sendo sincero. Ela sempre ajudava quem precisava, não importava quem fosse. Os outros se dispersaram durante a retirada do gancho, alegando que precisavam preparar nosso almoço. 

Eu resmunguei um pouco, querendo gritar e xingar, mas não podia fazer feio na frente das meninas. Elas terminaram e disseram para eu vir junto, onde íamos comer. Lá, deveria me manter um pouco parado, para não forçar a ferida e começar a sangrar de novo. Kiba conseguiu ajeitar meu anzol de forma que pudesse prosseguir com a pescaria.

Minha turma foi organizada e todos ganharam de comer, claro que Chouji quase comeu minha parte também, porém, lutei bravamente por ela. Me sentia faminto e precisava repor as energias. O Sasuke me aguardava!

Comi depressa e fiquei a tarde toda empenhado em pescar. Fiquei tão obcecado que nem vi o tempo passar, e quando dei por mim, o pessoal já tinha se reunido onde o Iruka-sensei apareceu e pediu nossos cestos. Olhei tristemente para o meu, onde estavam quatro peixinhos e somente um grande. Eu de novo havia sido o pior da turma. Entreguei arrasado o cesto ao professor, que olhou o conteúdo e depois para mim.

ㅡ Poxa, Naruto, justamente você que precisava de mais nota. O que houve?

ㅡ Desculpa, sensei. Eu me esforcei, mas não consegui muitos peixes. ㅡ eu não conseguia encará-lo. 

ㅡ Você terá de fazer uma tarefa extra por não ter conseguido cumprir essa. Vamos ver se dessa vez dará mais certo… ㅡ Iruka-sensei parecia sentir pena de mim, e eu não queria isso. Se tivesse de fazer outra missão, que seja, já estava acostumado mesmo a correr atrás do prejuízo.

ㅡ Iruka-sensei… ㅡ o professor escutou Sakura chamá-lo. A garota deu um passo à frente. ㅡ Nós todos vimos o esforço do Naruto nessa pescaria, e mesmo assim ele não conseguiu um bom resultado. Eu darei um dos meus peixes a ele. 

Meu queixo caiu até os pés ao término de sua fala. Fiquei estático, vendo ela colocar um dos peixes que pescou dentro do meu cesto.

ㅡ Eu também vou! ㅡ Hinata seguiu o exemplo da de cabelos rosas.

Todos foram me dando um de seus peixes, até meu cesto estar tão cheio quanto os outros. Me segurei para não demonstrar o quão emocionado estava com aquilo. Iruka-sensei parecia brilhar de orgulho, enquanto olhava nossa turma.

ㅡ Crianças, estou muito feliz por ser o professor de vocês. Todos estão aprovados! ㅡ se seguiram gritinhos de vitórias e eu senti uma mão no meu ombro.

Virei para ver quem era e encontrei grandes olhos negros, sérios. Vi quando Sasuke colocou um peixe no meu cesto, sendo o único que faltava da turma a fazer isso. 

ㅡ Não preciso do seu. ㅡ reclamei, sentindo o ego ferido.

ㅡ Só aceite, baka. ㅡ ele se afastou antes que eu pudesse jogar aquele peixe em sua cabeça. 

ㅡ Vamos voltar, eu preciso de um banho! ㅡ Ino acompanhou o professor na dianteira. Os outros os seguiram, concordando com a loira.

Eu fiquei para trás, vendo todos aqueles que foram legais comigo irem. Meus olhos ficaram úmidos, mas nenhuma lágrima escorreu. Eu podia fazer amigos, e me sentia tão… Era impossível definir o que estava fazendo meu coração bater mais forte. 

ㅡ Estou indo! 

Eu corri atrás e depois de muito esforço, enfim os alcancei.


ㅡ Aquele dia foi desastroso pra você. ㅡ Sasuke comenta, interrompendo minha reflexão. 

ㅡ Quando crescer, vai entender. ㅡ eu ri ao ver sua cara de incredulidade. ㅡ Próxima parada, Ichiraku Ramen!



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