- Você disse tudo isso, mesmo?
- Aham – fechei os olhos, uma das maquiadoras estava tentando grudar alguma coisa junto com a maquiagem, nem sei o que era – Nem quero imaginar qual vai ser o título da entrevista.
- “O recalque bate na minha bússola e volta na cara das vadia" – Cami falou e nós duas começamos a gargalhar, tive que pedir desculpas pra moça que cuidava de mim.
- Porra, genial! Posso dar essa ideia pra elas?
- Certeza! Aproveita e tira uma foto mostrando essa bússola Tiffany LINDA e ainda faz cara de malvada, as fãs vão te detestar.
- Mais?
- Acredite, é possível. Ainda mais depois dessa entrevista, vai chover ameaça de morte, corre pras colinas e se benze, amiga.
- Você tem um dom de me deixar tão tranquila, Camilla – eu sorri – Desculpe, posso levantar rapidinho?
- Tá falando comigo?
- Não, com a moça que tá me maquiando.
- TEM ALGUÉM TE MAQUIANDO?
- Aham, eu vou fazer as fotos daqui a pouco com o Leon .
- Eu to chorando sangue de inveja – a ouvi suspirar e sorrir – Tá sozinha agora?
- Sim, sim – respondi, me olhando no espelho e quase não me reconhecendo - Pai Amado, eu estou outra pessoa.
- Gata?
- PERUA!
- Tá valendo – nós rimos – Já sabe se vai vestir algum estilista famoso? Morro de vontade de fazer aquela cena de “Uma Linda Mulher”.
- Ainda não – dei uma olhada em volta – Estou vendo várias roupas aqui, mas não sei se são pra mim e nem sei de quem são. São descoladas, pelo menos eu curti.
- Detalhes, Vilu , detalhes!
- Ai, tá... – me levantei e fui dar uma olhada nas peças de roupas que estavam nas araras – Calças jeans, camisetas, casaquinhos, hm... Sapatos...
- DE QUEM?
- Ah, estilista?
- Claro, ou você achou que esse “de quem” era, sei lá... – a ouvi gargalhar – Não consigo pensar numa resposta engraçada agora.
- Que seja! – eu ri – Diesel, Coca, Dolce...
- DOLCE? Fala sério, você vai usar Dolce?
- Channel...
- Filha da puta sortuda do caralho.
- Oi, linguajar peculiar de Bolton! – eu comecei a rir, sempre me divertia quando Cami soltava mil palavrões de uma só vez.
- Me deixa colocar pra fora toda a minha inveja, por favor. É tudo o que me resta nesse mundo sombrio.
- Que drama, sabia que estão querendo fazer um photoshoot com toda banda? E isso inclui eu e você nos bastidores?
- Bastidores? Eu quero estar na frente – ela riu – Mas já fico feliz em ser lembrada.
- Drama, drama, drama.
- Faço mesmo – a ouvi bufar – Enquanto você tá no seu dia de princesa, eu vou com os meninos pra um ensaio em um “lugar secreto”, pelo menos foi isso o que eles postaram no twitter oficial.
- Vai tirar fotos?
- Não, só como acompanhante do Broduey mesmo, hoje é meu dia de folga e quero mimar meu namorado, e não ficar trabalhando.
- Ahá, muito bem. Acho fofo vocês dois juntos de novo, não aguentava mais seus choros na madrugada.
- Eu nunca chorei pelo Broduey !
- Ah, não?
- Tá... Esquece – ela fazia careta, eu tenho certeza.
Antes de eu formular novamente alguma frase, vi Leon entrar no camarim onde eu estava. Simplesmente lindo, e ele mal usava maquiagem e nem precisava de muita roupa! SÉRIO! Uma calça jeans, tênis qualquer, camiseta que me parece ser familiar e uma camisa azul jogada por cima. Abriu um sorriso quando me viu ali, e só foi então que percebi que eu estava de roupão branco, pantufas, cabelo pra cima e uma maquiagem ainda não finalizada.
- Camilla , meu namorado acabou de entrar – falei com um sorriso nos lábios, Leon riu.
- Ai, sendo trocada pelo Leon , de novo!
- Tá, quando chegar em casa te conto como foi o dia.
- Ok, se cuidem e me mandem fotos de forma clandestina, não vou aguentar esperar a revista sair pra eu morrer de inveja, mais ainda.
- Farei o possível.
- Obrigada – ela riu – Beijos, divirtam-se.
- Você também – desliguei o celular e o encarei
– Tá gatinho, Vargas .
- Curtiu? – ele abriu a camisa e deu uma rodadinha sexy – Saint Kidd.
- SABIIIIA! Conheço os trabalhos de Dougie Poynter – eu ri, indo até ele e vendo a camiseta mais de perto – É linda, to doida pra comprar uma.
- Comprar? Só pedir pro Dougie.
- É estranho eu “só pedir pro Dougie” – imitei a voz dele de um jeito babaca, o fazendo rir e dar um beijo de leve em meus lábios.
- Entããããoo... Não vou nem perguntar se você está pronta, porque...
- Acho que elas precisam arrumar meu cabelo, terminar a maquiagem e colocar uma roupa em mim – apontei pro roupão.
- Você está usando só isso? – ele mexeu nas pontinhas do roupão – Tipo, Rose Dawnson?
- Que você tem hoje com essa coisa de Titanic, hein?
- Nada, só uma comparação – ele me mostrou a língua – Mas você ainda não respondeu a minha pergunta, Vilu .
- É, to sim – dei dois passos pra trás – Agora, vaza daqui que eu vou escolher a roupa, ou pelo menos dar uma olhada nas minhas opções.
- Não posso nem ficar pra ajudar?
- Não, Vargas – eu ria, empurrando ele pra fora
– Me espera lá fora.
- Ok...
– Espera Vilu!
– Diga- falei me virando pra ele.
- Se eu te contar uma coisa bem tosca, você promete que não fica brava?
- Vixi! – eu ri – Conta.
- Sonhei com uma coisa estranha noite passada.
- Sonhou? Hm, você nunca me conta dos seus sonhos.
- Geralmente são babacas, mas ontem... Fiquei me sentindo estranho, porque, se isso acontecesse com você, aquela seria uma reação que eu nunca teria. Não entendi o motivo do sonho.
- Você tá me assustando.
- Desculpa! – mais um selinho – Eu sonhei que você voltava pro Brasil.
- Hã? – é, mas um “hã” digno de cara de psicopata – Como assim?
- Na verdade, você não voltava. Você recebia uma proposta pra voltar, e quando vinha contar pra mim eu te proibia de ir e... – ele fez careta – Me deixar. Tá, eu sei, foi bem egoísta e eu nunca faria isso.
- Leon ...
- Nunca tinha sonhado nada do tipo, e fiquei mais chateado com a minha reação do que com o sonho em si.
- Por quê? Você me deixaria ir embora? – falei, sentindo um leve aperto no coração, como se nesse momento eu estivesse contando pra ele sobre a proposta da Miriam.
- Se isso fosse pra te fazer feliz e você crescer profissionalmente, não vejo motivos pra te prender aqui – Leon passou a mão em meu rosto, me segurei pra não abrir a boca nesse momento – Não há nada que me deixaria mais frustrado do que saber que você perdeu uma oportunidade de crescer por minha causa.
- Você não abriria mão de nada, por mim? – perguntei baixo, mesmo já tendo alucinações de como ele responderia.
- Essa é a vida que eu tenho, Vilu , é quem eu sou. Você já faz partedela, querendo ou não. Não tem como eu crescer mais, entende? Claro, vou continuar com a música, viajando e conhecendo nossos países, mas é isso – ele sorriu – Você, não! Sua vida não se limita a Londres e nem a um curso que vai acabar daqui uns meses, ainda existe muita coisa a ser conquistada. Eu quero estar com você, mas se não der, o que vamos fazer?
- Vamos ficar juntos, é isso o que vamos fazer.
- E eu volto a perguntar – ele suspirou fundo – E se não der?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.