História No game, no life. - I care about you

08 de Janeiro de 2015. Londres, Inglaterra.

Sakura pov’s

Não importa quantas vezes eu limpasse ou segurasse, meu nariz sempre escorria. Era minha primeira vez pisando em Londres e mesmo sob a trabalho era impossível não achar a cidade maravilhosa.

- Esta muito frio aqui. – Reclamou Sasori pela décima vez enquanto batia a boca de frio. – Poderíamos pelo menos ter parado para colocar mais um casaco.

- Eu também estou com frio e não estou reclamando, então segura ai. – Resmunguei enquanto olhava de atravessado para si. – Na minha ficha de disfarce não dizia que meu suposto noivo fosse tão rabugento.

Pela primeira vez Tsunade nos mandou em missão juntos, na qual eu era líder. Nossa missão era um tanto quanto ridículo, não precisaríamos matar necessariamente ninguém, por enquanto. A princípio deveríamos infiltrar uma festa de gala e descobrir se um dos principais governantes da Inglaterra fosse de fato corrupto e aliado às forças norte coreanas.

- Você pegou todos os meus documentos? – Perguntou Sasori e logo assenti com a cabeça. Havíamos desembarcado há algumas horas e nossas malas já tinham sido encaminhadas para o hotel.

- Gostaria de saber porque apenas eu estou usando peruca. – Comentei enquanto coçava meu couro cabeludo olhando para o ruivo ao meu lado. – Seu cabelo é tão chamativo quanto o meu.

- Mas a cor dele é normal. – Respondeu antes de se aproximar do meu ouvido e cochichar.  – Para uma mulher noiva de 25 anos você não esperaria que ela tivesse o cabelo rosa, e não esqueça que estamos assumindo a identidade de outras pessoas querida.

- Os tempos são modernos agora, meu bem. – Disse dando ênfase nas últimas palavras antes de enganchar meu braço ao seu assim que chegamos à lanchonete onde havíamos marcado de encontrar com a cunhada do prefeito de Londres. – Oi sou a Annabeth, você é a Lisa, certo?

- Isso, e esse é meu marido Jeffrey. – Disse a mulher de cabelo castanho ao apresentar o homem moreno ao seu lado.

 - E eu sou Rick, o noivo. – Disse Sasori interpretando seu papel ao me puxar para mais próximo de si, arrancando algumas risadas. – Querem algo para beber?

- Um café para mim amor. – Disse.

- Eu gostaria de um também. – Disse Lisa para seu marido que logo se levantou e acompanhou Sasori.

- Gostaria antes de tudo agradecer o convite das Bodas de Pérola do prefeito.

- Que isso, fazemos questão de manter os amigos sempre próximos. – Disse ela com sinceridade.

- 30 anos de casados. É muito tempo, não é mesmo? – Disse fingindo espanto ao puxar assunto.

- Nem me diga, não faço ideia como aguentaram passar tanto tempo juntos. – Disse a mulher mostrando pela primeira vez cansaço mesmo sendo já de idade. – E seu pai, nosso antigo ex-Prefeito de Richmond, como vai a saúde dele?

- Estável. – Disse enquanto lembrava que recentemente o pai da verdadeira Annabeth tinha passado por complicações cardíacas. – Não da para prever as ações do coração com 100% de certeza.

- Voltamos. – Disse Jeffrey enquanto se sentava.

- Aqui. – Disse Sasori ao me passar um dos copos térmicos de café.

- Querida, você já avisou que durante a festa haverá fotógrafos de revistas e jornais? – Disse Jeffrey e Lisa fez que não com a cabeça ao bebericar do seu café. – Como você já sabem a festa de Bodas de Pérolas são para arrecadar fundos para doação, então a mídia vai se fazer presente hoje a noite.

- Oh okay. – Disse ao lançar um sorriso amistoso.

Depois de mais um pouco de conversa pra lá e pra cá, decidimos irmos embora à medida que o clima esfriava cada vez mais. Despedindo-nos resolvemos ir caminhando para o hotel, não era tão longe assim, caminhamos em silêncio e aproveitei para parar em uma lojinha de esquina para comprar dois pães de mel enormes. Assim que entramos no hall do hotel não hesitamos em caminhar direto para a recepção, onde o jovem que parecia uma bolinha de casacos virou seu olhar para nós.

- Em que posso ajudar?

- Temos duas reservas feitas, nossas malas já devem estar aqui. Annabeth e Rick. – Disse e logo em seguida ele colocou nossos nomes no sistema.

- Suas malas já estão no quarto, fica logo no 9º andar. – Disse enquanto no entregava um dos cartões e logo esperei pelo segundo. – Algo de errado?

- Não eram dois quartos? – Perguntou Sasori.

- No sistema aqui consta um único quarto Sr. – Respondeu o rapaz olhando nossas alianças.

- Ah esta certo. Desculpa, nos confundimos. – Respondi enquanto puxava Sasori pela mão. Obrigada moço. Vem amor.

Não dissemos nada enquanto pegávamos o elevador. Era quase cinco horas da tarde, nos deixando ainda algumas horas para nos arrumar e nos planejar. Assim que chegamos no quarto não consegui evitar de fazer uma careta ao ver que só havia uma única cama de casal no quarto. Ah eu estava ferrada.

- Espero que você não se incomode em dormir no divã. – Disse Sasori com graça ao agarrar a primeira mala e a colocar sobre a cama.

- Super engraçado você cabeça de fósforo. – Disse enquanto tirava aquela peruca desgraçada.

- Olha quem fala cabeça de algodão doce.

- Podia fazer algo de útil e já arrumar suas coisas enquanto eu tomo banho e me arrumo rápido. – Disse enquanto ia tomar banho e pegava de dentro da mala menor, o estojo com maquiagem e a necessaire.

- Você que manda.

Sem dizer mais nada me tranquei dentro daquele maravilhoso banheiro e tomei meu banho lutando contra a vontade de permanecer lá por mais tempo que o necessário. Nina havia me ajudado a escolher um dos seus vestidos, fazendo questão de arrumar minha mala, uma coisa que eu sempre odiei fazer. Seguindo suas recomendações, lembrei das suas incontáveis aulas sobre maquiagem e comecei a passar aquele monte de cremes e pós em meu rosto. A única coisa que eu realmente apreciava em usar maquiagem era as maravilhosas fragrâncias que elas tinham.

Meu vestido era preto então lembrei que Nina havia me avisado para fazer um olho simples e caprichar no tom vermelho do batom. Com a maquiagem pronta, apertei o nó do roupão e sai do quarto, tendo em mente que agora precisava dar um jeito naquela peruca.

- Posso tomar banho agora? – Perguntou Sasori enquanto terminava de fechar a mala e a colocava de volta ao chão.

- Pode. – Disse e então senti meu queixo cair. – Sasori, cadê o meu vestido?

- Ué, não é aquele? – Questionou confuso ao apontar o vestido vermelho pendurado em uma das alças do armário. – Eu só vi apenas esse.

- Eu vou matar a Nina! – Disse fula da vida sentindo meu sangue correr forte pelo meu corpo. – Ela queria que eu usasse esse, porém eu fui contra e escolhi outro, não acredito que ela fez isso comigo.

- Depois você reclama Sakura, termina de se arrumar e vai com esse mesmo, até parece que você tem outra escolha. – Respondeu e então se enfiou dentro do banheiro. Super contrariada olhei novamente para o vestido e abri minha mala atrás das minhas roupas de baixo e acabei encontrando uma caixinha com um bilhete amarrado junto ao laço. Já tendo calafrios antes mesmo de abrir a caixa, a peguei em mãos e li o bilhete.

“Certeza absoluta que você irá me socar inteira depois, mas Sakura você agora já tem 18 anos e esta assumindo a figura de uma mulher madura, era claro que você teria que usar vestidos mais maduros. Fiz isso pelo seu bem e pelo bem da missão, por favor não me odeie, mas eu ainda tive a audácia de lhe comprar a lingerie adequada, espero ter acertado no tamanho. Use com sabedoria.

-Nina”

FILHA DA PUTA!

Desolada me deixei cair sentada enquanto observava aquela micro calcinha quase transparente. Deus do céu, como que alguém poderia usar isso tranquilamente? Já não bastasse ter que usar o vestido sem sutiã, agora vou precisar usar o vestido quase sem calcinha também?

Levemente trêmula abandonei aquilo e me concentrei em arrumar a peruca. Eu não tinha muito tempo e nem muita paciência então a única coisa que fiz foi passar uma chapinha nela e cachear as pontas. Assim que terminei, olhei mais um vez o vestido e suspirei pesadamente. Sem escolha comecei a tirar o roupão, porém parei no meio do ato quando do nada a porta do banheiro se abre e Sasori volta para o quarto apenas de calça social.

- Esqueci a camisa. – Respondeu e eu teria o xingado fortemente por ter aberto a porta tão repentinamente, ainda mais quando eu estava me trocando, e teria o xingado inteirinho se minha boca não tivesse se calado ao que ver uma cicatriz descia do seu tórax para o abdômen.

- Quem fez isso? – Perguntei enquanto atravessava o quarto e ia até si não notando estar tremendo até o alcançar. – Quem te machucou desse jeito?

- Isso não foi nada. – Respondeu enquanto travava o maxilar ao sentir meus dedos tracejar a grossa linha da sua cicatriz até ela terminar nos músculos da sua barriga. Suspirou. – E não faça isso Sakura.

- Você não me respondeu. – Disse olhando para si ao espalmar minha mão contra seu tórax e rosnar ao perguntar novamente. – Quem fez isso?

- Quem fez isso já esta a alguns metros abaixo da terra, não tem como você querer vingança ou algo do tipo. – Respondeu enquanto puxava meu robe novamente para cima até que o fechasse na altura do pescoço. – Você precisa terminar de se arrumar, nesse ritmo vamos nos atrasar. – Disse ele de forma profunda e eu assenti. Assim que ele voltou a caminhar para o banheiro o impedi novamente ao segura-lo pelo antebraço.

- Me prometa que não irá deixar mais ninguém te ferir desse jeito.

- Prometo.

Assim que ele voltou para dentro do banheiro, vesti a amostra de calcinha e me encaminhei para o vestido vermelho da vergonha. Terminando de me vestir, coloquei as sandálias antes de por a peruca. Quando finalmente pronta, não consegui evitar a sensação de estar nua e enrolada em um lençol fino. Sasori saiu do banheiro quase que no mesmo instante, pronto em seu terno ele olhou para mim da cabeça aos pés.

- Nossa. – Disse. – Nina realmente fez uma escolha bem escolhida.

- O que? – Perguntei não compreendendo muito bem o que ele quis dizer.

- Quer dizer, você ficou muito bonita Sakura. – Disse e então desviou o olhar, constrangido em estar me elogiando.

- Você também. – Disse para si e então olhei para sua mão atrás da nossa aliança de disfarce, confirmando seu uso. – Está pronto?

- Estou. – Respondeu e então me deu o braço. – Vamos, esta na hora de trabalhar.

[...]

19 de Junho de 2020. Los Angeles, Califórnia.

Sakura pov’s

Já havia se passado três meses desde que Sasuke e eu passamos a morar aqui. Nossa relação de convivência praticamente ainda é exatamente a mesma, no entanto a grande diferença foi o progresso do moreno quanto aos treinamentos. Mesmo eu não admitindo tão abertamente, depois do nosso primeiro treino de percepção ele se dedicou com tudo que tinha durante os treinos seguintes, e como consequência do seu esforço, a forma que ele progrediu nesse período de 90 dias é quase imensurável.

Era sexta feira e não teríamos aula e por esta razão acordei um pouco mais tarde que o habitual. Aproveitando que a apresentação do TCC do Sasuke estava próxima resolvi dar esse final de semana inteiro de folga dos treinos, para que ele pudesse se dedicar aos estudos. Por ter levantado tarde resolvi começar com o almoço em vez de fazer o café da manhã e me arrisquei em fazer uma coisa que até então nunca havia tentado. Assim que o moreno entrou na cozinha notei que ele estava mais branco que o normal. Tirando esse detalhe, fisicamente ele aparentava estar normal.

- Estou fazendo empadão. – Disse e ele apenas franziu o cenho para mim.

- Desculpa, mas estou sem fome. – Respondeu e voltou a subir as escadas.

- Tudo bem então, sobra mais para nós. – Falei olhando para Midnight que imediatamente veio lamber minhas pernas. – E você precisa de um banho.

Depois do almoço a tarde passou de forma rápida e aproveitei esse tempo para, além de dar um super banho em Midnight, limpar a casa. De noite fiz o jantar e bati na porta do Uchiha o chamando para ir comer e novamente ele disse estar sem fome e me deixou no vácuo quando perguntei se eu cozinhava tão mal assim.

Levemente preocupada, me sentei na sala junto ao Mid tentando controlar meus nervos. Vendo que isso era missão impossível levantei do sofá e marchei decidida até o quarto do moreno dando duas batidas antes de entrar em seu quarto e acender a luz.

- Sasuke? – O chamei enquanto caminhava até sua cama. O quarto estava abafado e o Uchiha estava de costas para a porta enquanto estava enfiado em baixo dos lençóis.

- Hn? – Resmungou.

- O que você tem? – Perguntei enquanto me agachava parcialmente sobre si.

- Estou bem, me deixa em paz. – Respondeu seco. Determinada, dei a volta em sua cama e notei que ele estava de olhos fechados, não se dignando nem a me olhar. Criando coragem liberei uma das mãos e suavemente encostei em sua testa, confirmando aquilo que eu já estava imaginando.

- Sasuke você esta fervendo de febre! – Disse e ele segurou meu pulso abrindo os olhos pela primeira vez.

- Já sei disso e já pedi para me deixar em paz. – Pediu novamente.

- Não. – Neguei enquanto me ajoelhava aos pés da sua cama. – Vem, deixa eu te ajudar.

- Tsc, por que você é tão insistente?

- Porque você tem que ser tão cabeça dura? – Retruquei. – Sasuke me deixe te ajudar.

- Não, vá embora. – Respondeu seco.

- Você esta certo. Desse jeito até parece que eu me importo com você.

Irritada quase o mandei tomar naquele lugar enquanto saia do seu quarto. Se ele queria passar mal de graça então que faça isso, Deus é testemunha que tentei ajudar, mas o ingrato apenas me mandou sair. Bufando desliguei todas as luzes e fui me deitar. Troquei de roupa com tanta raiva que quase rasguei minha camiseta de dormir ao vestir ela.

Não sei exatamente quanto tempo eu passei deitada tentando dormir, no entanto toda vez que o sono vinha e eu fechava os olhos para dormir, o pensamento de que Sasuke estava ardendo de febre nesse exato momento me fazia despertar.

Argh, seu filho de uma da puta desgraçado.

Super irritada joguei as cobertas para o lado e marchei rumo ao meu banheiro onde peguei o primeiro lenço que encontrei e junto com uma pequena vasilha de água marchei rumo ao quarto do moreno. Dessa vez não bati antes de entrar e entrei sorrateiramente.

Assim que coloquei a vasilha no chão, umedeci o pano e o coloquei sobre a testa dele. Eu já estava prestes a repetir o processo quando de repente ele abre os olhos e volta a segurar meu pulso. E antes que ele dissesse alguma coisa controlei meu temperamento e suspirei.

- Olha, eu sei que disse que não me importava com você, mas adivinha só? Não consigo dormir sabendo que você esta assim, então antes de você falar alguma coisa, cala a boca, me deixe ser egoísta e me permita cuidar de você. – Disse em um fôlego e esperei ele me xingar.

- Você é irritantemente persistente. – Disse enquanto afastava as cobertas para se levantar. – Se isso te tranquiliza vou tomar um banho. – Falou enquanto se levantava, mas imediatamente vi que ele ameaçou tombar para o lado, em dois segundos saltei por cima da sua cama e o segurei pelo braço.

- Você não comeu nada a manhã toda e quer se levantar como se estivesse tudo bem? – Perguntei antes de soltar uma leve risada. – Não sei o que você é mais, orgulhoso ou idiota.

Sem dizer nada o Uchiha me deixou conduzi-lo até o banheiro e se sentou na beirada da banheira enquanto ambos esperávamos ela encher. Sutilmente segurei a barra da sua camisa e olhei para seu rosto pedindo algum sinal de permissão.

 - Isso tudo é boa vontade de ajudar o próximo ou é vontade de bolinar meu corpo? – Perguntou com um sorriso de canto ao levantar os braços.

- Você é um idiota. – Disse séria, porém havia achado graça, antes de fingir um suspiro. – Agora que você descobriu minhas verdadeiras intenções vou ter que te deixar de cueca.

Quando a banheira encheu até um nível bom o suficiente, desliguei a torneira e deixei com que ele se ajeita-se sozinho dentro dela. Unindo as duas mãos em concha, usei elas para pegar um punhado de água e despejar sobre a cabeça do moreno, onde só então passei shampoo em uma das mãos e passei a lavar seus cabelos. Quase que instantaneamente o Uchiha deixou sua cabeça tombar para trás, descansando ela sob uma das minhas pernas, tirando um cochilo enquanto eu lavava seu cabelo e foi então quando entendi tudo.

- Porque você não me disse que essa rotina de treinos e estudo estava acabando com você? – Perguntei. – A febre, a falta de apetite, o sono esmagador. Tudo isso são sinais do seu corpo para mostra a exaustão.

- Isso não importa agora. – Respondeu com a voz grave.

- Não faça mais isso consigo mesmo. – Disse e então deixamos com que o assunto morresse ali mesmo. Não tive pressa para ensaboar e passar creme em suas madeixas escuras, e confesso que estava até gostando de brincar com elas. Depois que lavei seu cabelo o deixei sozinho para que terminasse de se lavar e se trocar, e assim que voltei para o quarto ele já estava na cama e bebia com fervor um dos tônicos que havia lhe dado para ajudar a descer a banana que trouxe para si. Sorri satisfeita ao ver que ele preferiu me obedecer e comer a banana pelo lado certo, porque dependendo de mim e ele querendo ou não, aquela banana ia entra nele de um jeito ou de outro.  – Sua temperatura esta quase normal, então agora você pode dormir pelo tempo que quiser.

Mal havia terminado de falar quando ele simplesmente se virou de lado e se pôs a dormir. Me sentei no chão e resolvi esperar pelo menos mais trinta minutos para ver se ele iria suar, denunciando que a febre estaria voltando. Nesse meio tempo Mid se esgueirou pela porta entre aberta para se sentar ao meu lado e junto comigo passou a velar o sono do Uchiha.