1. Spirit Fanfics >
  2. Nobody Does it Like You >
  3. Chapter Nineteen

História Nobody Does it Like You - Chapter Nineteen


Escrita por: queenbthemaknae

Notas do Autor


Voltei, moras.
Livia e Laura ficaram tipo diabinho no meu ombro, sabe? Agradeçam a elas por eu estar postando oadsoaksoak
Inclusive, tem Hot Mess também <3
Boa leitura!

Capítulo 19 - Chapter Nineteen


19

‘’Aguente firme, meu filho desobediente, haverá paz quando você estiver pronto’’- Kansas

[Zayn POV][Uma semana depois]

Era o inicio da manhã quando eu finalmente estacionei o carro, os nós de meus dedos finalmente relaxando no volante. Eu estava tenso, mas o ar frio de Bradford era relaxante. Além de ser completamente diferente do ar rarefeito de Whoverhamptom, tinha cheiro de casa. Minhas lembranças de casa eram boas, minha infância havia sido boa, tudo por aqui carregava lembranças de momentos importantes para mim.

E, sim, dirigir a noite toda para chegar a uma cidade não exatamente perto de Whoverhamptom poderia ser considerado loucura, mas era o meu momento de paz.

O carro atrás do meu, um Masserati preto e lustroso, buzinou e eu bufei ao olhar pelo retrovisor e ver o sorriso empolgado de Harry.

Momento de paz, Zayn, momento de paz, lembrei a mim mesmo enquanto saia do carro, observando Harry fazer o mesmo.

-O que você está fazendo aqui, Styles? – perguntei tentando não soar tão impaciente quanto estava. Ele sorriu, fechando a porta do Masserati e se recostando a mesma.

-Estou de olho em você, Malik. – ele disse como se fosse óbvio. Ergui uma sobrancelha, surpreso. Não que eu já não imaginasse que ele estivesse vindo por isso, mas eu preciso confessar que esperava uma mentira.

-Ah, é? – cruzei os braços e me recostei a porta da Skyline que dirigia – E você está fazendo isso porque... ?

-Por que, meu caro amigo – Harry parou de falar, caminhando em minha direção após dar o alarme de seu carro. Deus sabe o quão louco por aquele carro Harry era. Ele se aproximou de mim e pousou uma mão em meu ombro, seu corpo parado a minha frente. – Você tem tendências a fazer besteiras, mas eu, como o bom amigo que sou... Estou aqui para impedir que você comece a terceira guerra mundial e depois vá embora. – falou, dando de ombros como se fosse à coisa mais simples do mundo.

E, por mais que eu odiasse admitir, era. Eu tinha tendências a fazer besteira e vir a Bradford podia ter sido uma bem grande, mas quem se importa? Eu não.

-Então, você vai me seguir para onde quer que eu vá? – perguntei por fim a Harry e ele assentiu, sorrindo exatamente como quando saíra do carro.

Harry podia ser meu melhor amigo, uma das poucas pessoas no mundo em que eu viria a confiar, no entanto, ele era extremamente irritante e ás vezes eu tinha vontade de lhe dar um soco, principalmente quando ele sorria assim.

-Basicamente. – ele disse, sem tirar o maldito sorriso do rosto – Qual a nossa primeira parada, Malik?

-Eu não sei você, mas eu, vou a casa dos meus pais, Styles. – falei e sorri sorrateiro. Harry abriu a boca num ‘’O’’ descrente e eu ri.

-Eu não acredito. – falou, deixando claro pela voz o quão insatisfeito estava. – Você me faz te seguir a noite toda até esse muquifo que eu sou obrigado a chamar de casa para irmos ver os seus pais? – ele perguntou chocado e balançou a cabeça enquanto eu prendia o riso – Francamente, Malik, que coisa de marica.

Rolei os olhos em resposta a suas palavras.

-Você não precisa ir comigo. – falei e ele fez que não com a cabeça

-É claro que eu vou. – disse – Estou faminto. -murmurou e eu ri

-Você é um idiota, sabia disso? – eu o encarei surpreso e foi sua vez de rir

-Você faz questão de me lembrar disso o tempo todo, lembra? – ele devolveu e começou a andar na direção de seu carro. Balançando a cabeça e perguntando a mim mesmo o que eu tinha na cabeça quando me tornei amigo de Harry, entrei novamente na Skyline.

[Selena POV]

Quando acordei ainda estava escuro, mas eu estava com muito frio e sem qualquer sono. Olhando em volta, percebi com uma surpresa nada agradável que estava sozinha na cama.

Levantei-me da cama e abracei meu corpo coberto apenas pela lingerie, olhando pela janela percebi que estava chovendo forte. Era uma tempestade, na verdade. Minha reação natural foi voltar para a cama e me encolher lá, encontrando assim um papel rasgado com a letra apressada de Zayn.

Precisei dar uma saída, me ligue quando acordar.

Zayn

Suspirei e abri a gaveta do criado-mudo ao lado da cama, tateando ali até encontrar meu celular. Aquele que Niall me dera na Flórida, o mesmo que Maggie havia conseguido rastrear.

Pensar em Maggie me fez ficar um tanto tensa, então decidi espantar qualquer pensamento enquanto ouvia os toques que indicavam que o celular de Zayn tocava do outro lado. Ele atendeu no terceiro toque.

-Onde você está? – perguntei de imediato, só então me dando conta do quão ansiosa estava. A irracionalidade que tomara conta de mim pouco antes parecia querer voltar, deixando-me um tanto desesperada por não tê-lo por perto agora.

Zayn demorou um pouco para responder, eu pude ouvi-lo respirar fundo pelo menos três vezes antes de criar coragem para falar.

-Em Bradford. – ele disse por fim

-O quê?! – eu quase gritei de susto, endireitando-me na cama rapidamente – Zayn... O que você... O que...

-Calma, Sel. Está tudo bem. – ele tentou me tranqüilizar, rindo um pouco – Eu saí pouco depois que você dormiu, mas está tudo bem, ok? Não precisa se preocupar... Eu volto hoje à noite.

Eu não respondi de imediato, parecia mais fácil ficar em silencio do que expressar o medo que me dominara. Porque eu odiava aquele sentimento de que tudo estava prestes a acabar, algo terrível aconteceria e o tiraria de mim e... Pensar nisso era insuportável.

-Selena? – Zayn chamou cuidadosamente, parecendo incomodado com o meu incessante silencio. – Você está bem?

-Você não vai me deixar, vai? – perguntei por fim, num sussurro tão baixo que eu não ficaria surpresa se ele não ouvisse. Mas ele ouviu.

-É claro que não. – respondeu tão rápido e firme que eu não pude deixar de me sentir reconfortada por um instante. – Eu vou estar de volta essa noite, Sel. Eu dormi um pouco enquanto estava aí com você, cerca de meia hora... Sonhei com você.

-Sonhou? – perguntei surpresa, sem conseguir evitar um sorriso.

-Sim. – ele riu – Nós estávamos num lugar com muita neve, eu acho que era a Dinamarca... E estávamos felizes, Sel. Eu e você, sem todo esse inferno que está a nossa volta... Podemos ir para a Dinamarca quando tudo isso acabar. Brincar na neve. Você sabe esquiar?

-Não muito bem. – admiti envergonhada e o ouvi rir novamente

-Vou te ensinar – prometeu – Assim que nos livrarmos desses idiotas que querem te matar. Vamos tirar umas férias, ok? Só nós dois. O que acha?

-Acho perfeito. – falei sorrindo de forma boba – Obrigada.

-Eu falo com você mais tarde, tudo bem? Te ligo quando estiver saindo daqui. – falou – Tenho algo para falar para você, mas... Falo quando estivermos frente a frente.

-Ah, droga. – reclamei – Não tem graça me deixar curiosa, Malik. – resmunguei e ele riu

-Não se preocupe, você vai saber o que é logo. – disse por fim – Até mais.

-Até mais. – respondi e desligamos.

Uma vez sozinha eu me joguei novamente na cama e me aninhei por baixo da coberta, perguntando-me porque aquela conversa havia soado como uma despedida.

[Zayn POV]

Desliguei o celular e o guardei no bolso, com uma estranha sensação de despedida. De repente eu queria voltar para Whoverhamptom e abraçá-la mais uma vez, mas me forcei a espantar esses pensamentos quando Harry veio ao meu encontro.

-Algum problema? – perguntou, analisando minha expressão.

-Não. – falei rapidamente – Algum problema com você?

-Não seja idiota, Zayn. – Harry rolou os olhos e apontou a porta da casa de meus pais a minha frente. – Vamos lá. Vamos acordar sua família.

Suspirei e assenti, indo na direção da porta de casa enquanto começava a me perguntar se vir até aqui fora mesmo uma boa idéia. Mas todo pensamento desse tipo foi embora quando a porta foi aberta e os olhos de minha mãe encontraram os meus.

Minha mãe era uma mulher linda. Seus cabelos castanhos caiam em cascata sob seus ombros, seus olhos também castanhos eram idênticos aos meus, exceto pela bondade que sempre emanavam. Eu não tinha aquela bondade. Seu cheiro me lembrava os dias de chuva da minha adolescência e como eu adorava esses dias, então me permiti permanecer mais do que o necessário no abraço de minha mãe.

-Eu não acredito, Zayn. Que surpresa. – ela disse com a voz tremida pelo choro que eu já previa que viria quando se afastou. Eu sorri de leve.

-O bom filho a casa torna, Sra. Malik. – disse Harry ao meu lado, eu quase havia esquecido que ele estava ali. – Aliás, é bom vê-la.

-Harry. – minha mãe riu e abriu espaço para entrarmos – Entrem, garotos. Chocolate quente?

-Seria ótimo. – disse Harry rapidamente, fazendo-me rolar os olhos.

Fomos até a cozinha e só então eu percebi quão silenciosa a casa estava. Ergui uma sobrancelha e virei-me para encarar minha mãe, que preparava distraidamente o chocolate quente.

-Onde está o pai? – perguntei

-Na garagem trabalhando no Cadilac – disse minha mãe como se fosse obvio, então eu ri porque não era para aquilo ser surpresa. Meu pai era obcecado por aquele carro; o Cadilac havia sido de meu avô, então passara para ele em seus tempos de colégio e mesmo que logicamente o carro devesse ser meu um dia, meu pai se recusava a desapegar dele. Seria engraçado se não fosse trágico.

-Como sempre. – falei baixinho e ela riu

-Pois é, nada mudou por aqui. – disse entregando um copo a Harry e em seguida um a mim. Ela me lançou aquele olhar inquisidor e eu soube que ela iria perguntar algo que eu não estava realmente interessado em responder. – Mas você parece diferente, meu filho.

-Eu...

-Ele está apaixonado, Trisha. – disse Harry me interrompendo. Eu o fuzilei com o olhar, torcendo para que ele sentisse a dor do murro que eu estava me segurando para não dar nele ali mesmo.

-Oh. – minha mãe arregalou os olhos e me olhou surpresa – Isso é verdade?

Desviei o olhar e bebi um gole do chocolate quente para não responder, então Harry abriu a boca para o fazer e eu levei a mão a sua boca, impedindo-o de falar. Ele me encarou e eu mostrei lhe o dedo do meio com a mão livre, afastando minha mão em seguida e encarando minha mãe por fim.

-O nome dela é Selena. – falei por fim – Selena Gomez.

[Selena POV]

A chuva não cessara desde o momento em que eu acordei. Quando finalmente desci as escadas a casa estava silenciosa, o que me fez pensar que todos os outros provavelmente estavam tirando proveito daquele clima para dormir. Mas ao chegar à cozinha encontrei Liam lá mexendo na geladeira, então pigarrei e ele deu um pulo de susto, suspirando de alivio ao me ver. Eu ri de sua reação.

-Não é o bicho papão, Liam. – murmurei rapidamente e ele rolou os olhos

-Na verdade, eu só fiquei com medo de ser a minha mãe. – disse – Ela odeia quando eu levando de madrugada pra comer.

-Não é de madrugada – retruquei – São sete e meia.

-Diga isso pra ela. – ele devolveu e foi a minha vez de rolar os olhos, indo me sentar numa cadeira ali perto.  – Desculpe-me. Eu esqueci que vocês não...

-Não se preocupe. – eu o interrompi rapidamente, afinal não havia motivos para eu ouvir o que já sabia; eu odiava minha mãe. – Pode preparar um pra mim também? – perguntei, vendo que ele preparava um sanduíche pra si mesmo. Ele assentiu rapidamente.

Observando-o eu acabei me distraindo com meus próprios pensamentos, mais uma vez me sentindo um tanto assustada ao pensar na possibilidade de morrer. Eu não queria morrer. Não podia morrer. Pelo menos não agora, não daquele jeito. Eu precisava de mais tempo, precisava de uma vida normal com Zayn...

-Liam – chamei por fim e ele me olhou por sob o ombro. Respirei fundo. – Eu estou com medo. – confessei num sussurro, então ele largou o que fazia e se virou por completo para me encarar.

-Medo? – perguntou – Medo de que?

-Você sabe. – falei – Toda essa coisa... Tudo o que está acontecendo, Liam. Eu me sinto como se morrer agora fosse inevitável, entende? Não vejo como sair viva disso.

-Mas você vai, Selena. – ele murmurou quando eu abaixei a cabeça, suas mãos tocaram as minhas e as apertaram com firmeza, então eu ergui o olhar para encará-lo, vendo-o sentado na cadeira de frente para mim. – Eu prometo. Não vou deixar você morrer. – ele disse parecendo totalmente seguro de si

Eu sorri, reconfortada. Demorei um instante para me dar conta de que talvez fosse do que Liam tinha que eu precisava e provavelmente era por isso que só agora eu me permitia ter esperanças. Era sua proteção e preocupação, como só um irmão poderia falar para uma irmã. Me levantei e ele fez o mesmo, encarando-me apreensivo.

Então eu abri os braços e o encarei, pedindo silenciosamente um abraço. Liam sorriu de leve antes de puxar um de meus braços e colar meu corpo ao seu, então eu deitei a cabeça em seu ombro e inspirei enquanto ele envolvia os braços fortes ao meu redor. Senti um bolo na garganta, provavelmente uma enxurrada de lágrimas querendo se libertar, então respirei fundo e me afastei devagar.

A última coisa que eu precisava agora era chorar.

Liam me encarou sério por um longo instante antes de suspirar e me puxar para um novo abraço.

-Eu queria ter te conhecido antes. – sussurrei sentindo seus dedos em meus cabelos

-Eu também. – ele sussurrou, afastando-se para me encarar – Mas eu estou feliz de conhecer você, afinal.

Eu sorri e assenti.

-Eu também. – sussurrei enquanto ele limpava uma lágrima que rolava em minha bochecha, a única que eu não conseguira segurar.

-Vai ficar tudo bem. – ele sussurrou, parecendo ter absoluta certeza do que dizia. – Você vai ficar bem.

[Zayn POV]

Eu estava despreocupadamente sentado na janela de madeira da garagem enquanto observava meu pai mexer no capô do Cadilac. Era exatamente assim quando eu tinha quinze anos e tirava nota baixa em matemática, ele me chamava para conversar e me dava uma bronca enquanto trabalhava em seu carro.

A diferença é que dessa vez eu receberia uma bronca por estar apaixonado. Por estar apaixonado por Selena, mais precisamente.

-Você parece diferente, meu filho. – meu pai finalmente ergueu o olhar do carro para mim, encarando-me de forma inquiridora. Eu apenas dei de ombros.

-Mamãe disse a mesma coisa. – falei fingindo surpresa – Eu não sabia que tinha mudado tanto... Talvez tenha sido a barba, eu estou deixando crescer. – disse, vendo meu pai rolar os olhos.

-Você sabe do que estou falando. – devolveu, suspirando quando eu não demonstrei reação a suas palavras. – Mas eu te conheço bem o suficiente para saber que nada que eu falar vai mudar algo, então me deixe te perguntar algo.

-Pergunte.

-Por que você veio para Bradford? – perguntou por fim – Aliás, onde você estava Zayn?

-Em Whoverhamptom, pai. – bufei – E bem, obrigada por perguntar... Eu vim porque precisava me sentir um pouco em casa, colocar a cabeça no lugar.

-Assim, de repente? – meu pai não pareceu convencido de sequer uma palavra que saia da minha boca, então eu suspirei.

-É. – falei impaciente – Sabe, se você quer que eu vá embora, é só falar.

-Eu não quero. – ele disse rapidamente, suspirando e fechando o capô do carro.

Péssimo sinal... Meu pai queria olhar para mim enquanto falava e isso nunca era bom sinal. Meu pai odiava fazer contato visual.

-Pai...

-Zayn. – meu pai me interrompeu, lançando-me um olhar significativo. Suspirei, eu teria mesmo que ouvi-lo. – Eu posso não ser como Jason, posso não ser o herói que você tanto admira, mas... Eu sou seu pai. Eu te conheço bem, meu filho. – ele parou e suspirou pesadamente – Meu filho desobediente.

Rolei os olhos e desviei o olhar, tentando esconder o quão desconfortável estava começando a ficar.

-É difícil de acreditar que, no final das contas, você esteja apaixonado pela filha de Jason. Depois de como você disse que a odiava sem se quer conhecê-la... Se lembra disso? – meu pai sorriu melancólico – Quando Jason precisou voltar para Los Angeles, lembra? Ele voltava aqui todo mês, mas mesmo assim você sentia ciúmes da filha dele. E, agora... Olha só, está apaixonado por ela.

-Em minha defesa, eu a odiei no inicio. – falei e meu pai riu, mesmo tentando não rir junto com ele, eu acabei o fazendo... Me sentindo bem com isso. Há quanto tempo eu não ria com meu pai? Muito, tanto que eu sequer me lembrava da sensação.

-Lute por ela então, meu filho. – disse meu pai por fim – Conheço você e sei que deve estar pensando em milhões de planos mirabolantes para resolver o problema que Jason deixou para ela ao morrer, mas lembre-se... Ela deve fazer parte dessa decisão também. E você não pode se arriscar, não agora que tem pelo que viver, Zayn.

-Eu já tinha pelo que viver. – devolvi com teimosia e ele rolou os olhos – Tinha minhas irmãs, tinha uma vida e...

-Prostitutas? Dinheiro? – meu pai adivinhou quando minha voz morreu – Eu sei, Zayn. Mas nada disso realmente lhe fazia ter medo de morrer, fazia? Agora que essa garota está...

-Eu entendi. – o interrompi rapidamente, rangendo os dentes para falar.

Agora eu estava desconfortável. Muito desconfortável.

-Só estou pedindo que pense direito no que vai fazer. – meu pai falou após rir da minha reação, então eu fiz uma careta e me levantei, puxando o celular do bolso em seguida. Meu pai ficou me observando atenciosamente, esperando que eu falasse algo. Suspirei.

-Obrigado. – murmurei e ele sorriu

-Estou orgulhoso de você, Zayn. – falou – Realmente estou.

Nem toda marra que eu tinha conseguiu me impedir de abrir um sorriso depois de ouvi-lo. Eu ficava feliz quando Jason dizia essas coisas, quando ele me lançava um olhar de aprovação ou o que fosse... Mas com meu pai era diferente. Era o seu sangue que corria em minhas veias e mesmo que ele não fosse lendário e incrível como Jason ele era meu pai, além disso, era meu amigo. Seu orgulho significava mais do que eu imaginara e só agora eu me dava conta disso.

-Obrigado pai. – falei por fim

[...]

Selena POV

Algumas horas mais tarde eu encontrei Ariana na sala de estar, vendo TV. Sentei-me ao seu lado e a encarei.

-Posso te carregar comigo numa missão suicida? – perguntei e ela sorriu

-Finalmente! – exclamou – Já estava ficando entediada. – falou, fazendo-me rir.

-Ótimo. – falei – Sou a solução dos seus problemas, mas o seu irmão não pode saber. – avisei e ela mordeu o lábio, demonstrando insegurança. Suspirei. – Por favor, Ariana...

-Para onde? – ela perguntou, virando-se para me encarar. Respirei fundo. – Para a delegacia, eu quero conversar com um detento.

-Você está louca, Selena?! – ela quase gritou de susto ao ouvir e eu rapidamente coloquei uma mão em sua boca.

-Fala baixo! – reclamei e ela empurrou minha mão

-Ver quem? – perguntou e eu desviei o olhar, já que aquela era a pergunta que eu temia. – Selena? – Ariana chamou me encarando, apesar de eu ainda me esforçar para não olhá-la de volta. – Selena, qual é o nome do detento?

-Gordon Walker. – falei após um minuto em silêncio

Ariana não respondeu de imediato, o ar chegava a parecer mais pesado depois da minha pronuncia. Gordon tinha trinta e cinco anos, era americano e trabalhava com o tráfico, algo próximo ao que Zayn fazia. Ele estava na lista que Jade me dera mais cedo, e, ironicamente estava numa prisão de Whoverhamptom.

A diferença entre Gordon e Zayn, no entanto, era que ele era mais experiente, trabalhava sozinho e matava sem nem piscar. Claro, Zayn também matava com facilidade, mas não como ele... Gordon era sádico. Ele se divertia matando.

-Tudo bem. – disse Ariana por fim – Vamos até a prisão então.

-Vamos? – uma voz masculina soou de trás de nós, fazendo-me dar um pulo e em seguida ser obrigada a encarar Louis e seu olhar inquisidor sobre mim e Ariana.

-Você pode ir, se quiser. – falei e Ariana me fuzilou com o olhar, então eu sorri sínica para ela. – A Ariana quer que você vá.

Louis ergueu uma sobrancelha e virou-se para encarar Ariana, que girava o indicador ao lado da orelha, enquanto apontava para mim com a outra mão. Rolei os olhos.

-Vocês vêm ou não? – perguntei ficando impaciente

-Claro. – disseram os dois rapidamente, em seguida se entreolharam e sorriram de forma tímida. Precisei conter o ímpeto de rolar os olhos novamente... Provavelmente só por inveja, já que com eles as coisas não eram nem de longe explosivas como comigo e Zayn.

Louis então disse que ia pegas as chaves do carro e pediu para esperarmos. Uma vez sozinhas, Ariana se sentiu livre para começar a me xingar. Eu ri.

-Não seja tão exagerada. – falei – Me diz; como estão as coisas entre vocês? Estão mais próximos?

-O quê? – Ariana bancou a desentendida, me olhando com a falsa confusão estampada no rosto. Ergui uma sobrancelha para ela, então ela suspirou pesadamente. – Eu não sou nada discreta, não é?

-Não. – falei e ri, ignorando a careta que ela fez – Será que pode responder a minha pergunta agora?

Ariana mordeu o lábio, tentado, sem sucesso, esconder a hesitação. Suspirei.

-Por favor. – insisti antes que ela pudesse inventar outra desculpa, então foi sua vez de suspirar cansada.

-Nós nos damos bem. – disse por fim –Ele me conta dos sonhos dele, dos planos pro futuro... – ela parou e sorriu – E eu me sinto ainda mais apaixonada, se é que isso é possível.

Eu sorri ao ouvir.

-Vocês vão casar. – falei sorrindo de orelha a orelha, ignorando a careta que ela fez- Eu poso ser a madrinha?

-Madrinha de quem? – a voz de Louis soou atrás de mim novamente, fazendo-me virar e o olhar irritada.

-Você devia começar a andar com um sininho. – disse e recebi dele um sorriso irônico como resposta.

-Já que vocês não vão contar do que estavam falando, vamos logo. – ele disse e assentimos, seguindo-o até o lado de fora. Ariana me olhou e eu pisquei para ela, lançando lhe um sorriso cúmplice. Mesmo rolando os olhos e fazendo uma careta ela acabou rindo no final.

[...]

-Visita para você, Walker. – disse o guarda robusto que guiava a nós três até uma pequena salinha onde Walker estava, sentado numa cadeira de frente para uma mesa e parecendo distraído olhando para o nada. Olhei apreensiva para Louis e Ariana e os dois tentaram sorrir de forma encorajadora para mim, mas acabaram fazendo uma careta ao encarar o presidiário a nossa espera. Rolei os olhos e passei na frente deles, encontrando coragem para puxar uma cadeira, chamando assim a atenção de Walker.

Ele sorriu, como se me reconhecesse.

-Gomez, é? – sorriu de orelha a orelha – Que surpresa.

-Eu acho que temos que conversar. – murmurei, ignorando sua fala anterior. Walker arqueou as sobrancelhas surpreso e sorriu novamente.

-Tudo bem. – disse dando de ombros – Do que você quer falar, Gomez? Sobre o seu pai, imagino. Fiquei sabendo sobre a morte dele...

-Se você está aqui preso como soube? – Louis se intrometeu perguntando. Eu o agradeci mentalmente. A forma como aquele homem falava era um tanto assustadora, além de seu tamanho quase sobrenatural e dos músculos altamente intimidadores.

-Eu fui preso há pouco tempo, Tomlinson. – disse Walker, fazendo Louis erguer uma sobrancelha surpreso. Provavelmente não esperava que Walker soubesse quem ele era, mas eu estava mais preocupada com outra coisa.

-Pouco tempo? –o encarei erguendo uma sobrancelha e Walker me encarou por um segundo antes de desviar o olhar, sua expressão denotava que ele estava tentando não deixar transparecer algo. Ele havia falado demais. – Qual o motivo, afinal, de você estar cumprindo pena, Walker? – insisti

-Tráfico de drogas. – ele disse virando-se para me encarar e sorrindo presunçoso – Não fez o dever de casa, Gomez?

Balancei a cabeça e me inclinei para frente na cadeira, apoiando os braços na mesa que me separava de Walker. Ele recuou um tanto surpreso e eu sorri.

-Olha aqui, Gordon – comecei lançando lhe um olhar de aviso – Nós perguntamos e você responde, entendeu? Então, nada de piadinhas ou charadas, é só responder e pronto.

-Então isso é um interrogatório? – ele perguntou erguendo uma sobrancelha, desafiando-me. – Têm autorização para isso? Eu conheço a lei, Gomez... Já estive do lado dela, aliás. Como você, eu ia me formar em direito.

Eu abri a boca para perguntar como ele sabia daquilo, no entanto a fechei novamente. Não ia entrar em seu jogo.

-É melhor você cooperar ou a Lizzie vai sofrer as conseqüências. – ameaçou Louis, se pondo ao meu lado rapidamente. Olhei para trás e vi Ariana com os braços cruzados e o olhar fixo em Walker. Quem era Lizzie, afinal? Será que ele estava blefando?

O caso é que blefando ou não, Louis conseguiu atingir Gordon onde mais doía. Ele rosnou com raiva e jogou a mesa para o lado, avançando em Louis em seguida. Arregalei os olhos e rapidamente corri em direção, segurando seus braços por trás e ignorando a dor quando ele deu uma cotovelada em minha barriga. Gordon urrou de dor.

Estranhei... Eu não era tão forte assim, era?

Só um segundo depois, quando vi suas mãos sujas de sangue foi que entendi o que estava acontecendo. Ariana segurava um canivete contra seu estomago, enquanto ele era preso por mim e Louis estava atrás dela, parecendo inexpressivo. Me senti um tanto covarde naquela posição, não parecia justo... Mesmo assim não me movi. Muita coisa não era justa afinal.

Me perguntei momentaneamente como Ariana conseguiu trazer um canivete aqui para dentro, mas rapidamente me foquei em sua voz.

-Quantos anos tem sua filhinha mesmo? – ela perguntou, segurando o canivete sem forçá-lo – Nove? Dez... ? Lizzie é um nome lindo, não é? Como acha que ficaria numa lápide?

-Para, para! – Gordon gritava em desespero – Eu não sei de nada! Para! – ele gritou com os olhos lacrimejando enquanto Ariana enfiava o canivete mais fundo, provavelmente atingindo algum ponto em seu estomago. Girei a cabeça para o lado, sentindo meu estomago embrulhar.

-Abre o bico, Walker. – a voz de Ariana saiu fria, sem nenhum pingo de compaixão. Afinal, por que eu estava tendo alguma compaixão? Podia ter sido ele quem matara meu pai.

Mas minhas mãos tremiam em seus braços, meu coração estava acelerado e olhar para o sangue de Walker me dava náuseas. Eu estava enjoada, meu corpo começava a se curvar sem minha permissão e eu só consegui voltar a mim quando senti duas mãos geladas se fecharem contra as minhas, fechando-as em punho em seguida. Abri os olhos, até então fechados, e encarei Louis.

-Você não parece bem. – murmurou

-Compaixão pelo inimigo, garota? Que bela fraqueza. – Walker riu parecendo esquecer a dor temporariamente – Você é mesmo uma Gomez. Fracassada.

Apertei mais seus braços, afundando minhas unhas na pele do local e ouvindo-o gemer em resposta. Ariana afundou o canivete mais um pouco e ele grunhiu.

-Drina. – ele disse entredentes, então Ariana parou e o encarou.

-Quem?

-Drina. – repetiu, tentando soar mais firme – Drina Chandler... Eu a ajudei sim, com o incêndio, mas foi ela quem teve toda a ideia. É ela que quer, mais do que qualquer uma, destruir sua família, Selena.

Puxei-o para trás, levando uma mão para seus cabelos e mantendo a outra em seu braço, buscando poder encarar para ter certeza se ele falava a verdade.

-Quem é essa mulher? Onde eu a encontro?

-Não vá a cova do leão, bonitinha, você não tem chances. – Walker sorriu e antes que eu pudesse responder inverteu as posições, dando um murro certeiro em meu rosto.

Minha visão ficou um tanto turva e eu precisei inspirar profundamente para conseguir atacá-lo de volta sem que a tontura me atingisse. Num único movimento puxei o canivete de Ariana e atingi um ponto pouco abaixo da garganta de Walker, fazendo-o gritar.

-Responda a pergunta. – murmurei entredentes, afundando um pouco o canivete e vendo o sangue sair do local. Me senti tonta assim que meus olhos absorveram o liquido vermelho saindo de seu corpo, mas forcei a mim mesma a ignorar.

-Eu não sei. – ele cuspiu, fechando os olhos e os abrindo em seguida.

Recuei um pouco, era óbvio que era verdade, mas... Eu devia matá-lo, certo? Por que... Ele ajudara a tal Drina, ele mesmo disse isso. Então, porque, eu não conseguia?

-Selena. – Louis chamou minha atenção, mas eu não desviei o olhar de Walker, que antes me dera medo e agora me fazia sentir pena. O sangue escorrendo de seu corpo de maneira quase misericordiosa... – Selena. – Louis repetiu mais alto – Não temos tempo, então se você for...

Ele se interrompeu quando eu enfiei o canivete na garganta de Walker, o mais fundo que minha força permitiu. Zonza, me afastei, sentindo meu rosto molhado com o que provavelmente era sangue de Gordon.

-Aqui jaz um presidiário – disse Ariana, puxando seu canivete de volta.

Eu queria sair correndo dali, voltar para a cama e fingir que aquele dia não tinha acontecido... Com sorte, quando acordasse eu encontraria Zayn na cama ao meu lado e poderia simplesmente esquecer os olhos vidrados de Gordon quando enfiei o canivete em sua garganta. Mas eu não me movi.

Exceto quando Louis pousou as mãos em meus ombros, acordando-me do transe.

-Você está bem? – perguntou cuidadosamente quando eu me afastei, então eu forcei a mim mesma a assentir. Eu estava bem, não estava?

-É melhor irmos. – falei por fim – Eles vão chegar logo.

-E não precisamos estar aqui quando isso acontecer. – acrescentou Ariana, assentindo e guardando seu canivete após limpá-lo no uniforme de presidiário do cadáver a nossa frente.

Sem falar nada, eu apenas a segui para o lado de fora junto com Louis.

[...]

Debaixo do chuveiro eu fechei os olhos, buscando apagar da mente a imagem dos olhos de Gordon. Seus olhos totalmente vidrados assim que eu o matei. Eu o matei.

De repente eu compreendia o quão esmagadora era a culpa que eu sentia, de forma que eu queria simplesmente sair correndo e nunca mais ser obrigada a encarar alguém. Eu estava zonza. Zonza pela culpa, pelo sangue que a pouco respingara em minhas bochechas, pelos urros de dor de Walker... Pela informação que eu recebera.

Drina Chandler.

É a primeira vez que um nome soa como um palavrão para mim. E essa sim eu queria matar de forma dolorosa, eu tinha certeza absoluta de que não sentiria culpa nenhuma quando o fizesse.

-Ela está no banho, Zayn. – eu ouvi a voz de Jade do lado de fora do banheiro ao mesmo tempo em que eu fechara o chuveiro. Ela suspirou. – Espera. – eu a ouvi dizer e em seguida ouvi alguns passos, logo depois duas batidas leves na porta do banheiro.

Enrolei o corpo na toalha e abri uma fresta da porta. Jade me estendeu o celular.

-Ele quer falar com você. – rolou os olhos e eu ri, tentando esconder o nervosismo ao pegar o celular e fechar a porta do banheiro novamente.

-Sel? – ouvi Zayn chamar quando coloquei o celular no ouvido, meus músculos relaxando ao som de sua voz como num passe de mágica. Sorri.

-Eu. – murmurei

-Eu estava preocupado. – ele murmurou – O Louis me contou da pequena missão de vocês.

Arregalei os olhos de susto, empurrando sem querer um frasco de perfume e deixando-o cair no chão. O vidro se espatifou e o cheiro forte se espalhou pelo quarto.

-Ele contou? – perguntei surpresa – Zayn, eu...

-Não se preocupe. – ele me interrompeu rapidamente – Ele me contou porque estava preocupado com você. Disse que você matou o Walker e não parecia muito bem.

Suspirei pesadamente, sentindo um gosto metálico. Não haveria como fugir daquilo afinal, eu o matara... Nada mudaria isso. A culpa me perseguiria até o fim dos meus dias.

-Você está bem, Sel? – eu ouvi Zayn perguntar, mas sua voz parecia distante com o cheiro forte de seu perfume invadindo minhas narinas e fazendo minhas pernas ficarem bambas, a náusea atacando-me pela segunda vez naquele dia.

-Eu... – parei ao sentir minha cabeça latejar fortemente, então fechei os olhos com força e respirei fundo, só para sentir minha cabeça reclamar mais em seguida. – Estou bem. – sussurrei para Zayn por fim

-Não parece. – ele devolveu rapidamente – O que está acontecendo?

Ao em vez de responde-lo dei um passos em falso para trás, deixando o celular cair perto da privada ao mesmo tempo em que meu corpo também cedia. Eu só tive tempo de arquejar, numa mistura de surpresa e dor, antes de cair e sentir a cabeça bater no chão gelado e duro.

Foi tudo o que eu senti antes de cair na inconsciência.

[...]

-Jade, me deixa entrar! Abre a porta!

Era Zayn. Era Zayn gritando. Abri os olhos devagar e os fechei rapidamente em seguida, pois minha cabeça doeu com a claridade intensa. Quando abri novamente os olhos eu forcei mim a encarar o rádio relógio no criado mudo ao meu lado. 18h43min. 

Por quanto tempo eu estivera desacordada?

-Sel? – a voz de Jade chamou suavemente, fazendo-me voltar à realidade e virar-me na direção de sua voz. Ela estava sentada na ponta da cama onde eu estava deitada, olhando-me apreensiva.

-Por que o Zayn não pode entrar? – perguntei confusa, minha voz soando pouco mais alta que um sussurro. Eu não tinha certeza se conseguiria falar mais alto que isso, minha cabeça parecia prestes a explodir. 

-Por que eu preciso falar com você. – ela disse devagar. Encarei-a confusa.

-O que foi?

-Você desmaiou. – ela disse como se fosse óbvio. Continuei encarando-a, esperando uma explicação melhor, então ela suspirou. – A Ariana me contou de como você ficou hoje quando viu o sangue...

-Não foi nada demais. – eu a interrompi rapidamente – Estou bem.

Uma corrente de ar passou pelo quarto e eu me encolhi, só então me dando conta que tudo que vestia era uma camisa velha de um dos garotos.

-É do Liam. – disse Jade enquanto eu olhava a camisa, ela puxou um cobertor no canto da cama e o estendeu para mim em seguida. Agradeci e me enrolei nele. Jade suspirou. – Sel, é sério.

-Eu já disse que estou bem, Jade. – devolvi impaciente – Qual o problema?!

Jade suspirou e desviou o olhar, passando um longo segundo encarando o nada antes de olhar-me de novo.

-Eu acho que você pode estar grávida, Selena. 


Notas Finais


Sobre a música do capítulo: Carry on, my wayward son, do Kansas, também conhecida como aquela música muito foda que toca em Supernatural HAHAHA amo <3
Anyway, espero que tenham curtido!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...