Theo ficou algumas semanas morando na casa de Scott, Sra. Dunbar afirmou que ele podia ficar em sua casa o tempo que precisasse, mas parecia errado ficar morando na casa de sua chefe e do cara que ele ficou enquanto ele estava em outro país.
Os pais de Henri o proibiram de ir até o apartamento que ele costumava chamar lar, criaram um ódio enorme pelo moreno que botou seu filho “injustamente” e “sem provas” na cadeia e mesmo que o deixassem jamais voltaria ao apartamento do ruivo, por isso ficou o primeiro mês morando com Scott e com a ajuda dos amigos encontrou uma kitnet de cerca vinte e cinco metros quadrados, já mobiliada, era basicamente uma cozinha colada junto com o quarto e um pequeno banheiro, mas Raeken tinha achado o espaço aconchegante e confortável.
“Vou morar sozinho não preciso de tanto espaço” Ele disse quando Malia o questionou se ali não era muito pequeno, após assinar toda a papelada do aluguel, ele se instalando rapidamente no local, afinal seus únicos itens de mudança eram: roupas, documentos e aquela caixa que ele tinha achado recentemente quando foi buscar suas coisas no apartamento de Henrique.
Aquela caixa estava guardava há anos, provavelmente desde pior e ultima briga que Theo teve com seus pais, e depois disso ele chegou a retirar as coisas daquela caixa enquanto morava com Henri, porém a sujeira da tinta, as musicas que o moreno colocava enquanto pintava, a sua felicidade mostrando seus quadros, tudo isso irritava o ruivo, que não via aquilo como um hobbie ou como algo que deixava Theo feliz, via como uma coisa boba, uma perda de tempo que não agregava nada a não ser para deixa-lo irritado, então para manter um pouco de paz entre eles, o moreno guardou todas os materiais de pintura naquela caixinha de papel e fechou com muita fita, guardando no fundo do guarda roupa.
Era mais um sonho que tinha ficado para trás e que Raeken queria resgata-lo a todo custo, por isso numa sexta feira a noite depois de trabalhar bastante na empresa, ele chegou em casa, tomou banho, fez uma jantinha simples, macarrão instantâneo, ou mais conhecido como miojo, que Theo sempre gourmetizava colocando requeijão, alguns pedacinhos de presunto e temperos que achava pelo armário da cozinha.
Enquanto comia sentado no tapete, ao lado de sua cama viu a caixa marrom ali, tinha muito pó por toda a caixa, mas não estava com mofo, tirando toda a poeira e algumas teias de aranha ela tinha ficado muito bem conservada.
Theo deixou seu prato quase vazio de lado e pegou a caixa, assoprou tentando tirar toda aquela sujeira, mas não ajudou muito só o fez espirrar algumas vezes. Quando finalmente conseguiu abri-la seus olhos brilharam, lá estava seus potes de tinta, pinceis de vários tamanhos, algumas telas em branco e algumas com suas ultimas pinturas antes de parar de fazer arte, achou até o velho avental que usava para não manchar as roupas. Ficou olhando seus pequenos quadros, um era de um lobo com olhos azuis bem marcantes, o outro um campo de girassóis e o ultimo era mais abstrato porem bastante colorido. Olhar aqueles quadros fez reacender aquela chama de criatividade que ele tinha, aquela vontade de ver a tinta percorrer a tela em branco, de misturar varias tintas sem saber se iam chegar ao tom desejado, mas gostando do resultado.
−Será que eu ainda sei fazer isso?
Perguntou para si mesmo enquanto segurava um dos pinceis e uma tela em branco nas mãos, depois de pensar e pensar novamente decidiu que tentaria para ver se ficaria bom.
Nem ele sabia muito bem o que estava desenhando, era como se sua mão estivesse vida própria, até que traço após traço começou a reparar que pareciam duas mãos entrelaçadas, com certeza seus pensamentos em Liam estava contribuindo para que aquele desenho saísse assim. Fez as mãos e mais alguns detalhes no fundo, foi para a etapa de escolher quais tintas usaria, ele não tinha muitas opções já que com o passar do tempo às tintas foram ressecando e agora já não podiam ser utilizadas, restando à alternativa de misturar cores, isso praticamente triplicaria a paleta de cores.
Eram duas da manhã quando ele parou de pintar já com a mão e pulso doloridos, ele tinha desacostumado dos movimentos e precisão de detalhes de uma pintura, acabou pintando duas teles, a primeira eram as mãos entrelaçadas e com uma paisagem ao fundo e a segunda tela era uma casa num bosque, parecia uma casa de fada, pequena, mas cheia de detalhes, Theo sempre foi muito detalhista com as suas artes.
Ele gostou muito do resultado final e nem esperou secar para mandar uma foto para Liam, fotografou a primeira tela e escreveu como legenda:
“Pensando em você”
Excitou na hora de mandar, tinha medo do loiro não gostar, mas tomou coragem e enviou, cinco minutos depois seu celular vibrou, era uma mensagem de Liam:
“Que lindo! Você tem muito talento”
“Deveria abrir um ateliê, com certeza todos os seus quadros iam vender”
“ Também estou pensando em você <3”
Sorriu de forma boba olhando para a tela e saltitando foi lavar o pinceis sujos e as mãos.
Seis meses depois...
Era mais uma segunda feira normal, Theo tinha acabado chegar em seu ateliê, “Sol e Lua” tinha sido inaugurado nos mês passado, ele escolheu esse nome de tanto escutar uma frase dita por Liam sempre que estava passando por uma crise o loiro dizia:
"Há três coisas que não podem se esconder por muito tempo: o Sol, a Lua e a Verdade"
Raeken sentia que aquela frase era muito importante por isso decidiu que estaria presente no nome de seu ateliê.
Ele estava muito feliz e se sentia realizado por finalmente fazer o que realmente gostava, apesar de não descartar o que aprendeu na faculdade, graças aos seus estudos ele mesmo que cuidava da contabilidade da sua própria empresa.
Com o salário que ele ganhou trabalhando na Dunbar Pencils conseguiu comprar sua casa própria, ela tinha dois andares como um sobrado, o andar de cima tinha se tornado sua residência e o de baixo o ateliê, ele reformou o lugar com a ajuda de Scott, Malia e Stiles, que ajudaram bastante com a decoração e a pintura do local, agora sua rotina era: trabalhar pela manhã de contador e durante o resto do dia com seus quadros, ele já tinha algumas encomendas para fazer, tinha até conseguido uma parceria com a Sra. Dumbar, a empresa se tornou a fornecedora dos materiais de arte que Raeken precisava, todas essas novidades deixava-o animado e ajudava a esquecer da saudade que sentia de Liam, eles se falaram praticamente todos os dias, o loiro parecia bem, mais feliz, mais calmo e com um brilho diferente no olhar, ambos sempre comemoravam as pequenas conquistas um do o outro.
(...)
O pequeno sino da porta de entrada soou e Theo que estava arrumando algumas tintas na prateleira sorriu se abaixando para deixar a caixa de tintas no chão e ir atender mais um cliente:
−Boa tarde, seja bem vindo ao ateliê Sol e Lua, no que posso te ajudar?−Disse simpático, observando o homem alto que estava de costas para si enquanto olhava seus quadros expostos.
−Olha só abriu um ateliê príncipe? –Ele reconheceu a voz de Henri, ele estava diferente, provavelmente tinha tingido o cabelo, o fios ruivos agora eram castanho escuros e ele estava com barba.
−H-henri? –Disse apertando o balcão com força.
−Eu mesmo. –O ex-ruivo foi se aproximando com aquele sorriso que sempre aterrorizou Theo. −Quando tempo não é mesmo?
−Como... –A voz de Raeken falhou. −Como você saiu da cadeia?
−Um pouco de bom comportamento e uma boa fiança fazem milagres príncipe.
Acariciou o rosto de Theo que sentiu vontade de vomitar de tanto nojo que sentia.
−Agora estou de volta e vim buscar o que é meu.
−O que você quer dizer com isso? –Tirou a mão de Henri do seu rosto.
−Vim buscar você.
Henrique apontou para o peito de Theo e tentou lhe dar um beijo, mas ele se afastou de forma rápida saindo de trás do balcão.
−Eu não sou seu, eu não sou uma propriedade Henri. –Theo cuspiu com lagrimas de raiva caindo por suas bochechas.
−É sim
Deu um passo na direção de Theo.
–É a minha propriedade.
A cada palavra Henri chegava mais perto de Raeken que a essa altura já estava com a respiração acelerada e grudado na parede sem ter para onde correr.
−Que eu posso fazer o que quiser.
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