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História Nas Profundezas do Desespero - Prólogo: Desesperança


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


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Capítulo 1 - Prólogo: Desesperança


Fanfic / Fanfiction Nas Profundezas do Desespero - Prólogo: Desesperança

[Jonas, o Golfinho]

 

25 de maio de 2016.

Há alguns anos, um novo vírus surgiu e despertou o pior da humanidade.

O vírus MLC era conhecido popularmente como A Praga do Século. Afetava qualquer pessoa que tivesse contato por sangue ou saliva.

A doença tinha três estágios.

No primeiro, o vírus tenta conquistar a confiança do seu corpo, auxiliando nas defesas e durante esse período, é normal o infectado sentir-se estranhamente mais disposto e revigorado.

No segundo estágio o vírus já se replicou o suficiente para deixar de defender e começa a atacar, causando dores e convulsões até que finalmente vem o terceiro estágio, a falência múltipla dos órgãos.

Curiosamente, a nova doença parecia infectar determinadas classes de pessoas com mais facilidade, entre elas estavam os idosos, negros, doentes, deficientes e a classe LGBT. Tal fato dividiu o mundo a ponto de causar pânico, caos e crises em vários países que entraram em estado crítico devido a quantidade de mortos que só crescia.

Em pouco tempo, uma sociedade à margem foi desenvolvida. Uma sociedade composta de pessoas que perderam casa, amigos, família, amigos, bens… pessoas que perderam tudo da noite para o dia. Pessoas que passaram a sofrer com abusos financeiros, abusos físicos, abusos sexuais, pessoas que muitas vezes eram levadas a cometer crimes em defesa de outra pessoa, por ganância ou para defender a si mesmas.

Tornou-se comum ver pais assassinando filhos, jovens se suicidando ou sendo agredidos até a morte.

A humanidade estava doente.

*

Com a intenção de diminuir a crise no país e os altos índices de violência, um governante chamado Zenno criou as Forças da Autodefesa, uma hierarquia militar feita para combater o caos. Zenno criou também os Reformatórios destinados a dois tipos de pessoas:

O primeiros era para jovens criminoso, que seriam encarcerados para serem reeducados e reintroduzidos à sociedade ou, quem sabe, preparados para uma possível guerra no futuro.

O segundo era para aqueles que estavam indefesos ou rejeitados por serem mais suscetíveis ao vírus. Era para os considerados impuros.

Em contrapartida a isso, havia uma corrida em busca da cura para o vírus, onde se destacavam duas grandes corporações: Leben e Geborn.

As Corporações Leben eram associadas a muitos governos a acreditavam que deveria haver uma divisão de classes para conter o avanço de vírus, por isso apoiavam os reformatórios; de outro lado, as Corporações Geborn acreditavam que dividir a sociedade só traria mais conflitos.

*

Todos os encarcerados e impuros recebiam uma marca de identificação controlada por governos apoiadores e opositores às novas leis de contenção, deste modo, fraudes no sistema poderiam ser evitadas.

Foi naquele período que o número de pessoas desaparecidas cresceu de forma assustadora, o que fez com que houvesse presença maior de soldados das Forças de Autodefesa nas ruas.

O medo do desconhecido estava estampado na cara de qualquer pessoa, talvez por isso o número de apoiadores em relação às novas leis crescia assustadoramente a cada dia, mas a resistência também era grande.

Apesar de tudo, por ora, cada Estado no país tinha aval para decidir se tornaria o internato nos reformatórios obrigatório ou não, contanto que respeitassem o período limite de dois anos. Tal decisão causou revolta na população, mas alguns Estados foram irredutíveis e não hesitaram em invadir casas e levar jovens de todas as idades para um futuro incerto.

*

“NÓS SOMOS A CURA!”

 

Era o que estava pichado em um muro das periferias de Bragança.

Naquela noite fria e chuvosa, eu tentava manter minha irmãzinha Milena aquecida com a única camisa de mangas compridas que eu havia trazido.

Estávamos em um ônibus a caminho de Braga, uma das poucas cidades que ainda era normal. Embora tudo estivesse calmo, eu sabia que a qualquer momento tudo poderia desmoronar, e foi exatamente isso que aconteceu.

Em um dos assentos ao lado, uma garotinha pôs-se a chorar quando sua boneca caiu. Ela olhou para mim com os olhos marejados quase ao mesmo tempo em que o ônibus parou e dois soldados entraram com lanternas que focavam nos rostos de cada um dos passageiros.

- Boa noite senhores. Pedimos desculpas pelo incômodo, mas recebemos a denúncia de que há uma pessoa suspeita viajando entre vocês. – disse um guarda branquelo e esguio com cara de mal-humorado.

- Como assim “pessoa suspeita”? – perguntou uma senhora dois assentos à minha frente.

- Ele se chama Jonas Teixeira e é extremamente perigoso. Além de sequestrar uma criança de nove anos, agrediu e roubou sua tutora. Esse jovem pode estar contaminado com o vírus!

Os murmúrios de revolta começaram e eu me encolhi em meu assento, abraçando Milena com mais força, pois era de mim que o soldado falava.

Quase tudo o que ele dissera era verdade, menos a parte do vírus e do sequestro, claro.

Eu sabia que era só uma questão de tempo até ser capturado. Durante aqueles os poucos segundos que me restavam, olhei para Milena, dormindo como um anjo ao meu lado.

- A gente vai se encontrar de novo, irmãzinha. – falei sorrindo para ela e então me inclinando para o lado oposto e pegando uma pequena boneca ao chão. Olhei da boneca para a garotinha no colo da mãe e então a entreguei. A garotinha estava com os olhos arregalados, tão assustada quanto a mãe. As duas me olhavam como se eu fosse uma abominação.

Logo a garotinha começou a chorar, o que atraiu a atenção dos soldados que se aproximaram e me reconheceram. Fui algemado e tirado daquele veículo sob insultos:

 

“Esse tipo de gente não pode conviver com pessoas normais como nós.”

“E se eu estiver doente também? Ele tem o vírus!”

“Tomara que seja preso e apodreça na prisão.”

 

- A humanidade não é ruim, está apenas… desinformada. – Balbuciei a mim mesmo antes de receber um soco na barriga e ser empurrado em uma poça de lama.

- Lixos como você não têm direito de tocar nas coisas dos outros! – disse o guarda mal-humorado me enchendo de chutes e pontapés. – Acha que por ter um rostinho bonitinhos vai conseguir se dar bem? Eu vou fazer da sua vida um inferno, escória!

Olhei para o céu e me recusei a chorar. Não importava a dor que me causassem, eu não podia chorar, não diante de minha irmãzinha, que era levada para longe de mim por um dos soldados e olhava para aquela cena assustada. Se eu chorasse, seria pior.

Então, para meu assombro, uma boneca foi jogada da janela do ônibus. Era a garotinha de antes, que olhava na minha direção com raiva, nojo e repulsa.

Tão pequena e já tem um sentimento tão ruim por alguém que nenhum mal lhe fez.

*

Foi naquela noite que ao chegar no Reformatório Trinta e Seis, me deparei com outros cinco jovens que, assim como eu, tinham escuridão em seu olhar e desesperança em seus corações.

Naquela noite nossos destinos seriam trançados em um só.

 


Notas Finais


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