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História Never say Never - Clace - Shadowhunters ( Parte 1 ) - Taça de champanhe


Escrita por: MaduhSilva2

Notas do Autor


Ok, oi amores ❤️ No fim deste caps, terá um +18, porém, a autora tem 12 anos então vocês quem sabe

Capítulo 10 - Taça de champanhe


" Eu estou fora de mim por você

Como uma onda, eu fui puxado para dentro

É um sentimento que eu não posso lutar

Como um incêndio, profundo

Você está levando meu coração pela tempestade

Estou perdido em seu amor, perdido em seu amor..."


Storm🔥 - Ruelle🧡


⟨⟨🧡⟩⟩


    - Quanto tempo ainda vão demorar?- reclamou Jace impaciente, o dia tivera sido totalmente corrido, acordou com os barulhos de toda a equipe que estava preparada para arrumar tudo que fosse necessário para o tão esperado Baile, mal conseguiu almoçar, e quando tentou escapar Isabelle ameaçou fazer coisas não tão legais com seu piano — apenas tocava caso estivesse melancólico —, embora sua vontade de sumir e voltar somente para sorrir falsamente aos doadores fosse grande, resolveu não arriscar.

A música melódica e doce já era ouvida até mesmo na sala de estar da mansão, Alexander aos nervos pelo futuro pedido de casamento, Simon ansioso com o fato de que provavelmente encontrariam o tal MegaMente e a demora para se arrumarem estava começando a irritar Jace, não bastava ter que incentivar o irmão toda vez que ele dizia algo como um: " Eu não vou conseguir" ou " Ele não vai aceitar " ou " Eu vou morrer ", talvez estivesse começando a cogitar a ideia de ir de livre e espontânea vontade ao evento nos fundos de sua casa. O loiro não podia esconder um nervosismo desconfortável ao lembrar do que teria de fazer; " Ela sabe que vai a Iniciação?", "... Eles sabem que tem de voltar para casa?Para sua Foguinho?", abanou a cabeça querendo se livrar das palavras de Meliorn que tanto o assombrou pela madrugada, sentiu um nó em sua garganta, teria que ir, teria que mentir para ela...

"- Sério, você está estranha - avaliou Jace estreitando os olhos em sua direção - Nenhum comentário sarcástico sobre eu querer que ande com meus seguranças...- desistiu da distância entre eles, se levantou da cadeira de seu escritório e foi até ela, erguendo seu queixo para que vidrasse seus olhos verdes nos seus - Ei, Foguinho. O que foi?

- Só...- Clary suspirou, um aperto no coração a consumiu, seu olhar embargado em lágrimas e um olhar temeroso, ela o encarou - Só estou com medo de acabar sozinha. Sozinha contra o mundo.

- Nunca estará sozinha - afirmou ele convicto, uma promessa que não foi cumprida nos três anos afastados - Não enquanto eu estiver por perto.

- Então promete que nunca vai embora?- perguntou insegura, o loiro entre abriu os lábios, e sentiu a fragilidade em suas palavras, percebeu que não havia palavras certas para usar que de alguma forma tivesse total segurança, de que ele nunca — nunca diga nunca — a deixaria. Jace se curvou a sua altura, e sorriu ao sussurrar:

- Nunca mentiria para você. Além disso, você não sobreviveria um dia sem mim. "

Ele mentiria, mentiria para ela, porquê tinha que ser tão difícil? Se ele ao menos conseguisse dizer o que sentia...

- Jace - Alexander o chamou pela terceira vez, notou a distração preocupada e receosa do irmão, todavia, sabia o que passava por sua cabeça, e uma parte dele temia por ele. Sua família ainda não sabia, não tinham lembrado de Iniciação, ou algo relacionado a líderes de Máfia espancando o Herondale, mas era claro para o moreno que uma hora ou outra, naquela noite que deveria ser festiva, acabaria se tornando uma possível despedida.

- As meninas estão descendo - anunciou Magnus orgulhoso por seu feito na participação ao vesti-las, suspirou felizardo se aproximando do namorado - Você está um gato, Alexander.

- Argh - resmungou Simon em uma revirada de olhos ao ver o casal trocar carícias e olhares maliciosos - Vão para um quarto! - exclamou, ajeitou novamente a gravata incomodativa em seu pescoço e franziu o cenho confuso - Há cinco minutos você estava aos nervos, o que mudou?

- Clary está vindo - saudou Isabelle o interrompendo, desceu animadamente a escada, com graça e beleza, seus cabelos negros presos do lado com um prendedor brilhante, o vestido longo de ombro a ombro justo e preto com um decote em V só deixava espaço para seu salto 18 da mesma cor, uma maquiagem pesada brilhosa e escura reçaltava o vermelho de sua boca - Ela está maravilhosa - elogiou empolgada - Não mais do que eu, é claro - falou gentilmente, caminhou brevemente até o castanho e sorriu - Você está muito bonito, Simon.

- Ah sabe como é, smoking e tudo mais...- brandou ansioso - Sinto falta da minha jaqueta.

- Sério, Lewis? - Alexander revirou os olhos irritadiço - Podia no mínimo elogiar minha irmã, não fazer papel de idiota.

- Você está perfeita, Izzy - se corrigiu lhe lançando um olhar de afeto, a morena se derreteu em um sorriso, quem diria...

- Sabe que ele gosta dela - sussurrou Magnus, na tentativa de acalmar o namorado ciumento - Ele apenas está nervoso - explicou calmamente, antes de arquear as sombrancelhas - E não é o único.

- Ok - Jace cortou a linha de cochichos antes que seu irmão estragasse tudo, Alec lhe deveria muito, se ganhasse um real a cada vez que interrompesse o moreno, estaria mais rico do que já é - Vamos entrar em pares, Alec fará um discurso para iniciar, Izzy uma declaração para imprensa, Simon e Magnus cumprimentam a todos, nos separamos...

- E flertamos com os ricaços - Clary complementou descendo as escadas com medo de tropeçar - Tudo bem, você só disse isso umas mil vezes.

- Moranguinho...- Alexander saudou, observou atentamente a reação do irmão, não evitando um sorriso implicante porém sincero - Está linda.

- Tenho que concordar - Simon retrucou satisfeito - Faz um tempo que não te vejo de vestido.

- Fizemos um ótimo trabalho - Magnus acompanhou o elogio do namorado, soltou um suspiro orgulhoso - Cuidado para não borrar a maquiagem.

- Que eu acho totalmente desnecessária - se opõs, segurou a barra do vestido vermelho que cobria seus pés com um decote cavado e profundo na frente, realçando seu busto, com os ombros nus cobertos pelas alças finas do tecido justo, um corte longo no vestido expunha sua perna direita, dando um destaque em suas curvas, e uma visão de um dos seus saltos vermelhos - Não que minha opinião conte.

- Aprendeu direitinho - Isabelle disse orgulhosa, olhou maliciosa para o irmão - Não vai dizer nada, Jace?

- Não precisamos flertar com ninguém - foi tudo que disse, embora estivesse esclarecendo, deixando bem claro que sua possessão reinaria naquela noite caso ela realmente quisesse deixar a mostra o que Jace tão desesperadamente se esforçava para não olhar, focou seu olhos nos dela e se aproximou para a ajudar a descer os últimos degraus da escadaria - Já comentei sobre o quão você está horrorosa hoje, Foguinho?

- Não, por favor - pediu Clary dramática, mesmo que seu olhar transpassasse desejo e o braço em um gesto possessivo agarrasse sua cintura estivesse contradizendo tudo que ele dizia, ela mesmo assim franziu o cenho ofendida - Conte-me como estou.

- Não posso - confessou em um sussurro, a ruiva sentiu o vermelho cobri suas bochechas, havia entendido exatamente o que ele dissera.

- Ok - Alexander respeitou os olhares e os códigos, cruzou seu braço com o do namorado, e soltou o ar pela boca ansioso - Hora de irmos, não é?

****

Flashs, câmeras e pessoas clamando por atenção, o tapete vermelho estendido pelo quintal da mansão dava a entrada ao enorme salão, alguns repórteres e fotógrafos desesperados por declarações sobre para que de fato era a patente daquele Baile Beneficente, alguns não esconderam encaradas curiosas ao vê-los entrarem em pares. Isabelle sorriu superior agarrada a Simon.

- Seu momento, Izzy - deliberou Jace, se esforçando para chegar a entrada, claro que uma parte sua estava receosa, afinal era a casa deles, embora tivesse toda sua segurança cercando e observando o local totalmente atentos e capacitados, e estivessem armados, temia por quem não deveriam estar ali.

-- Está lindo...- Clary ressaltou ao entrarem. O grande espaço orquestrado em tons aconchegantes como azul, afastando a noite fria, garçons com seus uniformes e máscaras andavam apressadamente com bandejas repletas em taças de champanhe, a música era de época, e animada, porém, os que ali estavam, balançavam distraidamente seus corpos enquanto conversavam com quem a muito tempo não viam, o local estava cheio, alguns fotógrafos contratados, um grande palco onde a banda tocava e cortinas do chão ao teto azuis cobriam as paredes, os lustres iluminavam o lugar trazendo um clima quente, enquanto eles lançavam olhares investigativos a cada pessoa que passavam.

- Lembrem-se - Jace murmurou a escuta em seu smoking, assim como toda sua família, ele usava uma para manter o contato caso realmente encontrassem o que estavam procurando - Estamos em uma missão. Não é um Baile qualquer...

- É o evento onde vamos sequestrar o criminoso mais procurado da América do Sul - Isabelle disse entediada ao seu lado, com o queixo erguido ela correu os olhos negros pelo local, reconheceu seguranças infiltrados, e os garçons treinados para ouvirem e observarem qualquer coisa suspeita - Ouvimos isso sem parar nos últimos dois dias - revirou os olhos lembrando de como estudou e hackeou tudo que podia para usar de vantagem com quaisquer pessoa que esperavam encontrar hoje - Relaxa, Maninho. Parece o Alec - bufou, sorrindo abertamente para flashs de câmeras que a cercavam - A última vez que vi Alec tão nervoso com algo, foi quando se assumiu aos dezenove para mamãe e papai.

- Talvez tenha algo relacionado a Magnus - sugeriu Simon, correndo os olhos pelo local - Talvez seja algo importante.

- Como um...- a morena hesitou, antes de arregalar os olhos incrédula - Ele vai pedir Magnus em casamento!

- Cala A BOCA, Isabelle - Jace rosnou indignado, havia se esforçado muito para o irmão não dizer nada, não precisava de mais ninguém linguarudo, observou Magnus e Alexander afastados já cumprimentando algumas pessoas.

- Então é verdade? - ela questionou eufórica, se virou ao irmão franzindo o cenho - Por que ele não me contou?

- Talvez por que soubesse que você faria um escândalo - Clary retrucou suavemente, soltou uma gargalhada ao ouvir os resmungos insatisfeitos da amiga, sorriu aos homens — milionários — que a olharam atentamente, suspirou ao se soltar do braço do loiro - Tenho trabalho a fazer.

- Ótimo - Simon ironizou ao ver sua expressão de indignação ao tê-la fora de seu aperto - Agora Jace vai ficar com aquela cara a noite inteira.

- Se ela quer jogar...- Jace disse arrogante vendo ela lhe lançar uma piscadela audaciosa em sua direção, virou uma taça de champanhe que tivera pego pelo garçom que passara por ele, e sorriu competitivo fixando seus olhos em Kaelie — antiga ficante — acompanhada da família milionária, ele prosseguiu em sua direção - Vamos jogar.

- Ainda bem que não somos assim - Simon disse aliviado, pensou em como estava — quase — namorando Isabelle, como sempre sabiam o que dizer na hora certa, e sobre a curta cota de ciúmes que sentiam um pelo outro.

- Assim como? - Izzy avaliou ambos irem em direções a pessoas não tão éticas, que com certeza os matariam se não fosse a imprensa presente - Tão terrivelmente atraídos pelo perigo?

- Eu iria dizer possessivos pela morte - deu de ombros, começando a caminhar entre as pessoas - Mas gostei da sua definição - franziu o cenho ao vê-la virar mais uma taça - Não acha que já bebeu demais? 

- Estou ajudando as crianças - ela argumentou.

- Como você beber ajuda as crianças? - em um riso irônico, ele perguntou interessado.

- Quanto mais eu bebo, menos elas bebem - justificou, Simon fez uma expressão satisfeita, era um argumento válido.

- Enquanto isso...- Isabelle murmurou sorridente, correu os olhos pelas pessoas e a grande faixa prateada pendurado pelo teto " Baile Beneficente ", estendeu uma taça de champanhe ao castanho - O que acha de mendigarmos dinheiro bêbados?

- Bom... - brindou com ela, vendo Jace fingir não se incomodar com as gargalhadas altas de Clary do outro lado salão, Alec suar frio e Magnus sendo o único a realmente estar pensando no dinheiro a arrecadar para as crianças - Uma ótima ideia.

*****

- O que ele faz aqui? - Jace vosciferou, não podia acreditar, trincou com tamanha força a — décima ou vigésima — taça de champanhe na mesa coberta por um pano azul marinho que temeram quebrá-la, o ruivo adentrava no lugar aparentando hesitação ao procurar alguém com o olhar, sentindo uma mão agarrar seu pulso ele não avançou de imediato.

- Eu o convidei - Clary repreendeu, convicta, estreitou os olhos em sua direção, ainda não entendia o que realmente tivera acontecido entre eles, e não seria ela a perguntar - Não faça nada.

- Mas ele... - argumentou antes de franzir o cenho incrédulo - Falou com ele?

- Ele está passando por uma dificuldade agora - foi tudo que disse, não se deixando levar pelo seu olhar preocupado furioso, não que o que descobriu sobre o irmão fosse aceitável independente das circunstâncias, porém, o perdão é uma dádiva - Não quero que faça nada, deixe ele.

- É a minha casa - esclareceu sentindo o aperto em seu pulso aumentar, seu olhar se encontrou com o do Morgenestern, ao contrário do que pensou, não ganhou um olhar desdenhoso como sempre, mas sim um arrependido, e talvez até apreensivo.

- É o meu irmão, faça isso por mim Loirinho - suplicou com os olhos verdes banhados em fofura aos olhos do loiro, sentiu a tensão nós ombros dele diminuírem, e sorriu abertamente ao vê-lo virar de costas como se nada tivesse visto - Te devo uma.

- Fará tudo o que quiser - rebateu malicioso, cobrando sua dívida, tentando ignorar o fato de que o ruivo vinha em sua direção, sorriu travesso a ela e sentiu a própria luxúria no olhar, talvez se não fosse as taças de champanhe, estivesse um pouco menos descarado.

- E o que você quer? - questionou Clary, a indiferença curiosa em sua voz parecia incomodar o loiro, ou realmente tivesse uma chance dela não fazer ideia do que ele queria, às vezes Jace realmente se queixava disso, sua inocência, embora já tivesse provado de um lado seu não tão inocente.

- O que eu quero? - indaga Jace em voz baixa, fixando seu olhar nela, a ruiva assentiu, sua cabeça cai para trás e ele ri, como de fosse uma pergunta idiota. E então, ele diz uma palavra como se fosse a pergunta mais fácil que já respondeu - Você.

- Se estivesse me cortejando mesmo - sugeriu ela com uma taça de champanhe tocando levemente os lábios, o loiro parecia apreciar atentamente seus movimentos preguiçosos cobertos em malícia - Doaria todo o seu dinheiro as crianças.

- Se eu estivesse te cortejando mesmo, não seria necessário nem dinheiro, nem crianças, apenas...- disse com um sorriso arrogante nos lábios - Cinco minutos com você em uma sala de estar.

- Boa noite - uma voz conhecida ecoou, era Jonathan, ao lado de Clary, ele parecia hesitante em estar ali, as olheiras eram menos aparentes, e o smoking preto parecia o esquentar - Não queria interromper.

- Sem problemas, John - Clary sorriu abertamente ao abraçar o irmão - Fico feliz que esteja aqui.

- Eu não - brandou o loiro, sentiu seu sangue ferver ao lembrar de seu último feito - Como consegue vir aqui, depois de tudo que fez com minha Foguinho? - questionou incrédulo - Fique sabendo, Morgenestern, que se encostar um dedo nela - se esforçou para não puxar a ruiva para si, seu instinto protetor gritava para sair, embora estivesse se controlando não só pelas as pessoas importantes que lançavam olhares curiosos, mas também por ela - Terá uma morte lenta.

- Poderia dizer o mesmo - não muito atrás, Jonathan rosnou, retomando sua postura, o encarou cinicamente - Não pense que eu não enxergo como olha para ela.

- Ok, meninos - interrompeu as encaradas mortais, ela seria o fogo a derreter o iceberg que era o ódio entre os dois - Só uma noite. É tudo que peço. Depois daqui podem continuar se odiando - pediu entre ambos - Estamos aqui, para arrecadar dinheiro e encontrar a tal pessoa. Nem mais, nem menos.

- Eu vou para o sul - acenou o ruivo querendo ajudar, sem deixar os olhos do rival - Ela ainda é minha irmã, Herondale.

- Vai bancar o irmão mais velho agora? - ironizou sorrindo como um anjo, a implicância ácida em sua voz era revigorante ao ódio implantado ali, tomou um gole de sua taça, e impôs mais uma em mãos, tombou a cabeça para o lado indicando Kaelie, que com o olhar atento observava a interação do trio - Tenho trabalho a fazer.

- Babaca - murmurou Jonathan ao vê-lo se afastar, recebendo um olhar de advertência da irmã - O que foi?

- Você prometeu - lembrou ela, uma de suas promessas ao se reconciliar com Clary era se dar bem com Jace, embora, ela mesma admitisse que seria difícil considerando as alfinetadas.

- Boa noite, senhoras e senhores - Alexander cumprimentou ao microfone, com um sorriso aconchegante a todos que prestavam atenção nele acima do palco - Agradeço a presença de todos vocês aqui hoje - saudou educado após a salva de Palmas, tendo a visão dos líderes de Máfias com olhares curiosos, embora estivessem na cidade pelo motivo óbvio que era a Iniciação, estavam presentes por pura curiosidade, e seria um eufemismo dizer que a maior parte da população presente eram foras da lei - Como todos já devem saber, o Orfanato Idrís fora destruído, nos sentimos na obrigação de ajudar nossas pobres crianças, afinal, elas fazem bagunça mas são nosso futuro - brincou arrancando risadas de todos, principalmente da família que murmuraram algo como: "Vocês não fazem ideia" - A contribuição de todos vocês aqui hoje será de grande importância... Sou Alexander Lightwood, e como todos devem saber, minha família é responsável por muitos negócios ligado a crianças, é o meu dever, assim como o de meus associados, honrar a necessidade de muitos - sorriu confiante, ele era um bom orador, dependendo dos casos, estendeu a taça de champanhe e ouviu a música aumentar ao terminar sua fala - As crianças! Uma boa festa!

- Ele com certeza vai dar para trás...- Clary murmurou vendo seu palitó já ter sido tirado pelo suor resultado de sua ansiedade, tomou um gole de sua taça e viu o olhar confuso do irmão ao seu lado - Longa história.

- Deve ter umas novecentas pessoas aqui - exclamou Simon incrédulo ao microfone, se aproximando de todos - Vai ser impossível achar alguém.

- Talvez eu não contasse com tanta gente - admitiu Magnus avistando todos vestidos de gala e o lugar recheado em risadas, e muitas negociações sendo feitas - Mas, o dinheiro está entrando.

- Não vai adiantar de nada estarmos aqui e não conseguirmos no mínimo reconhecer alguém que nos leve a...- Jace resmungou, recebendo olhares reprovadores - Eu me importo com as crianças e tudo mais...

- Posso contatar meus homens se quiserem - Jonathan sugeriu, ganhando atenção desnecessária, abaixou a cabeça constrangido pela raiva embutida em cada um deles - Não? Não, tudo bem, ok - olhou em volta e acenou brevemente para irmã - Vou ver se consigo ameaçar alguns ricaços.

- Tenham um pouco de paciência - pediu Clary apreensiva, antes de abanar a cabeça sabendo que era um caminho sem volta - Vamos acabar logo com isso.

- Por que? Não acabou de seduzir os ricaços? - Jace questionou sarcástico, com um olhar ácido e no fundo ciumento - Tenho certeza que eles precisam de mais uma dose de decote.

- E você? Também precisa? - indagou ela audaciosa, ele a encarou sem expressão, era profundo e malicioso, mas também com uma fagulha de arrependimento, não pelo que dissera — é claro —, mas pelo o que teria de fazer a seguir.

- Ótimo discurso, não acham? - quem menos queriam ver no momento, o moreno e seu tom calmo e manipulador, trajava um smoking sem gravata borboleta e uma taça de champanhe em mãos, um olhar sereno ao mesmo tempo arisco e um sorriso que cortaria vidro.

- Olá, Aldertree - cumprimentou Clary sorrindo forçadamente, sentiu o corpo tenso do loiro e o olhar atento que a família lhe davam, afinal, todos souberam da ligação misteriosa do líder da Máfia

- Não esperava vê-lo aqui - Jace conteve sua vontade de torturá-lo até lhe dizer o que diabos ele tinha de envolvimento com o ataque feito a eles, a educação sarcástica em sua voz fez a mulher ao seu lado o cutucar em advertência - Espero que esteja se divertindo.

- Tenho que admitir - disse ele correndo os olhos preguiçosamente pelo local - Sabem dar uma festa. Mas não entendi uma coisa...- franziu o cenho soando confuso - Por que se interessaria em ajudar crianças? Pelo o que eu soube, odeia crianças.

- Por que você se interessaria em tentar nos matar? - o loiro questionou cinicamente, talvez estivesse avançando demais a conversa, evoluindo a um ponto na qual não conseguiria lutar para defendê-lo depois.

- Curtindo a festa, Aldertree? - Isabelle perguntou teatralmente interessada antes que seu irmão voasse nele, e acabasse com toda a festa.

- Revendo alguns amigos - piscou para ela - E fazendo algumas doações, é claro.

- Algo tem que iluminar sua imagem, não é? - Simon sugeriu em tom irônico - Minha preocupação é que você dê uma de Capitão Gancho e seus piratas e levem crianças a Terra do Nunca.

- Ao menos - acrescentou o líder de Máfia, não se atingindo por sua ironia - A Terra do Nunca é mágica.

- Não que aja magia em seu cativeiro - retrucou Clary, ganhando sua atenção - Podem voar, mas não podem se esconder.

- Como pinguins - disse Aldertree instigado - Deviam voar, mas não voam, porém, aprendem a nadar.

- Apenas após serem ameaçados por algo maior que eles - complementou ela, deu passos a frente e o olhou mortalmente - Você é um pinguim, Victor.

- Viva as crianças - saudou Aldertree se afastando brevemente, tomando um último gole de sua taça, logo antes de pegar outra, se virou novamente a eles, como se tivesse acabado de se lembrar de algo, empunhava o champanhe como se brindasse - Sabe, Herondale, chegará um momento, em que terá de escolher. Não duvide de sua lealdade - brandou, e Simon ouviu a familiaridade em suas palavras - Tenha certeza dela.

- Pelo menos - disse Magnus - Temos quase um bilhão em conta.

- Ele é um... Espera aí, O QUÊ? - Alexander indagou incrédulo, não acreditando no que ouvira.

- Um, um bilhão...? - repetiu Simon atordoado, estava prestes a ficar zonzo.

- Não estamos aqui nem mesmo há quatro horas - disse Isabelle inacreditada, eventos assim costumavam demorar, ainda mais quando se tratava de pessoas não tão boas presentes ali apenas pelo champanhe, ademais a meta deles era apenas um milhão, tinham atingido muito mais do que esperado - Como já temos tanto dinheiro assim?

- Os rapazes ali...- Clary apontou maliciosa a um grupo de homens que riam com suas taças na mão - Ficaram doidos com a ideia de crianças serem o nosso futuro.

- Ouvi muito bem quando um disse: "Farei tudo que você desejar" - Jace ironizou desesperadamente ciumento, é claro que aqueles idiotas iriam fazer tudo que ela desejar, era apenas olhar para ela e ver sua beleza e a serenidade que seu sorriso irradiava - Tenho certeza que a grande doação foi apenas um prêmio de consolação.

- E você age como se fosse inocente - ela pontuou com as sombrancelhas arqueadas - Eu pelo menos não estou me entregando de bandeja a uma ex.

- Ela não é minha...

- Puta merda - xingou Magnus boque aberto, o tablet em suas mãos na qual indicava a quantia que era depositada em cheques em uma caixa reluzente prateada apitava sem parar, ele arregalou os olhos diante do que estava vendo - Dois. Bilhões. De dólares.

- Tem certeza que está vendo direito? - Isabelle questionou desacreditada, puxando o aparelho para si, eles cochichavam para evitar olhares, estavam tão incrédulos quanto ela - Quem doou tanto dinheiro assim?

- Um bom samaritano - disse Alexander ainda meio desconfiado, começou a eliminar pessoas que poderiam ter doado - Com certeza não foi Aldertree.

- Talvez Jonathan tenha doado para perdoarmos ele - sugeriu Simon, ganhando olhares duvidosos - Morgenestern pode ser bem convincente.

- Os lucros dele são bons, não tão bons quanto os meus, mais são bons - admitiu Jace com certa dificuldade, seu olhar atento o procurou no salão, e o encontrou conversando com algumas senhoras - Mas não tanto assim, não ao ponto de dar um bilhão de dólares de bandeja.

- Talvez seja Meliorn - apontou Clary em indiferença - Ele disse que viria.

- Com um cheque de um bilhão de dólares? - ironizou Simon - Não acho que ele ame tanto nós dois assim.

- Ou...

- Jace - chamou Alexander ansioso, estava na hora - Um instante?

- Droga - praquejou, olhou suplicante para a ruiva - O que acha de fazer isso no meu lugar?

- Fazer o quê? - Magnus perguntou curioso, interessado para saber o que estava acontecendo, rapidamente a atenção não estava mas nas taças de champanhe e os dois bilhões de dólares, mas sim no suposto grande segredo entre o trio.

- Algo de se admirar - afirmou Isabelle sorrindo travessa, pegou a ponta de seu vestido preto e puxou Simon consigo - Vamos assistir de camarote.

- Boa sorte - sussurrou o castanho para o moreno mais velho antes de ser arrastado para frente do palco entre as pessoas que lançavam olhares curiosos pelas luzes começarem a mudar de cor e a música animada ser trocada por uma romântica.

- Eu vou com você - disse Clary rindo diante o olhar de humilhação que havia na expressão do loiro, acariciou os ombros de Magnus e sorriu abertamente - Você, vem comigo.

*

- Olá pessoal - cumprimentou Jace, sem demonstrar muita coisa, no microfone e com o braço rodeando a cintura da ruiva e empunhando uma taça de champanhe, ele sentiu o incentivo dela para que continuasse - Temos uma surpresa para essa noite.

- Gostaríamos de chamar o mais lindo casal desta noite...- saudou Clary alegremente, puxando o microfone para si - Alec Lightwood e Magnus Bane!

- O que está havendo? - cochichou no ouvido dela confuso, Magnus em cima do palco sussurrando algo entre um sorriso para as palmas que recebiam, abraçou a ruiva como se não a visse a muito tempo.

- Segue o ritmo - sussurrou felizarda se separando dele - Sorria.

- Bom, muitos aqui já devem saber... - disse Alexander ao microfone após todos cessarem as palmas, surpreendentemente calmo e talvez agora sereno embora seu coração estivesse prestes a sair pela boca, ele contava uma história feliz - Há cinco anos, eu conheci o amor da minha vida - apontou com a taça de champanhe para ele - Esteve comigo nos melhores momentos, assim como superou meus piores lados. Sorriu quando estava triste e me fez rir em momentos de angústia. Presente em momentos de minha perigosa vida, sempre esteve ao meu lado, me apoiando. Me amando - confessou, naquele momento não havia mais nada a não ser eles acima daquele palco - Devo tudo a você Magnus. Você, você é minha fonte de alegria, minha luz no fim do túnel e a única coisa que me faz querer estar em casa apenas por saber que você sempre estará lá, me esperando, sempre com alguma comida maluca que sempre sou obrigado a provar - houve risadas emocionadas pelo lugar - Você sempre consegue ser tão otimista, tão incrívelmente gentil e bondoso, que às vezes acho que não o mereço, mas então, lembro que eu o amo mais do que tudo, lembro que você sempre estará aqui para me lembrar que não sou nada sem você.

- Alexander...- Magnus suspirou em meio a um barril de lágrimas, as câmeras de fotógrafos capturavam a cena depressa, o moreno entregou a taça ao irmão atrás dele e se ajoelhou com uma caixinha de veludo vermelha em mãos.

- Magnus Bane - disse Alec, o anel Lightwood brilhava nos olhos do mesmo, com o olhar ansioso e apaixonado, ele tomou fôlego - Você quer casar comigo?

- Eu...

- Aproveitando a oportunidade - se opõs Simon, com um microfone em mãos, deu um salto para cima do palco e se virou as pessoas ali - Há quatro anos, esta família me acolheu, trabalhando em sua empresa - empresa fachada, claro, porém, o castanho sorria como se sua óbvia mentira não aflingisse sua integridade - Conheci Isabelle Lightwood, depois do um certo tempo, finalmente cai na real e descobri que era cadelinha dessa deusa, e agora, aqui estou eu - apontou para si mesmo como se não acreditasse que estava fazendo aquilo no meio de líderes de Máfia e toda a imprensa presente - De smoking e com algumas taças de champanhe no organismo, sem anel, mas com o coração entregue, pergunto: Isabelle Lightwood, você quer namorar comigo?

- Eles já não namoravam? - perguntou Jace em um sussurro a ruiva ao seu lado, que por sua vez tinha lágrimas emocionadas escorrendo por sua bochecha, ele arregalou o olhar preocupado - Por que está chorando?

- Seu idiota insensível - praquejou Clary secando o rosto, enquanto no mesmo palco, havia um Alec ajoelhado perante a um Magnus chorão, Simon se declarando a Isabelle que tinha um olhar emocionado e eles ali, junto toda a platéia aos prantos, e quem se esforçava a manter a pose bandido, tinham um olhar interessado - Não vê o que está acontecendo?

- CLARY! - fora Jonathan quem gritara, do fundo da platéia, seu berro desesperado foi mais alto até mesmo do que os soluços dos que estavam assistindo a tudo.

Um disparo. Taças de champanhe atingindo o chão com agressividade assim como todos corriam e se empurravam em direção a saída. Todos correndo, Jonathan se esforçava para chegar até a irmã, um tiro apenas tivera sido disparado, mas ele a viu cair, a viu sucumbir até o chão.

- Puta que pariu - Alexander puxou Magnus consigo em direção ao chão do palco, ofegante, a caixinha de veludo voou de sua mão, ele não podia acreditar que aquilo estava acontecendo justo naquele momento.

- Droga de taça de champanhe - praquejou Simon ao sentir uma farpa do vidro ultrapassar a sola de seu sapato enquanto pulava do palco em direção a Isabelle que há muito tempo já estava embaixo do objeto grande e retangular de madeira, o castanho entrou para debaixo do palco na qual o tapete grosso vermelho cobria as laterais, onde não estavam a vista de todos, muito menos dos supostos tiradores - Você está bem?

- Você está? - perguntou a morena engatilhando sua arma que antes presa em uma faixa amarrada em sua coxa, não ousou mexer através do pano, mas podia ver vultos através do tecido vermelho correrem e gritarem desesperados diante aos tiros - Trouxe a sua?

- Nunca saio sem...

- Clary! - Jonathan gritou novamente, isso os alarmou, em meio aos gritos e os tiros, o contra ataque dos seguranças e os garçons, conseguiriam ouvir seu desespero, embora, pelo tempo entre os gritos e disparos, indicava que ele estava atirando, em direção a quem eles não sabiam.

- Clary, na escuta? - chamou Simon se rastejando com a morena - Está me ouvindo?

- Tem alguém na escuta? - Isabelle questionou preocupada ao microfone, abanou a cabeça atordoada, pela primeira vez se sentiu impotente, não sabia quem estava atirando, por onde os tiros eram disparados, muito menos quem tivera sido atingido - Droga.

- Estou aqui - era Alec, sua voz ofegante ao aparelho - Estou com Magnus, vamos por detrás do palco até a mesa de bufê, a usamos como escudo, e até lá fazemos algo.

- Jace e Clary - perguntou aflita, não tivera comunicação com eles, e Jonathan gritava a irmã desesperado, não podia imaginar o que realmente tinha acontecido, houve um silêncio - Alec, responda.

- Eu não sei - disse o moreno nervoso - Os tiros começaram e eu corri com Magnus, vi Clary cair, mas não pude ir a até ela...

- O quê? - Simon indagou incrédulo, arregalou os olhos, não poderia ter falhado em sua missão de protegê-la apenas pra um capricho - Ela...

- Devem estar aqui em cima - acalmou Izzy apontando para o palco acima de suas cabeças - Clary é esperta, deve ter se escondido em algum lugar. Além disso...  - acrescentou prestes a sair de debaixo de sue esconderijo - Meu irmão não deixaria nada acontecer a ela.

***

Minutos antes...


        - CLARY! - Jonathan gritou em desespero, um tiro, certeiro, o ruivo enxergara o lazer vermelho apontando bem no meio de seu peito, o alvo estampado em seu vestido ironicamente vermelho sangue, uma arma, um tiro.

- Não! - ela gritou assustada, não houve tempo, não sentiu nada, não viu ou ouviu nada que pudesse explicar o que tivera acontecido.

Apenas viu o vulto de Jace se lançar a sua frente, e cair em cima dela diante ao tiro. Ele tinha sido atingido, atingido por culpa dela. As taças de champanhe, uma, duas, três, caíram no chão, se despedaçando pelo fatídico palco, o vidro não machucou Clary, não tanto quanto a sensação de saber que Jace tivera sido atingido por sua causa, por ela.

No intervalo de uma semana, sete dias foi o tempo em que ela ficou sem ter que carregar um Jace desmaiado, Clary ignorou o tiroteio, as lágrimas, ignorou o vidro, os gritos, vozes a chamando, ela o puxou pelo palco inconsciente até por de trás de uma pilastra, chegou a ouvir seu nome novamente ser chamado, mas em algum momento, ela tivera paralisado.

- Aqui - ela se ouve dizendo, se escorou na parede comprida e olhou para o loiro desmaiado ao seu lado, franziu o cenho. Não havia sangue.

- Você está bem? Está ferida? - Jonathan a alcançou detrás do palco, se ajoelhou e a abraçou forte e aliviado, ainda armado e em sentido alerta, encarou o corpo desmaiado e arqueou as sombrancelhas em alegria - Ele morreu?

- Não, Jonathan - negou ela impaciente vendo o mesmo tomar fôlego desesperadamente, ouviu o resmungo decepcionado do irmão - Ele não morreu.

- Puta merda - Jace disse ofegante, arrancou os botões de seu palitó e de sua camisa branca social, assim como a gravata o sufocando, respirou fundo ainda deitado no chão - Colete a prova de balas sempre tem que acabar com a graça.

- Seu filho da puta - xingou Clary entre dentes, tirou a bala presa do material policial e sentiu seu rosto formigar vermelho em raiva - Pensei que tinha levado um tiro.

- E me arrastou até aqui? - se sentou olhando através de cortinas o quão longe estavam do centro do palco, franziu o cenho irritado - Quantas vezes tenho sue te dizer que é para ir embora quando algo assim acontecer?

- Você é inacreditável - disse furiosa, rasgando um pedaço de seu lindo vestido que com certeza a atrapalharia, tirou uma Glock G25 que ele mesmo a obrigara a manter consigo, na faixa vermelha de sua coxa, a engatilhou e ambos os homens ali temeram que ela usasse contra eles - Na próxima, eu juro que te deixo morrer. Com um tiro na cabeça. Morrer, pronto.

- Me deixar morrer? - indagou Jace desacreditado, se levantou também tirando sua 37 do cós de sua calça - Eu me joguei na sua frente!

- Então não faça mais isso!

- Faça sim! - ordenou Jonathan entrando na discussão, por mais que detestasse a presença do Herondale, se ele estivesse disposto em se sacrificar por ela — mesmo que achasse impossível ele se importar com alguém além dele mesmo —, poderia aturá-lo - Agora, vocês querem ficar aqui gritando um com o outro, ou ver quem é o imbecil que está atirando.

- Seus machistas de merda - praquejou Clary novamente diante a mesma situação, bufou tirando os saltos jogando neles  tomando a frente em meio aos disparos - Pode ser uma mulher. A mulher é o único ser que consegue identificar o quão idiotas vocês são, destruímos vocês todos os dias - ela disse, tropeçou nós próprios pés revirando os olhos arrancando uma última faixa de seu vestido vermelho - Uma América Singer. Idiotas.

- Uma taça de champanhe cairia bem agora - disse Jonathan depois de levar um belo salto alto na cara, seguindo atentamente os passos da irmã, acenou para Jace brevemente - Você primeiro - sorriu ironicamente vendo-o bufar em raiva - Príncipe Maxon Schreave.

***

- Isabelle - Clary chamou ao microfone novamente, os tiros tinham cessado por segundos, então ela a avistou no lugar aos pedaços - Izzy, graças a Deus.

- Você está bem? - a morena perguntou cautelosa, todos viraram para ela ao ouvir sua voz.

O salão estava uma bagunça, as cortinas azul marinho rasgadas, o palco com buracos de bala, assim como as enormes portas de vidro do chão ao teto que provavelmente foram por onde as balas disoararam, câmeras e assessórios no chão, o tapete vermelho manchado, taças e gargalos de champanhe quebrados no chão, as longas mesas de bufê viradas de lado servido não só de escudo, mas também como um ponto para eles e os seguranças atirarem.

- Está machucada, Moranguinho?- Alexander perguntou preocupado - Eu a vi caindo, mas não pude...

- O que você fez com o vestido? - questionou Magnus incrédulo, as costas contra a mesa virada e um olhar doloroso a ruiva - Que dor! Era um Prada vermelho. Eu vou morrer.

- Onde está Jace? - Simon indagou após uma revirada de olhos diante ao seu drama aquela situação.

- Está com Jonathan falando com os seguranças - Clary deu de ombros, ofegante, todos pararam de discutir sobre como sairiam daquele tiroteio imediatamente e a encararam com os olhos arregalados.

- Você deixou os dois sozinhos? - Isabelle disse indignada, não imaginava os dois juntos.

- Armados? - Alexander soou desesperado.

- No meio de um tiroteio? - Magnus abanou a cabeça incrédulo - Ótimo, além de estragarem meu pedido de casamento vamos ter que ir a um funeral...

- Tinha me esquecido! - exclamou a ruiva, se virou para eles e sentiu o sorriso brotar em deu rosto - Você aceitou o pedido?

- É - afirmou Alec, sentindo sua insegurança voltar novamente - Você aceitou o pedido?

- Por que ninguém vai perguntar sobre o meu pedido? - questionou Simon ofendido, também tinha quase morrido para fazê-lo, a morena o beijou como resposta - Podem falar o quiserem, o melhor pedido foi o meu.

- Sim, Alexander - disse Magnus com o sorriso mais lindo que já tiveram visto - Eu aceito me casar com você.

- Parece que eu cheguei na melhor parte - saudou Meliorn, armado até os dentes e com o smoking impecavelmente arrumado, sorria como um anjo em pé diante eles.

- Seu maluco! - Clary o puxou contra o chão para detrás da mesa - Não está ouvindo os tiros?

- São o Praetor - deu de ombros, se levantando ajeitando a manga de seu palitó, como se limpasse a poeira e não pudesse sujar sua roupa para um grande evento - Vão pegar quem está atirando, interrogar, depois fazer parecer como se apenas tivesse havido uma simples revolta contra uma Instituição de Caridade... - estendeu a mão para a ruiva e se movia como um anjo - E então, arrumar um bote expiatório.

- Tinha quase me esquecido sobre sua capacidade de fazer as coisas acontecerem - comentou Simon revoltado.

- Esse Baile vai entrar para história - Isabelle se levantou avaliando as unhas que como sempre estavam impecavelmente perfeitas, assim como seu vestido e cabelo, ela sorriu retrocedendo todos os eventos que aconteceram naquela fatídica noite.

- É realmente memorável - Magnus sorriu apaixonado ao — agora — noivo, o beijou carinhosamente - Acho que temos mais uma festa a planejar...

- Então está tudo certo? - indagou Isabelle confusa - Não temos que nos esconder, apagar dados, subornar jornalistas e policiais ou algo do tipo?

- Tem amigos influentes, Lightwood - disse Meliorn orgulhoso - Agora, vamos descobrir como eles passaram pelas seguranças do Herondale.

- Vamos cuidar disso amanhã - disse Alec, encarou o relógio em seu pulso e arregalou o olhar pela madrugada já iniciada - Ou um pouco mais tarde - abanou a cabeça abraçado ao namorado - Precisamos dormir, hoje será um dia cheio...

Alexander evitou lembrar do que aconteceria pela manhã, evitou olhar nos olhos da família — principalmente de Clary —, sabia o que iria acabar sendo efetuado e não teria dinheiro, ou um pedido que mudasse isso.

- Ele deve estar furioso...

****

A noite densa e fria não aparentava incomodar Jonathan, seus passos eram lentos atravessando a mansão do Lado Sul, um lugar na qual nunca imaginou pisando de novo se não fosse em questão de negócios, mesmo que estivesse relutante em deixar a irmã ali, entendeu que era onde ela queria estar, e devia respeitar isso. Riu silenciosamente ao notar alguns seguranças o encarando desconfiados, assim como um deles ao lhe entregar seu carro, claro que não confiavam nele, assim como ele não confiava neles, a questão era que Jonathan teria que se aquietar em apenas ficar no resguardo pela irmã, devia isso a ela, e depois de sua quase morte na eventual noite, só concretizou que o ruivo teria de protegê-la, acompanhada do Herondale ou não.

Morgenestern também era um líder, o Chefe do Tráfico do Norte, sendo assim, também teria que ir a Iniciação, porém — não propositalmente —, ele sabia que não devia nada a ninguém, não seria espancado, não tanto quanto o Herondale provavelmente seria, o eufemismo do milênio seria dizer que sentiria alguma coisa quando tal coisa acontecesse, mas não podia evitar uma revirada de olhos exausta ao se lembrar que teria de no mínimo tentar não rir quando algo realmente grave acontecesse a Jace, não por ele em si, claro, mas sim pela irmã. Clarissa era a pessoa mais importante na vida de Jonathan, mais do que Lilith um dia foi, a felicidade dela, era significante a ele, logo, sua vontade deveria ser feita, afinal, o ruivo mais velho sabia que a irmã não se importava com o dinheiro, bens, drogas ou álcool, e sim com o coração, e se é que Jonathan tinha um, ele teria que no mínimo, fingir que se importava, porque assim como Jace, faria qualquer coisa por sua felicidade e isso não incluía uma taça de champanhe.

- Alô? - perguntou ao telefone, colocando o cinto de segurança e ajeitando o retrovisor do carro, ela ligou o farol esperando uma resposta.

O silêncio na linha telefônica parecia clássico de um filme de terror, uma respiração pesada na chamada e uma sensação de que não aconteceria nada bom, Jonathan se endireitou no banco do motorista no carro, uma tensão percorreu seus ombros.

- Quem está na linha? - seu mundo era perigoso, tivera aprendido a desconfiar de tudo e todos, uma simples ligação poderia mudar totalmente sua vida, ou o fim dela.

- Jonathan Morgenestern? - alguém usava um modelador de voz grave e com um endurecedor sotaque, a saudação desconhecida não esperou uma resposta - É um prazer falar com você novamente.

- Quem está falando - Jonathan vosciferou, apenas alguns tinham o número de seu telefone, ou falavam com ele com tamanha intimidade.

- Alguém que procura um aliado - disse a voz - Um aliado contra seu maior rival. Jonathan Herondale.

- O que quer comigo? - indagou o ruivo cínico, não tivera saído do lugar com o carro, não até ter certeza de que a Mansão onde sua irmã estava estaria segura, acenou brevemente a um dos seguranças que entenderam o sinal como um alerta, ao menos quando se tratava de segurança eles o ouviam, embora as falas de seu Chefe ecoassem por suas mentes: "...qualquer um que tentar impedir isso... Pagará com a vida".

- Quero que mate-o - comandou, como um matador diria a um assassino de aluguel, como se suas opiniões e ideais fossem reduzidos a nada.

- E porquê eu faria isso? - questionou Jonathan ironicamente, mesmo que uma parte sua dissesse que não seria tão difícil.

- Porque o odeia - comentou a voz coberta em indiferença - E eu também, então faremos um acordo.

- Você mirou uma arma para minha irmã está noite - rosnou o Morgenestern - Sei que você fez isso e também sei que iremos pegar você, e o matar.

- Nós? - indagou o modulador de voz soando surpreso - Está do lado deles agora?

- Nunca ficaria ao lado do Herondale - negou ao telefone.

- Mas o defende, o defende mesmo eu te dando a oportunidade de o matar...

- Eu não faria isso - esclareceu o ruivo - Não pelos meus sentimentos, é claro. Mas porque arriscaria meu cargo como Chefe e nenhum rancor contra o Herondale compra isso.

- Então é disso que se trata? Poder? - manipulou a voz, desconhecida e falsa, soltando uma gargalhada - Soube que a Máfia de Londres está com um Chefe interino, nada melhor do que um legado assumir os negócios do pai. O que acha de sair do cargo de cuidar do Tráfico, e começar a brincar com algo a sua altura?

- Como você...

- Tenho amigos influentes - disse a voz - Em sete horas você estará em Londres sendo escoltado por meus capangas e atendendo pelo nome de Líder da Máfia. A escolha é sua.

Hesitação, ele hesitou, após toda a guerra não só contra Jace, mas contra Valentim, ele pensou na ideia de matá-lo, e se não fosse por Clary, ele o mataria. Com prazer.

- Vai se ferrar!

*****

- Pode deixar que eu vá no seu lugar - sugeriu Alec novamente em um sussurro, a mansão estava quieta, todos deviam estar dormindo e a madrugada fria os mantinha embaixo dos cobertores, exceto os irmãos, no escritório do loiro, o mais velho tentava o convencer a não se entregar diretamente ao perigo, a provável morte - As regras não dizem que o Chefe deve ir, ao contrário disso, elas ditam que aquele na qual está no comando pode enviar um subordinado, um representante. Eu sou o tal.

- Alec, você está noivo! - exclamou Jace - Não vou fazer isso, nem com você, nem com Isabelle, muito menos com Magnus.

- Uou - o moreno cambalheou para trás, arregalou os olhos, não era isso que esperava dele - Você realmente quer ficar. Quer realmente viver, não é? - concluiu incrédulo - Quer viver por causa dela.

- É tudo por causa dela - admitiu, encarando uma garrafa sobrevivente de champanhe em sua mesa - Vão matá-la.

- Mas o ataque de hoje...

- Lembra o que conversamos? - não esperou uma resposta - Que tinha uma chance da pessoa que está fazendo isso querer me atingir... - ele suspirou, esfregou os olhos melancólico - Encontraram meu ponto fraco - confessou derrotado - O ataque ao prédio foi bem quando disse a Aldertree que não iria a Iniciação. O ataque hoje, foi bem quando eu estava próximo dela, bem quando confrontei Victor - encarou o chão não querendo imaginar o que teria acontecido caso não tivesse se lançado contra ela - Estava com o braço em sua cintura, quando me curvei para sussurrar em seu ouvido sobre o porquê dela estar chorando, atiraram, miraram. Nela.

- Eu...- Alec não tinha mais o que argumentar, ele estava certo, e embora fosse uma decisão difícil, entre o irmão e sua Moranguinho, sabia que acabaria escolhendo ela, não pelo o que sentia realmente, mas sim pela culpa.

Pensou em como olharia para o irmão sabendo que foi a causa de uma hipotética e apavorosa ideia da morte de Clary, talvez escolhesse a ruiva não pelo fato de a amar profundamente, mas sim sobre o que isso faria com o irmão, ou talvez ele se entregasse por ambos.

- Não diga nada, Alec - pediu, puxou os fios loiros e sentou-se apavorado, isso nunca acontecia, se perguntassem ao Jace há três anos atrás sobre a ideia de morrer, ele riria, soltaria uma gargalhada sonora e pediria uma garrafa de champanhe para comemorar sua última madrugada, porém ela apareceu, e foi como se ele acordasse, como se finalmente tivesse algo para que viver, como se enfim não precisasse beber a garrafa toda, mas sim uma taça por vez - Se tudo der errado amanhã, e eu não voltar - abanou a cabeça, estava se tornando dramático demais para ele - Não deixe Izzy perto do fogão, nem Magnus adotar todas as crianças e acabar gastando os dois bilhões de dólares em roupas, muito menos o Simon dentro do quarto de Isabelle, ele tem que ser ofendido duas vez ao dia ou então ficará insuportável - comandou sério, então ela, um sorriso se formou no canto de seu rosto - Mantenha Foguinho quieta, tomando os remédios e longe do Morgenestern, na verdade...- ele se curvou na mesa ficando de pé, escrevendo algo no papel e o irmão se aproximou dele, preocupado - Vou anotar, ou você vai esquecer.

- Jace...

- Ela tem alergia a pelo de gato, amendoim e nozes. Pega resfriado fácil - listou, não estava o ignorando, não o ouvia, a mente dele girava, girava em torno dela - Muito fácil... Ibuprofeno não funciona nela tem que ser o outro, o remédio vermelho e amarelo.

- Jace...

- Precisa do remédio de ansiedade, o fornecedor é esse aqui, não pode ser outro, ou ela passa mal - tomou fôlego, encarou a folha de papel na qual escrevia e forçou sua mente a se lembrar de mais alguma coisa - Quando tem pesadelos, ela tem que cobrir os pés, porque sente frio, e diz ela que se não os cobrir vai sonhar, e eu...

- Irmão - pela primeira vez, a primeira vez em sete anos, Alexander abraçou o irmão, um abraço verdadeiro, retribuído e fraterno, não sentiu Jace ironizar ou se afastar como sempre fazia, apenas sentiu as lágrimas do irmão contra sua camisa, em outro momento, o moreno arregalaria os olhos, ao contrário disso, ele afagou o ombro dele em consolo, sabia o que ele temia e não podia deixar de temer também - Eu vou cuidar dela - garantiu - Eu prometo que nada acontecerá a ela. Juro que irei protegê-la.

- Eu sei que vai - disse Jace, enxugou as lágrimas e viu o irmão sair do seu caminho, ele lhe lançou um olhar confuso.

- Vai logo - ordenou Alec.

- O que...

- Anda logo, Jace - mandou enxugando as lágrimas que escorriam por sua bochecha, encarou o chão por alguns segundos e sorriu suavemente sabendo que ela era sua maior chance de faze-lo ficar - Vá falar com ela. Eu sei que quer.

*****

- Magnus, pela milésima vez...- praquejou Clary caminhando até a porta de seu quarto, fazendo um coque em seus cabelos sentindo os pingos de água escorrerem por seu corpo coberto apenas por um moletom - Eu não vi o anel Lightwood. Não acha que ele deve ter...

- Oi, Foguinho - disse Jace, ela arregalou o olhar, ele estava acabado, com os olhos vermelhos indicando que havia chorado, e Jace nunca chorava, com os cabelos bagunçados, uma calça de moletom e com os pés descalços, seu corpo antes apoiado na porta pareceu eventualmente tenso, o nervosismo o assolou e ele não saberia dizer o por quê - Posso entrar?

- Claro...

Silêncio, eles ficaram se encarando. Seu quarto era decorado em vermelho e branco, a TV ligada em algum Romance que a ruiva gostava e com apenas os abajus e luzes amareladas acesas, o cômodo de almofadas e poltronas era aconchegante, e romântico.

- Vim ver como você estava - usou uma desculpa qualquer como qualquer adolescente daria ao pai de sua namorada, olhou em volta do quarto e viu a porta da varanda aberta - Você é frienta, por que isso está aberto?

- Eu não consegui... - mas ele já tinha ido, fechado as duas portas que antes emperradas, rolaram pela borracha, o vidro fez um barulho de trinca ao fechar, cortando o frio que entrava no quarto, Clary se perguntou sobre como ele não estava com frio, sem camisa e descalços, passou a acreditar que realmente era frienta, então reparou algo em suas mãos - Uma garrafa de champanhe?

- Pensei que devíamos comemorar - disse, estendeu a ela duas taças que se encontravam em um carrinho se bebidas ao lado da escrivaninha oposta a cama - O Praetor nos deu meio milhão de dólares como indenização pelo, incoveniente.

- Inconveniente? - questionou Clary incrédula, após soltar uma gargalhada na qual o fez sorrir, principalmente ao vê-la aceitar uma taça - Devia ter me acostumado com tiroteios.

- Ou, se acostumar a cuidar de crianças - Jace sugeriu enchendo sua taça, estava enrolando, sabia disso - O que acha de virar professora? Te faço uma identidade e um passaporte falso e não precisa se preocupar com o salário do governo. Faço questão de mandar uma quantia gorda de dinheiro todo mês. Na verdade, nem precisaria trabalhar - aconselhou, abanou a cabeça ao imaginá-la casada e com filhos, com outra pessoa, alguém hipotético, mas talvez ela estivesse feliz, feliz sem ele - Pode adotar um cachorro...

- Quando vai desistir de me mandar embora? - perguntou surpreendentemente calma, o olhou de um jeito profundo e caçador de algo que indicasse o que estava sentindo no momento, ela sorriu notando sua hesitação ao responder - Sabe que não vai conseguir.

- Diga isso ao Magnus - zombou ele em um riso - Ele está até agora negociando com o Praetor para entrar no salão e encontrar o anel Ligthwood.

Clary pensou em beijá-lo.

- Sério? - indagou após um risada, o quarto escuro parecia refletir não só ela, mas todos os focos de luz em seus profundos olhos azuis.

- Sério - afirmou rindo também, com a taça de champanhe na mesa, ele sentiu a tensão que resplandeceu no cômodo, enfiou as mãos nos bolsos do moletom e se martelou mentalmente por não ser sincero de uma vez.

Ela pensou em beijá-lo de novo. Olhou para aqueles olhos sombrios e viu um pouquinho de vida. Seu coração disparou, sem querer deixá-lo ir embora tão cedo.

- É melhor eu ir - disse Jace.

- É melhor você ir - disse Clary.

Pensou novamente em sua vontade de beijá-lo.

- A não ser que você fique - sugeriu ela, e o viu levantar a cabeça repentinamente surpreso.

- A não ser que eu fique - afirmou confiante.

Antes de praquejar, cambalheou passos para trás e puxou os fios loiros quase em desespero - Não posso, não posso fazer isso.

- Fazer o que então, Jace? - ela gritou, acabou a paz, o silêncio, não aguentava mais ter que fingir que não sentia, fingir que seu coração não parava a cada vez que pensava que algo banal ou medonho ocorresse com ele, não aguentava mais fingir que não se importava com ele, que talvez o amasse - Fingir que nada está acontecendo entre nós? Me perdoe, mas eu não consigo fazer isso. Não consigo fazer isso com nós dois, Loirinho.

A porta bateu. Ele já não estava mas a sua frente, o silêncio voltou, e se não fosse o tapete de veludo branco em seus pés, a ruiva sentiria frio nos pés, é por lá que sente um pesadelo chegando. Ela encarou a parede vermelha a sua frente, recheada em quadros e encarou a taça de champanhe em suas mãos, não poderia acabar assim, não sem ao menos uma explicação. Por algum motivo desconhecido, ela abriu a porta, e ele estava lá, com as mãos apoiadas no batente da porta, estava ofegante como se tivesse feito muito esforço apenas por se libertar ao dizer o que sentia.

- Não me importo - ele se ouve dizendo - Estou cansado de fingir que posso viver sem você. Não entende isso? - questionou desesperado, ela sorriu por sua declaração, ele enfim respondeu sua pergunta - Não vê que isso está me matando?

Ele estava se afogando, e já era tarde demais. Ele a alcançou como um drogado buscando desoladamente a droga na qual jurou jamais tocar outra vez após decidir que é melhor arder logo em uma chama do que viver para sempre sem ela.

Clary entrelaçou os dedos nos fios loiros de Jace, acariciou sua bochecha e sentiu as lágrimas salgadas que haviam escorrido, ele apertou sua cintura coberta apenas pelo moletom azul marinho dele e sentiu o gosto de sua boca mais uma vez. Os lábios se chocando furiosamente. As línguas batalhando em um padrão lento e erótico e depois insaciável e sedento, em algum momento, ele a guiou para dentro do quarto, batendo a porta com o pé que em algum momento de lucidez temeria acordar alguém, embora, outra coisa fosse acordá-los naquela extensa madrugada. Clary não o deixaria no comando por muito tempo, mesmo sendo consideravelmente mais baixa que ele, o prensou contra a porta revestida em branco e colou suas testas sugando o ar para seus pulmões.

- Não, não...

- Você, não quer? - questionou confusa, ofegante sentindo seu coração martelar contra seu peito, não era idiota, sabia quando alguém a desejava, e esse era um dos casos. Ela sorriu ao vê-lo se engasgar com as palavras, chegava a ser engraçado a forma como ele era super protetor e cuidadoso com ela, o modo como perdia o controle e temesse que não conseguisse apagar o fogo, ou parar de beber a suposta taça de champanhe, na qual deveria ser punida assim como o desejo ardente que resplandecia sob seus lábios rosados.

- O quê? - indagou incrédulo, não saberia explicar porquê estavam sussurrando, mas ele gostou disso, do silêncio, como nos velhos tempos, em segredo. Jace riu pelo nariz diante a sua pergunta idiota, juntando ainda mais seus corpos - Eu sou louco por você, Foguinho - confessou ele, sorriu ao vê-la corar, pôs uma mecha de seu coque agora solto para detrás de sua orelha, e hesitou - Só não quero que pense que estou aqui, apenas para...

- Então admite isso? - perguntou Clary maliciosa, sabendo exatamente como mexer com ele, tirou seu moletom preguiçosamente, ficando nua a sua frente, sem nem mesmo se importar - Admite que está me provocando?

- Diga " provocando " de novo - pediu Jace, embora não olhasse em seus olhos e sim para cada pedacinho de seu corpo, com o olhar coberto em luxúria e com sua íris escura de desejo ele deveria dizer: " Quem está me provocando é você ", mas não poderia se render, não mais do que já era rendido a ela - Sua boca fica provocativa quando diz isso.

- Mas...- disse travessa agora notando a taça de champanhe no chão, amortecida apenas pelo tapete de veludo, sentiu o líquido molhar seus pés, mas o frio desta vez não a incomodou, sorriu com malícia - Não está olhando para minha boca.

Jace sorriu. Maldosamente, o olhar sedento e o sorriso como o de um anjo. Ele a puxou novamente para si provando de sua boca, percorrendo com as mãos cada parte de seu corpo, a ouvindo arfar contra sua boca a cada aperto, ela arranhou seu peitoral nu e não evitou um gemido baixo ao sentir-se novamente imersa por seu toque sedento e ninfomaníaco.

- Não está com pressa? - ela arfou ofegante contra sua boca, prensada contra a porta com beijos molhados depositados em seu pescoço, mordeu o lóbulo de sua orelha e sorriu maliciosa - Já é de madrugada.

- Temos todo o tempo do mundo - garantiu ele.

Colada a porta fria, Clary sentiu todos os seus músculos enrijecerem a cada passo que Jace trilhava beijos molhados em um diabólico itinerário por cada pedaço de seu corpo frio. Os lábios macios aparentavam não ter pressa ao chegar em seu destino porém, de maneira oposta, saboreavam como uma calma inacreditável e torturante no percurso perverso que era desenhado.

- Jace...- ela suspirou ao senti-lo chegar em sua intimidade, a respiração descompassada e totalmente rendida a ele, não poderia parar, precisava dele, para sempre.

Clary pensou ter ouvido uma leve risada, parecido com um ruído satisfeito, antes de sem qualquer aviso prévio, ou cerimônia ser totalmente invadida pelos lábios maliciosos. A boca sugava e se arrastava alastrando-se como gasolina em um incêndio.

Seus gemidos eram ouvidos e entoados como música. Jace se ergueu, a beijando para que provasse de seu próprio gosto, mas desta vez, a calma e a delicadeza era presente, de forma na qual faria borboletas se formarem na barriga, algodões voarem ao seu redores ou nuvens o fizessem flutuar, Clary gemeu contra sua boca o puxando mais para si, fazendo com que suas intimidades se tocassem por breves e prazerosos momentos.

- Não quero que isso acabe - ele sussurrou - Quero ter você comigo, todas as noites, quero poder dizer que você é minha.

Ela ofegou, com o corpo mole no entanto nenhum pouco cansado, derretida por ele, por sua voz, por seu corpo, por quem ele verdadeiramente era com ela. A forma como ele a tocava, como se tivesse medo de quebrá-la em pedacinhos, como um sapato de cristal ou uma taça de Champanhe, da forma como a olhava aparentando desespero ao ter a breve e rara sensação de que de alguma forma ela fosse embora, a possessão e a proteção embutida no jeito como seu braço sempre rodeava sua cintura, com desejo ardente ou como uma triste despedida.

E algum momento com seus corações martelando em uma sincronia desesperada, Clary o guiou até a cama de forma com que seu corpo montasse em cima dele, o beijando com fervor.

- Não quero que nós dois deixe de existir - declarou Clary pausadamente - Não quero que tudo volte e nos tornemos apenas dois estranhos com memórias.

Por alguns minutos, eles pararam o que estavam fazendo, não rompendo o desejo, claro, porém a profundidade em seus olhares e a dor da saudade que sentiriam depois era deprimentemente torturante e prazerosa. Ela rebolou em seu colo, como uma dança sensual, com os olhos fixos nele intercalando-os com beijos sedentos, como uma apresentação de striptease erótica, entretanto, algo parecido com uma despedida sensual, algo como a última noite, uma noite para viver tudo, roubar um banco ou rasgar a roupa apaixonados, a melhor de vossas vidas.

- Admita - Jace gemeu, ao sentir sua mão dentro de sua calça, na qual por  pouco tempo estaria em seu corpo - Seja minha.

Clary sorriu, maldosa, o moletom não estava mas entre eles, seus sexos se tocando fazendo ambos gemerem e irem a loucura conforme se chocavam. Ele a penetrou, com pudor, necessitando daquilo tanto quanto ele, cruzou as pernas em seu quadril querendo nunca mais parar com aquilo, aquele jogo que no fim sempre dava errado, talvez realmente jamais conseguissem superar o que quer que acontecesse entre eles, o que quer que sentissem, quaisquer resquício do amor encoberto que sentiam seria depositado naquela madrugada, nos corpos colidindo em sincronia insana e torturante como um incêndio, como chama entrando em contato com o álcool de uma taça de champanhe, ambos se chocando da melhor forma que poderiam descrever o que sentiam. Na cama. Xingando e murmurando coisas desconexas um para o outro, intercalando entre gemidos de prazer estasiado e beijos fervecentes e de forma altamente inflamável. Chama. Tudo por causa de uma taça de champanhe.

- Não seja possessivo - Clary reprendeu, seus seios se chocando contra seu peitoral enquanto calvagava em seu colo, Jace apertou sua bunda auxiliando seus movimentos fundos e torturantes - Vamos queimar juntos - gemeu, suas estocadas a invadindo a fazendo sentir como se explosões de prazer a invadissem como radiação entrava em contato com a pele humana e a taça de champanhe molhava o tapete - O fogo encontrará a gasolina esta noite.

***

- Você está quieto - avaliou Clary, virando seu corpo nu por debaixo do lençol fino em sua direção, sorriu um pouco tímida, com o vermelho cobrindo duas bochechas um traço de insegurança percorreu seu corpo.

Após, muito prazer sendo colocado em dia de forma brutal e insaciável, ambos caíram suados na cama, encarando o teto, com respirações desreguladas totalmente inertes sobre o que realmente tivera acontecido. A ruiva se sentiu estasiada, em nenhum momento se esqueceu de seu toque, da saudade que a consumia, o modo como sentia como se uma parte sua fosse arrancada a cada vez que ele ameaçava ir embora. Jace, tinha receio, receio de não ser o suficiente para ela, de não poder a fazer feliz, Clary era um raio de sol, que amava filmes românticos, sorvete de passas ao rum, tequila e calor, sempre tão disposta a dar um sorriso, tão amorosa e simpática de forma que qualquer um quer ter por perto, Jace era o oposto — ou se tornou o oposto —, frio e calculista, sabia diferenciar prazer do amor, ao contrário de sua inocência, ele era um assassino, alguém na qual era sempre destinado a acabar sozinho.

- Eu, o que, você se arrepende...

- Ei, calma - Jace acariciou sua bochecha a mantendo deitada, se não fosse o medo de ser lançado pelo segundo andar riria de sua expressão ansiosa e assustada, ele sorriu de forma tão genuína, tão abobadamente amorosa que afastou qualquer coisa de hesitação - O que acabou de acontecer. Bom, muitas vezes, muitas formas, muitos lugares - franziu o cenho reflexivo, a traquinagem em seu sorriso implicante fez a ruiva lhe da rum soco no braço - Acho que devíamos pedir para trocarem a porta, deve estar quebrada.

- Você é insuportável - Clary inevitavelmente riu, batendo nele com um travesseiro, sabendo que ele não esqueceria tão cedo de sua boca implorando por mais.

- Hoje, está noite - brandou ele sério, olhou rapidamente para a varanda e viu uma faísca indicando que em poucas horas amanheceria - Foi algo que eu devia ter feito desde o momento em que voltou para mim.

- Tenho certeza que sexo você consegue em qualquer lugar - retrucou tentando fazer pouco caso, revirou os olhos - Não é como se eu fosse...

- Você é perfeita - afirmou Jace convicto, com metade do corpo por cima dela rodeando uma mecha de seu cabelo nos dedos - Cada pedacinho seu, é, como o inferno de Dante.

- Devia agradecer?

- Você é um anjo, amor - ele disse, sem dúvidas, sem hesitação - Um anjo puro e radiante. E eu não a mereço.

- Por que não nos dar uma chance? - questionou com a voz falhada, Jace apertou os olhos como se aquilo o abalasse, da mesma forma como reagia ao vê-la chorar, não suportava - Você também é um anjo, Loirinho.

- Não há perdão para as coisas que fiz, Foguinho - negou, a encarou fixamente, queria um xingamento, uma ofensa, ou uma surra, uma parte dele esperava que ela o expulsasse do quarto e o odiasse, devia odiar, talvez as coisas fossem mais fáceis assim - Um anjo caído talvez...

- Não interessa - a rebeldia em sua voz era quase tão forte quanto a necessidade em suas mãos ao aproximar seu rosto do dela - Você é o meu Loirinho, não há nada que mude isso.

- Seu mundo seria melhor se eu não estivesse nele - Jace sussurrou derrotado.

Talvez não estivesse esperanças para eles, mas a chama, a chama resplandecia sob seus corações assim como o desejo ardente interminável. Todavia nunca daria certo, mas era como costumavam acreditar: Nunca diga nunca. Era difícil. Eram Clary e Jace. Ele era o vício e ela a droga.

- É verdade - ela disse - Mas não seria meu mundo sem você nele.

Desta vez, uma última vez. Eles se desejavam, com ruídos baixos e secretos com as mãos entrelaçadas uma a cada lado do colchão, em movimentos e estocadas lentas e prazerosas. Seus cabelos embaraçados um no outro, tinham uma noite de super nova, pois da morte vem a vida. Uma noite com suas loucuras que guardavam por baixo da língua, uma última taça de champanhe, para uma última noite na qual veriam Deus, no final, esqueceriam o porquê de terem dado errado e a liberdade do abandono, do futuro e do passado, sem qualquer destino, sem qualquer garantia, a última promessa desta noite, era ser a melhor de vossas vidas.

Clary era seu pecado final, e por ela. Jace aceitaria ser condenado.

CONTINUA...🔥


Notas Finais


AAAAAAAAAAAAAAA depois de um mini surto, aqui estou.
Para quem não entendeu quanto Jace disse: " Não posso " era porque ELE NÃO PODIA MENTIR!!
Malec e Sizzy tiveram pedidos turbulentos para dizer o mínimo...
Meu primeiro hot, na verdade nem sei se realmente pode ser descrito como hot, então me perdoem caso tenha decepcionado vocês, mas espero que saibam que pus toda minha dedicação neste caps, e espero muito o voto e o comentário de vocês 💛
Um beijão chuchus, espero que não seja só eu surtando aqui🧡🔥✨


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