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História Névoa - O anjo da morte


Escrita por: AyzuLK

Notas do Autor


Avisos: Violência e tortura

Capítulo 31 - O anjo da morte


 

Eu nunca fui desde a infância jamais semelhante aos outros. Nunca vi as coisas como os outros as viam. Nunca logrei apaziguar minhas paixões na fonte comum.

Nunca tampouco extrair dela os meus sofrimentos.

Nunca pude em conjunto com os outros despertar o meu peito para doces alegrias,

E quando eu amei o fiz sempre sozinho.

Por isso, na aurora da minha vida borrascosa evoquei como fonte de todo o bem o todo o mal.

O mistério que envolve, ainda e sempre,

Por todos os lados, o meu cruel destino...

Edgar Allan Poe

— EU SABIA QUE ELE NÃO IRIA RESISTIR. Você sempre foi muito bom em conquistar as pessoas mais quebradas. — Tobirama comentou, a voz ainda serena, mesmo depois de tudo o que havia revelado. A mão dele passou no rosto de Naruto, que tentou se encolher e se afastar, ainda horrorizado. — Mas principalmente, eu sabia que você não iria resistir, a semelhança dos dois era singular.

Naruto ergueu os olhos, confuso. Tobirama sorriu, erguendo uma sobrancelha em questionamento.

— Realmente, Naruto? — Naruto não soube a expressão que fez, mas o homem o olhou com simpatia. — Pobre criatura quebrada. A forma que você olhava para Sasuke não era como olhava para Menma, Naruto. Em alguns anos, em outra situação, talvez você percebesse isso em algum momento.

Naruto abriu a boca para negar, mas lembrou de algo. Daquela noite na casa de Itachi, do seu primeiro pensamento ao ter a revelação sobre o que sentia, seu primeiro argumento foi que ele gostava de Itachi como gostava de Sasuke.

Talvez houvesse alguma verdade nisso, era algo que nunca iria ter certeza. Porque Itachi não era Sasuke. Era o que Itachi tinha de tão diferente de Sasuke que o fez se apaixonar, e não o contrário.

Naruto era uma criança quebrada quando conheceu Sasuke, ele havia o ajudado de todas as formas que alguém poderia ser ajudado. Aos olhos de Naruto ele não poderia errar, era alguém que havia colocado em um pedestal, seu grande herói. Itachi? Ele conseguia ver cada defeito de Itachi no primeiro encontro.

Itachi era estranho, ciumento, cético, maníaco por organização, tinha o ânimo e manias de uma pessoa idosa e falava as coisas mais inoportunas. Onde Sasuke era incapaz de machucar alguém, Itachi era perigoso. E Naruto... Naruto era um idiota, porque ele gostava dele ainda assim.

Tobirama se achava muito inteligente e ele acertou que Naruto se apaixonaria por Itachi, mas se ele errou na razão, no que mais ele teria errado e Naruto poderia explorar? Quanto mais ele achava que entendia de Naruto?

— Você está errado. — Falou baixo, mas com a voz convicta. Tobirama o olhou de forma engraçada, talvez por não especificar do que estava falando.

— Eu lamentei pelo o que fiz com ele. Com Sasuke. — Naruto se perguntou o quanto pioraria a situação se cuspisse na cara dele nesse momento. —Ele era inteligente demais para o próprio bem. É um pouco irônico, até. — Tobirama ponderou. — O irmão mais velho passou tanto tempo tentando descobrir quem eu era e no fim a pessoa que afastou da sua vida em razão da obsessão por mim foi quem descobriu primeiro minha identidade. Sasuke era realmente extraordinário nisso. Ele foi o único a perceber que eu estava praticando hipnose em você. Ele desconfiou que esteve comigo na semana em que desapareceu, que eu fiz algo com você e investigou.

Hipnose? Naruto franziu o cenho. Os apagões? Mas isso começou quando eu tinha...

Cinco anos. A morte de seu pai. Era Tobirama lá, ele sabia que era.

Ele mexeu com a minha cabeça, esse filho da puta!

E essas memórias estavam voltando. Por isso os sonhos. Menma, seus pais. As memórias estavam voltando. E ele deveria saber disso, não era? Karin havia comentado sobre os pesadelos dele, Jiraya sabia e devia ter a contado e se ele contou a Karin, claro que ele contou a Tobirama.

Talvez por isso ele resolveu acabar tudo agora. Se Naruto lembrasse de tudo, ele não teria outra oportunidade.

Mas agora ele não tem mais chance de se esconder. Todos devem saber que é ele agora. O que ele pretende fazer?

Naruto não sabia o que Tobirama estava fazendo, se era culpa dele, mas sentiu sua cabeça latejando, imagens passando como flashs em sua mente, as memórias reprimidas voltando. Um galpão, papéis. Tobirama queria que Naruto fizesse alguma coisa. Tobirama queria...

— Você queria que eu te ajudasse. — Naruto sussurrou. — A matar alguém. Você disse que...disse que eu tinha ajudado antes.

Tobirama abriu um sorriso largo, uma mão em seu cabelo.

— Você lembra agora. Geralmente você esquecia as nossas pequenas sessões e ficava obediente, mas o choque de ver o que aconteceu com Menma fez com que eu não conseguisse fazer você ficar no estado que eu queria. Você fugiu de lá quando despertou e tentou voltar para casa.

"Ele caminhava pela neve, todo o seu corpo gritava e mal sentia os pés, enquanto o gelo os cortava deixando as pegadas de sangue para trás. Caminhava ao léu, atordoado, fugindo de algo. Sangue pingava por sua perna até o chão e imagens distorcidas tomavam sua visão.

As vozes gritavam em sua cabeça, as sombras pareciam querer pegá-lo e continuava se arrastando, até chegar a um beco escuro e cair de barriga para cima. Não sentia mais nada além da dor em seu peito, sufocante, das lágrimas congeladas em seu rosto. E aquelas vozes.

— Menma. — Soluçou chamando o único nome da pessoa que sempre o socorrera. Não havia mais ninguém agora. Continuou jogado ali com aquelas malditas imagens que não queria ver passando e repassando em seus olhos com a neve caindo em seu rosto.

— Parem, parem... — Sussurrou. — Eu não quero ver nada... Por favor...PAREM! Menma! Faça parar, Menma...

Alguém se aproximava enquanto se jogava naquela estranha letargia. Sentiu algo quente o envolver e mergulhou no escuro pouco depois de um rosto pálido de um homem tomar sua visão."

— Eu não falhei de todo, você não lembrava do que aconteceu nos últimos dias, nem mesmo que me viu matar seu irmão. — Tobirama continuou. — Ou de nenhuma das outras sessões.

— Sessões? — Naruto sentia que não queria saber a verdade, mas sua boca trabalhou por conta própria, sua voz suave e temerosa.

— Naruto... — Tobirama falou o nome com certa diversão. — Não se perguntou como eu consegui manter o padrão de quem matar mesmo depois de seu pai ter nos deixado? Apenas dois desvios. Você vê, Naruto, essas mortes não eram escolhidas ao acaso, havia certas condições. Seu pai colocou o limite de utilizar apenas as piores pessoas, mas ia além disso para o ritual dar certo. — A expressão dele escureceu, a voz ficando sombria. — Se soubéssemos disso antes, não teríamos usado seu avô. Ele era o pior ser humano possível, mas foi o usar no ritual que condenou todos nós.

Tobirama se ergueu, o soltando no chão com pouco cuidado. Naruto tentou se mover e ver para onde ele estava indo, mas seu corpo não estava cooperando. Viu apenas que ele estava pegando algo em um dos cantos do barco. Ouviu o som de algo pesado e de metal quando ele retornou, vendo pela periferia dos olhos uma mala. Seu estômago se retorceu quando ele removeu de lá uma adaga ainda suja de sangue.

— Uma oferenda para a morte. — Tobirama falou, removendo um pincel de tinta e outra lâmina. — Só poderia ser alguém que já havia matado antes. E não qualquer pessoa, mas matado alguém que não deveria ter morrido naquele momento. A morte não gosta que atrapalhe seus negócios. E por isso também, teria que ser alguém que havia escapado dela. Uma forma de a apaziguar e receber a oferenda. Era função do seu pai ver isso, ver quem se encaixava por meio das visões. — Tobirama pausou e olhou para a sombra no canto do barco, com garras e olhos brancos e tristes. — E quando ele se foi, o ritual ficou incompleto. Eu tinha que retornar, terminar o ritual, mas não poderia fazer sozinho. — Ele olhou Naruto. — E você, meu anjo, foi quem preencheu seu papel.

Naruto sentiu náuseas, seus olhos se arregalando em horror.

— Eu não...

— Você não lembra. — Tobirama sorriu. — Eu cuidei disso. Dos desenhos que fazia para mim. Você nunca os questionou, até Menma morrer. Até seu corpo lembrar o que fazia sua mente esquecer. Foi o que Sasuke percebeu, o que o matou. Ele não tinha que morrer, eu não iria matá-lo. Ele não preenchia todos os requisitos, Sasuke nunca matou ninguém na vida, ele era inocente. Eu já havia escolhida a minha vítima, mas você se recusou a ajudar. Por sua culpa, ele teve que morrer.

— Pare... Não...

— E eu arranquei o coração dele para você. Era o que você queria, o coração dele. Porque você o amava.

— CALA A BOCA!

Tobirama deu uma risada jovial, mas seu rosto escureceu. Ele se inclinou diante de Naruto, o olho vermelho fitando seus olhos azuis horrorizados.

— Foi aqui que esses patéticos acertaram, pelo menos. — Tobirama agarrou seu rosto, o obrigando a olhá-lo quando tentou o virar. — Lembrando ou não, concordando ou não, você, Naruto, me ajudou a matar aquelas pessoas. Você também é Kyuubi.

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A força policial havia se reunido para decidir as áreas de busca, quem iria para cada região.

Eles estavam perdendo tempo, Itachi sabia. Já era noite, era o nono dia. Naruto já poderia estar...

Não. Ele está vivo. Ele tem que estar.

Tobirama poderia estar em qualquer lugar. Não havia certeza de que ele havia retornado para Konoha, seria a coisa menos provável de ele fazer, já que a parte mais forte da força policial que estava atrás dele se concentrava toda ali.

— Não faz sentido ele voltar. — Hatake arguiu. — As rotas estavam bloqueadas, acharam o carro dele abandonado. Ele não poderia ter ido longe carregando Naruto. Ele tem que estar em Kiri ainda.

Era um argumento válido, Itachi sabia, mas ele sentia que havia algo mais ali.

"Itachi."

Um arrepio percorreu sua espinha, o ambiente gelando de uma forma que o fez procurar ao redor, porque aquela sensação, aquela temperatura ambiente era algo que acontecia apenas com Naruto.

— Itachi? — Olhou para Kakashi, que o fitava de forma estranha. — Está tudo bem?

Assentiu, ignorando os olhares de soslaio de todos, que parecia se perguntar quando iria se quebrar. Itachi nem havia tido tempo de chorar por Shisui.

— Então podemos enviar pessoas para...

"Ni-san."

A voz perto do seu ouvido o fez paralisar. Olhou para trás, encontrando o vazio. E o espaço gelado. Que acontecia ao redor de Naruto.

Ao redor dos fantasmas. Podia sentir a presença ali, algo familiar. Algo que sentiu por anos, mas tão mais potente.

Itachi lembrou de algo que Naruto falou, sobre as sombras. Sobre como as sombras evoluíam, ganhavam forma. Como Sasuke. Ele disse que foi Itachi que fez isso por Sasuke, mas e se foi Naruto? E se Naruto é quem os tornava mais tangíveis e ele nem mesmo percebia isso? E se a presença de Naruto por tanto perto de Itachi, perto de Sasuke, o permitisse ele se tornar tangível ao ponto de se comunicar?

Ou eu posso estar imaginando isso. Porque é algo que queria nesse momento, que preciso. E todo esse trauma pode ter...

A voz de Naruto o chamando de cético lhe veio à mente e fechou os olhos, balançando a cabeça.

— Itachi?

— Está tudo bem.

"Ni-san." Ele ouviu novamente, perto do seu ouvido. Baixa, desesperada. "U..." A voz dele sumiu e sentiu a presença ficar agitada, as luzes piscando.

Itachi sentiu o ar mais gelado.

— Eu preciso de um momento.

Ignorou os outros e saiu da sala, caminhando rapidamente pelo corredor até a porta mais próxima, olhando a sala vazia e a fechando atrás de si.

— Sasuke. Está aqui?

Por um momento pensou que realmente havia enlouquecido, mas os papeis da mesa ao redor balançaram, apesar de não haver vento na sala.

E ele apenas sabia. Ele sabia.

Fechou os olhos, seu peito se comprimindo. Havia tanto que eles precisavam conversar, mas eles não tinham tempo.

— Naruto. — Falou rapidamente e baixo. — Você quer me ajudar a salvá-lo, certo?

Os papeis caíram no chão e Itachi aceitou isso como sim.

— Mas não consegue. — Se eles pudessem falar algo, Naruto saberia quem era o assassino há mais tempo, era algo lógico.

Então...

Respirou fundo, sentindo suas mãos trêmulas. Se recostou na parede, o cansaço querendo o tomar, mas ele não podia parar agora. Não até encontrar Naruto.

— Sasuke, otouto, eu...eu sinto muito por tudo o que aconteceu, eu lamento tanto por não ter atendido aquelas ligações, por ter abandonado você. Quebrado minha promessa.

Sentiu um toque em seu rosto e abriu os olhos. Não havia nada ali que pudesse ver, mas sua bochecha estava fria.

— Eu amo tanto você, otouto. Eu nunca vou esperar que me perdoe, mas por favor, por tudo que é mais sagrado... Sasuke, me dê um sinal, qualquer sinal, que me ajude a o encontrar. Eu não...eu não posso o perder também, Sasuke. Só um sinal.

Nada aconteceu e se desesperou quando a presença sumiu da sala. Itachi sentiu sua respiração alterar e sua garganta comprimir. Fechou os olhos, colocando as mãos no rosto.

Um barulho repentino no corredor o fez erguer a cabeça e abriu a porta. Um estrondo alto e alguém gritou. Deidara estava com um copo na mão, os olhos arregalados.

— Eu não fiz nada!

O corredor estava gelado. A mesa que haviam preparado para os policiais que ficaram na operação estava uma bagunça, a jarra de água virada e encharcando o chão.

Itachi olhou para isso, sem se importar com seus pés se ensopando, tentando entender o que seu irmão queria dizer.

Outro copo de água virou e ignorou Deidara ao seu lado, que havia puxado uma cruz do pescoço e estava apontando ao redor.

Água. Fechou os olhos por um momento. A visão!

Itachi correu até a sala, abrindo a porta e interrompendo a conversa.

— Qual são os portos mais próximos entre Kiri e Konoha?

A maioria o olhou estranho, mas Sasori, que estava no computador começou a digitar imediatamente.

— Tem pelo menos 20.

Vinte era muito. Eles não tinham tempo de ver todos.

— Quantos desse tem um farol dos antigos?

— Itachi? — Kakashi chamou incerto. — Pode explicar para a turma?

— Sete

Sete era melhor, mas ainda era muito.

O que mais. Vamos, Itachi!

— Está chovendo em Kiri?

Sasori olhou o site de meteorologia rapidamente.

— Não, as chuvas pararam.

Ainda estava chovendo em Konoha, estava chovendo na visão. Não era certo, poderia voltar a chover, mas Itachi não sabia mais o que pensar.

— Quais deles são em Konoha?

— Apenas um, mas eu pensei que havíamos descartado Konoha?

— Me mostre uma foto. Depois eu explico.

Ele não sabia como.

Sasori olhou para os outros e deu de ombros.

Quando a imagem abriu, Itachi imediatamente reconheceu os containers, o porto. Naquela breve visão, os containers coloridos ficaram em sua cabeça, o farol acima os iluminava.

Era esse o lugar, ele tinha certeza.

— Onde é isso?

— Uzushio.

— Uzushio? — Itachi fitou o olhar confuso dos outros com seu tom. — Foi onde Naruto cresceu. Tem transporte marítimo entre portos, ele pode ter abandonado o carro em Kiri, mas vindo para Konoha por mar, porque não havia tanta fiscalização nas fronteiras.

Kakashi arregalou os olhos.

— Vamos dividir as equipes. Entrem em contato com a polícia de Kiri. Kakashi, você e eu vamos para Uzushio.

Kakashi concordou, já pegando a arma e se erguendo.

— São sete lugares, Itachi. — Sasori arguiu. — Temos pouca gente e muitos lugares.

— Não. — Itachi pegou o celular, apertando o contato do tio imediatamente. — Temos mais do que o suficiente.

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— Você não deve lembrar Naruto, mas depois de você, Kushina sofreu três abortos espontâneos. — Tobirama comentou, falando de algum lugar do fundo do barco. — Nós não percebemos de imediato a relação. Só quando meu filho morreu antes de nascer, levando minha esposa, Minato começou a investigar. Havia alguns Namikazes ao redor das nações nessa época, foi de onde ele conseguiu tanto material para pesquisa. Eles estavam tendo o mesmo problema. — Tobirama surgiu e se agachou, começando a desenhar algo no chão ao redor de Naruto. — Nenhuma criança Namikaze nasceu desde então.

O filho de Menma e Karin. Naruto pensou por tanto tempo nisso, no seu sobrinho que nunca iria conhecer. Ele lembrava de sua mãe chorando quando era criança, abraçada em seu pai ao retornar do hospital, mas ele nunca soube a razão, eles nunca disseram.

— E os Namikazes vivos começaram a morrer, um por um. Minato havia visto todas as mortes, inclusive a nossa. Nós havíamos feito algo de errado, foi quando ele descobriu o erro no ritual. Akihiro Uzumaki não deveria ter morrido, o porco imundo deveria ter sido morto por Nagato. — Tobirama riu, um pouco amargo. — Uma morte faz toda a diferença, era o que seu pai dizia. Quem sabe o que teria acontecido de diferente? Então você, que não deveria nem estar vivo... A morte estava se vingando do nosso clã. Tudo começou por culpa sua, Naruto. Porque seu pai queria salvar você.

— Eu não pedi para nascer. — Naruto olhou para as lâminas, tentando não pensar o que ele faria com ela, mas o que Naruto poderia fazer com elas se se movesse. Ele tinha que o manter falando até aquela droga começar a perder o efeito.

— Não. — Tobirama concordou. — Mas você vai acabar isso. Foi sempre você. Seu pai teve aquela visão da música e encontrou o ritual para reverter o que havia acontecido, mas mesmo que ele não quisesse acreditar, eu sabia que a música era sobre você, Naruto. Que só você poderia acabar com isso, você tinha que morrer para apaziguar a morte. Quando seu pai viu minha morte, nós começamos o ritual, seguindo cada estrofe. Ele só viu que eu tinha razão sobre você na quarta vítima.

Naruto fez as contas. Ele tinha cinco anos quando a quarta vítima foi morta. Na mesma época que seu pai foi para a casa de repouso durante algum tempo, após tentar lhe matar.

—Os mortos estavam presos a nós. Eu conseguia manejar isso os banindo, seu pai não teve tanta sorte do lado dele. As visões foram ficando piores, eles não o deixavam em paz, ele foi perdendo a sanidade. Foi quando eu percebi que não eram as visões piorando, mas nós ficando mais fortes. O ritual estava nos fortalecendo. No meu caso isso me deu mais controle sobre os mortos, no do seu pai, era o pior pesadelo para ele, ele estava vendo as mortes o tempo todo, em detalhes, sem precisar tocar em ninguém. Minato, claro, não sabia que você era um de nós, e que isso também te afetaria, que você também estava conectado aos rituais e podia ver através deles. Até você o entregar um desenho com uma visão.

Naruto prendeu a respiração, lembrando dos corpos que vira na praia quando era criança, de Neji. Ele vira a morte de Neji, sem que nem mesmo o tocasse. Dos sonhos. Era isso então. Por isso. Naquele dia, na praia, anos atrás. Tobirama estava lá. Eles estavam tentando avisá-lo de todas as formas, de todo jeito.

— Aquele maldito desenho. Minato ficou desesperado, entrou em surto.

—Eu...não lembro...por quê... Hipnose. — Tobirama deu uma risada. — Então desde aquela época...Desgraçado.

— Não me olhe assim, a ideia inicial foi do seu pai. Ele não queria que você sofresse como ele com as visões. Foi como abrir uma porta, e todos eles se viraram para você, seu dom era descontrolado. Um dia você quase entregou a Kushina um dos desenhos. E seu pai continuava vendo uma visão sua, algo que o perturbava imensamente. Ele sabia, que de alguma forma, você seria o fim de todos os Namikaze. Você mataria todos nós e mais.

Naruto prendeu a respiração, olhando para Tobirama. Ele não estava mentindo.

— Um anjo da morte, só causaria morte. Você era uma criança da morte, Naruto. Era como a nossa punição, eu tinha certeza. No fim, ele acabou cedendo a razão, que aquela era a melhor forma de acelerar o ritual. Se esperássemos demais, todos iriam morrer.

—Você mandou meu pai me matar.

Tobirama se aproximou novamente e prendeu a respiração quando ele se ajoelhou por cima do seu corpo, uma perna de cada lado da sua cintura. A adaga estava na sua mão.

Libertar você. Minato te amava, mas teria acabado tudo ali. Deixar você crescer só iria colocar a visão em andamento. Mas ele desistiu no último momento e se matou. — Naruto sentiu a mão de Tobirama em seu pescoço, o apertando suavemente. Resistiu ao ato de engolir em seco. —Minato era a pessoa que eu mais amava no mundo, Naruto, e ele morreu por você. Ele morreu e pediu para que eu mantivesse você seguro, todos vocês. Ele achou que seria o preço suficiente, a vida dele, e a morte deixaria vocês em paz, os mortos te deixariam em paz.

Naruto fechou os olhos. Seja o que for que Tobirama tenha feito para que ele esquecesse, por algum motivo não estava funcionando mais. Ele havia lembrado de Menma, de Minato, de oka-chan. Ele lembrava desses desenhos agora, as imagens surgindo em sua mente com cada palavra.

— Eu não consegui te odiar por muito tempo. Você era muito parecido com Minato. Você seria minha Kyuubi.

—Você disse para mim... Foi você! — Naruto piscou os olhos, a mão de Tobirama continuava em sua garganta. E ele lembrou, disso. — No hospital, você falou para mim que eu tinha matado meu pai, que a culpa era minha, que minha mãe me odiava e que Menma... iria me odiar.

" — Menma, mamãe me odeia?

— Claro que não! Por que ela odiaria você?

— Porque o papai morreu por minha causa.

—Quem lhe disse uma coisa dessas? Naruto?

— Ela me odeia...E você vai me odiar também...e eu vou ficar sozinho..."

Tobirama riu.

Isso. Não pensei que levaria a sério. Eu tenho problemas com minha raiva. Contei para Kushina o que tinha acontecido, no entanto. Pensei que ela entenderia. Ela ficou com medo, de mim, de você, mas eu falei para ela, que eu tinha que ficar perto de vocês ou todos iriam morrer. De você. Você tinha o dom dele, muito mais forte. Você seria meu novo Kyuubi. Eu achei que ela havia concordado. Mas então ela resolveu agir pelas minhas costas e ir embora com Jiraya.

" — Por um momento pensei que estava fugindo, mesmo depois de tudo o que contei."

— Eu não queria matá-la, mas aconteceu. — Naruto o olhou de forma assassina, seus olhos ardendo. — Ainda assim, eu achei que depois poderia mantê-los comigo, cuidar de vocês. E eu estava errado, de novo, porque esse desgraçado pegou vocês primeiro. Ele tinha dinheiro, um clã poderoso. Ele pegou vocês e quebrou vocês. E agora eu o quebrei de volta.

Naruto sentiu as lágrimas descendo no canto dos olhos.

— E depois quando você retornou, nós finalmente pudemos retornar com Kyuubi. Às vezes eu te atormentava, e você nunca nem mesmo lembrava disso. Eu queria testar meus limites, sempre, saber até quando o bloqueio que havíamos criado em você iria durar.

O desenho no parque, a perseguição na floresta, quando ele invadiu sua casa. Todo o terror psicológico. Ele falou isso de forma quase afetuosa. Como ele o atormentou daquela forma, como se tudo fosse um jogo para ele.

— Quando salvou Sasuke, eu fui ao apartamento de Menma. Você estava sozinho desenhando. — Naruto paralisou. — Deve estar lembrando agora. Você desenhou minha morte. Eu apenas perdi o controle, mas vi uma oportunidade. Batia com o que Minato havia dito. Menma foi um acidente, como sua mãe. Eu não os matei, Naruto, foi você. Eles morreram, porque entraram no caminho. Bate com o que seu pai previu, não acha? Você, no fim, causou a morte de todo mundo.

—Você é louco...maldito...maldito... Desgraçado!

Sabia que não inteligente estar xingando-o naquela situação. Ele havia segurado a língua no máximo até aquele momento, esperando conseguir se mover. Aquele era seu limite.

Sentiu uma dor aguda e gritou quando algo afiado foi sua coxa, penetrando-a completamente. Seus olhos se dilataram de choque.

Ele o havia esfaqueado.

—Shh...agora fique caladinho.

A voz perdeu seu tom de calma totalmente, ficando dura como aço.

— Não terminei. Isso tudo é sua culpa, Naruto. Depois de Menma, eu resolvi que ficaríamos bem só nós dois, mas você se recusou a me ajudar e fugiu para Sasuke. Com o risco de você lembrar e agora sabendo que não poderia matar você simples assim, eu fiquei por fora, esperando a oportunidade surgir. Foi bom seu retorno e o de Itachi se alinharem, eu sabia que era quando deveria agir. E eu precisava de uma oitava vítima.

—Neji... — A dor o estava deixando enjoado.

— Ele conhecia você. Eu te vigiava sempre, mesmo nesse tempo longe. Eu não perderia meus olhos de você, então eu sabia que você estava com a garota Hyuuga. Eu me aproximei do garoto. Foi fácil. Ele era carente e um bom garoto. Ele me contava tudo sobre a prima, e sobre você sem perceber. Coisas que eu não sabia apenas observando. Eu não planejava matá-lo inicialmente, mas decidi que se quebrei o padrão com Sasuke, o que seria mais um? No fim você terminaria o ritual. E era fácil demais. Foi como chutar um cachorrinho.

—Desgraçado...ah! — Tobirama moveu a faca.

—Mandei ficar quieto. — O homem avisou. — Eu o matei, como eu disse, sou teatral. Iria terminar isso direito. Então eu poderia me virar para você. E foi o que eu fiz. E antes que pergunte, eu não queria matar Karin, ela não estava nos planos. Ela foi na casa de Jiraya, pedir ajuda para te convencer a voltar para Kusa. Ela entrou e eu estava com Jiraya e ela viu tudo. Ela se tornou uma estrofe por acidente e no fim, Jiraya acabou fugindo de mim antes que pudesse terminar com ele. Sua amiga Hyuuga foi xeretar onde não devia e aconteceu a mesma coisa. Ela foi no hospital perguntar por mim, fazer perguntas estranhas. Você vê? Eu não tive escolha com elas.

—Eu te odeio...odeio... maldito!

Tobirama o olhou decepcionado, a faca passando levemente por seu antebraço, subindo para seu rosto. Naruto não desviou os olhos cheios de raiva dos dele e o homem sorriu.

—Os traços da sua mãe estragam você.

O homem se levantou, o jogando no chão, dessa vez, sem cuidado, o fazendo cair de bruços. Nagato voltou a gemer, ele ainda estava vivo, havia apenas desmaiado.

— Estou repensando, você não merece tanta consideração assim, meu anjo. Eu fiz tudo isso por você. Eu acabei com o clã Uzumaki, eu mostrei o que eles haviam feito contra você. Eu coloquei você com Itachi.

Naruto abaixou a cabeça que havia levantado para o chão novamente. Escondendo seu rosto a menção de Itachi. Como se apenas o nome pudesse o trazer para lá. Trazer a atenção para ele. Sentiu a dor aguda na nuca quando seu cabelo foi agarrado e sua cabeça puxada para cima. Os olhos de Tobirama haviam perdido toda a calma, estavam frios, analíticos.

—Você o ama.

Tobirama o mediu de cima, seriamente. Desde a respiração acelerada do garoto, até a pele pálida, o sangue de Nagato em seu rosto, e sua coxa sangrando pelo tecido fino. E os olhos, cheios de emoção conflitantes.

—Me pergunto, se você viu a morte dele também. — Naruto partiu os lábios, o rosto uma máscara de dor. Tobirama sorriu, o agarre ficando ainda mais forte. —Você precisa morrer, Naruto. Com sua morte a maldição vai acabar e eu vou ficar livre. Livre dos fantasmas, livre da morte.

— Mas não da políc... ah!

— Quando eu terminar aqui, para o mundo eu estarei morto também. — Naruto o olhou com confusão e dor. Nagato gemeu mais alto, e o rosto do homem ficou transtornado. — Esse barulho está atrapalhando! Inferno!

Naruto sentiu seu coração acelerar, vendo o perigo tão evidente no olhar dele.

Tobirama o soltou, exasperado.

—Vamos resolver isso, meu anjo. Primeiro vou jogar o lixo fora.

Engoliu em seco, o rosto de lado. Não conseguia sentir sua perna, mas sabia que devia estar sangrando bastante. Tobirama se ergueu para onde Nagato gemia e o pegou pela perna sem cuidado algum, lhe puxando, deixando um rastro de sangue pelo chão. E assim, o arrastou através do lugar, até a pequena escada que Naruto pensava que levava para a proa, abrindo a porta que estava trancada.

A cada vez que a cabeça do homem batia nos degraus, ele gemia mais alto. Quando a porta abriu, a chuva forte entrou no lugar, o vento frio. A tempestade estava forte do lado de fora. Naruto não sabia se estavam ancorados, ou em mar aberto. Não havia como saber. A porta se fechou com força e ao ficar sozinho, voltou a respirar. Ficou aliviado, tanto pela ausência de Tobirama, como pelos gemidos de Nagato.

Estava apavorado. Mesmo sabendo que morreria, seu corpo pedia para fugir. Seu instinto de autopreservação lutando para sobreviver, como sempre. Era um sobrevivente, não por pouco motivo. Ele sabia que Tobirama não faria isso fácil.

Uma das sombras se projetou na parede com a saída de Tobirama, conseguindo se aproximar. Naruto conseguia as sentir, mas não as diferenciar.

Anos atrás, elas haviam o salvo de Tobirama quando ele matou sua oka-chan. A sombra que sabia ser seu pai havia o ajudado. E os ver agora, em tormento, tentando se reformar e sendo banidos de novo e de novo, sentia que começava a chorar.

Naruto queria os ver de novo, pelo menos uma vez. Ele não queria morrer assim. Ele ainda tinha que matar Tobirama, mas se tornava cada vez mais difícil.

A luz de cima piscou e diante dos seus olhos uma das sombras mudou, parecendo mais sólida.

"Corra! Você tem que sair daí!"

Era a voz de Menma. Arregalou os olhos, o vendo se tornar mais sólido. As outras também.

"Você é mais forte do que ele." Ouviu a voz da sua oka-chan. "Naruto, você consegue."

Ele estava fazendo isso? Os trazendo de volta?

Naruto lambeu os lábios, ignorando a dor. Um plano se formando em sua mente.

Pelo som abafado, da chuva, tentou ouvir o barulho de uma arma, ou de um corpo sendo jogado no mar, mas era impossível. Ele não estava sentindo pena de Nagato. Mas sabia que até seu último suspiro – que provavelmente seria logo – teria a visão dele na cabeça, sendo devorado vivo. Seus gemidos.

E o sentimento que algo pior podia o esperar.

"Naruto!"

—Se escondam. — Sussurrou. — Não deixem ele saber que estão se reformando. Até o momento certo.

"Naruto." Uma voz distante o chamou, quase desconhecia. A sombra com garras se aproximou, se retorcendo. "Eu sinto tanto."

Naruto não sabia o que sentir em relação a to-chan ainda, não depois de tudo que descobriu, mas...mas ele havia salvo sua vida.

—Eu também. Todos vocês foram minha culpa. — Virou o rosto, vendo sombras em toda parte, mas os rostos não estavam. Mesmo assim, sabia que eram todos eles.

"Naruto..."

A porta se abriu e Naruto venceu a urgência de se encolher em si mesmo. Fechou os olhos com força, prendendo a respiração. Sabia que Tobirama estava o olhando, o medindo. Foi virado bruscamente em suas costas, suas mãos sendo machucadas ao serem prensadas contra a madeira molhada. Tobirama estava sentado sobre suas pernas antes que pudesse pensar sobre isso. O pânico subiu todo o caminho pelo seu corpo e tentou se mexer, novamente.

Fechou os olhos, esperando algo, qualquer coisa. Segundos se passaram.

—Faz muito tempo, detetive Uchiha.

Seus olhos se arregalaram, seu coração acelerado. Itachi. Nãonãonão. Seus olhos caçaram ao redor esperando ver o homem. Sua cabeça cheia da imagem de um tiro jogando Itachi diretamente em um container, água o enchendo, ele impossibilitado de sair, ferido, se afogando lentamente.

Ao encontrar o nada, se virou para Tobirama e viu que ele tinha um telefone prateado no ouvido. Parte da sua mente, uma parte estranha, deduziu que deveriam estar ancorados, se tinha sinal nessa tempestade. Outra parte entrou em pânico, ao perceber o que Tobirama fazia.

—NÃO!

O homem sorriu.

—Shh, Naruto. Estou no telefone. Sim Detetive, ele está aqui comigo. Peço perdão por atrapalhá-lo, sei que deve estar no meio dos preparativos para um enterro. Imagino que aquele fosse seu primo, uma pena.

Tobirama riu, como se algo o divertisse, então ergueu uma sobrancelha, encarando Naruto.

—Então já confirmou que sou eu.

Naruto o olhava apavorado. Claro que Itachi sabia, ele devia ter visto o cartão de memória. Parte sua sentia alívio por saber que ele estava bem após o acidente. Tobirama não podia ter Itachi.

Ele disse que precisava de um Uchiha, um Uchiha para que eu morresse.

— Você está irritado, detetive. Eu posso entender. Meu sobrinho realmente tem algo a mais. – Com isso, ele tocou um dedo nos lábios de Naruto, ainda paralisado pelo pavor, o puxando para baixo de forma pensativa. – Sinto muito por atrapalhá-los. Parece que ele realmente se apegou a você, no entanto. Imagino que o queira de volta?

Naruto respirou rápido por entre o dedo.

—Não! NÃO! Itachi! Não venha!

Tobirama riu. Naruto pode ouvir os gritos, mesmo pelo telefone, de Itachi o chamando. Ameaçando Tobirama.

—Porto, Uzushio. São apenas 50 minutos de Konoha, se vier rápido. O píer é o número 15. Há um barco ancorado. Um lugar nostálgico, achei que seria apropriado para ele. Não se preocupe, até lá o distraio para você. Não demore, não vai querer chegar atrasado de novo.

Naruto ouviu, novamente, o grito de Itachi.

"—NÃO ENCOSTE AS MÃOS NELE!"

—Você é divertido como sempre, detetive. Mas prometo que vou tentar resistir a urgência que as pessoas parecem ter de terem partes do corpo dentro dele, se me entende. Se não demorar e eu ficar sem ideias.

—NÃO VENHA! ITACHI!

Tobirama fez um som irritado e Naruto sentiu uma dor no rosto quando o telefone o acertou na testa.

—Eu estava no telefone. Você é muito impaciente. Isso não puxou do seu pai também, mas da sua mãe, tenho certeza.

O homem o olhava decepcionado. Ele tinha a faca na mão em questão de segundos e Naruto se calou, seguindo o objeto com os olhos, a respiração pesada, ainda tonto pela pancada forte.

Quando ele segurou seu rosto, tentou o mover para longe, mas não conseguiu. Logo sentiu a faca em sua bochecha.

—Ficaria quieto se fosse você, ou eu posso errar e furar seu olho. O que não quero, são parecidos com seu pai. Só tenho que desenhar algumas coisas para nosso ritual, enquanto seu Uchiha não chega.

Naruto não iria implorar. Fechou os olhos com força ao sentir a faca entrando na pele da sua bochecha.

Era agonizante, mas estava acostumado com a dor. Era resistente. Não gritou, mordendo o lábio com força. No quinto corte, algumas lágrimas escaparam, mas ele não fez nenhum som. Sentiu o líquido quente escorrendo seu rosto, sujando seus cabelos. Se sentia nauseado.

Mal teve consciência de que Tobirama cortava sua camisa, até sentir a faca também ali. Abriu os olhos com o primeiro corte, superficial, em sua clavícula. Os dentes trincados. Uma mão de Tobirama estava na sua mandíbula, colocando sua cabeça para trás, expondo mais espaço. Seu peito subia rápido, os olhos dilatados.

—Shh...não trema. Havia pensado nas costas, mas sempre achei sua tatuagem bonita. O símbolo do nosso clã. Você a fez igual a de Menma, lembro bem do dia, foram, o quê? Dois anos após a morte dele, ou algo assim.

Naruto estava aéreo sobre o significado das palavras, apenas focado na dor aguda. Ele sentia cada runa sendo escrita, da clavícula, para seu peito. O sangue descendo por cada ferimento. Na terceira, deixou escapar um soluço pelos dentes, mas manteve os demais que seguiriam.

—Você apareceu no meu apartamento. Karin logo atrás de você, gritando por você ter feito uma tatuagem, mas com os olhos cheios de lágrimas.

—Não...fale dela...ah! — Naruto falou, logo se arrependendo ao sair um grito quando se permitiu falar. Ele havia começado a riscar sua barriga agora, entre seu umbigo, desenhando algo. E quando o primeiro grito saiu, seguiu outro gemido longo. — Pare! Pare com isso!

Tobirama, para sua surpresa, parou, erguendo a cabeça. O olhar dele estava curioso, a pupila dilatada, e tinha um sorriso divertido no rosto. Naruto trincou os dentes, as lágrimas escorrendo de forma livre no rosto machucado.

—Implore.

Naruto o encarou de volta e mostrou os dentes. Ele não o daria esse gosto.

— Vai se foder, seu maldito lunático, caolho desgraçado dos infernos.

E então fechou os olhos, deixando escapar outro soluço baixo. Tobirama suspirou.

— Como imaginei. Muito parecido com a mãe.

Ele voltou ao trabalho.

Em minutos Naruto começou a gritar de verdade.

 



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