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História Navegante - 01. Sufocar-se não é a saída.


Escrita por: kondzilla

Capítulo 1 - 01. Sufocar-se não é a saída.


 

Afogando-me em mares escuros e desconhecidos, navegando dentro das entrelinhas da insanidade, aqui estou eu, sendo guiado pelo Caronte pela última vez, com a diferença de que dessa vez eu não sei o meu destino, mas ele, como meu bom amigo, me diz que sempre tem lugar pra mais uma alma perturbada, e eu sempre fui uma dessas. 

Fui embora sem rumo, guiado somente pela covardia e pela sombra de algo que eu não sei discernir se era de fato real, ou se eu inventei. 

Não é como se eu tivesse vivido uma vida longa, nem tampouco uma vida plena, apenas vivi. 
Rodeado pela minha própria monotonia e minha cabeça repleta de metas a serem realizadas, mas que nunca vão se concluir. 
Coisas demais pra dizer, coisas demais pra fazer, tempo demais pra pensar, tempo de menos pra realizar. 

Sinto falta dos tempos em que eu ao menos pensava ser valente o bastante pra assumir sobre meus sentimentos verdadeiros, em que eu levantava da cama e gritava pro mundo que a vida era bela por que de fato um dia foi...

Mas não lamento por mim. 
Ao menos nesse caso, sou valente pra reconhecer que aos poucos fui me perdendo, me tornando uma âncora que devasta e arrasta qualquer resquício de esperança pro fundo de seu oceano de  barganhas e infelicidades. E que sempre fui como um cão que persegue um carro em alta velocidade: quando eu o alcançasse, não faria a menor ideia do que fazer. 

A verdade, eu posso lhes assumir, nunca tive nada a perder, sempre tudo o que fiz foi soterrar e destruir,  impedir-me de florescer, deixei que o acaso me guiasse a algo, e tudo o que consegui foi ser um alguém raso. 

A todos aqueles que um dia creram em mim, deixo-lhes o meu perdão. 
Lembrança fatídica de minha pessoa, isso é fato, espero que vocês todos um dia compreendam minhas razões sobre tudo e sobre há quanto tempo eu esperava pela vinda do Caronte. Obrigado por terem fé, mas não peço que rezem pela minha alma. 

A minha mãe, deixo meus valiosos sorrisos e agradecimentos eternos por seus momentos em que tentava me guiar de volta para o mundo real e me dar um motivo pra não sucumbir ao definhamento, você teria sido o bastante. Obrigado, mamãe. 

A meu irmão eu só tenho a deixar minhas lembranças boas de quem eu fui um dia, antes de me ver em ruínas, gritando um pedido mudo pra que tudo acabasse logo. Você sempre me entendeu como ninguém, eu sei, nunca fui a ti uma das melhores pessoas, mas garanto a você que será para sempre muito amado. 

A Lenore, eu deixo todo o meu amor. Em vão tentava eu lutar contra meus sentimentos, mas a verdade você sempre soube: eles não poderiam ser reprimidos, e você sempre esteve lá pra ser meu alicerce, não importando quantas vezes eu pedisse pra que fosse embora. Amei-te, Lenore. Como nunca antes amei alguém, queria ter sido o suficiente pra ter te dito essas palavras antes que fosse embora. 

Quanto a você, querido leitor, deixo-te o pensamento de alguém que há muito esteve perdido, mas enfim, se encontrou: Não sufoque suas palavras, não deixe sua vida passar diante dos seus olhos sem lembrar do valor de cada pessoa em sua vida. Seja franco consigo mesmo, afinal, você não vai viver pra sempre. 

Vai, Caronte, toca-me pro mar dos malditos, pois a este mundo a onde sempre fui alheio a tudo eu já não pertenço mais.


Notas Finais


— Teph, obrigado pela capa, você salvou minha terça-feira.

— Dedico essa Drabble a todos vocês que tem algo a dizer, mas por muitas vezes se fecham por alguma razão. Permitam-se mais! E obrigado por lerem até o fim.

*Caronte, de acordo com a mitologia grega é o barqueiro de Hades, que leva as pessoas recém-mortas para o submundo.


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