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História .neighbourhood - Die Untoten


Escrita por: ImNinahChan

Capítulo 3 - Die Untoten


Fanfic / Fanfiction .neighbourhood - Die Untoten

Die Untoten

por M.C.M.F


Abril

Irene despertou na praia na manhã seguinte com uma garota sentada ao seu lado alguém, estranhamente, familiar.

A garota observava o horizonte, presa em seus próprios pensamentos. Silenciosa, como se tudo aquilo fosse normal.

A Bae sentou-se sobre a areia e olhou ao redor. Como havia chegado ali? Quem era aquela pessoa ao seu lado? A quanto tempo ela estava ali? Ergueu uma das mãos para tocar no ombro dela e chamar sua atenção, mas nem foi preciso.

— Você acordou — a voz da garota era calma.

— Eu conheço você? 

— Não.

— E você… me conhece?

A menina hesitou. Olhou no fundo dos olhos negros de Irene buscando por evidências.

— Talvez.

— Como talvez?

— Eu não sei — ela desviou o olhar para as ondas do mar tocando seus pés. Como explicaria seu deja vu?

— Isso é loucura — Irene tentou se levantar da areia. 

O corpo doía, os olhos não focavam. As pernas ficaram bambas de repente, não conseguiu se equilibrar. A garota desconhecida tentou dar apoio.

— Não me toque — Irene brutalmente recusou — Eu não sei quem é você, o que fez comigo, — resmungava enquanto se colocava de pé — mas isso não vai ficar assim.

— Faça o que quiser.

O toque de celular fez a garota se afastar por alguns minutos. Ela foi até a orla da praia para ter privacidade suficiente para aquela ligação.

De longe, Irene observava tudo. A desconhecida parecia nada contente falando no telefone, e muito menos estava a pessoa do outro lado da linha. 

A mochila na areia roubou a atenção da Bae. Não faria o que estava prestes a fazer se aquele não se tratasse de um caso de suma importância.

Arrastou a mochila para mais perto. 

Dentro, encontrou algumas mudas de roupa. Um pente verde, também. Para fortalecer suas paranoias, um pacotinho com maconha estava escondido no fundo da mochila.

— Se está achando que eu te droguei, — a garota chegou a tempo de pegar Irene com a droga nas mãos — está muito enganada. Eu acordei aqui, igual você. A última coisa que me lembro é de estar num barzinho… — olhou ao redor — Aquele — apontou para um estabelecimento à beira-mar — E acordar aqui, alguns minutos antes de você.

Irene guardou tudo de volta na mochila. Ergueu o corpo novamente e se afastou da garota.

— Acho bom você ter uma explicação melhor para esse seu "apagão" — ameaçou com a voz firme — Meu marido é amigo do delegado.

A garota deu de ombros.

— Vai chamar a polícia 'pra mim? — Irene concordou — Com que telefone? — olhou ao redor novamente — Não acho que tem ninguém na rua agora. E mesmo quando você encontrar, eu já vou estar bem longe — sorriu.

Irene cerrou os pulsos, o sangue ferveu nas veias.

A desconhecida pegou sua mochila sobre a areia e deu mais uma última olhada na Bae antes de ir embora. Dos pés à cabeça, apesar de estar suja de areia e descabelada, a mulher ainda era charmosa. Queria aproveitar a imagem — não era todo dia que acordava numa praia ao lado de uma mulher bonita.

Irene assistiu a garota partir sem fazer nada. Talvez tenha ficado ali parada por alguns minutos com a estranha sensação de que estava tudo bem. 

Ela não pensou em chamar a polícia. A primeira coisa que veio à mente foram seus filhos. Era segunda de manhã, não sabia as horas, mas com certeza já deveriam estar de pé.

Teve que andar um bocado pela orla da praia para encontrar alguém. 

Um homem que se alongava perto da areia emprestou o celular para que ela ligasse para casa.

— Você está onde?! — Suho gritou do outro lado da linha.

— Na praia — Irene suspirou — É uma longa história. Eu só… queria saber se as crianças já foram 'pra escola.

— É claro que elas foram, eu não sou irresponsável que nem você — ela escutou tudo em silêncio — Dá um jeito de chegar em casa na hora do almoço, vou 'pra casa. Agora me deixa em paz, tenho uma reunião importante.

Reunião importante, Irene repetiu mentalmente. Suho sempre tinha coisas importantes para cuidar no trabalho, ela tentava ser compreensiva, afinal, ele era o gerente do departamento financeiro da empresa que trabalhava. No entanto, coisas importantes estavam caindo na rede dele demais. Não queria ser a esposa louca que sempre pensa que o marido está traindo, mas era difícil não cogitar a possibilidade. Isso não significa, porém, que ela se importe.



Nos horários de refeição, Kyungsoo Do costumava ser metódico. Durante seu horário de almoço, como fazia em quaisquer dias de semana, ele comprava algo para comer no mesmo restaurante perto da escola que lecionava história e ia em sua bicicleta até o ferro velho.

Não gostava muito da sala dos professores. O ambiente mal decorado e as conversas tóxicas eram seu gatilho. Dessa forma, para evitar desavenças no local de trabalho, preferia sair pela estrada da montanha até o ferro velho da cidade.

Ir para lá, especialmente de bicicleta, não era uma novidade ou mania cultivada na vida adulta, costumava fazer isso desde mais jovem, com mais gente, todavia.

Como qualquer dia normal, sentaria na pedra perto da cerca alta de arame e faria sua refeição tranquilamente. Colocaria seus fones de ouvido e provavelmente escutaria a mesma canção de sempre e se lembraria apenas das boas memórias da juventude. Dos amigos que realmente gostavam dele e dos momentos doces que teve. 

Mas aquele não era um dia normal, e ele sabia disso.

Quando viu a silhueta masculina de longe, soube no mesmo instante de quem se tratava. Apesar de vinte anos terem se passado, Sehun Oh estava a mesma coisa. O mesmo corte de cabelo, a mesma camisa xadrez. Soo podia apostar que nem a voz havia mudado.

Sehun notou a presença do Do quase que se já esperasse por ele. De fato, talvez estivesse mesmo esperando.

Sorriu levemente. Tímido. Sabia que depois que foi embora as coisas não eram mais as mesmas. Foram vinte anos, não vinte dias. Kyungsoo já era um homem e não mais seu confessionário particular.

O Do se aproximou sem pressa. Deixou a bicicleta escorada no arame e se sentou no cantinho que Sehun cedeu para ele na pedra.

Os dois não se olharam por alguns segundos. 

Apesar de ir o caminho da montanha todo pensando em tópicos que poderia trazer para a conversa, Sehun não sabia o que dizer.

Talvez devesse começar pelo simples.

— Quanto tempo — ele forçou uma risada enquanto assistia Kyungsoo concordar com a cabeça.

— Vinte anos — Soo frisou.

— Como você está?

— Adulto — Kyungsoo riu — Não tem tanta magia assim na minha vida. Me arrependi de crescer. Agora eu não posso mais deixar de fazer o dever de casa, porque sou eu quem dá os deveres de casa.

— É professor? — soou genuinamente curioso.

— Pois é.

— Como foi isso? Eu jurava que você ia ser padre — Sehun girou o torso para ficar de frente para o amigo.

— Sabe, — Kyungsoo pausou um pouco para tentar explicá-lo — simplesmente não era 'pra mim — sorriu — E bem depois que você foi embora, eu decidi o que queria fazer da vida de verdade — Sehun sorriu de volta — Apesar do dinheiro não ser lá essas coisas, ainda é melhor do que jurar algo que eu nunca vou conseguir cumprir.

— É uma pena — Kyungsoo torceu o nariz — Não vou poder mais me confessar com você — os dois riram, possivelmente se lembrando de todos os encontros.

— Bem, acho que eu não preciso ser padre para você poder se confessar comigo. Posso ser apenas seu amigo.

Amigo, Sehun gostou daquela palavra. Não tinha um amigo há vinte anos.

— Certo.

— Certo — Kyungsoo repetiu — Pode começar, vai — abraçou os joelhos e deitou a cabeça sobre eles enquanto olhava para o Oh.

Sehun desviou o olhar. Como começaria a explicar tudo que vinha acontecendo? Soo surtaria também. 

Não, surtaria não. Se tem uma pessoa que o levaria a sério seria Kyungsoo Do.

— Eu nem sei exatamente o que você quer ouvir — Sehun resmungou com um sorriso forçado. As mãos suaram frio.

Soo ergueu o corpo. Com a mão esquerda, tocou o peito do Oh, sobre o coração.

diga o que está sentindo — Sehun havia escutado a mesma frase antes. Era a mesma voz acolhedora, mansa e o calor da mão que aquecia seu coração turbulento.

— Ele me mandou de volta — Kyungsoo sentiu o corpo arrepiar — Para acabar com eles.



— Acho que ficou bom, em? — Chanyeol girou na cadeira rotatória em direção ao garoto sentado no sofá atrás de si.

— Também, senhor Park.

Desviou o olhar, balançou a cabeça negativamente enquanto esbanjava um sorriso maroto na face.

— Já disse 'pra cortar as formalidades — arrastou a cadeira para mais perto do sofá de couro preto — Somos amigos, não somos Choi? — pousou a mão direita na coxa do menino. 

Apertou a pele levemente, num toque demorado. Sentiu o corpo alheio tensionar. Olhou no fundo dos olhos castanhos e sorriu quando percebeu o rosto de Choi ficar um bocado vermelho.

Se afastou. Deitou o tronco no apoio da cadeira e abriu as pernas prendendo as do garoto entre as suas. 

Com o som da risada de Park, Choi sorriu também e logo não estava mais tão encabulado.

— Acha mesmo que a gravadora americana vai ficar com a minha música? — perguntou com a voz baixa.

— Claro — Chanyeol sorriu — Eu já disse 'pra você, moleque: tu é talentoso 'pra um caraleo! — Choi não escondeu a felicidade com aquele elogio — E se você continuar comigo, nós vamos vender muito mais músicas. Fazer dinheiro adoidado — se aproximou de novo, dessa vez, sentando ao lado do garoto no sofá — Nós somos uma dupla imbatível, Choi. Eu e você. Juntos. Okay? — segurou o queixo dele — Diga — a voz era mansa — Diga 'pra mim. Diga se somos mesma essa dupla imbatível.

Choi abriu e fechou os lábios algumas vezes antes de concordar. Estava absorto no olhar penetrante de Chanyeol. Nem percebia que estava sendo domado aos poucos.

Três batidinhas na porta ecoaram no estúdio antes do rosto jovial da senhora Park aparecer na fresta aberta. O cheiro de chocolate tomou conta do ambiente e fez Choi recuperar os sentidos.

Ela convidou os dois para um lanche.

— Chanyeol, — Rosie parou o marido na escada subindo do estúdio para a cozinha — precisamos conversar — os olhos gritavam urgência.

O homem hesitou por uns instantes, mas teve de ceder. Pediu para Choi esperá-lo na cozinha e foi junto da mulher para o segundo andar.

No corredor, de frente ao quarto do casal, Chanyeol cruzou os braços sobre a barriga e franziu o cenho, esperando uma boa razão para a esposa interrompê-lo.

Roseanne respirou fundo. A palma das mãos estavam vermelhas de tanto ela coçar com as pontas dos dedos de ansiedade. Não podia mais esconder aquilo. Deveria ter contado para ele no dia anterior, no domingo, feito havia se prometido mentalmente.

— Fale logo — Chanyeol estava impaciente — Vou levar o Choi na cidade dele aind-

— Eu estou grávida.

O Park sentiu um frio na barriga. O medo pareceu tomar conta do coração. Contudo, rapidamente um sentimento de alívio percorreu pelo corpo. 

— Não — ele disse.

— Não?

— Não — repetiu — Você não pode estar grávida. O médico disse que você não pode ter filhos. Além disso, nem me lembro a última vez que a gente transou.

— O médico disse que eu posso ter complicações — ela corrigiu com a voz levemente alterada enquanto assistia o marido revirar os olhos — E nós transamos depois do aniversário da Irene, semana passada.

— Rosie, — se aproximou sem paciência — você não está grávida.

— É claro que estou! — Chanyeol passou as mãos pelo cabelo se afastando dela — Você quer saber melhor do que eu?

— É sempre assim — alterou o tom — Todo mês você me vem com essa história!

— História?!

— É, história! — gritou perto do rosto dela — Esse é o quê? O sétimo bebê que você tem esse ano? — ironizou — 'Cê 'tá ficando louca e 'tá me deixando louco também.

Ela desviou o olhar. Os olhos arderam e uma lágrima escorreu rapidamente. Não esperava beijos e abraços de um marido que, aparentemente, não queria constituir uma família, mas, pelo menos, não achava que ele iria ofendê-la dessa forma.

— Quando eu voltar, vou te levar no Chen.

— Eu não estou louca! — devolveu em claro tom — Não preciso de médico!

— Está sim! — insistiu — E você vai querendo ou não!

— O que está acontecendo? — Lalisa apareceu na fresta da porta aberta do quarto de hóspedes.

Chanyeol se afastou ainda mais de Rosie, respirou fundo tentando acalmar o coração.

— Por que está chorando, Ross? — foi em direção à prima para acalentá-la.

— Eu 'tô indo — Chanyeol resmungou sem olhá-las — Mais tarde conversamos, amor — forçou um sorriso na direção da esposa — Até, Lalisa.

— Boa viagem.

Assim que Chanyeol desceu as escadas, Roseanne desmoronou no colo da prima. Seu coração estava quebradiço, sensível. 

Passou as mãos pela barriga e desejou que fosse mesmo verdade e não uma paranoia. O médico disse que não era impossível. Depois de um bom tratamento, ela poderia dar à luz. Fechou os olhos e ficou imaginando se algum dia estaria grávida de verdade.




Maio


No mês seguinte, Roseanne Park estaria grávida de verdade.

Naquela noite fática onde tudo se repetiria como há vinte anos, depois de correr para buscar pela polícia, ela estava sentada do lado de fora da casa esperando pelo marido que mostrava aos homens o local do acidente e mentia ao máximo para encobrir alguns fatos. 

Tudo estava muito confuso. O corpo de Baekhyun tinha desaparecido e não havia mais ninguém na casa, além dos três. Apenas uma mancha de sangue ficou no suposto local que o corpo do Byun tinha caído ao rolar escada abaixo até o estúdio de Chanyeol.

Passou a mão sobre o ventre. Estava grávida. Deus, estava grávida de um homem morto.

Ao seu lado, no meio-fio da calçada, seu celular vibrou. O número era desconhecido e da cidade vizinha. Atendeu mesmo assim, talvez tonta demais para considerar que poderia ser somente uma gravação de operadora ou coisa parecida.

— Roseanne Park? — uma mulher questionou do outro lado da linha.

— Sim — concordou com a voz trêmula.

— Sou do Hospital da Santa Casa e estou ligando para falar a respeito do paciente Baekhyun Byun.

O corpo estremeceu.

— Como?

— Baekhyun Byun. A senhora não conhece? Ele estava em coma nos últimos quatro dias aqui no hospital, mas recuperou a consciência nessa manhã e chamou pela senhora — Roseanne levou a mão até a cabeça confusa com tudo que estava escutando — Ele informou até o nome da cidade da senhora para nós.

Baekhyun estava morto. Ela viu ele caindo escada baixo e batendo a cabeça no batente da porta. Não podia estar de coma há quatro dias. Ele estava na sua casa mais cedo. Ela tocou na pele dele.

— Nós não conseguimos entrar em contato com os outros parentes do paciente — a enfermeira continuava falando — A senhora poderia vir até o hospital para regularizar os papéis dele?

Rosie se levantou ainda atônita. Caminhou de um lado para o outro. Como tudo aquilo seria possível? Baekhyun estava morto. A polícia estava, naquele momento, dentro de sua casa colhendo amostras do sangue dele.

— Senhora Park? Está me ouvindo?

Rosie correu as mãos pelo rosto afastando os fios rebeldes loiros dos olhos.

No horizonte, a mesma silhueta, que havia visto duas ruas abaixo de sua casa, assombrou-lhe novamente. 

Sentiu o coração acelerar. 

Tinha algo errado acontecendo. Acontecendo de novo.




Notas Finais


É, estou reescrevendo a história. Antes eu escrevia aleatoriamente, agora tenho tudo em planejado já, inclusive o final.
Se estiver muito confuso, me avisem. Mas, basicamente, a história tem três focos, como já era antes de eu reescrever, as personagens adolescentes (há vinte anos), os acontecimentos de abril, que levam aos de maio.
O que estão achando? Está melhor que antes?
Os capítulos seram menores e, assim, vou poder postar mais rápido.
Não sei se se importam, mas eu melhorei daquele momento difícil que estava passando. Ou, pelo menos, estou tentando :)
De qualquer forma, obrigada pelos favoritos e pelas visualizações<3


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