Taehyung sempre foi uma pessoa calma, pensava muito bem antes de fazer alguma coisa. Por mais que perdesse a cabeça rápido demais, sempre esteve no controle de si mesmo. Mas ali, naquele momento, a única coisa que fez foi virar seu carro bruscamente em direção a casa de Biu. Não parou para pensar no que podia encontrar quando chegasse lá ou muito menos no risco que estava correndo. Só queria chegar até o seu irmão.
-Tae! - Ouviu Biu exclamar, o garoto ainda estava no telefone.
Taehyung desligou o aparelho e pisou no acelerador, estava a ponto de enlouquecer. Não suportaria uma segunda perda, não iria permitir que Hyuk o deixasse de novo. Passou pelo o sinal vermelho e de longe ouviu as buzinas dos carros, mas não prestava atenção em nada a não ser no seu caminho.
Pisou no freio e derrapou o seu pneu no asfalto quando chegou em frente a casa do seu manobrista. Abriu a porta do carro e desceu correndo, a garagem estava aberta.
-Taehyung... - Biu exclamou descendo a escada caracol.
O garoto o ignorou e começou a olhar em volta, estava tudo uma bagunça, havia sinal de balas para todos os lados. Foi em direção ao Biu e o segurou pela camisa.
-Onde ele está? - Perguntou.
-Se acalme...
-ONDE ELE ESTÁ BIU? - Gritou sem paciência.
Não estava conseguindo acreditar, Hyuk não podia sumir de novo, não iria aceitar isso. Biu levou suas mãos nas dele e respirou fundo.
- Eu não sei. - Respondeu. - Ele me ligou, mas quando eu o atendi apenas disse para eu não vir para cá.
Taehyung soltou a camisa dele passou sua mão no cabelo nervoso. Não conseguia pensar em nada, uma pessoa normal chamaria a policia em uma situação como essa, mas eles não eram mais pessoas normais.
-Mei... - Falou olhando em volta se lembrando da garota. - Ela também não está aqui?- Perguntou.
-Nem sinal, eu não faço ideia do que aconteceu aqui... -Ele respondeu.
Taehyung virou seu corpo e subiu a escada correndo, tudo estava fora do lugar, tudo revirado.
-Droga! - Exclamou chutando uma cadeira do seu caminho.
- Tae, se Hyuk conseguiu fugir ele vai me encontrar. - Biu falou entrando na sala. - Agora se ele foi pego...
-Não. - Taehyung o cortou.
-Tem que pensar nessa possibilidade. - Biu falou. - Se ele foi pego novamente, vamos ter que continuar com o plano.
Taehyung virou seu corpo rapidamente e socou a parede ao lado, não deveria tê-lo deixado sair, Hyuk deveria ficar dentro de casa. Sentiu sua mão arder e fechou os olhos, precisava encontra-lo.
-Vão matar ele. - Ele falou nervoso. - Se arrependeram de não terem feito isso e vão mata-lo.
Biu se aproximou do rapaz e colocou sua mão no ombro dele, quando foi dizer alguma coisa ambos ouviram um barulho na garagem. Taehyung saiu dali correndo e pulou praticamente do segundo andar até o chão.
-Ei! - Exclamou quando viu um homem sair de trás do carro de Biu.
-CUIDADO! - Sentiu Biu pular em cima dele e cair para o lado atrás de algumas caixas de ferramentas.
O homem que estava ali começou atirar para todos os lados, Taehyung levou suas mãos aos ouvidos e fechou os olhos, aquilo fazia um barulho ensurdecedor.
-Maldito! - Ouviu Biu exclamar enquanto se arrastava em direção a estante.
-O que está fazendo?- Taehyung perguntou.
O garoto o ignorou e pegou uma caixa que ficava em baixo da estante e tirou uma arma dali. Virou seu corpo e apontou para trás de Taehyung.
-Abaixe. - Gritou e o mesmo obedeceu.
Biu começou atirar sem parar, as balas iam e vinham. Tae rolou seu corpo e entrou em baixo do carro e conseguiu ver as pernas do homem enquanto ele atirava. Quando pensou em fazer alguma coisa ele parou de atirar e saiu correndo da garagem.
-Desgraçado... - Falou saindo dali e ficou em pé. - Eu vou segui-lo. - Gritou.
-Espere Taehyung!
Ele correu para fora da garagem e entrou em seu carro rapidamente, o homem estava saindo com a sua moto. Quando ligou o veículo Biu entrou ao lado e o mesmo saiu cantando pneu.
-E vai fazer o que quando ele parar? - Perguntou colocando o cinto.
-Eu vou procurar o meu irmão. - Tae respondeu desviando dos carros em sua frente.
Biu ainda estava com a arma na mão e não disse mais nada, olhava para trás o tempo todo para se certificar de que ninguém estava seguindo eles. Taehyung percebeu que o homem em cima da moto olhava para trás o tempo todo, já tinha percebido que eles estavam o seguindo.
Virou sua moto em um beco estreito rapidamente, era impossível um carro entrar ali.
-Droga! - Taehyung exclamou.
-Segue reto, ele vai ter que sair uma hora. - Biu falou ao lado dele.
Taehyung olhou para o lado e viu que o garoto seguia no beco, pisou no acelerador e continuou perseguindo. Não demorou nem dois minutos e ele voltou para avenida, mas dessa vez apontou sua arma em direção ao carro e atirou.
-Ele enlouqueceu só pode! - Biu gritou.
Tinha muitos carros e pessoas ali e mesmo assim atirava sem parar. Taehyung virava seu volante para todos os lados, mas uma bala acertou o vidro e esse se quebrou em milhões de pedaços. Taehyung levou sua mão em frente ao rosto para se proteger, mas continuou acelerando.
Notou Biu soltar o cinto e se posicionar na janela do carro e atirar, atirou uma, duas e na terceira acertou o pneu da moto fazendo com que ele estourasse o a moto derrapou na mesma hora. O homem caiu para o lado e foi rolando até bater na guia da calçada.
Taehyung pisou no freio e saiu do veículo, virou o garoto e tirou o seu capacete, não aparentava ter mais do que vinte e cinco anos.
-Desgraçado. - Falou.
Notou ele tentar levantar sua arma, mas a chutou para longe dele rapidamente. Segurou na gola de sua camisa e trouxe o rosto dele perto do seu.
-Onde ele está? - Perguntou entre dentes. - Onde está o meu irmão?
O garoto começou a tossir e levou sua mão no abdome, havia se machucado com a queda.
-Tae, precisamos sair daqui. - Biu falou puxando o braço dele.
-Não! - Exclamou puxando seu braço de volta. - Eu quero saber onde levaram o Hyuk...
-Tae, estou falando sério. - O manobrista insistiu.
O garoto começou a tossir e abriu os olhos, aparentava estar com muita dor.
-N...
Quando ele começou a falar, Biu puxou Taehyung com força e se jogou atrás do carro. Ele caiu com tudo no asfalto e ouviu os tiros novamente. Mas não estavam atirando neles e sim no menino caído na sarjeta. Arregalou os olhos e observou aquela cena horrorizado.
Eram duas pessoas em cima de uma moto e atirava contra o garoto sem piedade.
-Vai, vai... - Os ouviram falar.
Viraram a moto e saíram em uma velocidade absurda dali. Taehyung levantou correndo e se aproximou do garoto.
Estava morto.
Endireitou seu corpo e olhou para os lados, muitas pessoas estavam espantadas e olhavam aquilo horrorizadas. Taehyung levou suas mãos nos cabelos e fechou os olhos, aquilo não podia estar acontecendo.
-Vem... - Sentiu Biu pegar em seu braço e puxa-lo.
O manobrista o colocou no banco do passageiro e saiu, durante o caminho viram quatro carros de policia passar por eles em direção ao ‘acidente’. Taehyung estava com seus dedos enterrados em seus cabelos e encarava os pés.
-Viu... Viu aquilo Biu? - Perguntou.
Biu suspirou ao seu lado e olhou para ele.
-Agora viu com quem estamos lidando, não pode sair correndo atrás de qualquer um Tae. - Falou.
Taehyung fechou seus olhos e escorou sua cabeça no banco.
-Vão mata-lo, eles vão mata-lo... - Falou.
Tae nunca pensou que um dia presenciaria uma cena como aquela, estava em choque e somente agora pareceu perceber a gravidade da situação. Até mesmo quando quase atiraram nele aquela vez no beco o deixou assim. Se fizeram isso com aquele menino, não hesitariam com Hyuk.
Biu estacionou o carro em frente a sua casa e desceu, deu a volta no carro e tirou Taehyung de lá de dentro. Não deixaria ele voltar para a empresa naquela situação.
-Vem...
-Não, eu preciso encontrar o Hyuk. - Falou passando suas mãos nos cabelos.
-Tae, olhe ali. - Biu apontou para a sua garagem.
O garoto não falou nada e olhou para onde ele apontava. Não tinha nada na garagem, somente o carro do Biu, virou seu rosto e encarou o manobrista esperando alguma explicação.
-A moto do Hyuk sumiu, eu acho que ele fugiu. - Continuou falando. - Eu quero muito acreditar nisso...
-Por que não me mostrou isso antes?- Taehyung perguntou encostando-se ao carro.
-Eu percebi quando você saiu correndo atrás daquele garoto, pensei em pegar a moto dele e não a vi em parte alguma. - Respondeu.
Taehyung fechou seus olhos e respirou fundo, a chance de Hyuk ter fugido havia aumentado um pouco e isso deixou ele um pouco aliviado.
-Precisamos resolver isso. - Biu falou apontado para o carro com o vidro estourado. - Vão puxar o seu carro pelas câmeras de seguranças e irão ver você... Pensa na notícia que vai sair, o CEO das empresas Kim envolvido em um tiroteio...
Taehyung pegou seu celular do bolso e discou um determinado número.
-Não vão. - Falou. - Gun...
“Oi Tae...” - O garoto atendeu animado.
-Preciso que suma com as gravações das câmeras que fica na avenida principal. - Foi direto ao ponto.
Biu arregalou seus olhos minimamente e logo sorriu.
“É pra já, adoro fazer isso” - O menino concordou e logo desligou.
Taehyung virou o seu corpo e jogou o aparelho dentro do carro e respirou fundo, precisava se acalmar.
-Se Hyuk aparecer aqui... - Falou. - Me liga.
-Pode deixar. - Biu falou.
Taehyung entrou em seu carro e saiu, Hyuk era esperto e jamais deixaria nada acontecer a Mei. Não faria nada imprudente, a chance dele ter fugido era bem maior.
...
Ayame estava em pé fazia cinco minutos em frente ao espelho. Tinha acabado de sair do banho e encarava sua barriga. Não tinha mudado nada ainda, mas só de imaginar que esperava um filho dele a deixava completamente extasiada.
Colocou seu moletom e desceu, Yona tinha preparado o almoço e precisou sair. Taehyung chegaria a qualquer momento e estava ansiosa pela conversa que teriam, ela queria saber de tudo o que estava acontecendo.
Caminhou até o sofá e sentou, pegou o controle da TV e ligou.
“O garoto só tinha vinte e dois anos e foi assassinado na avenida principal de uma forma cruel”
Ayame parou de mexer em seu celular e encarou a TV.
“Meu filho se envolvia com pessoas erradas o tempo todo, eu disse para ele largar essa vida. Eu avisei.” - Uma mulher apareceu aos prantos.
“As imagens das câmeras sumiram, acreditamos que tenha sido falhas no sistema, já que invadir um sistema como o da cidade seja algo impossível. Então acreditamos que tenha sido assalto a mão armada. Testemunhas disseram que havia um carro, mas não conseguimos provas nenhuma sobre isso.”
-Meu deus. - Ayame falou baixo.
“Voltamos logo com mais noticias.”
A garota levantou o controle e desligou o aparelho na mesma hora. Por isso evitava assistir TV, eram tragédias atrás de tragédias. Levantou do sofá e começou a caminhar pela sala, Taehyung estava demorando muito, já era quase duas horas da tarde e nada dele aparecer.
Ouviu seu interfone tocar e correu até ele.
-Oi... - Falou.
-Apartamento 215, duas pessoas estão pedindo permissão para subir. - O homem da recepção falou.
Ayame levantou uma sobrancelha.
-Poderia me informar os nomes? - Perguntou.
O homem ficou em silencio por alguns segundos e logo ouviu ele agradecer do outro lado.
- Rick e Mei. - O homem respondeu.
Mei? A garota encarou a porta, o que Mei estaria fazendo ali e quem era Rick? Bom, conhecia Mei e era isso o que importava.
-Pode deixa-los subir. - Falou.
Colocou o interfone em seu gancho e voltou para a sala. Mei não estava se escondendo? O que ela estaria fazendo ali? Não demorou muito e logo ouviu as batidas na porta, correu até ela e espiou pelo o olho magico. Era Mei e... Hyuk.
Abriu a porta rapidamente, os dois estavam machucados.
-Meu deus! - Exclamou. - Entrem...
Mei passou seu braço pela cintura de Hyuk e o ajudou entrar, ele sentou no sofá com dificuldade e escorou seu corpo no encosto.
-O que aconteceu? - Ayame perguntou abaixando na frente dele.
-Me desculpe vir para cá. - Mei falou com lágrimas nos olhos. - Invadiram a casa... E... - Pressionou os olhos e respirou fundo.
Ayame pegou na mão dela, era obvio que alguma coisa tinha acontecido e Mei ainda estava em choque. Sorriu na direção dela.
-Está tudo bem agora. - Falou. - Sente aqui do lado dele.
Mei sentou ao lado de Hyuk devagar e olhou para ele.
-Hyuk... Tudo bem? - Perguntou.
-Tae... Onde está o meu irmão? - Ele perguntou com uma respiração pesada.
Ayame levantou correndo e foi até o banheiro, pegou a maleta de primeiros socorros que ficava ali dentro e voltou para a sala.
-Onde ele se machucou Mei? - Perguntou colocando a maleta no braço do sofá.
Mei se inclinou um pouco e levantou a camisa dele, havia um corte ali. Não parecia fundo, mas sangrava, Ayame fechou os olhos e prendeu a respiração, não podia ver sangue, mas precisava se manter firme.
-Como passaram pela recepção machucados assim sem eles notarem? - Perguntou a eles molhando um pano.
Precisava se distrair.
-Nos mantemos firme... - Mei respondeu ajudando Ayame com o curativo.
Ayame colocou o pano sobre o abdome dele e o mesmo franziu sua testa de dor, Mei se afastou dele rapidamente e virou de costas. Aya limpou o local e depois enrolou uma faixa ali.
-É só aqui? - Perguntou a ele.
Ayame estava suando frio, sentia seu estômago embrulhar, mas não podia desmaiar agora. Mei não estava em condições de ajuda-lo.
Hyuk estava com a cabeça caída para trás e respirava com dificuldade. Estava tão feliz e animado noite passada que vê-lo daquela forma a deixava ser ar.
-A perna dele. - Mei respondeu ainda de costas. - Ele levou um tiro.
Aya arregalou os olhos, mas não disse nada. Pegou uma tesoura e cortou a calça dele, Hyuk tinha levado um tiro em sua panturrilha. Estava sangrando, fechou seus olhos e respirou fundo, nunca ficou tanto tempo perto de sangue como estava agora.
-Foi de raspão Mei. - Falou para a sua prima.
Mei abaixou no chão e soltou o ar aliviada. Ayame limpou o local e fez um curativo ali também, olhou para a menina ainda abaixada no chão.
-Se machucou? - Perguntou.
-Não. - Mei respondeu olhando para trás. - Ele me protegeu.
Ayame ficou em pé e encarou o balcão da cozinha, precisava respirar. Ouviu o barulho da porta abrir e viu Taehyung passar por ela e arregalar os olhos quando a viu com as mãos coberta de sangue.
Ela sorriu e soltou o corpo, Taehyung correu e a pegou antes de cair no chão.
Ela havia desmaiado.
- O que aconteceu? - Mei perguntou apavorada.
Taehyung a pegou no colo e encarou seu irmão que olhava para Ayame preocupado. Hyuk estava ali, na sua casa e bem.
-Ayame não pode ver sangue... - Respondeu sem tirar os olhos de seu irmão.
-Mas, ela fez os curativos... - Mei falou perdida.
Taehyung encarou a garota em seus braços e beijou a cabeça dela. Ayame era uma garota incrível, conseguiu se manter firme para ajudar o seu irmão. Caminhou até o outro sofá e a deitou ali.
-Tae... - Ouviu Hyuk chama-lo.
Ele virou o seu corpo e o encarou, estava machucado e respirava com dificuldade. Fechou suas mãos em punhos e caminhou até ele e o puxou para um abraço. Nunca sentiu tanto medo como sentiu nessa tarde. Pensou que nunca mais veria seu irmão outra vez.
-Ai... - Hyuk resmungou, mas o abraçou de volta.
-Eu pensei que tivesse... - Taehyung falou baixo.
-Não vou te deixar de novo maninho. - Hyuk o cortou. - Não vai se livrar de mim... - Sorriu fracamente.
Quando viu Ayame com as mãos sujas de sangue seu coração parou, mas logo viu Hyuk atrás dela e um medo maior ainda se formou em seu peito. Pensou que tinha perdido ele pela segunda vez e aquilo seria cruel demais.
-Mei. - Taehyung olhou para a garota quando se separou do seu irmão. - Tudo bem?
-Sim, alguns homens entraram quebrando tudo. - Ela respondeu. - Hyuk e eu nos escondemos no sótão e saímos quando não ouvimos mais nada, só que ainda tinha quatro deles na garagem e começaram a atirar. Seu irmão me salvou, ele... Pegamos a moto e corremos, eu não consegui pensar em outro lugar... - Ela falava um pouco desesperada.
Taehyung respirou fundo e encarou o seu irmão que prestava atenção no que Mei dizia.
-Deveriam ter vindo aqui desde o inicio. - Falou suspirando.
-Tae, avise o Rick que eu estou bem. - Seu irmão falou.
-Aviso, sobem tomar um banho. - Ele falou. - Fiquem aqui a partir de hoje... Tem um banheiro no corredor e um no meu quarto as direitas...
Mei encarou Hyuk e o mesmo balançou a cabeça.
-Não vamos coloca-los em perigo. - Falou. - Vamos achar outro lugar.
Taehyung fechou seus olhos e suspirou mais uma vez.
- Não pode ficar andando por ai, olha só o que aconteceu. - Exclamou nervoso. - Eu disse que vão ficar aqui, não discute Hyuk...
Viu seu irmão mais velho sorrir minimamente e soltar o ar.
-Tudo bem... - Falou ficando em pé com dificuldade. - Mas assim que eu estiver melhor...
-Depois falamos sobre isso. - Taehyung o cortou. - Agora vai.
Mei segurou no braço dele e juntos subiram para o segundo andar. Taehyung caminhou até Ayame e abaixou ao lado dela, passou sua mão em seus cabelos e a beijou gentilmente. Levantou dali e foi até a cozinha, pegou um pouco de água e voltou para o lado dela, pegou em suas mãos e tirou todo o sangue que tinha ali.
-Tae... - A ouviu falar baixo.
Ele colocou o pano do lado e a encarou.
-Oi... - Respondeu levando sua mão no rosto dela.
-Hyuk... Ele está bem? - Ela perguntou.
-Uhum... - Ele respondeu apoiando sua testa na dela. - Não me assuste desse jeito... - Falou baixo.
Ayame sorriu e levou sua mão até os cabelos dele.
-Eu acho que essa foi a primeira vez que aguentei mais do que um minuto vendo sangue. - Falou.
Taehyung sorriu minimamente e a beijou, Ayame fechou seus olhos e aproveitou a sensação dos lábios dele sobre os seus. Quando ele se afastou ela sentou e olhou para os lados.
-Cadê eles? - Perguntou.
-Eu os mandei subirem e tomar um banho. - Respondeu sentando ao lado dela.
-Eles precisam ficar aqui, é mais seguro. - Ela falou olhando para ele.
-Sim... - Taehyung suspirou pegando na mão dela.
Ayame virou seu corpo e cruzou suas pernas ficando de frente para ele.
-O que houve? - Perguntou.
-Atacaram eles. - Ele respondeu. - Não sei como descobriram onde ele estava...
Ayame pressionou os lábios e olhou para baixo.
-Seja sincero comigo. - Falou. - Meus pais estão por trás disso tudo?
Taehyung respirou fundo e a encarou, Ayame ainda não sabia da metade das coisas e era justamente por isso que veio vê-la. Precisava contar todos os detalhes a ela.
-Foram, foram eles. - Respondeu e viu ela pressionar seus olhos. - Ayame, seus pais obedecem a seu avô, eles...
-Não me diga que eles não são totalmente culpados, por que são sim, foi uma decisão deles fazer essas coisas. - Ela o cortou.
Ele olhou para suas mãos entrelaçadas no colo dela e balançou sua cabeça.
-Tem razão. - Falou. - Seus pais vêm fazendo isso desde sempre. Eles roubam empresas para o seu avô e há seis anos a nossa empresa se tornou alvo...
-Por isso aconteceu e ainda está acontecendo essas coisas com o seu irmão? - Ela perguntou.
Ele concordou com a cabeça e a encarou, levou sua mão no rosto dela e passou seu dedo polegar em sua bochecha.
-Nos casamos por que fazia parte de um plano. - Continuou. - Estar comigo era um plano deles... Depois que eu assumi a empresa, as coisas ficaram um pouco difíceis para eles, eu não sou gentil como Hyuk e fico nervoso com as coisas facilmente... Então te colocaram ao meu lado, para eles ter um acesso às empresas Kim facilmente.
-Agora entendo por que falsificaram a minha assinatura... - Ela falou baixo apertando a mão dele.
-Isso. - Ele concordou no mesmo tom. - Eu fui obrigado a me divorciar por causa disso, mas estou começando agir e vou acabar com isso...
Ayame levantou a cabeça e o encarou.
-Quando você diz, acabar com isso... - Falou.
Ela parou de falar e continuou olhando para ele, de certo sabia que seus pais iriam para a cadeia depois de tudo.
-Ayame...
-Tudo bem. - Sorriu minimamente. - Fizeram coisas horríveis, estão fazendo na verdade...
Taehyung se aproximou dela e a puxou em seu colo, contornou o corpo dela com seus braços e afundou seu rosto em seus cabelos. Amava tanto aquele cheiro que não sabia explicar como. Por mais que ela ache justo que eles tenham que ir para a cadeia, ainda eram os seus pais e isso seria muito difícil para ela. Jamais a deixaria sozinha nessa vida.
-Vai casar comigo depois, não vai? - Perguntou baixo.
-Vou... - Ela respondeu. - Eu vou...
-Me beija. - Taehyung falou e na mesma hora Ayame virou o seu rosto e o beijou.
Afundou seus dedos nos cabelos dele aprofundou aquele beijo de uma forma lenta e apaixonada. Estava triste pelo o que seus pais estavam fazendo, mas seu coração batia descontroladamente quando estava com ele daquela forma. Iria dar tudo certo, eles pagariam pelo mal que estavam fazendo e Ayame finamente poderia viver em paz.
...
-Para com isso Jimin, estou com vergonha. - Jin reclamou.
Jimin empurrava a cadeira onde Jin estava sentado até a saída do hospital.
-Eu só estou fazendo o que me foi mandado maninho... - Ele falou sorrindo.
Jin já tinha recebido alta e ele foi busca-lo, não precisava daquela cadeira, mas quando a viu parada no corredor não perdeu a chance de brincar com seu irmão mais velho, inventando então a desculpa de que a enfermeira havia mandado.
-Mas eu estou bem, olha só todo mundo me olhando. - Ele continuou reclamando.
Jimin pressionou os lábios para não rir daquilo e continuou o empurrando normalmente. Assim que chegaram à porta o mesmo se levantou rapidamente e encarou o seu irmão mais novo.
-Pronto, leva isso de volta. - Falou olhando em volta.
O garoto riu alto e colocou a cadeira ao lado e saiu andando. Jin levantou uma sobrancelha e correu atrás dele.
-Por que riu daquele jeito? - Perguntou.
-Por nada, vamos logo que vovó quer te ver. - Respondeu destravando o carro.
Jin parou de andar na mesma hora e suspirou.
-Ela não é minha vó. - Falou. - E eu tenho outro lugar para ir...
Jimin olhou para ele e colocou suas mãos nos bolsos. Jimin e Jin eram irmãos por serem filhos da mesma mãe, quando a mãe deles casou com o pai de Jimin, Jin tinha quatro anos. Mas o senhor Park, pai de Jimin o tratou como igual, porém a mãe deles insistiu para que o menino continuasse com o Kim no nome por respeito ao seu antigo marido que morreu em um acidente de carro.
A vó de Jimin é mãe do seu pai, e a partir do momento que interferiu na vida amorosa do neto com Ume no passado, Jin a trata como uma pessoa qualquer, por isso a senhora não faz nada contra ele. Jin pode se relacionar com quem quiser e fazer o que bem entender. Já Jimin é sufocado pela família do seu pai e desde sempre torceu para ter a mesma liberdade que o seu irmão.
-Tudo bem, pode ir... - Jimin falou.
-Posso? - Jin perguntou arqueando uma sobrancelha.
-Pode, você é o mais velho aqui... - Sorriu.
Desde pequenos, por mais que Jin fosse o mais velho, Jimin sempre foi mais forte que ele e levava Jin aonde ele quisesse. Claro que ele acharia estranha essa gentileza do irmão do nada.
-Ok... - Jin virou seu corpo lentamente, para ter certeza de que Jimin não o jogaria em suas costas de surpresa.
-Eu vou ir ver a Ume... - Falou antes dele sair andando.
Jin parou de andar e sorriu para ele.
-Não sabe o quanto fiquei feliz por ter voltado com ela. - Falou a ele.
Jimin se lembrava muito bem do Jin nervoso na época, ele sofreu tanto quando perdeu Ume e seu irmão presenciou tudo.
-Não voltamos de vez, ela quer ir com calma... - Suspirou.
-A beija, chega e beija ela. - Jin voltou animado. - Vai esperar a vó estragar de novo?
Jimin o encarou e sorriu com aquilo.
-E você? Até quando vai ficar fingindo com a Nick. - Exclamou. - Está louco por ela, consigo ver em seus olhos.
Jin arregalou os olhos e olhou para o lado.
-Está tão na cara assim? - Perguntou.
-Está e acho que ela também vê isso... - Jimin respondeu.
Jin levantou a cabeça surpreso e viu que seu irmão olhava para outro lugar. Virou seu corpo devagar e viu a garota em pé com um olhar surpreso nos olhos. O vento balançava suas madeixas azuis e engoliu em seco.
-Nick... - Falou.
-É... Eu soube que recebeu alta e vim te buscar, mas o Jimin... Bom... - Ela falava olhando para os lados. - Vai vir comigo?
Jin sorriu e colocou suas mãos no bolso.
-Você ouviu? - Perguntou.
-Claro que ela ouviu... - Jimin exclamou. - Ela esteve ali o tempo todo.
Jin virou seu rosto e voltou a encarar a garota, Nick sorriu e começou a caminhar na direção dele. Usava uma calça jeans preta e um moletom branco que destacava perfeitamente seu cabelo azul.
-Então está louco por mim? - Ela perguntou murchando seus olhos.
- É... Louco... bom, Jimin usou esse termo... - Ele respondeu perdido.
Jimin suspirou, não parecia o mesmo garoto que o mandou beijar Ume minutos antes. Estava mais perdido do que ele.
-Sou... - Jin respondeu por fim. - E se você topar, eu não quero mais fingir, eu quero mostrar a verdade para a sua mãe.
Nick sorriu com aquilo e correu na direção dele, quando seus corpos se chocaram, ela pressionou os lábios dele e o beijou intensamente.
Jimin sorriu com a cena, entrou no carro e saiu.
...
-Isso está muito bom... - Mei falou ao provar a macarronada que Yona deixou pronta na hora do almoço.
Já era seis horas da tarde e os quatro estavam na mesa almoçando. Taehyung não voltou mais para a empresa enviou uma mensagem a Kang e passou a tarde com eles.
-Sua perna melhorou? - Ayame perguntou ao Hyuk do outro lado da mesa.
O garoto sorriu e a encarou.
-Me desculpe por isso. - Falou. - Eu não fazia ideia que não podia ver sangue...
Ayame sorriu e balançou a cabeça.
-Está tudo bem. - Falou. - Só me diz se sua perna melhorou.
Hyuk sorriu e balançou sua cabeça. Mei e ele tomaram um banho e desceram, ela não tinha um arranhão no corpo. Contaram a eles detalhadamente o que tinha acontecido e Taehyung e Ayame ficaram surpresos como Hyuk foi rápido em tirar os dois de lá.
- Não pensei que ainda tivesse esse lugar... - Hyuk falou olhando em volta. - Ainda me lembro de quando escolheu esse apartamento quando começou a faculdade. - Encarou Tae.
Taehyung parou de comer e o encarou, não conseguiu voltar para casa justamente por ele não estar mais lá.
- Com essa vista, quem abandonaria esse lugar? - Mei perguntou ao lado.
Ayame sorriu com aquilo e olhou para ela.
-Eu penso o mesmo, me apaixonei pela vista. - Falou bebendo um pouco do seu suco.
-Tae... - Hyuk o chamou e o garoto o encarou de novo. - A mãe e o pai se separaram por que... Por que...
Ele estava tentando perguntar se era por causa da morte dele e a resposta era sim. A mãe deles engravidou de Hyuk quando tinha dezessete anos e precisou casar com o pai deles com dezoito. Mas isso não era uma história triste, muito pelo contrario, eles se amavam muito e ter Hyuk foi uma alegria imensa e perde-lo como eles perderam era muito cruel e aos pouco as memórias começaram ser dolorosa demais.
-Hyuk... - Ele falou.
-Ai meu Deus, nem responda. - O irmão pegou o copo. - Seu olhar já foi o suficiente.
Taehyung sorriu e respirou fundo.
-Mas ele casou de novo e a Sooun é boa para ele, já a mamãe a trata como irmã. - Falou a ele. - Estão bem, os dois.
Hyuk suspirou e olhou para o lado, Mei e Ayame estavam em pé na janela, olhavam para a cidade do lado de fora, o sol estava quase se pondo. A vista era realmente incrível.
-Nós também. - Falou.
Taehyung virou seu rosto e as encarou assim como ele.
-Por mais que esteja acontecendo tudo isso, ter ela ao meu lado... - Hyuk continuou falando. - Acho que você entende isso.
-Entendo. - Respondeu.
Mei virou seu corpo e o encarou.
-Venha ver isso, o sol está se pondo. - Falou. - Acho que nunca vi algo tão bonito.
Hyuk sorriu e caminhou até elas e a abraçou por trás, ela tinha razão, era maravilhoso. Taehyung também se levantou e foi até eles, passou seu braço pelo o pescoço de Ayame e a mesma contornou sua cintura com os braços.
Era isso o que importava para todos eles, estarem juntos.
Assim que a noite chegou se arrumaram na sala e começaram a conversar sobre o passado.
-Eu não fiz isso... - Mei falou sorrindo. - Bom, mais ou menos.
Ayame estava contando a eles que a ultima vez que esteve no Japão Mei a deixou sozinha para poder sair com algumas amigas, coisa que toda adolescente já fez uma vez.
-Mas eu não liguei. - Ayame continuou contando. - Eu gostava de ficar sozinha, acho que sempre gostei...
Taehyung virou seu rosto e a encarou.
-Não mais. - Ela corrigiu o abraçando. - Com certeza, não mais.
Mei e Hyuk sorriram com aquilo.
-E vocês, como conseguiram se apaixonar em uma prisão? - Ayame perguntou.
Mei entrelaçou seus dedos nos de Hyuk e respirou fundo.
-Bom, eu sempre fui contra as coisas que o vovô fazia. - Começou. - Mas o que eu podia fazer? Então um dia eu desci para ver o prisioneiro e o achei lindo...
Hyuk sorriu minimamente e apoiou sua cabeça no ombro dela.
-Ai pedi para levar comida a ele fingindo querer ser competente e nos apaixonamos. - Terminou beijando em cima da mão dele.
Hyuk sorriu novamente e encarou sua cunhada.
-Agora me diz você, o que fez para derreter essa geleira ai? - Perguntou e Ayame encarou Taehyung que virava uma taça de vinho.
Quando ela foi responder ouviram bater na porta, Taehyung ficou em pé e foi ver quem era, assim que olhou pelo o olho mágico arregalou os olhos. Afastou-se um pouco assustado e encarou eles.
-É o papai... - Falou.
Ayame ficou em pé rapidamente junto com Hyuk e Mei.
-Ayame, querida. - Ouviu o Senhor Kim falar do outro lado. - Eu sei que Taehyung não mora mais aqui, mas podemos conversar?
Ayame arregalou os olhos.
-E-Estou indo... - Falou.
-Eu tenho as chaves. - Ouviu o homem sorrir e abrir a porta.
Taehyung saiu correndo e puxou Hyuk para trás da cortina com ele e prendeu a respiração. Hyuk fechou os olhos e falou.
-Cadê a Mei? - Perguntou.
-Quem é essa querida? - Ouviram seu pai perguntar.
Droga!
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