História Near, Abra Seus Olhos - Erro

Wammy’s House – Winchester, Inglaterra - 05/02/2004 – 20:27

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Mello entrou no quarto com raiva. Atirou seus sapatos para qualquer canto que fosse, não se importava. Apenas se jogou na cama e arrancou mais um pedaço da sua barra de chocolate. Não podia acreditar. Não queria acreditar. Não conseguia acreditar. Simplesmente não podia ser verdade. Não de novo. Não mais uma vez.

“Por quê? Por quê? Por quê?!” – Mello ficava repetindo para si mesmo, não conseguindo entender. Rezando para que não fosse apenas uma miragem e que na verdade os nomes estavam em posições opostas.

Como ele sempre pediu que fosse.

- Caraca Mello... Você não precisava atropelar todo mundo, poxa. – Falava seu amigo Matt, entrando no quarto. – Teve uma garota que você empurrou tão forte que ela caiu feião no chão. – Dizia ainda em pé, pegando o seu gameboy.

- Eu não consigo entender, Matt! – Esbravejava o loiro, pondo-se de pé. – Só pode ser algum motim, armadilha contra mim! O que eu fiz dessa vez?! Melhor, o que eu deixei de fazer?!! – Terminou, dando inúmeros socos no armário que tinha ali. Pobre armário.

- Ei, ei! Só não quebra o armário! – Matt tentava impedir o amigo de continuar descontando no armário. – Ele não fez nada pra você. Mello, você precisava parar de se preocupar tanto assim! Isso tá te fazendo mal! – Falava Matt em tom de preocupação.

- Não, Matt! O que me faz mal é toda santa vez que eu olho para aquela porra de mural ver meu nome abaixo daquele, daquele... desgraçado! – Berrava colocando a mão em sua cabeça, nitidamente cansado de tudo isso. – Mais uma vez! Eu não consigo entender! Isso não pode ser possível!

Matt deu um longo suspiro; também estava cansando.

- É possível, sim! Assim como foi possível todos esses anos! Mello, por que você simplesmente não deixa isso pra lá? Eu sempre fico abaixo de vocês e não me importo com isso. – Falava Matt, sentando ao lado do amigo na cama.

- Simplesmente não dá, Matt! Toda vez que eu vejo ele por cima de mim outra vez, meu sangue começa a ferver! Toda vez que vejo o nome dele acima do meu... – Desabafava Mello, deixando sua cabeça pender pra frente.

- Você e esse seu complexo de inferioridade... – Murmurava Matt, falando baixinho para garantir que o amigo não ouvisse. Mello não gostava quando alguém, nem que fosse um professor comentasse sobre isso. Não queria aceitar seu problema.

Matt sabia que esse problema existia, e nem precisava ter invadido o computador central do orfanato para saber. Todavia fez assim mesmo, só para ter certeza. Ainda se lembra das palavras escritas no relatório oficial: o título de ser o segundo mais inteligente na Wammy's House sempre depois de Near, alimenta o seu complexo de inferioridade que define o caráter de Mello.

“Define o caráter de Mello.” – Matt suspira ao se lembrar de tais palavras; sabia que não era assim. Ele sabia que seu amigo era muito mais do que só um louco obcecado pela vitória. Sentia-se mal por Mello, porque sabia que seu amigo era mais, mesmo que ele mesmo não enxergasse isso.

Mello deu um longo suspiro e olhou para o teto. – Ainda vamos hoje a noite? – Perguntava, agora virando a cabeça para o seu amigo ruivo ao seu lado.

- Não sei, não...

- Ah, qual é, Matt? Eu preciso disso! Vai ser bom pra distrair a cabeça. – Falava com certa empolgação na voz.

- Não acho que a gente sair com a galera hoje pra beber seja bom pra você.

Mello sabia que não, assim como Matt, mas queria pensar em outra coisa sem ser no fato de ter perdido. De novo. E, convenhamos, um lugar sem monitores ou professores por perto, com bebida a vontade e várias meninas lindas seria muito bom pra distrair a cabeça e relaxar.

Matt olhava seu amigo o encarando;não sabia que não era a escolha mais sábia, mas era a escolha que tomariam – Okay... Vamos hoje à noite.

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05/02/2004 – 23:09

Tinha um grupo de alunos, não muitos, no hall de entrada da Wammy’s House. Parecia que a noite ia ser boa. Só parecia.

- Aeh, finalmente chegou. – Falava uma das garotas ali presentes cujo o nome agora não era importante. – Pegou? – Perguntava para o garoto de cabelos negros que acabava de chegar.

- Claro ue, hoje a noite vai ser ótima hahaha. – Gargalhava o garoto andando em direção a porta com todos os outros o seguindo. Não havia seguranças mais a essa hora.

- Nossa Mello, não imaginei que você fosse vir com a gente hoje depois do que houve haha. – Debochou um garoto ruivo só que não ruivo como Matt, ruivo alaranjado. Claramente, não tinha medo de morrer.

- Ei! – Mello ia levantar para dar um soco nele, mas foi parado por Matt. 

- Você realmente não precisa fazer isso aqui nem agora. – Falava Matt, segurando o braço do amigo que em um rápido puxão tomou o braço de volta.

Os alunos deram gritinhos quando a porta foi destrancada e um por um eles começaram a sair. Quando todos estavam do lado de fora, o mesmo que destrancou a porta, trancou-a de novo.

- Vamos galera! – Falava a garota cujo o nome não tem importância.

Não iriam para muito longe. Era um barzinho que ficava na esquina na rua. Apesar de ser simples, era perfeito, pois podiam relaxar, afinal ele nunca ficava nem tão cheio nem tão vazio. E a melhor parte: podiam beber a vontade, por sua conta.

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- Falaí chefia, eu quero uma Lagoa Azul, pra começar numa boa. – Pedia o mesmo garoto de cabelos negros responsável por trazer todos ali.

- Ah qual é, você não vai beber esse “suquinho” aí vai? – Perguntava Mello, rindo da cara do garoto. – Eu quero um absinto, por favor. – Pedia Mello à “chefia”.

- Oh, pega leve Mello! – recriminava Mello pela sua escolha. – Começa com algo mais leve tipo um Texas Tea, ou até um Alexander. Não precisa já começar assim! – Aconselhava Matt ao amigo.

- Ah, não enche Matt! – Esbravejou Mello, derramando boa parte do líquido goela a baixo. – Meu dia foi um porre e quero desestressar o mais rápido! – Falava enquanto terminava de entornar o corpo, acabando com o líquido que ali continha. – Se você quiser ficar tomando esses “tira gostos” como eles, à vontade, mas não corta o meu barato! Eu quero mais um copo, por favor. – Terminou de falar, já recebendo o próximo copo e entornando em seguida.

Matt só conseguia olhar. Sabia que não era uma boa ideia ter vindo. Sabia que era um erro...

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