História Neji Hyuuga - O Gênio Narrador (NejiTen) - Mudanças

Eu caminhava pelo corredor tentando livrar minha mente dos problemas.

-O que tá fazendo? -indaguei ao ver Sakura sentada no batente da escada com um computador no colo.

-Ah, oi Neji. Estou fazendo um trabalho.

-Sobre o que?

-Comportamento humano. Ah sim, feliz aniversário. Mais tarde entrego seu presente.

-Obrigado.

-Não vai ter festa?

-Não, quero apenas os presentes.

-Não gosta de comemorar? -ela me perguntou rindo.

-Por que comemorar a proximidade com a morte?

-Você é uma graça.

-Como vai seu trabalho?

-Estou com dúvidas se fiz a melhor escolha. Se um professor passasse um trabalho pra você onde você teria que escolher um tipo de situação que testaria algum tipo de comportamento humano, que hipótese você usaria?

-Uhm….. gosto da hipótese do lençol.

-”Hipótese do lençol”? -ela disse sem entender.

-Se uma pessoa ouve um barulho no quarto à noite, é quase certo que ela cubra seu corpo inteiro com o lençol. Uma atitude que não adianta nada se a casa tiver sendo invadida por bandidos ou até por fantasmas, mas automaticamente a pessoa tem a certeza que se ficar debaixo do lençol, isso irá protegê-la.

-Até que é uma hipótese interessante….. isso provaria o quanto nós seres humanos somos tapados -ela disse rindo.- Mas vejo seu ponto de vista. Quando eu era menor também me escondia debaixo do lençol por qualquer barulho.

-Mas me fala da sua hipótese -pedi.

-Bom… não sei se ficou muito boa, mas pra mim faz sentido. Sabe aquela sala perto do espaço de convivência que sempre está vazia?

-Sim.

-Eu monitorei através de uma câmera as pessoas que entravam lá ao longo de uma semana.

-E?

-Ninguém entrou. No entanto, quando coloquei uma placa de “proibido entrar, acesso restrito somente ao diretor”, quinze pessoas ao longo de cinco dias entraram. E nenhuma delas era o diretor.

-Que alunos sem decência!

-Mesmo? -ela disse virando a tela do computador para mim.- Esse não é você, Hyuuga? -ela falou apontando pra tela do vídeo que mostrava eu abrindo a porta.

-Era uma segunda-feira, eu estava entediado. Achei que pudesse achar algo de interessante na sala -confessei.

-Enfim, essa é minha hipótese. Algumas pessoas tendem a fazer algo que são proibidas do que fazer do que algo permitido.

-Faz sentido. Essa é minha história de vida com meu pai.

-E posso ligar essa hipótese a algo comum à juventude, já que dos quinze que entraram na sala, todos tinham no máximo vinte anos de idade.

-Acho que não tem que se preocupar então, seu professor vai adorar. Tenho que voltar, dia de faxina.

-Boa sorte -Sakura falou quando levantei.

……………………………

De volta ao quarto, continuei passando o pano no chão. Por mais que eu limpasse, aquele cheiro fedorento de vômito de gato não saía.

-Oi -Naruto falou entrando com Boruto no colo.- Ainda não terminou essa faxina?

-Hoje foi o dia dos imprevistos.

-Sua mãe estava procurando por você.

-Não estou com paciência pra ela hoje. O que você quer?

-Preciso ter uma conversa séria com você -ele disse.

-Estou ouvindo.

-É uma conversa de irmão para irmão.

-Nós não somos irmãos.

-Neji, você entendeu.

-Tá, vai, fala logo.

-Bom, eu…. -o loiro começou a falar quando foi interrompido pelo vômito de Boruto.

-Diz que isso não aconteceu… -falei fechando os olhos e respirando fundo.

-Desculpe, ele tava um pouco enjoado hoje mesmo.

-E ele não podia ter vomitado na droga do seu quarto?

-Ele é um bebê, Neji, ainda não consegue segurar as necessidades dele.

-Ei, vocês dois -Tenten disse entrando-, tá tendo reunião geral lá no auditório, o diretor quer todos lá para falar sobre…. Neji, não tô acreditando que você ainda não limpou esse vômito do chão. Pelo amor de Deus, tá com o rodo na mão de enfeite?

………………………….

-Está me dizendo que tem um bebê morando nas dependências dessa universidade? -indagou o diretor Kakashi a Ino quando eu e Tenten entramos.

-É verdade, o bebê é dela -falou apontando para Hinata.

-É que não tenho onde deixá-lo, mas ele é tão quietinho. Quando não está comigo, está com o pai dele. Ele não atrapalha ninguém -Hinata explicou nervosa.

-Pode até ser, mas não sei se isso está dentro dos regulamentos da instituição -disse o diretor.- Pelo visto essa universidade abriga todo tipo de situação, não é mesmo? Ouvi cada história hoje…..

-Devia ver o zoológico no quarto da Tenten -disse Ino rindo.

-”Zoológico”? - diretor disse.- Tem animais morando nos dormitórios?

-Tem dois cachorros, um gato, um coelho e ela.

-Tá me chamando de animal? -gritou Tenten.

-Sim, você é, eu sou, todo mundo é. Animal racional….

-Aposto que não foi nesse sentido que você falou isso…. -Tenten disse com os olhos semicerrados.

-Que outro sentido seria? Não tenho nada contra você, querida.

-Nem o fato do seu atual namorado não sair do meu pé? -Tenten falou quando a sala toda ficou em silêncio.

-O que está insinuando? -Ino indagou se levantando da cadeira.

-Que apesar de você ser uma pessoa legal na maior parte do tempo, quando seu ego tá ferido, você passa por cima dos outros. Não tinha necessidade de você dedurar a Hinata e os meus animais. Mas você fez isso porque percebeu que não é o centro das atenções do seu namoradinho.

-Eu vou dá na sua cara! -Ino disse partindo para cima de Tenten.

A confusão estava armada. Ino sendo segurada por Sasuke e Tenten por Gaara. É diante dessas situações que eu tenho certeza que meu futuro é ser aquela pessoa que vai morar numa casa com doze gatos e dezoito cachorros. Não suporto pessoas. Eu que não me meto na confusão das duas. Daqui há pouco estão se falando novamente. Até que elas passaram um bom tempo sem se estranharem, bom… até hoje.

..………………………...

Saí da reunião e fui dar uma volta pela cidade. Já estava escurecendo quando eu pegava o caminho de volta para a faculdade.

-Que preguiça de viver -disse quando passei em frente a uma loja de vestidos, que ficava ao lado do campus.- Mas o que…. -falei quase sem fôlego ao ver Tenten do lado de dentro da loja.- Por que diabos você está vestida assim? -indaguei entrando na loja sem aviso prévio.

-Neji?

-Qual o seu problema? -perguntei sem fôlego.- Está grávida, por acaso? Por que está com um vestido de noiva? Seguiu o exemplo da tonta da Hinata? Vai casar com aquele imbecil do Gaara? Francamente, pensei que os dois fossem mais cuidadosos!

-Neji, olha o escândalo! Você não tem nada que se meter na minha vida!

-Como não? Volto pra faculdade e no caminho vejo você experimentando um vestido de noiva!

-Neji, para com isso -pediu Hinata.

-Ah, então você é cúmplice disso?

-Baixa a bola, irmãozinho -Hannabi falou enquanto mastigava alguma coisa.

-Ótimo, todas cúmplices.

-Neji, eu posso explicar -disse Hinata.

-Eu já entendi, não sou idiota, vocês….

-Cala a boca! -gritou Hinata me interrompendo.- Tenten não vai casar seu tonto.

-E por que o vestido então?

-Não que ela lhe deva alguma explicação, mas esse vestido é pra mim.

-Pra você?

-É. Naruto me pediu em casamento. Vamos casar no final do ano. Pedi a ele pra falar com você hoje. Achei que já soubesse.

-Ele veio mesmo falar comigo, mas tivemos um imprevisto e ele não conseguiu terminar o que tinha pra dizer. Mas então por que você mesma não vestiu o vestido?

-Ganhei peso extra quando tive Boruto. Mas até o final do ano voltarei ao normal, então pedi que uma das meninas experimentasse o vestido que eu mais gostei da loja pra ver se ficava bom e a Tenten era a única que tem o mesmo peso que eu costumava ter.

-Ah…. Aposto que estou parecendo um grande idiota, não é mesmo? -disse virando para encarar Tenten.- Eu…

-Não fala nada -ela pediu.- Eu já cansei dessas suas ceninhas de ciúmes idiotas.

-Desculpe, é que eu pensei que você ia casar.

-E no dia que eu for casar, Neji? Você vai me impedir? Ainda não entendeu que acabou? Está todo mundo na loja olhando pra sua cena! Amadurece, garoto!

………………………………

Depois da humilhação que passei, voltei para meu quarto.

-Ótimo, agora que a Tenten não vai mais olhar pra minha cara.

-Falando sozinho? -Hannabi disse entrando.

-Se eu não falar sozinho não me sobram muitas opções de quem conversar.

-Também, você importunou a vida de todo mundo.

-Eu sei -falei de cabeça baixa.

-Mas não é o fim do mundo. Você ainda pode consertar as coisas. O primeiro passo é entender que se só você achou engraçado, então não é legal.

-Quê?

-Você faz piada idiota com a vida de todo mundo. Muitas delas de mal gosto.

-Não são nada!

-Você disse que eu era a culpada da morte da minha mãe porque ela morreu no parto. Aquilo foi humor negro.

-Mas… é, às vezes eu posso soltar umas piadas sem sentido mesmo.

-Não estou dizendo para você ser sério, mas tenta manerar no nível das piadas e indiretas que você solta. Você fez inimizade com metade dessa universidade por causa disso. E o segundo passo é parar de se meter na vida dos outros. Se a Tenten não quer você como namorado, pare de ficar atrás dela.

-Eu não estava atrás dela. Por acaso tava andando na rua e vi ela com aquele vestido pela vitrine da loja.

-Ok, mas você não tinha nada que ter ido fazer escândalo lá dentro, cobrando por explicações dela. Ela não te deve mais nada. E não é a primeira vez desde que vocês terminaram que você se mete no que ela faz e no que ela deixa de fazer.

-Tá… tá, já entendi, eu sou a pior pessoa do mundo.

-Claro que você não é -ela disse rindo sentando ao meu lado na cama-, só precisa melhorar seus defeitos.

-Não adianta nada eu me desculpar com a Tenten agora porque ela não vai nem querer olhar na minha cara.

-Você fez besteira então tem que correr atrás do perdão. Pode ser que ela não te desculpe, mas você tem que tentar pra mostrar a ela que se arrepende do que fez.

-Do que adianta? Ela vai continuar com aquele cara.

-Neji, se você acha que deve mostrar a Tenten que está arrependido só pra voltar com ela, então o errado da história é você. Você tem que se desculpar porque você foi um babaca com ela. E depois disso, torça pra ela perdoar você e pare de perturbá-la.

-Quer que eu desista dela?

-Não, mas você não acha que ela está feliz no momento?

-É….

-Então se você realmente ainda a ama, tem que respeitar isso.

-Ou seja, desistir dela.

-Não. Você vai se desculpar com ela, dizer o que ainda sente, mas você tem e deve respeitar que no momento você não foi a pessoa que ela escolheu para namorar. Você não pode forçar ela a te aceitar de volta. Entendeu?

-Acho que sim…. -concordei cabisbaixo.

-Ótimo -ela disse me dando um beijo na bochecha e levantando em seguida.- Ah sim, estava quase esquecendo. Sua mãe pediu para entregar isso a você -ela falou tirando um presente embrulhado da mochila e me entregando.

-Obrigado -falei pegando o objeto.

-Talvez você deva começar a se redimir com ela -Hannabi disse dando um último sorriso antes de sair.

-“Com amor, mamãe” -dizia o cartão colado ao pacote.