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História National Anthem - Capítulo dezoito: Winter


Escrita por: miss-queen

Notas do Autor


Olá todos!

Voltei segurando a bandeira branca da paz!

Gente do céu, não me matem, desculpeeeeem essa demora enorme pra aparecer aqui. Juro que eu não ia tomar chá de sumiço pra sempre kkkkkkk
Mas enfim, voltei, e espero não demorar tanto assim pra atualizar a fic de agora em diante.

Quero agradecer a todos que comentaram no capítulo passado, muito obrigada mesmo, eu amo vcs! Logo, logo vou responder todos vcs. E aos leitores novos, sejam muito bem vindos!

Well, no capítulo de hoje veremos o que o Coulson decidiu a respeito do nosso Soldado, veremos o próprio Bucky decidindo o que ele quer, como o Steve está em relação a tudo isso, Tony dando sua opinião e algumas revelações importantes para fatos que acontecerão no decorrer da história. Está tenso do começo ao fim...

Boa leitura!

Capítulo 19 - Capítulo dezoito: Winter


Fanfic / Fanfiction National Anthem - Capítulo dezoito: Winter

If we're only ever looking back
We would drive ourselves insane

As the friendship goes resentment grows
We will walk our different ways
But that these are the days
That bind us together, forever
All this bad blood here, won't you let it dry?
It's been cold for years, won't you let it lie?”
Bad Blood – Bastille

 

Após quase uma hora e meia de voo, o Quinjet pousou na base secreta da SHIELD, conhecida tipicamente como “o Playground", que mais parecia um galpão grande e espaçoso, repleto de tecnologia. Escondido em um local bem afastado de Manhattan, em uma cidade nas proximidades da Virgínia, pouco notada. A localização exata era confidencial, desconhecida, sendo compartilhada apenas por alguns limitados agentes que possuíam credibilidade suficiente, e Louis estava incluída nesse grupo.

Afinal, era uma exímia agente, acima de tudo, sabia guardar segredos como ninguém, e Phil Coulson sempre confiou na boa reputação da garota, fato que nunca sequer veio a reclamar. Ela era conhecida por todos, amava o que fazia, possuía uma boa relação com os colegas de trabalho – principalmente com Skye e Jemma – e nunca tivera problemas na convivência com o diretor. Isso, até agora, pois tudo dependeria do rumo que a conversa com Coulson levaria, e Louis não admitiria que a SHIELD agisse errado dessa vez.

A tensão dentro da aeronave em que se encontravam era ininterrupta, o silêncio gritando no vazio, despertando os mais profundos pensamentos na cabeça de cada um ali. Steve e Bucky permaneciam sentados um ao lado do outro, compartilhando pouquíssimas palavras durante todo o trajeto, ambos observados constantemente por Skye, e tal fato já começava a irritar o Soldado. As algemas estavam deixando seus pulsos um pouco machucados, limitando seus movimentos. Continuava firme e sério, inabalável, a postura rígida, os olhos azuis beirando antipatia. Odiava aquela situação mais do que qualquer coisa na vida. O único motivo o qual ainda mantinha-se calmo era pela companhia do amigo, o incentivando a prosseguir. Mas, assim como ele, o Capitão também não possuía uma expressão muito apaziguadora. Talvez por imaginar todas as acusações inconsistentes que seria obrigado a escutar.

Bobbi transitava com frequência entre a cabine de controle e a cabine dos passageiros, provavelmente deixando May à par da situação, não escondendo todo o descontentamento cada vez que lançava um olhar indiferente na direção do Soldado, o qual apenas dava de ombros e ignorava. Não queria arranjar nenhuma confusão ali, mas faria se fosse necessário. Sabia muito bem que o mínimo sinal de arrogância e desdém vindo daqueles agentes seria motivo suficiente para tentar pôr o Quinjet – ou seja lá o que fosse – abaixo, ignorando as consequências que tal ato lhe traria. Mas o que poderia fazer? Prometera a si próprio que só colocaria a mão no fogo apenas por quem realmente merecesse. Precisava trabalhar sua confiança, e com certeza o faria assim que possível.

A situação não o agradava nem ou pouco, fato. Bucky só queria agarrar sua chance de redenção, de viver uma nova vida, de fazer o certo, no mínimo esquecer o inferno em que esteve por tanto tempo, principalmente faze-los pagar. Ninguém poderia arrancar seu desejo de vingança e seu empenho para se tornar um bom homem. Isso ele tentaria. Nada de precisar ser subjugado, nada de ignorar o recente dom de se importar, nada de matar sem um motivo plausível, nada de aceitar com facilidade o que lhe era imposto. Era pedir demais?

Ainda assim, acima disso, iria duvidar. Duvidar de tudo e de todos. Confiar apenas em quem lhe fosse conveniente. Se o respeitassem, ele respeitaria de volta, era simples. Afinal, todos aqueles gestos e palavras grosseiras machucavam, claro que machucavam, pois no fundo ainda era humano. Porque não conseguiam ver isso? Sempre crucificado por ter se transformado num monstro insensível. Sempre o vilão. Entretanto, ele mostraria o contrário. Mostraria porque estava disposto a limpar sua consciência.

Não se importava com o que pensavam a seu respeito, e não pretendia mudar tal fato. Mas se sua liberdade dependia da necessidade de passar por tudo isso, então que fosse. Enfrentaria. Abaixar a cabeça e assentir? Ter as memórias apagadas centenas de vezes? Engolir seu poder de tomar suas próprias decisões? Nunca mais. Não precisava provar nada à ninguém, e deixou claro a si mesmo que estava fazendo aquilo por Steve, o qual não aceitava muito bem a decisão tomada pelo amigo. Não confiava tanto assim na SHIELD para entrega-lo nas mãos de Coulson.

Porém, Bucky também percebeu que estava fazendo aquilo por uma outra pessoa, uma garota que conhecera por acaso do destino. A ruiva que estava mexendo profundamente com ele. O motivo de sua mudança era ela. Enxergava com clareza agora. Stella havia despertado nele sentimentos os quais imaginou ter esquecido. Uma leve culpa o atingiu por não ter conseguido explicar-lhe a situação antes de sair da Torre Stark, viu que ela ficara preocupada. Queria ser digno da confiança dela, mas algo lhe dizia que isso já conquistara. Ela era esperta, tinha um carinho por ele, o protegia, o defendia, não o encarava como um monstro. Só de sequer pensar nela, seu coração pareceu bater mais rápido. Que sentimentos eram aqueles? Estava tão confuso que mal entendia seus pensamentos, teria que aprender a lidar com isso.

À frente dos dois, Louis e Tony também estavam sentados um ao lado do outro. A garota com a cabeça apoiada no ombro do pai e ele com um braço em volta dela, mantendo-a junto de si, protegendo-a da melhor maneira possível. Louis se deixava fechar os olhos quando o Homem de Ferro acariciava seus cabelos com carinho enquanto trocava olhares contínuos com Steve e Bucky, praticamente tendo uma conversa mental ali mesmo, sem que ninguém percebesse, em uma sincronia incrível. Perfeita e ritmada. Os três pareciam compartilhar do semelhante aborrecimento e da mesma tensão, era fácil de ver, e a Stark também estava no mesmo caminho, reprimindo todo o rancor e indignação que consumia-lhe por dentro.

O Soldado desceu do Quinjet cambaleando, atordoado, isso porque as algemas as quais mantinham seus pulsos presos possuía uma espécie de tranquilizante que era ativado ao menor movimento feito por ele. Por isso parecia estar tão quieto e sereno, algo que com toda certeza não era de sua natureza. Steve percebeu, e consequentemente não gostou do que viu. Coulson prezava seus agentes, é claro que não deixaria de lado a boa e velha segurança. Apenas por precaução, certo? Assim esperava.

Tony e Steve o ampararam pelo braço ao também descerem da aeronave, gentilmente ajudando Bucky a caminhar, e ele não conseguiu dispensar tal “socorro”, não estava em condições de negar. Outra mudança visível. Não demorou muito para Louis disparar à frente dos dois, indo de encontro ao batalhão de agentes que vinham ao seu enlace, mais precisamente na direção de Bucky. Com isso, a Stark iniciou uma verdadeira negociação, quase implorando para seus companheiros de trabalho agirem pacificamente, e pareceu ter funcionado. Eles tentariam. May, Bobbi e Skye vinham mais atrás, observando tudo enquanto mantinham uma conversa afiada.

Agora, Louis ia à frente, guiando-os pelos corredores daquela base que tanto conhecia, e o que mais despertou-lhe uma raiva mortal fora o fato daquelas pessoas o carregarem como um troféu, como se houvessem conseguido domar um animal. Eles não eram superiores a ninguém, então porque agiam assim? Odiou tal fato, não só ela, mas os dois grandes heróis ali presentes também. Bucky caminhava escoltado por quatro agentes fortemente armados, e as algemas prateadas que o adornavam já causava-lhe um desconforto extremo, deixando sua pele avermelhada. O Capitão e o Homem de Ferro acompanhavam-no sempre um passo atrás, certificando-se de que ele continuava inteiro. Ao lado de ambos, Skye e Bobbi os seguiam com paciência, e May parecia entretida em um telefonema com Coulson, ainda que de vez em quando, monitorasse a situação. Tudo estava sob controle.

Subiram um lance de escadas, e outro longo corredor surgiu. Durante todo o percurso, o silêncio se fez presente enquanto os seus passos ritmados ecoavam pelo chão. Parecia mais tranquila do que o normal, e sem dúvidas aquilo não era por acaso. A troca de olhares entre Tony e Steve era constante, e vez ou outra, Louis virava-se rapidamente na direção de Bucky, apenas para ter certeza de que tudo continuava de acordo. O grupo parou em frente a uma porta metalizada e muito bem protegida, uma senha e uma identificação biométrica eram necessárias.

– Stark, Louis –identificou-se ela após digitar a senha de acesso, e em seguida, pressionou o polegar sobre o pequeno aparelho de biometria. Uma espécie de holograma surgiu na pequena tela, focando no rosto da garota.

Agente Stark. Nível sete. Entrada autorizada –a voz feminina e robótica respondeu ao confirmar a identificação de Louis. Ela sorriu levemente, e instantes depois, a porta abriu-se.

O escritório de Phil Coulson era mais simples do que o imaginado. Espaçoso, bem organizado, muito iluminado. Paredes sem revestimento, alguns móveis em tom mogno, decoração rústica e elegante ao mesmo tempo. Uma estante repleta de livros estendia-se por detrás da mesa do diretor, enquanto janelas blindadas circundavam toda a sala, e um quadro pendurado em uma das paredes estampava o símbolo da SHIELD. Duas cadeiras estavam disposta lado à lado, de frente para a mesa em que Coulson se encontrava. Ele levantou o olhar assim que o grupo adentrou no ambiente, e sempre com uma expressão serena, limitou-se a sorrir brevemente.

– Então é aqui que você está se escondendo? –perguntou Tony ao arquear as sobrancelhas na direção de Coulson, suas palavras esbanjando ironia. Ele deu de ombros, unindo as mãos sobre a mesa em um claro sinal apaziguador.

– Algumas coisas nunca mudam, Sr. Stark –replicou com divertimento, referindo-se ao fato de Tony nunca perder a chance de fazer piada. O Homem de Ferro apenas riu, lançando um olhar significativo na direção de Coulson enquanto se afastava e sentava-se em um canto mais afastado. Louis e Skye postaram-se uma em cada lado do diretor. Bobbi e May apenas permaneceram mais atrás, próximas à porta. Não demorou muito para que Phil encarasse Bucky e Steve. Ele sorriu novamente, mostrando que suas intenções ali eram as melhores possíveis. – Capitão Rogers. Sargento Barnes. Por favor, sentem-se –pediu, indicando as duas cadeiras à frente dele.

Bucky estreitou o olhar, frio e insensível até então, e o silêncio mais uma vez se fez presente enquanto o Capitão soltou a respiração de uma forma exasperada. Os dois trocaram olhares tensos, e apenas quando o Soldado balançou a cabeça positivamente, Steve enfim sentou-se na cadeira. Instantes depois, percebeu que, mesmo relutante, o amigo fez o mesmo e também sentou-se na cadeira ao seu lado, tentando parecer o mais calmo e controlado possível, mesmo que não houvesse dito uma palavra sequer. A situação era delicada, ambos sabiam disso.

– Creio que os senhores já saibam o motivo de estarem aqui, não é mesmo? –perguntou em seguida, iniciando assim a conversa. Ele manteve a expressão serena no rosto, seu tom de voz permaneceu tranquilo ao observar os dois à sua frente. Steve concordou com as palavras do diretor. E Phil, notando o desconforto instalado em Bucky, virou-se na direção de sua agente e pediu: – Skye, acho que essas algemas não são mais necessárias.

De longe, Tony continuou em silêncio, apenas observou tudo, atento ao que acontecia à sua volta. Parecia estar um tanto tenso também, mas ao contrário do que imaginavam, ele conseguiu mascarar seus verdadeiros sentimentos sobre a situação ali. Enquanto isso, ainda que com extrema relutância, Skye não demorou muito para seguir a ordem que recebera, medindo seus passos à medida que caminhava na direção de Bucky, a feição rígida, o olhar travado e indiferente. Steve suspirou diante da reação hostil.

– Deixe que eu faço isso, Skye –adiantou-se a Stark ao perceber a expressão nada amigável nos olhos da agente. Bucky precisava confiar naquelas pessoas, e não seria desse modo que conseguiria tal feito. Skye parou, pensou um pouco, e deixou que a garota prosseguisse. Coulson também não impediu, e não havia por que impedir. Logo, Louis sorriu na direção de Steve antes de aproximar-se do Soldado e livra-lo das algemas que o adornavam, retirando-as com extremo cuidado, pois viu que o pulso direito dele estava um tanto machucado. – Bem melhor agora, não? –perguntou com aflição, não medindo esforços para mostrar que estava do seu lado. E Bucky pareceu acreditar nisso, pois dignou-se a lançar um leve e singelo sorriso na direção de Louis. Ela entendeu aquilo como um “obrigado”.

– Melhor irmos direto ao ponto, Coulson. Sem rodeios desta vez –impôs Steve, mantendo o olhar fixo em Bucky, o qual apenas balançou a cabeça em um gesto positivo, não disse uma palavra sequer, sempre com a postura rígida e firme. O Capitão e Louis trocaram olhares cúmplices, e a garota mais uma vez postou-se ao lado de Coulson.

– Muito bem então –respondeu Phil, sorrindo gentilmente no mesmo momento em que Steve e Bucky passaram a encara-lo. Os outros presentes na sala também ficaram em silêncio, prontos para acompanharem a conversa que se iniciava ali. Com isso, não demorou muito para o diretor começar: – Sargento Barnes, acredito que deva estar ciente de todo estrago que o senhor causou. Não só para a SHIELD, mas para os Estados Unidos em si. Sem contar nos outros diversos países que o alegam culpado por mais de setenta assassinatos ao longo dos anos. É uma longa lista.

– Eu estava seguindo ordens. Não tive escolha –defendeu-se Bucky, suas palavras saíram mais ríspidas do que o necessário. Steve o observou de soslaio, um sorriso sutil desenhado nos lábios com o fato do amigo manifestar-se pela primeira vez.

– E é por isso que eu lhe trouxe até aqui –redarguiu o diretor, esbanjando paciência. Bucky estreitou os olhos na direção dele, claramente confuso com as intenções de Coulson. Steve e Tony não estavam muito atrás, a dúvida os atormentando com constância. Com isso, Phil soltou um suspiro tranquilo, ajeitou-se sobre a cadeira em que estava sentado, e explicou: – A SHIELD está disposta a lhe dar uma segunda chance, uma oportunidade para se redimir, e consequentemente, nos ajudar a derrubar o que sobrou da HIDRA, e algo me diz que você quer isso tanto quanto nós queremos.

O Soldado abaixou a cabeça, a expressão pareceu se suavizar diante daquelas palavras. É claro que ele queria pôr a maldita HIDRA abaixo, ter sua almejada vingança. Bucky queria aquilo mais do qualquer coisa. Por todo o inferno que viveu, por todos os crimes que fora obrigado a cometer, e principalmente, por todas as vezes que teve suas memórias roubadas de si, destruir de vez aquela organização seria o começo que ele queria para então seguir em frente com sua vida. Não podia simplesmente ignorar todos os desgraçados que tomaram sua vida. Os faria pagar, por tudo e mais um pouco. Se a SHIELD podia lhe dar esse gostinho, então por que não concordar? Entretanto, a desconfiança ainda o rondava, torturando-o com as piores teorias possíveis. Pensou, pensou, e pensou. Era sua chance.

– E o que eu ganho com isso? –quis saber ele, indagando tal pergunta com uma indiferença aparente, ao levantar a cabeça e encarar o diretor. Louis e Tony engoliram um sorriso irônico com a habilidade absurda que Bucky tinha para redarguir o que lhe era imposto. Isso ainda era novo para ele, certo? Afinal, na HIDRA, tudo o que podia fazer era assentir e dizer sim a tudo. Não conseguia negar para si mesmo que agora estava experimentando o sabor de tomar suas próprias decisões. Sem ser persuadido por ninguém. Liberdade.

– De início, conseguirá um perdão judicial. Após um tempo estando à nosso favor, posso lhe garantir que receberá anistia do governo americano. Terá enfim a chance para reconstruir sua vida longe de qualquer resquício da HIDRA. E se por acaso eles o capturarem de novo, a SHIELD vai lhe garantir proteção, como um dos nossos –explicou Phil, pausadamente, atraindo os olhares atentos de Steve, Tony e Louis. O Soldado encarou Coulson por um bom tempo, os olhos vidrados e a respiração entrecortada, absorvendo as palavras que acabara de escutar. Em seguida, o diretor prosseguiu: – Mas devo alertar que para qualquer deslize de sua parte haverá consequências drásticas, sem direito a julgamento ou acepção jurídica.

– Qual é a pena, Phil? –perguntou Steve, visivelmente tenso com a mínima possibilidade de Bucky perder a chance de sua anistia se a situação saísse de controle. Mas ele sabia que era muito improvável que o amigo cometesse algum deslize impensável, afinal, já estava conseguindo resgatar James Barnes da escuridão. Nada de desistir.

O diretor alinhou-se em sua cadeira, ponderando suas palavras. Bucky lançou um rápido olhar na direção de Steve, e em seguida, voltou a encarar Coulson, mantendo a postura firme e rígida, séria e impassível. Louis e Tony mais uma vez trocaram olhares. Enquanto isso, May e Bobbi deram de ombros, não se importando com qualquer palavra dita por Phil, como se o Soldado Invernal fosse apenas mais um a ser eliminado, como se ele não fosse nada. Skye parecia ser a única que ainda se dignava a ter um pingo de humanidade sequer.

– Na melhor das hipóteses? Prisão perpétua. Na pior das hipóteses? Execução pelos assassinatos que cometeu, incluindo o de Nicholas Fury –explicou com cautela, e assim como Skye, não mostrou-se indiferente com a situação, arrancando suspiros nervosos de Steve e Louis. O Soldado observou-o, analisando minuciosamente a expressão no rosto de Coulson, procurando por qualquer sinal de mentira, mas não encontrou. Nada. Ele estava sendo sincero. Estava dizendo a verdade. Pela primeira vez, Bucky sentiu uma ligeira confiança o invadir. A sensação durou alguns segundos. – O que me diz, Sargento? A escolha é sua, está tudo nas suas mãos –questionou seriamente em seguida, unindo as mãos sobre a mesa mais uma vez, e dessa vez, mostrou-se firme.

Um momento de silêncio perdurou por um bom tempo. Bucky prendeu-se em seus mais sombrios e obscuros pensamentos, parecendo ponderar todas as alternativas que agora carregava em suas mãos. O Soldado encarou Steve, em seguida encarou Louis, e observou Tony de soslaio, ainda que seu olhar se contraísse em pura irresolução. Ainda assim, os três se mantive impassíveis, prontos para acatar qual fosse a decisão tomada por ele. Rogers engoliu o âmago corrosivo que o atacou, enquanto a Stark já começava a arquitetar em sua mente um plano para tira-lo dali em segurança caso a situação se complicasse. O Homem de Ferro continuou quieto, mas se conhecia muito bem para saber que a qualquer sinal de perigo que fosse, explodiria em fúria.

Outra tensão absoluta repousou no ambiente. Todos os olhares na sala se voltaram para ele. A dúvida lhe conquistou em um abraço que pareceu eterno, a afirmação do diretor ainda ecoando em sua cabeça. Depois de certo tempo, Bucky fitou o Capitão ao seu lado mais uma vez, que lhe sorriu ligeiro em resposta. Então, ele voltou os olhos perspicazes para Coulson, soltou a respiração com força, e hesitou. Ponderou mais uma vez até que finalmente resolveu manifestar-se, em um choque de coragem imbatível.

– Tudo bem. O que eu preciso fazer? –suas palavras não beiraram instabilidade, fato que com certeza era positivo. O Soldado arqueou uma das sobrancelhas, ainda mantendo a postura feroz e inabalável. Em uma sincronia perfeita, Steve e Louis suspiraram nervosos, o alívio percorrendo o corpo de ambos, e Tony sorriu pacífico diante daquilo.

Coulson também sorriu sereno com a resposta de Bucky. Logo, o diretor trocou um olhar significativo com May, que entendeu no mesmo instante o que deveria fazer. Tal situação estava sobre controle, a presença dela ali não era mais necessária. E foi exatamente tendo este mesmo pensamento que Melinda e Bobbi deixaram a sala. Mas Skye permaneceu, queria acompanhar tudo de perto, com seus próprios olhos. A confiança começou a se firmar.

– Há uma base secreta da HIDRA localizada em uma cidadezinha próxima daqui. Eles são um grupo mais radical, estão em posse de uma arma muito poderosa que pertencia a SHIELD... –Phil esclareceu e entregou a Bucky uma foto um tanto desgastada. Em seguida, prosseguiu: – E acreditam ser enviados diretos deste homem. Daniel Whitehall.

– Whitehall... –o Soldado perdeu a fala, a respiração tornou-se desregulada, seus punhos se fecharam em pleno ódio ao encarar o homem estampado na fotografia. As memórias de seu passado sofrido e obscuro voltaram a atormenta-lo sem piedade.

– Isso te lembra alguma coisa, Bucky? –quis saber Louis, claramente preocupada, e Steve engoliu em seco, temendo já saber o que aquilo significava. Coulson e Skye também o observaram, buscando respostas.

– Sim. Whitehall foi um dos responsáveis por alavancar o projeto Soldado Invernal, junto com o Zola. Eu já o vi antes. Na minha primeira missão, ele estava lá –explicou pausadamente, a voz dura, impassível, furiosa, a ao seu lado, Steve contorceu-se de raiva. A promessa ainda estava de pé. Os faria sofrer em dobro. Logo, Bucky desviou os olhos para um ponto qualquer, não querendo observar ninguém ao terminar sua fala: – Era uma criança. Precisava matá-la. Mas eu hesitei, não consegui, e foi aí que começaram as lavagens. Eles apagaram tudo, e então eu matei a criança. O primeiro assassinato.

– Você quer vingança por isso, Sargento? –questionou Coulson, e Bucky automaticamente ergueu os olhos na direção dele, encarando-o com inquietação e fúria ao mesmo tempo. O Soldado afirmou com um meneio de cabeça, não precisava dizer nada, e Phil sorriu, entendendo aquilo como uma resposta. – Então me deixe ter o prazer de lhe conceder essa vingança. Me ajude a pegar esse desgraçado. Me ajude a acabar com a HIDRA –insinuou, fazendo com que Bucky mais uma vez o observasse com uma expressão severa. Steve controlou a raiva que sentia no momento, pronto para ajudar no que fosse preciso, e sabia que Tony e Louis estavam de acordo com aquilo.

– Me diga, diretor, o quer que eu faça? –redarguiu novamente, repetindo a pergunta, estreitando o olhar na direção de Coulson. Louis observou ambos, tensa.

– Quero que você prove que está do nosso lado –respondeu com firmeza, mas como nem Bucky nem Steve pareceram entender tais palavras, Phil recomeçou: – Escute com atenção. Eu lhe confiarei um time de agentes, e você irá lidera-los em uma missão para destruir a base que lhe falei e recuperar o objeto 0-8-4 que está em posse deles. Se não for uma armadilha e se você não matar nenhum dos meus agentes, terei total certeza que você não é uma ameaça. O que me diz, Sr. Barnes?

Skye arregalou os olhos diante do que escutou, ainda tentando raciocinar o que acabara de ouvir, enquanto Louis apenas sorriu, apoiando a ideia dita por Coulson. Ele estava confiando um time de agentes ao Soldado Invernal, com certeza aquilo era um sinal de que estava realmente disposto a dar-lhe uma nova chance. Steve e Tony também sorriram, convictos com o rumo positivo que a conversa havia tomado.

– Eu não preciso provar nada a ninguém, diretor, mas... Quando começamos? –replicou o Soldado, ríspido, quase no mesmo instante, um sorriso perigosamente fatal formou-se em seus lábios.

Ele estava pronto. Estava pronto para vingar sua vida, pronto para destruir qualquer resquício da HIDRA, qualquer milésimo de veneno que aquela organização teimasse soltar ele reduziria à pó. E sabia que teria companhia naquela luta. Não reclamou. Coulson não evitou sorrir mais uma vez diante da resposta dele.

– Mas antes disso... Nós também temos uma condição, Coulson –manifestou-se Tony, levantando-se do lugar onde estava e caminhando resoluto na direção dos três. O Capitão trocou olhares cúmplices com ele, e Louis sorriu com isso. Então Bucky percebeu. Aquilo, seja lá o que fosse, era combinado entre os dois heróis. – Nós o queremos conosco. Queremos o Bucky junto aos Vingadores –disse por fim, e o Soldado mascarou seu espanto com a possibilidade.

– Sr. Stark... O que? –ele quis ter certeza. Coulson franziu a testa, duvidoso.

– Phil, você não pode negar que as técnicas de combate dele são impecáveis, ele é um nível dez espetacular! E algo me diz que nós precisamos de alguém de dentro. Alguém que conheça aquelas bases como nenhum outro –explicou com cautela, e o diretor compreendeu cada palavra. – Se queremos destruir a HIDRA de uma vez por todas, precisamos dele conosco –completou em seguida, contendo um sorrisinho perverso, suspirando pausadamente. Avaliando a ideia, Coulson concordou, e com isso, Tony voltou-se para Bucky e deu o golpe final: – O que me diz, Barnes? É pegar ou largar.

– Como você mesmo disse, Steve. Até o fim da linha –murmurou ao virar-se na direção do Capitão, fazendo-o sorrir diante disso. Logo, Bucky também sorriu, voltou-se mais uma vez para Tony, e sem hesitação nenhuma, respondeu com segurança: – Estou dentro.

“Let's open our eyes

To the brand new day

It's a brand new day”

[...]

Bruce retirou a pequena agulha do braço de Stella com todo o cuidado possível, mas a garota estava tão atordoada que mal sentiu a pequena dor que aquela ação provocou em seu corpo. O dia já havia amanhecido e ela não havia tido nenhuma notícia sequer de Steve e Bucky. Seu coração se apertava ao imaginar as piores coisas possíveis que poderiam acontecer com os dois. Mesmo confiando fielmente na promessa de Louis e no poder de persuasão da amiga, a ruiva apenas não conseguia evitar ficar preocupada.

– Assim que eu conseguir resultados plausíveis, lhe darei uma resposta. Mas tenho certeza que está tudo bem com você, Stella. Não se preocupe –a voz calma do Dr. Banner despertou a atenção da garota. Bruce balançou levemente o pequeno frasco de sangue enquanto Stella descia da maca em que estava sentada, e Natasha aproximou-se dela no mesmo instante, um sorriso carinhoso iluminava seu rosto.

– Viu só, meu anjo? O Bruce também acha que está tudo bem com você. E eu não duvido da opinião dele –afirmou com segurança ao segurar as duas mãos da filha, e Stella apenas sorriu em resposta, balançando a cabeça positivamente, mas seus pensamentos concentravam-se apenas em uma certa pessoa.

Srta. Romanoff, como pedido, devo informa-la a chegada do Capitão Rogers e do Sargento Barnes à Torre Stark. Os dois estão na sala de estar –informou Jarvis, sua voz mecânica ecoou por todo o laboratório, e Stella pôde jurar sentir seu coração disparar com tais palavras. Sua mente perdeu o poder de raciocinar por um longo período, até que a garota conseguiu ter consciência do que acabara de escutar. Eles estavam ali. Próximos. Seguros. Inteiros.

– Obrigada por avisar, Jarvis. Já estou a caminho –respondeu apressada, não medindo esforços para sair em disparada dali e ir de encontro aos dois. Natasha apenas a observou, não a impediu em nenhum segundo, e não negou o alívio que sentiu por Steve estar de volta.

A ruiva sorriu com cautela, divertida, lembrando minutos antes a expressão extasiada no rosto de sua filha ao receber tal informação. Mesmo que aquilo não a agradasse nem um pouco. Natasha engoliu todos esses pensamentos inoportunos e fez menção de seguir Stella.

– Natasha –novamente, a voz de Bruce fez Romanoff parar de caminhar, e ao voltar-se para ele, o doutor a avisou seriamente: – Você sabe, não é? Você sabe que ela está no Index? Temos que ter cuidado a partir de agora. O soro... Está destruindo-a, e com a Stella na lista, a torna um alvo fácil da HIDRA, e da SHIELD também.

O Index. A lista de superdotados da SHIELD. Os tais Inumanos que Erik Selvig tanto lhe disse. Ele alertou, diga-se de passagem. Natasha sentiu um frio percorrer seu corpo inteiro com tais pensamentos. Ela sabia de tudo isso, Nick Fury havia lhe avisado antes de sumir no mapa, e a ruiva tinha plena certeza que teria que conseguir um modo de proteger sua filha daquelas organizações. Mas pior que isso, precisava encontrar uma maneira de contar aquilo para Steve. Provavelmente, não seria uma conversa muito agradável. A Viúva Negra viu-se entre a cruz e a espada. Sabia também que, pelo Extremis, Logan Stark constava naquela maldita lista, e nem Tony nem Pepper sabiam disso. Eles mereciam saber. E saberiam assim que possível, só não seria agora. Precisava agir, e desta vez, não mediria esforços para fazer o que fosse necessário. Protegeria Stella, e iria até as consequências finais para isso.

– É, Bruce, eu sei disso –respondeu simplesmente, uma tensão se espalhando pelo rosto, voltando a ficar de costas para Banner.

– E você contará para o Steve, certo? –o Doutor tornou a perguntar.

– No momento certo, sim, contarei. A Stella é o nosso bem mais preciso, Bruce, é a princesinha dos olhos dele –ela riu levemente, e então, completou com aflição: – Eu preciso prepara-lo para tal notícia. Vai destruí-lo, você sabe disso.

Ele concordou no mesmo instante. Sabia que a situação era delicada. Bruce absorveu aquelas palavras com paciência, soltando a respiração de uma maneira preocupada. E tudo o que pôde fazer fora observar Natasha sumir de suas vistas. Era o fim do começo.

“In the echo of silence

I shiver each time that you say

Don’t cry, mercy, there’s too much pain to come”


Notas Finais


E acabou! Mas antes de ir, vou explicar umas coisas.

É isso mesmo que vocês leram, os Inumanos estão começando a dar as caras por aqui, e podem ter certeza que esse assunto ainda vai ser muito abordado por aqui. Mas no momento certo, tá? Relaxem. Prosseguindo.Calma que vocês não leram errado e nem estão ficando loucos, tá? É isso mesmo, o Bucky não só vai entrar para a SHIELD como também foi convidado pelo Tony para fazer parte dos Vingadores. Já digo logo que a ideia do nosso Soldado fazer parte dos time dos Vings não vai agradar a todo mundo não. Mas segurem os ânimos ai porque essa novidade será outro assunto que abordaremos mais lá para a frente. Okay?

Bem, espero que tenham gostado e nos vemos no próximo capítulo.

Bjs! <3


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