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História Neos END - Verdade em tom de cinza


Escrita por: Pirandello

Notas do Autor


Bom dia para todos! Trazendo mais um capítulo para vocês nessa linda manhã de terça feira e espero que gostem!
Boa leitura :D
Ps: ainda não deu meio dia.

Capítulo 52 - Verdade em tom de cinza


Fanfic / Fanfiction Neos END - Verdade em tom de cinza

–––– CIARA ––––

 

        

       – Papai? O que está fazendo aqui?

         – Por que a surpresa, minha filha? – perguntou ele com um olhar malicioso para mim. –Tinha que ver você com meus próprios olhos.

       – Esse é...

       – Maxwell Winda, CEO da empresa multinacional NEOS e principal candidato a concorrer às próximas eleições dos Estados Unidos. Ele quem está por trás de tudo! – disse Castos, estreitando os olhos.

       O executivo ajeita a gravata, soltando uma risadinha.

       – Fico lisonjeado que saibam tanto sobre mim. Confesso que não esperava uma recepção tão grande. – Ele descarta o charuto aceso, mudando sua expressão subitamente. – Isso só prova que meus subordinados eram uns completos inúteis!

       Por um breve instante, ao encará-lo, me recordei do que Moeb havia me dito durante minha luta com ele, e que ainda estava fresco em minha mente. Parecia que ele sabia do que se tratava, para a minha dúvida.

       – Agora que eu voltei, hora de colocar ordem na casa. Você foi bem levadinha e por isso, receberá uma punição. – diz Maxwell.

       – Isso é verdade mesmo? – perguntei repentinamente.

       Ele arqueou as sobrancelhas.

       – O que seria verdade?

       – Tudo que eu passei... foi programado por você? Você já esperava por esse momento?

       Maxwell se mantem em silêncio por algum tempo, antes de responder.

       – Vejo que descobriu, finalmente – ele fez uma pausa, acendendo outro charuto. – Moeb lhe contou?

       Eu acenei com a cabeça, confirmando sua teoria. Ele sorriu.

       – O que quer com isso? Por que você esquematizou tudo isso?

       – Você se lembra do dia em que nós nos desentendemos? – perguntou o executivo.

       – Claro como a água – afirmei. – Você se aproveitou de mim. Você me iludiu com falsas verdades e palavras melosas.

       – Nunca menti para você, minha filha. – Rebateu. – Você apenas interpretou as coisas de maneira errada e fui forçado a fazer aquilo com você...

       – Me prender! Você me prendeu porque não podia me controlar! – ataquei. Maxwell continuava com seu olhar cínico e superior.

       – Eu te salvei! – Ele gritou. – Eu salvei você de si mesma! Eu salvei toda a cidade de uma calamidade! Você estava instável e eu precisava...

       – Por que você me transformou em um monstro maldito! – Eu gritei e o vento no ambiente se revolveu. O ar ficou mais denso e todos se afastaram, incluindo Karma. Eu me virei para ele, com meus olhos tremendo de medo e ele parecia estar confuso e assustado enquanto me encarava.

       – Ciara... você...

       – Minha filhinha, do meu amor e incansável luta você nasceu do milagre científico! Você é o estágio mais avançado de vida que nós conseguimos desenvolver até hoje! Você é o ápice da evolução humana!

       – Pare com essas baboseiras! Eu sou apenas um monstro! – respondi com a voz pesada, enquanto baixava a cabeça. – Você me criou apenas para ser sua arma! Não venha mentir para mim, novamente.

       – Eu te amo, minha menina. – Maxwell se aproxima de mim e me abraça, afagando minha cabeça. – Tudo que fiz até hoje, foi porque eu queria o melhor para você! Você é a coisa mais preciosa que eu tenho nesse mundo!

       – Ciara! Não acredite nesse cara! – Karma gritou de longe, mas minha cabeça estava em completo transe. Eu não sabia mais o que sentir ou o que pensar. Tudo estava em um turbilhão de sentimentos e emoções embaraçados, todos se amontoando em um único lugar.

       Por um bom tempo, ficamos ali reunidos em um abraço paternal, submersos no silêncio, enquanto que eu me relembrava aquele dia novamente.

 

 

 

 

 

 

       Após eu destruir a sede inteira da empresa do papai e matar vários de seus homens, eu desmaio com uma bala de chumbo cravada em meu peito. Aquilo não me mataria, mas minha energia que vinha exclusivamente da radiação presente no ambiente e do meu corpo, foram inibidas ao ponto de quase me deixarem em estado de coma.

 

       “Papai!”

       “Estou com medo papai!”

       “Não se preocupe, minha querida! Papai está aqui com você!”

       “O que é isso papai?”

       “Isso é um remédio meu amor... vai te curar logo, logo.”

       “Vai doer? Papai... eu estou com medo!”

       “Não se preocupe. Papai está aqui com você.”

       “...”

       “Eu estou com sono... papai...”

       “Eu.”

       “...”

       “Querida... eu te amo!”

       “Também... te amo papai...”

       “Me perdoe, filhinha...”

 

       Após aquilo, eu acordei em uma câmara fria e molhada, imersa em um líquido sedativo e cheia de tubos. Admirava com meus olhos semicerrados os homens mascarados e assustadores que jaziam do lado de fora daquele gigante tubo de ensaio que me aprisionava. Por muito tempo eu fiquei ali semiconsciente, esperando que um dia meu pai viesse me buscar, mas ele nunca veio. Então percebi a cruel e dura realidade: meu próprio pai havia me colocado naquele lugar! Meus músculos não respondiam e eu mal conseguia me manter acordada. Me mantinham viva através de nutrientes sintéticos misturados ao soro, o qual injetavam diretamente em minha corrente sanguínea enquanto extraiam o máximo de radiação que conseguiam de mim, além de sangue e outras células para suas pesquisas. Eu tinha me tornado apenas um rato de laboratório e aquilo estilhaçou meu coração em milhares de pedaços.

       Um ódio e tristeza latentes começam a me preencher por dentro. Depois que começaram o Projeto Ciara, eu podia sentir toda a dor, medo, agonia e desespero dos meus clones, os quais passavam por vários experimentos hediondos todos os dias; eram submetidos a condições extremas de frio, calor, pressão, colocadas em câmaras de gás, salas de laser e prensas gigantescas. Muitas deles morreram de forma desumana, até mesmo para meras copias – e enquanto isso, me conservavam dentro de um laboratório isolado e secreto, nos confins do mundo.

            “Um dia... eu vou fazer você pagar, papai!”

       Eu iria fazer ele pagar.

       Uma das Chakras perfura as costas de Maxwell e o transpassa, chegando ao seu abdome e o suspendendo no ar. Uma explosão de sangue esguicha no ar, e ele vomita sangue pela boca, me olhando assustado lá de cima.

       – Ciara?! O que...

       – Pensa que vai me enganar com essas palavras como foi da ultima vez? Você é muito ingênuo, papai! – digo balançando-o e infligindo tanta dor a ele como eu podia.

            – Ora, sua...!

       – Está sentindo isso? – eu curvei o tentáculo dentro de seu corpo, dilacerando cada tecido muscular dele, milímetro por milimetro. O homem solta um grunhido de dor. – Saiba que isso não é nem 1% do que eu senti quando estava naquele laboratório!

       – Ciara... por favor! Se acalme! – Karma toca o meu ombro, mas a minha ira não me deixou escutar sua voz, nem sequer raciocinar.

       – Você... vai voltar a ser... aquele monstro de antes se eu... não o controlar! – disse Maxwell se agarrando ao tentáculo vermelho.

       – Não preciso que ninguém me controle! Ninguém! – A garra cresceu e suas extremidades criaram espécies de espinhos que aumentaram ainda mais o sofrimento de Maxwell.

            – Eu fiz... isso porque... eu queria... o seu perdão.

       Naquele momento eu o arremessei perto da carcaça caída de Yomungarde, rasgando e sujando todo o seu terno fino. Ele rolou até parar ao lado do corpo abatido do monstro, arrumando forças para se levantar. O ferimento causado por mim começa a se regenerar, mas ele ainda estava em um estado frágil e débil e qualquer ataque meu findaria sua vida.

            – Meu perdão? Meu perdão?!

       – Sim. – confirmou, tossindo sangue enquanto que se esgueirava no cadáver da Serpente Divina. – Tudo o que fiz foi... para que pudesse me perdoar, minha querida...

       – Como se atreve a dizer isso para mim?! – Antes que eu pudesse chegar até ele, Karma me segura pelo braço. – Karma? O que está fazendo?

            – Se acalme, Ciara! Não dê esse gosto a ele. – disse em um tom sério.

            – Mas...

       – Ele irá pagar por todos os crimes que cometeu sim. A morte seria algo bom demais para esse monstro! – ponderou o Andarilho, soltando meu braço.

       Eu respirei fundo, acalmando meus tentáculos. Não sei como ele fazia isso, somente respondia ao seu apelo sem pestanejar – nem parecia eu, que outrora teria destruído todo aquele lugar junto com ele.

       – Tudo o que Moeb disse era verdade – Maxwell volta a falar, em um tom mais sombrio dessa vez. – Eu não mandei aquele clone para o lar de minha falecida esposa Beth por coincidência, nem criei Amala e Moeb para serem seus irmãos por mero capricho. Tudo foi planejado por mim... para que você me perdoasse...

       – Como assim? Estava pensando que eu voltaria a ser sua arma depois do seu teatrinho com o meu clone?

       – Eu estava pensando que você poderia me perdoar – ele fez uma pausa, rindo. – Por isso mandei um de seus clones junto com Amala e Moeb para viverem uma vida tranquila e pacifica na África do Sul, junto de Beth. Por isso fiz com que ela conhecesse o renegado Karma. Para isso, fiz com que ele e seu mestre se desentendessem e culminasse na saída dele da corporação, indo para a África do Sul, justamente no dia em que lançassem uma ogiva nuclear contra a cidade. Criei todo esse cenário justamente para que seu clone conhecesse Karma e através dele, achasse você. Assim ele acalmaria seu coração rancoroso. Tiraria o ódio que você, com certeza, acumulou de mim durante todo esse tempo e eu teria alguma chance de te pedir perdão novamente. Eu teria a chance de reencontrá-la e ficaríamos juntos novamente, em um mundo criado especialmente para você!

       Karma fica boquiaberto com toda a história do papai, assim como todos ali. Eu mesma não sabia o que pensar sobre aquilo. Era surreal demais para ser verdade.

            – Então... você fez o mestre ficar daquele jeito? Por sua causa, ele...

       – Ele foi apenas uma peça para que eu me encontrasse com minha filha, assim como todos vocês! Vocês a trouxeram para mim e tudo saiu como eu previ.

       Karma brandiu a foice de Testament, se dirigindo até o executivo injuriado. Seu olhar estava insano e totalmente louco com a fúria que subitamente brotou nele.

            – Se considere um monstro morto, seu desgraçado!

            – Karma! – Eu o impedi de perder a cabeça dessa vez. – Se controle também!

            – Ciara! Esse maldito... ele matou, o meu mestre! – gritou o Andarilho, revoltado.

       – Eu mesmo me encarrego de cuidar dele – As garras se curvam em direção a ele e Karma se contem. – Você machucou e usou muita gente inocente apenas para satisfazer sua ambição doentia. Você desencadeou uma guerra sem sentido, destruiu e contaminou o mundo inteiro com essa maldita radiação, mentiu para todos que confiavam em você e o seguiam. Se quer saber, eu nunca vou perdoar você! E agora vou fazer você pagar por tudo que causou!

       O semblante de Maxwell se fechou repentinamente, ficando mais sério e com um ar assassino. Seus dedos riscaram a carapaça morta de Yomungarde e ele cobriu o rosto com a outra mão, soltando uma risada cansada.

            – Então... quer dizer que você nunca vai voltar para mim?

       – Sem chance! – conclui. Até aquele momento, minha energia já estava restaurada e eu podia responder a qualquer coisa que meu pai pudesse fazer.

       – Então, que assim seja! Você vai ser varrida junto com todos esses insetos insignificantes da face da Terra!

       Um tremor de terra nos atingiu em cheio, com o epicentro sendo o cadáver da Serpente Divina. Todos nós caímos com o abalo, sentindo uma pressão monstruosa atingir os nossos corpos. O nível de radiação subiu a níveis alarmantes para todos que estavam ali. A energia do papai, antes estabilizada em 60.000, começa a se elevar assombrosamente rápido. O corpo gigantesco de Yomungarde começa a murchar rapidamente como uma bola de gás, e uma quantidade imensa de radiação que residia no corpo da Serpente Divina começa a ser sugado por Maxwell. O ar convergiu para onde ele estava, criando uma bolha de vácuo ao redor deles e manchando nossa visão com uma esfera de gás e ventos que carregavam consigo vários destroços e rochedos próximos.

            – Vocês! Saíam já daqui, agora! – gritei para todos atrás de mim.

            – O que está acontecendo?! – Perguntou Karma, no meio da confusão.

       “Essa não! A energia está aumentando cada vez mais! Algo horrível está nascendo!”, refleti, apenas sentindo aquela assombrosa quantidade de radiação. De repente o chão inteiro abaixo de nós ruiu, e olhos vermelhos e brilhantes surgiram no meio da nuvem.

       Castos e seus homens recuaram com muitas dificuldades, se agarrando a lajes e carros mais pesados para não serem carregados pela bolha de vácuo. Vários carros saíram voando e esmagou dois dos soldados do General, carregando os restos ensanguentados junto com os detritos. Após algum tempo, a bolha de vácuo que se formou no centro eclodiu, espalhando tudo que havia juntado em seu interior em uma onda de ar quente e violenta. Eu alcancei Karma rapidamente, o protegendo com os tentáculos enquanto Randall, Castos e seus homens se protegeram atrás dos desmoronamentos. A onda de pressão danificou os tentáculos e algo como um ferrolho gigante transpassa o meu peito, quase ferindo o Andarilho.

       – Ciara! Meu Deus! Eu vou...

       – Não se preocupe comigo – digo, soluçando. – Meu corpo regenera rapidamente.

       – Mesmo assim... não se arrisque desse jeito! – Karma me socorreu, cerrando a barra de ferro com seu braço e retirando o objeto do meu peito. A ferida sarou quase instantaneamente após esguichar um filete de sangue.

       – Você se machucou? – perguntei, preocupada.

       Karma franziu o rosto.

       – Eu estou. Se preocupe mais com você, pirralha! – repreendeu ele, me tomando em seus braços.

       O meu corpo naquele momento se incendiou mais do que qualquer rajada de ar quente que meu pai pudesse lançar contra nós. Depois de me recuperar, nos focamos no centro da explosão de onde vinha uma criatura com feições humanas e bem robustas. Era bem mais alto que meu pai e seu corpo era extremamente musculoso e definido, com as veias saltando para fora. Não possuía cabelos e nem olhos. Além disso, sua pele estava em um tom acinzentado e seus olhos não eram vermelhos, mas completamente pretos e sem cílios ou pupilas. Uma aura roxa emanava de seu corpo, secando todo o solo abaixo dele. O ambiente ficava mais pesado apenas com sua presença.

       Para a nossa surpresa, todo corpo de Yomungarde se reduziu a um pedaço gigante de carne pútrida e seca, abrindo espaço para uma nova aberração.

       – Papai? O que você fez? – perguntei com o corpo trêmulo. Era a primeira vez que eu tremia perante algum inimigo.

       O ser misterioso e de porte temível esboça um largo sorriso e abre lentamente seus olhos negros e estreitos, como os olhos da própria morte.

            – Agora, minha filha, está na hora de colocar você para dormir... para sempre!

                


Notas Finais


Obrigado para quem leu e espero que tenham gostado!
Até o próximo capítulo! ^^


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