História Night Changes - Just how fast the night changes

Nós só estamos ficando mais velhos, baby

O quão rápido a noite muda

Wooyoung havia acabado de ter dado toda a comida para seu filho. A pequena criança estava agora aninhada entre seus braços com um brinquedo entre os dedos gordinhos.

Observando sonolento o desenho que passava na TV enquanto seus cabelos estavam com os dedos do pai mexendo-os carinhosamente. Mas a cabeça do ômega não estava ali, naquele desenho. Estava pensando mesmo no cara que havia conversado com ele há 3 dias atrás. O tal San parecia ser realmente uma boa pessoa, além de que na maioria do tempo pedir desculpas por não ter uma trava na língua e de mostrar o sorriso o tempo todo. Wooyoung às vezes ria sozinho com as piadas sem graça que o Choi soltava só para descontrair o clima lá dentro mesmo que estivesse num ambiente de trabalho.

Ele viu naqueles olhos avermelhados brilhantes que podia ter sim um interesse, mas não como os dos outros. Sentia que ele fosse diferente, já que na primeira vez que o viu não fez a mesma coisa que os outros, como lhe puxar pelo pulso ou pedir-lhe o número. Choi San sequer fez aquilo e sim procurou um modo de tentar conversar com o Jung adequadamente. Sem cantadas ou flertes, apenas elogios (talvez enchendo o saco de seu ego um pouco).

Gostou do jeito dele. Da aparência dele também que foi um dos fatores que lhe deixaram pensando nisso além de sua personalidade. Choi San realmente tinha um sorriso muito bonito. Wooyoung neste momento estava rindo sozinho por relembrar que observou o Choi de cima a baixo naquele dia. Ele com certeza deveria ser de uma empresa importante porque ninguém iria vir tão bem arrumado daquele modo só para tomar café lá.

De certa forma eles poderiam se tornar bons amigos depois dessa. Não sabia exatamente se San estava comprometido então não ia criar expectativas.

ㅡ Não criar. Ele nem parece interessado em mim mesmo. ㅡ Disse para si mesmo diante o silêncio da sala e a única a qual fazia ruído era a TV. ㅡ Só tentou ser engraçado, Wooyoung.

Seus olhos foram diretamente para Taemin que naquela hora já tinha adormecido rápido e nem escutava nada. Wooyoung só se virou de leve para dar um beijo na cabeça do filho e seguir para dentro do quarto.

                     ☆☆☆

ㅡ Falta o que mais pra comprar?

ㅡ Uh... Ovos, arroz, legumes e essas coisas... Tudo que tá aí na lista...

ㅡ Eu não entendo nada que essa puta da Natasha escreve na porra dessa lista...

ㅡ Vai se ferrar Yeosang, puta é você!

Wooyoung riu baixinho enquanto ouvia a discussão dos dois alfas no telefone. Natasha estava do outro lado da cidade comprando mais algumas coisas enquanto ele e Yeosang estavam juntos com Taemin. Eles estavam num nível de intimidade tão grande que o Jung nem se importava de defender um ao outro, eles se matavam só na base dos xingamentos e ele ficava na dele. Estava acostumado com aquelas discussões e até achava engraçado na maioria das vezes.

ㅡ Vocês tão chamando atenção, pessoal. Estão olhando pra gente. ㅡ Ele voltou a falar quando Yeosang voltou a acompanhá-lo com a lista do que estava faltando na mão. Sua expressão era confusa por ver a letra escrita de um modo que não entendia naquela folha.

ㅡ Só peguem o que estiver faltando, sério. Aí sim vai dar para todos.

ㅡ Tô com medo da Nat queimar a lasanha que nem da última vez. ㅡ Yeosang provocou, rindo junto ao ômega. Do outro lado da linha dava para ouvir ela resmungando. ㅡ Sério mesmo. O forno quase que pegou fogo porque essa louca esqueceu de olhar.

ㅡ Eu estava pintando o cabelo, Yeosang. Você estava sem fazer nada.

ㅡ Podia ter me avisado então, caralho. Você sumiu do nada. ㅡ Continuou passando com o carrinho pelo corredor e ouvindo as palavrinhas desconexas que Taemin soltava de segundo a segundo. ㅡ Woo, pega aquilo ali pra mim. Eu vou lá do outro lado pegar a massa, você vai indo no caixa na frente? ㅡ Perguntou ao ômega pondo a mão por cima do celular para que apenas ele escutasse. Concordou na hora. ㅡ Tá bom. Já volto.

Ambos se afastaram até que o Jung chegasse no caixa onde estava com algumas filas por ser um final de semana, a maioria sendo mulheres e alguns homens. Ele no entanto não ligou para isso, apenas esperando lá por sua vez.

ㅡ Com licença... ㅡ Uma voz chamou atenção ao lado. Era uma mulher mais velha, dando um sorriso fraco a ele que repetiu o mesmo ato. ㅡ É o seu filho? ㅡ Apontou para Taemin que estava batendo palminhas animadas e rindo sozinho ao mesmo tempo.

ㅡ É sim.

ㅡ Ah. Ele realmente parece com você. ㅡ Ele agradeceu sorrindo. ㅡ O outro pai veio também?

Ele meio que ficou desconfortável por essa pergunta. Até porque algumas estavam prestando atenção neles também.

ㅡ Ele não tem pai.

O olhar da mesma mudou na hora. Estava sorrindo antes, mas aquilo se esvaiu quando Wooyoung disse aquilo.

ㅡ Oh... Faleceu?

ㅡ Ele foi embora.

Agora sim ele estava sentindo os olhares queimarem por suas costas. Sabia que eram ruins e tinha consciência daquilo que transmitia. No entanto ele nem ao menos prestou atenção e continuou ignorando. Eram olhares maldosos e debochados por trás.

ㅡ Algum problema, Woo?

Yeosang era realmente a sua salvação. Ele sempre chegava na hora certa e no momento certo. Sabia quando precisava agir.

Quando ele disse aquilo, a maioria se virou para ver quem era. Inclusive as ômegas que estavam o encarando de um modo até maldoso foram para trás, possivelmente inseguras da presença do alfa ali.

ㅡ Não, Yeo. ㅡ Deixou o bebê nos braços do Kang. ㅡ Vamos logo.

Mesmo assim, o alfa sabia o que estava acontecendo ali. E sabia que não poderia fazer nada pelo amigo porque ele não aceitaria.

Mas se aceitasse...

ㅡ Vai chegar um dia onde o Taemin vai namorar e a Natasha vai ficar no pescoço dele o tempo todo. ㅡ Yeosang debochou na cozinha e o Jung riu baixo, o ajudando com a lasanha. ㅡ Escuta só.

ㅡ Taemin também adora ela. Não tenho dúvidas quanto a isso. Eles engatam uma conversa que nem eu mesmo consigo entender quando tô perto desses dois.

ㅡ Realmente.

E depois dessa ficaram num silêncio agradável, apenas ajudando um ao outro. Mas houve um momento onde Yeosang parou para lhe observar. Wooyoung até tentou ir continuando mas o observou de volta confuso.

ㅡ Que foi?

ㅡ Aquele pessoal estava enchendo seu saco né? ㅡ O alfa perguntou. ㅡ Quando fomos fazer as compras.

ㅡ Não aconteceu nada. Sério. Tá tudo bem.

ㅡ Não minta pra mim, Wooyoung. Eles todos estavam te olhando daquela forma. Sei que uma hora ou outra a tristeza vai bater na sua cabeça novamente. ㅡ Yeosang rebateu mais uma vez. E ele estava completamente certo pois conhecia o amigo o bastante para não escolher as palavras certas. ㅡ Não se culpe pelo o que aconteceu. Você não tem culpa, não viva com isso no seu coração.

ㅡ Eu não vou viver com isso. Está... Sendo difícil mas eu superei aos poucos. Você sabe disso. ㅡ O Jung respondeu voltando aos seus afazeres. ㅡ Vou só viver pelo meu filho, para dar uma vida boa a ele. Se Jinki não quis isso, não posso fazer nada. Ele que vá viver a vida dele.

ㅡ Falando assim até parece que você não ficou incomodado com o que disseram hoje.

ㅡ Eu tenho que aceitar a realidade, Yeosang. Posso viver minha vida com Taemin sabendo que ninguém vai querer alguém como eu ou me importo com os comentários alheios.

ㅡ Wooyoung... Também não é assim...

ㅡ O que? Que todo cara que sai comigo e sabe sobre o meu filho, foge disso na hora? Eu sou como uma vadia nos olhos dele. Já me falaram isso uma vez. ㅡ Respondeu com um sorriso irônico, parando de fazer as coisas. ㅡ É claro que eu não vou pôr qualquer um na minha casa e por isso vou conhecendo aos poucos. Meu filho é a única coisa que importa pra mim e se todo o trabalho que tô tendo agora significa dar uma vida boa a ele, não vou desistir.

ㅡ Ainda vão aparecer pessoas que possam gostar de você... ㅡ Yeosang respondeu baixo. O Jung parou para ouvir. ㅡ Só porque ainda não apareceu ninguém que te aceitasse  verdadeiramente não quer dizer que isso nunca vai acontecer. O destino tem linhas tortas que aos poucos vão voltando ao normal.

ㅡ Isso parece coisa de contos de fadas.

ㅡ Talvez seja um conto de fadas ou para crianças, mas de um jeito muito desenvolvido e elaborado. ㅡ O Kang andou até ele, entrelaçando ambas as mãos. ㅡ Me prometa que não vai desistir.

ㅡ Yeo...

ㅡ Prometa, Wooyoung.

Wooyoung e ele se encararam. Yeosang sabia que o ômega era alguém que era um pouco cabeça dura apesar de sua personalidade. Mas ele dizia que em uma noite, tudo poderia mudar. E não ia discordar disso.

ㅡ Tudo bem. ㅡ Respondeu ao alfa, apertando ambas as mãos. ㅡ Só porque você pediu.

O Kang sorriu, logo assentindo com a cabeça.

                     ☆☆☆

E lá estava Wooyoung mais uma vez. Ele olhava a clientela que estava totalmente presas e presos em seus próprios mundinhos. E é claro que depois de servir, ficou esperando por mais alguma ordem a seguir. Até que seus olhos se focaram no homem que havia entrado naquela hora.

Quando aqueles olhos avermelhados se levantaram para os seus e Wooyoung viu um sorriso mínimo aparecer, já sabia que aquela seria a hora perfeita para que aquele alfa fosse falar com ele. E aparentemente veio no mesmo horário dos dias atrás, sentado no mesmo lugar da primeira vez e olhando-o, claramente chamando para perto.

ㅡ Bom dia, Wooyoung. Espero que esteja tudo bem com você.

Por que ele tinha que aparentar ser educado? Falava de um modo tão calmo, de um jeito tão leve e quase alegre...

ㅡ Está tudo ótimo, senhor Choi. ㅡ Respondeu. ㅡ Também espero que tudo esteja bem com você. Vai querer o que hoje?

ㅡ O mesmo, obrigado.

Ele só seguiu. Mas a partir desse segundo dia, as conversas foram ficando mais frequentes. Antes, Wooyoung realmente não o via tanto assim e nem ao menos percebia. Mas depois disso, San começou a ir todos os dias, sentado no mesmo lugar, chamando apenas ele para lhe atender. Depois dessa, dizia que iria o "roubar" um pouco para conversas. Ele não hesitava em mostrar um sorriso para o ômega toda vez que ao menos abria a boca para reclamar de algo, para dizer algum de seus conhecimentos sobre tais áreas, em resumo San era um poço de sorrisos. Wooyoung achava completamente adorável os pequenos caninos que apareciam quando ele sorria. Era simplesmente muito bonito.

ㅡ... Eu quero te perguntar uma coisa, Wooyoung. ㅡ O alfa havia falado assim que ele havia voltado para sua mesa, lhe entregando tudo. O Jung só indicou para prosseguir. ㅡ Aquela criança... Ele parece bastante com você. Que está no colo daquela mulher. Eu estive notando isso desde alguns dias atrás. Você tem algum parentesco com ele?

Wooyoung acenou rápido e de uma vez. E para falar a verdade ao contrário do que pensou, San só abriu um sorriso de ponta a ponta. Céus, esse cara vivia mesmo nesse mundo ou era uma alucinação?

ㅡ É o seu filho?

ㅡ É sim. ㅡ Respondeu, ambos olhando para trás. Natasha ainda continuava bem atenta a criança enquanto os outros empregados faziam alguma graça para fazer Taemin rir. ㅡ Por quê?

ㅡ Ele é realmente tão adorável quanto o pai. ㅡ Parecia que o principal motivo de San estar ali todos dias era só para deixar Wooyoung envergonhado com o que dizia. Deixá-lo vermelho como estava naquela hora. ㅡ Por nada. É que eu realmente notei que vocês eram parecidos demais para não serem parentes... Como é o nome dele?

ㅡ Taemin.

ㅡ Ah, Taemin... Um belo nome. ㅡ O Jung deu um sorriso sem graça concordando. ㅡ Aliás... Não foi só por isso que te chamei. Já que faz um tempinho que já nos encontramos somente aqui, que tal em alguma hora dessas... Sei lá, você... Querer jantar na minha casa? Pode levar Taemin se quiser. Eu iria adorar.

ㅡ Ah...

ㅡ Mas eu só dei uma sugestão mesmo. Se você não quiser ir, entenderei perfeitamente.

Até porque é pai e sei como uma criança é... Então... 

Wooyoung no fundo estava mesmo querendo ir. Por um lado era isso e pelo outro estava se sentindo um pouco inseguro se deveria ir. Estava no fundinho de sua cabeça que não deveria ir, que não valia a pena. Mas ele não quis seguir esse caminho. Afinal nem havia tentado a primeira opção ainda, então se não desse certo que quebrasse a cara; pelo menos tentou.

ㅡ Eu adoraria.

San então deu mais um de seus belos sorrisos.