Com os olhos arregalados ela correu até onde estávamos, não sabia quem ela era, mas ela me era familiar, sinto que já tinha visto ela em algum lugar. Era elegante e muito bonita, mas não era com isso que estava preocupada, Daniel estava morrendo, ai meu Deus, ela tinha me visto beija-lo, mas isso não importa, ele precisava de ajuda e se ela estava disposta a ajudar, seria bem vinda.
– Meu Deus! – Exclamou ela quando viu o estado dele. – Vamos precisar de água. – Falou se ajoelhando na beirada cama e abrindo a camisa dele, não gostei disso.
– O que você esta fazendo ? – Perguntei.
– Vendo os ferimentos dele. – Respondeu.
– Você por acaso sabe o que esta fazendo ? – Perguntei, ela olhou pra mim.
– Na realidade sim, estudei medicina em um colégio particular a minha vida toda. – Respondeu, imediatamente me senti envergonhada. – Você vai buscar água ou não ? – Perguntou.
– Ariane já foi buscar. – Falei.
Ela foi até a outra cama e pegou um lençol, o dobrou e voltou sua atenção para o Daniel, passou algumas vezes sobre a testa dele, ela realmente parecia saber o que estava fazendo. Graças ao bom Deus, Ariane chegou com um balde cheio de água, ela estranhou a garota ajoelhada sobre o Daniel, mas olhei para ela tentando passar tranquilidade. A garota misteriosa mergulhou o lençol no balde e passou nas feridas dele, vi a careta de dor que o mesmo fez, o pano saiu preto, as feridas estavam imundas, ele não tinha cuidado nem um pouco delas, parecia que queria morrer.
– Vou precisar de sal. – Falou ela.
– Não posso ir pegar, as pessoas vão me perguntar. – Ariane disse imediatamente.
– Esta bem, fique aqui e a ajude, por favor. – Falei me levantando e correndo até a porta.
Voltei para a festa, todos estavam sentados à mesa já comendo, assim que entrei minha mãe se levantou e veio ao meu alcance, tentei fingir que não a vi e andei tranquilamente em direção da cozinha, mas foi em vão, senti as mãos dela tocarem meu ombro.
– Filha, onde você esteve ? Todos estavam procurando por você, inclusive o Trevor. – Disse ela, olhei procurando por Trevor e o encontrei em uma roda com garotas, ele não parecia estar notando minha falta.
– Mãe, eu não posso ficar, tem uma pessoa ferida, ele precisa de mim. – Falei.
– Ele ? É o escravo que você viu ser punido ? – Perguntou ela preocupada.
– Sim. – Respondi.
– Tudo bem, se você acha que cuidar dele é a coisa certa. Vou dizer ao seu pai que você não esta se sentindo muito bem. – Disse ela, a abracei imediatamente.
– Obrigada. – Falei.
Virei-me e fui em direção a cozinha, quando entrei lá procurei Roland por todo o canto, aonde será que ele tinha ido parar ? Eu não faço a menor ideia de onde guardam o sal.
– Senhora ? – Ouvi a voz do Roland me chamando.
– Roland, eu preciso de sal. – Falei. – É o Daniel. – Expliquei.
– Aqui está, – Disse ele pegando um pote e me entregando.
– Obrigada. – Disse, sai pela porta de trás, assim não corria o risco de alguém me ver.
Voltei correndo para a casa dos escravos, as feridas do Daniel já estavam limpas, dava para ver a carne vermelha, estava realmente inflamado. Entreguei o pote de sal para a garota, ela pegou um pouco na mão e começou a passar pelas feridas dele, não o vi reagir, meu coração começou a acelerar, ele estava morto ?
– Por que ele não esta reagindo ? – Perguntei me sentando novamente na beirada da cama e segurando sua mão.
– Desmaiou de dor. – A garota respondeu. – Ele vai ficar bem. – Disse ela, isso me deixou muito mais tranquila.
– Pra que o sal ? – Perguntou a Ariane.
– Para ajudar a desinflamar. – Respondeu.
– Luce, podemos conversar ? – Ari perguntou para mim. Assenti e caminhamos até o lado de fora.
– O que esta acontecendo entre você e o Daniel ? – Perguntou ela diretamente.
– Eu... Eu não sei. – Respondi. – Esta tudo tão confuso. – Falei.
– Você está se apaixonando por ele. – Disse ela, não foi uma pergunta.
– Não! – Exclamei imediatamente.
– Por que ele é um escravo ? – Perguntou.
– Não, eu estou namorando o Trevor. – Respondi.
– Você quer dizer: o cara que nem se quer notou sua ausência ?! – Disse ela. Suspirei pesado. – O Daniel é muito mais que um escravo. – Falou ela.
– O que ele é ? – Perguntei.
– Você não sabe como ele veio parar aqui ? O sobrenome Grigori não te lembra de nada ? – Perguntou.
– É familiar. – Falei sem entender aonde ela queria chegar.
– Você deveria perguntar para o seu pai, ele é o monstro da história. – Disse ela, como ela ousa falar assim do me pai ?
– Ele não é um monstro. – Falei um pouco exaltada.
– Não ? Luce, você não vê o que ele faz com a gente, o que ele fez com o Daniel ? – Perguntou.
– Não foi ele que bateu no Daniel. – Respondi.
– Vai me dizer que não foi seu pai que ordenou aquele cara a bater em um escravo caso ele saísse da linha ? – Perguntou, não respondi, não tinha o que responder, ela estava certa, meu pai era um monstro.
– Eu sei. – Respondi, ouvi-a suspirar. Ariane se aproximou de mim e me abraçou, retribuiu o abraço com força, estava realmente precisando disso, de uma amiga. – Me desculpe. – Falei, ela apenas apertou mais o abraço.
– Meninas! – Ouvimos a garota nos chamar do lado de dentro. Entramos e fomos até o Daniel, ele parecia melhor. – A febre baixou, ele não esta mais suando, mas precisa ser cuidado, se deixar inflamar novamente ele não vai resistir. – Disse.
– Obrigada. – Falei.
– Não sei o que á entre vocês, mas vejo claramente que ele não é um nobre como você. – Falou. Assenti com a cabeça. – Quero que você me prometa que vai me contar tudo depois, Luce. – Disse, ela sabia meu nome ?
– Como sabe meu nome ? – Perguntei, ela sorriu.
– Você não se lembra, claro que não. Bom, cuide dele, depois nós conversamos. – Disse ela.
– Fale com minha mãe, você pode dormir no meu quarto essa noite. – Falei.
– Você não vai voltar enquanto ele não acordar não é ? – Perguntou. Assenti. – Tudo bem, se precisar de algo... Bom, você sabe onde é seu quarto. – Falou se virando.
– Qual seu nome ? – Perguntei, ela se virou para me olhar.
– Penny. Penny Lockwood. – Respondeu, um sorriso se formou nos meus lábios.
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