História NATIESE - Uma patricinha em minha vida - Capítulo 55

          Na biblioteca, Beatriz estava tentando escolher um livro e acabou percebendo que Rodrigo ficou muito impaciente ao seu lado. Assim, resolveu puxar assunto com ele, mostrando-lhe um dos livros que havia pegado em uma das prateleiras.

            — O que acha desse?

            Sem ao menos olhar para a capa do livro, ele respondeu:

            — Ótimo!

            Beatriz ficou em graça. Sabia muito bem que ele tinha ido à biblioteca com ela praticamente obrigado, mas queria que ele demonstrasse, pelo menos, um pouco de interesse em ajudá-la.

            Em poucos minutos, o celular de Rodrigo vibrou anunciando uma nova mensagem.

            — Desculpe, Bia... Só um instante.

            Ele afastou-se um pouco para olhar a mensagem de Thomas, que dizia o seguinte:

            Thomas: A porta da sala desativada estava trancada e não tinha ninguém.

            Depois de ler, o melhor amigo digitou:

            Rodrigo: Ok. Depois nos falamos.

            Beatriz até colocou o livro de volta ao lugar e aproximou-se dele. Rodrigo guardou o celular e a olhou.

            — Eu sinto muito por ter atrapalhado os seus planos. — disse Beatriz, cabisbaixa.

            — Não se desculpe. Eu não ia fazer nada demais mesmo.

            — Tem certeza? É... Eu acho que você não deve gostar muito de livros.

            — Não. Eu adoro. Eu só não estou tendo tempo para ler ultimamente.

            — Ok... Mas obrigado por ter vindo comigo. Você é um bom amigo.

            — Eu é que agradeço! Você também é uma boa amiga, que eu fiquei muito feliz em conhecer, mesmo sendo de uma forma não tão natural.

            — Nem me lembre... Aquele dia foi horrível para mim. Mas ainda bem que você apareceu...

            Rodrigo deu um sorriso e aproximou-se mais dela.

            — Eu faria de novo se fosse preciso...

            Beatriz sorriu sem jeito. Rodrigo ficou encantado pelo jeito simples dela de ser. Se não fosse comprometido, certamente, avançaria para lhe dar um beijo. Em outros tempos, faria isso. Mas com a Natalie ele tinha algo mais sério. Então para não cair na tentação, ele avistou um livro que já tinha lido e seria uma ótima opção para ela ler.

            — Olha... Eu encontrei um livro que você poderá gostar. — disse Rodrigo indo até o livro para pegá-lo.

            — Hum... — disse ela, pegando o livro  — "Dom casmurro" de Machado de Assis.

            — Sim. O que acha?

            — Adorei a escolha! Você tem bom gosto.                                   

            — Valeu, Bia! Depois me conte o que achou dele.

            — Com certeza!

            Na sala desativada, Natalie já estava sentada no colo de sua colega, com os braços ao redor do pescoço dela, continuando a beijá-la. E Priscilla colocava sua mão entre os cabelos castanhos da patricinha, trazendo o corpo quente dela mais para si, enquanto com a outra agarrava a cintura.

            O beijo acabou parando entre leves selinhos. Nisso, os lábios das duas já estavam bastante vermelhos por causa da pressão dos beijos. Priscilla resolveu dar um passo mais a adiante nesse momento delas, tentando abrir o zíper da calça de Natalie. Mas esta tocou a mão da garota impedindo a que continuasse a agir.

            Priscilla ficou sem graça no mesmo instante, e Natalie saiu rapidamente do colo dela. A patricinha ficou a olhando bastante séria, e a garota tentou decifrar o que estava contido no olhar dela.

            — Me desculpe, Natalie. Eu não deveria ter...

            — Não precisa se desculpar. É que eu ainda não posso fazer isso com você. E bem... Acho que aqui também não é o melhor lugar.

            — Claro. Eu é que acabei perdendo o controle. E isso sempre acontece quando eu te beijo. Mas te prometo que vou tentar me comportar da próxima vez.

            — Ah... Mas não precisa se comportar tanto também, Priscilla... Eu gosto. Você sabe! — Priscilla sorriu, e ela continuou — Só que eu preciso resolver essa história com o Rodrigo... Não quero que a gente comece alguma coisa brincando com outra pessoa. Isso é horrível!

            — Você tem toda razão. Isso não é legal. Mas então... Você vai terminar com ele para ficar comigo?

            — Priscilla...

            — Natalie... — aproximou-se dela — Eu sei que ainda tem a questão da Laura e do seu pai também que poderá não aceitar, mas a gente pode enfrentar isso junto. Só basta você dizer que vale a pena correr o risco.

            Natalie continuou olhando para o nada totalmente pensativa, e Priscilla tocou de leve no rosto dela, tentando deixá-la calma.

            — Eu te amo. Você me ama. Isso já é o suficiente, Natalie. E se não quiserem aceitar a gente, que se danem. Eu não quero viver em um mundo em que você não exista nele.

            Natalie pegou com carinho na mão dela e beijou a palma dela, fazendo com que Priscilla sorrisse. Nesse mesmo momento, Natalie se decidiu e respondeu:

            — E eu resisto a você me pedindo desse jeito? — sorriu — Não dá! Eu te amo muito, Priscilla. Não quero ficar mais longe de você, dos seus beijos, dos seus carinhos... Você é simplesmente tudo que eu estava procurando em alguém.

            Priscilla ficou emocionada com que ela disse e lhe deu um beijo apaixonado. Em seguida, ergueu a patricinha e a girou no centro da sala, continuando a beijá-la com todo amor. Aquele era mesmo um dos melhores momentos que haviam passado naquele colégio. Elas queriam muito que fosse eterno, mas nem sempre as coisas correspondem com o que desejamos. E assim o alarme tocou anunciando o restante das aulas.

            As duas garotas deixaram a sala disfarçadamente, apesar do movimento estar maior depois do toque do alarme. Natalie chegou primeiro até a sala do terceiro ano. E a sua amiga Kelly despediu-se de Thomas e foi para a sua carteira.

            No mesmo momento, Natalie abriu um pó compacto com espelhinho e colocou um pouco de batom. Os beijos com Priscilla tiraram qualquer vestígio do produto em sua boca.

            — Amiga, pode onde você andava? Posso saber? — perguntou Kelly, achando o sumiço dela bem estranho.

            — Eu estava na biblioteca.

            — Tem certeza? E por que você chegou sem batom?

            — Credo, Kelly! Está desconfiando de mim? Ele já estava fraquinho, por isso estou passando novamente. É só isso.

            — Ah... Tudo bem... Mas não precisava me deixar sozinha no banheiro.

            — Desculpe, amiga. Eu estava com um pouco de pressa.

            — E o livro?

            — Que livro?

            — O livro que você escolheu na biblioteca, Natalie.

            — Ata... — disse Natalie, percebendo que deu mancada — Eu não achei nenhum legal.

            Priscilla já tinha chegado na sala enquanto as duas patricinhas conversavam. Kelly a observou e ficou um pouco desconfiada. E não era de hoje que a garota se sentia desconfiada em relação a amiga e Priscilla. O que de fato estaria acontecendo entre elas?, pensou Kelly.

            Ao sentar-se na cadeira, a amiga de Ygor virou-se para atrás e disse a Beatriz:

            — Podemos conversar depois?

            — Claro.

            Natalie ficou observando a Beatriz por alguns minutos. Se não fosse por ela, o Rodrigo teria pego a patricinha na sala de desativada e as coisas não iriam sair tão bem. Sendo assim, a garota tinha se tornado praticamente um cupido em uma das aventuras loucas do casal “Natiese”, como diria Ygor.