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História Nas Profundezas do Desespero - Sobrevivendo - Segredo


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


Demorei, mas voltei.

Precisei encurtar esse capítulo. Relendo, percebi que havia muita informação e muito fã-service a outras histórias do mesmo universo que percebi serem desnecessários.
Tentei fazer algo o mais transparente possível. Espero que gostem.


Boa leitura.

Capítulo 5 - Segredo


Capítulo Quatro: Segredo
[Nomoto, o Desmascarado]

 

A Árvore dos Sonhos continuava a mesma, com nossos sonhos cravados em seu tronco e o rio agitado mais à frente.

Todos os rapazes estavam ali, olhando para o que um dia fora o Reformatório Trinta e Seis, agora um lugar parcialmente demolido.

- Então, Desmascarado, qual é o plano? – perguntou Portilho sentando-se no gramado.

- Nosso maior obstáculo é o tempo. Se tudo o que o Tartaruga disse for verdade, então temos um pouco mais de duas semanas antes da audiência com o promotor. – hesitei olhando para o rosto aflito dos quatro, que depositavam suas expectativas a mim – Bom, o plano precisa de duas equipes. Precisaremos coletar provas de que Valente não é uma pessoa ruim, e pra isso, teremos que mergulhar no passado dele. A primeira equipe irá se aproximar do homem que Valente agrediu no bar e que o denunciou. Já a segunda equipe, irá descobrir a escola onde Valente estudou e se possível, descobrir sobre sua mãe e seu padrasto.

- Essa resposta eu já tenho. – disse Tartaruga tirando um pequeno papel do bolso – Quando vasculhei a ficha do Valente, vi que havia o antigo endereço residencial dele, é onde com certeza sua mãe mora. A escola deve ficar nas redondezas.

- Brilhante! – disse Golfinho puxando o papel da mão de Tartaruga – Sinto que é meu dever ir até lá.

- Eu vou com você – disse Gigante se posicionando ao lado de Golfinho, que abriu um pequeno sorriso.

- Nesse caso, Tartaruga e Portilho se aproximarão do ex-soldado.

- E você, vai fazer o quê? – perguntou Portilho fazendo careta.

- Esperar. – falei estufando o peito – Confiem em mim.

Todos assentiram e então demos início ao nosso plano.

 

[William, o Valente]

 

Dois soldados me levaram a uma sala, não a sala onde estive anteriormente, agora era uma sala repleta de estantes e livros, com uma grande mesa avermelhada e poltronas confortáveis.

- Aqui está, senhor. – disse o soldado ao General Kelvin, que estava sentado com as mãos cruzadas enquanto, na poltrona ao lado, um rapaz alto, branco e de porte atlético me olhava com desprezo.

- Então esse é o verme, papai? – disse o rapaz com um pequeno sorriso se formando no rosto.

- Sim filho, este é o valentão que anda agredindo pessoas por aí. – disse o general levantando-se – Não se espante com a presença de meu filho Kyan. Ele será meu sucessor.

Pigarreei.

- Bom, eu não…

- Cale-se! – disse Kyan avançando sobre mim e me dando um chute entre as pernas. Minha dor parecia diverti-lo – Você não merece menos do que a dor, desgraçado!

- Eu não entendo porque… me chamou aqui. – falei olhando para o general.

- Apenas para seguir os protocolos e ensinar meu filho como proceder. – disse ajeitando o bigode – Pois bem, dia sete de maio de 2016 você agrediu um policial, que por acaso era seu padrasto. Hugo Bianco. Você o deixou com ferimentos que exigiram dias de recuperação. Sua mãe alegou em testemunho que você sempre apresentava comportamentos agressivos. Não há nenhum engano, certo?

- Certo. – respondi.

- E que motivos o levaram a agir com tamanha crueldade, verme? – perguntou Kyan, se debruçando para a frente.

Fiquei calado.

- Meu filho lhe fez uma pergunta. Responda! Você deve ter batido em seu padrasto por alguma razão.

Suspirei.

- Vai ver ele é só mais um desses lixos que se divertem batendo nas pessoas de bem. – retrucou Kyan com desdém. Olhei para ele furioso, mas então lembrei dos motivos que me fizeram calar por tanto tempo.

- Não houve um motivo. – falei desviando o olhar, com tristeza.

 

[Jonas, o Golfinho]

 

- Bragança é maior do que eu pensava! – murmurou Gigante fazendo muxoxo depois de passarmos quase a manhã inteira andando de ônibus até chegarmos à área mais nobre da cidade.

Após descermos do ônibus, caminhamos por quinze minutos até pararmos em uma rua larga cheia de árvores com folhas rosas e amarelas. As casas eram de alto nível e tudo parecia mais bonito do que eu imaginava.

- É a primeira vez que ando num lugar tão chique. – falei maravilhado com tudo ao meu redor.

- Eu também, mas… será que o endereço tá certo? – disse Gigante parando de frente para um casarão amarelado. O portão era alto e preto, devia ter uns dois metros e meio de altura – Valente nunca falou que era rico.

Eu estava nervoso e receoso em tocar a campainha, mas não havia outro jeito. Engoli em seco antes de finalmente tocá-la incessantemente.

Logo uma mulher alta e magrela surgiu olhando de longe para nós.

Ela tinha os traços de valente, mas também tinha o nariz grande e dentes enormes para a frente.

- Essa deve ser a mãe dele. Com tanto dinheiro, porque não fez uma plástica? – comentou Gigante, me fazendo rir.

- O que desejam? – disse a mulher loira com um olhar de superioridade. Seu nariz empinado parecia estar sentindo cheiro constante de fezes e tudo parecia lhe causar nojo.

- A senhora é a mãe do Valente? – perguntou Gigante com a voz embargada – Quer dizer, digo, a senhora é a mãe do William Torres? – quando ele disse isso, ela ficou pálida e mudou de semblante.

- Acho que estão enganados. Eu não tenho filhos.

- Senhora, a vida do seu filho depende disso! – quando falei em súplica seus olhos pareceram segurar lágrimas, mas logo a frieza de seu olhar retornou e ela suspirou.

- Venham, entrem.

*

A sala era a coisa mais bonita que eu já tinha visto em toda a minha vida, com objetos de cristais e lustres. A TV parecia uma tela de cinema e ao centro, uma mesa com doces dos mais diversos.

- Vocês têm dez minutos! – disse a mulher sentando-se na poltrona oposta a nós e então cruzando as pernas.

Olhei para Gigante e pigarreei, nervoso.

- Eu me chamo Jonas Teixeira e este é Gales de Brontes. Somos amigos do seu filho e ele está em apuros.

- O que ele fez desta vez? A última notícia que tivemos foi de que ele havia fugido do reformatório. Fui interrogada por dias pela Autodefesa.

- Bom, o William foi preso injustamente e…

- Não quero saber! Vão embora! – disse com rispidez.

- Só nos escute, por favor. – falei suplicante – O Valen… William passou por um bocado de coisas. – falei sentindo as pernas tremerem – Viemos aqui porque precisamos saber o que aconteceu três anos atrás. Porque ele foi mandado para o reformatório?

A mulher arregalou os olhos e pareceu meio desconcertada por um instante, mas logo se recompôs.

- Se querem saber, William era uma criança doce e gentil, mas mudou quando seu irmão morreu atingido por uma bala perdida. Eles eram muito ligados. Algum tempo depois o Hugo entrou em nossas vidas e, bom, William se tornou cada vez mais explosivo até que certo dia surtou e o agrediu.

- E porque ele agrediu o padrasto? – perguntou Gigante com os olhos marejados, pra variar.

- Não sei se vocês sabem, mas William tem desvios sexuais. Ele é… ele é…

- Gay! – completei – Que mal há nisso? – ela arregalou os olhos, como se eu a tivesse ofendido.

- Vivemos dias perigosos e sombrios. Pessoas como ele são um risco. Eu acredito que sua revolta seja porque Hugo nunca lhe deu chances. Hugo sempre me amou muito, por isso o agrediu. Infelizmente a única testemunha se recusou a depor. – agora ela chorava – Eu deveria tê-lo abortado quando tive a chance.

Olhei para Gigante e então me concentrei mais uma vez nela.

- Então… há uma testemunha?

- Oh, sim. Uma aluna do Colégio Bandeirantes. – ela enxugou as lágrimas e hesitou – Pra ser sincera, não me arrependo de tê-lo mandado para o reformatório, mas mesmo lá, fui atormentada, pois tentei seguir em frente, mas então soldados vieram em minha casa procurar por ele, informando que ele havia fugido. Por acaso ele foi capturado?

- Não, mas ele…

- É uma pena, mas tudo bem, com certeza ele morrerá com alguma doença, não é isso que acontece com pessoas como ele?

- Você não pode falar assim do Valente! – disse Gigante levantando abruptamente de modo que a deixou completamente assustada – Ele é uma pessoa incrível e não merece a mãe que tem.

- Saiam da minha casa agora seus delinquentes! – disse a megera com a voz trêmula.

Gigante estava vermelho de raiva. Me coloquei à sua frente e lhe empurrei com todas as forças.

Saímos daquela casa com duas certezas: a mãe dele era um monstro e a última esperança estava na possível testemunha mencionada por ela.

 

[Gales, o Gigante]

 

Eu ainda bufava pelo ocorrido quando avistamos os portões do Colégio Bandeirantes. Ir até lá seria como um tiro no escuro, mas não tínhamos muitas alternativas e o tempo era nosso maior inimigo.

- Deve ser hora do recreio. – disse Golfinho olhando os alunos que iam de um lado para o outro. Todos usavam uniformes devidamente alinhados. Os rapazes vestiam calça azul marinho, camisa branca de mangas compridas com o brasão do colégio no peito, já as meninas usavam saias longas, blusa branca com o brasão e as que tinham cabelos longos usavam trança, sem muitos adereços ou maquiagem. Parecia ser uma escola bem rígida.

- Ainda bem que o guarda tava dormindo. – falei coçando a cabeça, intrigado ao lembrar do senhor idoso que parecia um cadáver sem vida na guarita – Por onde começamos, Golfinho?

- Podemos perguntar. Ham… fica aqui. Você é grandão, pode assustar as pessoas. – disse Golfinho me deixando perto de uma árvore e então indo se informar com algumas garotas que passavam.

Enquanto isso, notei que do outro lado do pátio, além de todos os olhares tortos, havia uma garota sentada sozinha, com um olhar triste. Vi que Golfinho estava ocupado e decidi ir até lá.

Sentei ao seu lado e para a minha surpresa, ela não se assustou nem saiu gritando como as pessoas geralmente fazem, ao invés disso, permaneceu, olhando para o chão.

- Oi. – falei de repente. Ela estremeceu – Eu me chamo Gales. Estou procurando uma pessoa.

- D-desculpa, m-mas eu n-não p-posso a-ajud-dar. – disse quase inaudível enquanto se afastava para o lado e se encolhia.

- Há três anos meu amigo fez algo muito ruim e há uma aluna que supostamente testemunhou. Não sei se ela ainda estuda aqui, mas, o nome do meu amigo é William Torres e…

- Will? – ela então olhou para mim com os olhos molhados – Quem é você?

- William e eu estivemos no Reformatório Trinta e Seis. Passamos por maus bocados e agora preciso provar a inocência dele antes que seja tarde demais. – quando eu disse isso, ela estremeceu sem conseguir esconder que tinha muito a revelar.

 

Próximo Capítulo: Desesperadamente Atormentado


Notas Finais


LEIA A PRIMEIRA PARTE DESTA HISTÓRIA:

NAS PROFUNDEZAS DO DESESPERO >>>>>>>>>>>>>>>>>> https://www.spiritfanfiction.com/historia/nas-profundezas-do-desespero-23584896


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