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História Neos END - Extra - O gatilho da calamidade


Escrita por: Pirandello

Notas do Autor


Olá pessoal! Tudo bem? Só passando para deixar mais um capítulo e espero que gostem! ^^ Boa leitura para vocês!
Ps: Parece ser igual ao ultimo, mas na verdade é uma outra versão. Um complemento para que fique melhor explicado.

Capítulo 21 - Extra - O gatilho da calamidade


Fanfic / Fanfiction Neos END - Extra - O gatilho da calamidade

–––– CIARA ––––

 

         3 horas atrás...

      

       O dia se passava normal, com as mesmas aulas chatas de línguas estrangeiras seguidas das penosas aulas de matemática – não que eu achasse de todo ruim. Para mim era até melhor; me mantinha com a mente ocupada e centrada em outra coisa que não fosse em minha falecida mãe. Eu sempre ficava na primeira cadeira da ultima fileira da sala, da esquerda para a direita e nunca falava com ninguém, nem durante e nem depois das aulas. Isso fazia meus colegas de classe criarem uma certa antipatia por mim e naturalmente sempre se afastavam ou implicavam comigo, mas eu não podia culpa-los por sua ignorância – ainda eram crianças, sem um pingo de racionalidade ou intelecto.

       Aquele dia foi peculiar que pelo fato de todos terem saído da sala menos eu, durante o intervalo da merenda. Era algo comum todos se matarem quando o sino do intervalo tocava, formando um aglomerado de pirralhos na entrada na sala congestionando a entrada do corredor, mas não que eu me importasse. Eu era sempre a que ficava na sala de aula, poucas vezes sozinha, mas eu era a única que nunca saia para o pátio da escola. Trazendo meu lanche de casa, eu ficava dentro da sala comendo e uma vez ou outra, alguém entrava na sala para comer também, conversar, jogar jogos de cartas e outras travessuras.

       Aquele dia foi peculiar porque ninguém voltou antes de ter se passado dez minutos, algo realmente estranho para o habitual, mas eu também não me importei muito. Faltando 15 minutos para o termino do intervalo, todos os meus colegas de classe entraram de uma vez e arremessaram várias bolinhas de papel, bolas de chicletes mascados em mim e com direito até a uma lata de lixo, chacoteando de mim logo em seguida com seus risos nojentos – calada eu estava, calada eu fiquei...

       Quando a professora de artes chegou para dar sua aula, a sala estava um completo caos, com várias bolinhas de papel envolta da minha cadeira e seus chicletes. De brinde levei uma bronca da professora porque todos apontaram para mim dizendo que havia sido eu que tinha espalhado todo aquele lixo e havia emporcalhado a sala e fui obrigada a juntar tudo aquilo sozinha enquanto todos riam de mim, mas calada estava, calada eu fiquei...

       Depois de tudo isso, a aula de fato começou. A professora nos ensina algumas técnicas com aquarela e nos passa um exercício para fazer em classe. Eu sempre ficava animada com as aulas de artes e eu acho que era uma das aulas que eu mais gostava, para não dizer a única, e já havia pegado minha tela em meu armário, mas meus pinceis haviam sumido. Eu relato para ela e ela diz que todos tem que cuidar do seu próprio material, descarregando alguns demônios em cima de mim antes de finalmente me emprestar um de seus pinceis. A aula prosseguiu tranquila até o momento que eu sinto algo úmido e grudento em minhas costas. Um dos moleques havia me jogado um espirro de tinta e sujado minha farda, e que era para a semana inteira porque minha mãe não tinha forças para se levantar e lavar minhas roupas, então eu mesmo lavava nos finas de semana. Eu soquei a mesa enfurecida, mas logo me contenho e volto ao meu raciocínio que era a pintura.

       Novamente outro espirro de tinta, dessa vez no meu cabelo e veio acompanhado do pote da tinta, e eles ficavam rindo baixo para a professora não os censurar. Eu podia escutar tudo que era dito na sala de soslaio, mas era sempre minha palavra contra a de uma turma de 25 alunos.  Na terceira vez que ele fez aquilo, sem pestanejar, eu me levanto da cadeira e arremesso a lata caída de tinta em sua testa, o derrubando de sua cadeira. Os outros ficaram chocados com minha reação e a professora já vinha meter o dedo onde não era chamada.

       – Ciara Winda! O que está fazendo? Enlouqueceu?! – Pergunta a professora irada.

       – Eu apenas devolvi a tinta que meu coleguinha me emprestou, professora! – Respondo petulante.

       – Você sabe que agressões físicas são proibidas nessa sala!

       Naquele momento minha mente enevoou no meu ódio, tanto que nem escutei direito suas palavras.

       – Alguma hora isso tem que parar, não é?!

       – O que disse?

       – Todos os dias... eu tenho que vim para esse maldito colégio, com essas crianças que parece que saíram do inferno, aguentando todos os tipos de implicância calada... sem ter ninguém a quem recorrer... E você vem me dizer que não posso revidar? Você que não vê as traquinagens desses moleques... é tão culpada quanto eles, sua incompetente!

       – Ciara Winda! Já para a sala do diretor! Agora! – Ordenou a professora em um berro.

       Eu me retirei enquanto que todos riam da minha cara e saí batendo a porta. Depois de mais uma suspensão, totalizando 3 só naquelas duas semanas, eu voltei para a minha sala para recolher meus pertences e minha mochila. Era o fim da aula e a professora já havia saído, ficando apenas os meus colegas aguardando o próximo professor chegar. Eu pego minha mochila sem olhar para a cara de ninguém, suja de tinta e de chiclete mascado e totalmente furiosa.

       Antes que eu pudesse chegar até a porta, o garoto que eu havia acertado a testa com o pote de tinta bloqueou a passagem com sua turma me cercando.

       – Aonde pensa que vai, bonequinha de sebo? – Encarou o líder deles, ainda com a testa inchada e vermelha.

       – Tomei outra suspensão por causa de vocês? Já não é o bastante?! – Respondi, áspera.

       Ele me agarrou pela gola da minha blusa e erguendo seu braço para me socar.

       – Ainda não! Ainda não é o bastante! Você vai aprender onde é o seu lugar, sua imbecil!

       Minha face era inexpressiva olhando para ele, como quem parou de se importar a muito tempo – e aquilo só o deixou mais aborrecido.

       – O que é essa cara de merda? Está zombando da gente?! Acha que a gente não pode fazer nada com você só porque você é uma riquinha metida a besta?! – Rugiu ele trincando os dentes.

       – Eu só não vou me rebaixar ao nível de vocês – respondo com a voz serena. – Até porque não quero me prejudicar mais do que já estou...

       Eu levei um soco e caí sentada no meio deles, com minha boca sangrando. Eu esfrego minha mão na maçã da minha bochecha inchada, mas ela se regenerou abruptamente. Ele ficou em cima de mim, segurando minhas roupas enquanto o resto fechou um círculo para ninguém se aproximar. As meninas taparam seus olhos ou apenas ignoraram, enquanto os meninos se amontoaram ao redor do circulo feito pela gangue deles. O moleque salivava me encarando com seu olhar lascivo e irritado.

       – Quer ver como faço você mudar de ideia?! – Ele tentara arrancar minhas roupas, mas eu impeço, trocando força com ele. Os outros interviram e me seguram. – Eu vou te ensinar uma lição! Uma que você nunca vai esquecer!

       – Você não ousaria!

       Ele já se preparava para arrancar minha saia quando ele resolve falar aquelas palavras sujas para mim de novo. Mal sabia ele que seriam suas últimas!

       – O que foi? Não vai correndo chamar a sua mamãe riquinha agora?  Se ela viesse aqui eu iria ensinar uma boa lição para ela também... – Bruscamente algo como um tentáculo escarlate e imenso o transpassa e todos se afastam de nós dois, apavorados.

       O menino morreu na hora e seu corpo inerte foi hasteado naquele tentáculo como se fosse um espetinho. O cadáver inerte dele voou para o fundo da sala, colidindo e derrubando os armários. Eu me levanto com minha mente no escuro e meus olhos pareciam enxergar tudo no preto e branco, resplandecendo alguns feixes em degrade durante meu piscar de olhos. Todos na sala petrificaram de medo ao ver aquele negócio imenso e vermelho serpenteando, saída de minhas costas.

       – Já chega... Vocês já viveram tempo demais... – Murmurei com a voz pesada. – Vocês vão sujar esse mundo se continuarem vivos... todos vocês!

       Ao som de um grito feminino a sala inteira rompeu correria e começam sua fuga desesperada pela porta do outro corredor, mas o tentáculo parecia vivo e se moveu, golpeando o teto na entrada e derrubando um pedregulho enorme para bloquear a saída. Ninguém iriam sair ou entrar... ninguém mais iria se meter em minha desforra.

       Os alunos ficaram encurralados perto das cadeiras e do pedregulho, como ratos no canto da parede. Suas caras de terror, por algum motivo me deleitavam. Por quanto tempo eu pensei em fazer isso? Quanto tempo eu sonhei com aquele momento?

       Ninguém escapou de mim... Era hora deles terem sua paga!

       Quando tudo acabou e eu me encontrei sã novamente, eu estava em meio à uma sala devastada, com cadeiras viradas para todos os lados, com o birô do professor partido ao meio com um corpo e várias pilhas de cadáveres totalmente estraçalhados. Era como se eu estivesse no inferno e minha sensação foi de correr dali, ao mesmo tempo que eu queria cair ali mesmo sentada e começar a chorar.

       Meus olhos derramam lágrimas e eu cubro minha boca exalando medo e terror ao ver meus colegas despedaçados, com seus órgãos expostos e desfigurados, mergulhados em um mar de sangue e ali fiquei por um longo tempo, segurando o corpo de uma de minhas colegas até que alguém adentra a sala pela porta do corredor dois, a única que não foi bloqueada: era meu pai!

       – Papai? – Eu me levantei e corri para abraça-lo, mas ele não respondeu meu ato de carinho. Ele estava como uma estátua, imóvel enquanto olhava para toda aquela cena nefasta.

       Era quase como se eu pudesse ler seus pensamentos – como se ele estivesse com medo de mim. Talvez pensasse que eu era algum tipo de demônio sanguinário e maníaco – e talvez, de fato eu fosse... quero dizer... todos aquelas crianças foram assassinadas por mim, não era? Foi eu que findei suas vidas e meu pai estava certo daquilo. Agora ele me temia como os outros e depois que a mamãe nos deixou, era a ultima coisa que eu queria.

       Ser detestada e temida por todos, inclusive por seu pai... isso foi o fundo do poço para mim.

       – Eu... queria sumir...

           


Notas Finais


Um massacre foi o começo de tudo! O gatilho da calamidade foi acionado! Um monstro há tempos adormecido finalmente desperta e as engrenagens do destino começam a girar; Ciara estará condenada a viver com esse fardo em seus ombros? O que seu pai fará a respeito? Tudo isso no próximo "extra"!
Espero que tenham gostado e obrigado para quem leu! Se gostaram, me ajudem com um comentário, observação ou um favorito. Agradeço desde já! ^^
Até o próximo capítulo!


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